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  • Um Novo Começo: O Despertar de Alice
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Um Novo Começo: O Despertar de Alice por maktube

Ver comentários: 5

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Palavras: 4266
Acessos: 2483   |  Postado em: 23/03/2022

Capitulo 91

 

Capítulo 91º

Alice

            A semana seguiu corrida. Muita coisa para fazer em pouco tempo, nem se eu conseguisse estar em dois lugares em simultâneo, conseguiria dar conta de tudo, como Rebeca ainda está sozinha na empresa eu decidi fazer a função de assistente. Ao menos por enquanto. Com todos os afazeres que tive acabei não indo para o abrigo. Hoje é sexta, passei em casa apenas para tomar banho e comer algo rapidamente. Ainda tinha que ir para o meu terceiro turno, a boate. Anna ainda não estava preparada para voltar.

            Ao terminar de me vestir fitei o espelho gostando da minha aparência. Antes de sair de casa fui até o quarto de Teodoro, dei um beijo nele. Desci as escadas com pressa. Rebeca e Tereza conversavam na cozinha. Estavam distraídas nem perceberam que eu me aproximei.

— Uau! — Beca falou ao me avistar. — Você está linda.

— Sempre estou. — pisquei para ela.

            Escolhi um conjunto de calças e blazer cinzas, as mangas presas no meu antebraço. Por baixo uma blusa branca e nos pés um tênis na mesma cor. Escolhi alguns acessórios para completar o look.

— Está parecendo uma adulta. — Tereza brinca.

— Sou uma empresária. Preciso ser adulta. — respondi sorrindo.

— Essas crianças crescem rápido, não é Tereza? — Rebeca brincou. — Adoraria te acompanhar em uma dessas noites de trabalho. — confessou ficando na minha frente. Segurou os lados do blazer e me trouxe para perto dela. Selando nossos lábios.

— Podemos fazer isso quando você quiser. — afirmei. — Irei adorar. Mas agora preciso ir. — beijei seus lábios novamente.

            Despedi-me das duas, procurei minhas chaves. Encontrei-as caídas ao lado da porta. Lembrei que derrubei quando cheguei, estava apressada. Abri a porta pronta para sair. Mas me surpreendi com duas pessoas paradas do lado de fora.

— Olá. — reconheci o rosto da mulher que me sorriu. Apesar de não usar seu uniforme.

— Boa noite! Posso ajudar?

— Está de saída? — questionou, mas antes que pudesse responder ela continuou. — Precisamos conversar. Prometo não tomar seu tempo. — sorriu.

— Claro. Entre por favor. — dei passagem para que ela e o rapaz que a acompanha entrassem.

— Amor, você ainda não foi...- a voz de Rebeca ecoou. — Ah! Boa noite! Não sabia que tínhamos visita. — forçou um sorriso. Me olhando confusa, sem saber quem eram aquelas pessoas.

— A visita não é cordial. Estou a trabalho, apesar de não estar mais em horário de expediente. — a mulher sorri. — Sou a tenente Silva. — estendeu a mão para Rebeca.

— Prazer. Sou Rebeca.

— Como eu disse a visita não é cordial. Tenho informações sobre seu acidente. — olhou em minha direção.

— Claro! O cara que bateu no meu carro.

— Esse é ele. — desbloqueou o celular e me mostrou a foto. O homem já tinha passagem pela polícia. — Você o conhece?

— Não. Nunca o vi.

— Isso complica tudo. — falou olhando para o seu parceiro.

— Posso ver? — Rebeca pediu. A tenente estendeu o aparelho em sua direção. — Esse era um dos seguranças do meu pai. — afirmou.

— Tem certeza?

— Sim. Ele sempre andava com ele. Costumava fazer algumas coisas. Não sabia que tinha passagem pela polícia.

— Bom, isso faz mais sentido agora. Estive no local do acidente que matou a amiga de vocês. Meus sentimentos.

— Obrigada. — respondemos juntas.

— Estivemos na cola deste homem desde que descobrimos quem ele é. Inclusive ele esteve na mesma oficina que você levou o seu carro. Depois do acidente foi feito uma vistoria no seu carro. Encontramos um dispositivo ativado remotamente, impedindo que os freios funcionassem.

            A quantidade de informação me deixou tonta.

— Espera! Está querendo dizer que ele tentou me matar? — questionei.

— Acreditamos que sim. Ele deixou que você tirasse o carro da oficina, deve ter a seguido. Para que ninguém desconfiasse de nada, para fazer parecer que de fato foi apenas um acidente. Aonde foi após pegar o carro?

— Para a boate.

— Acredito que tenha câmeras de segurança. — fiz que sim com a cabeça. — Precisamos analisar todas elas. Amanhã cedo alguém pode ir verificar.

— Não. Podemos fazer isso agora. Eu estava de saída para lá. — afirmo.

— Pode ser quanto mais cedo analisarmos as provas melhor. Agora eu aconselho que ande sempre acompanhada de segurança. Todas vocês. Esse cara quer vingança, e não se importa em quem vai ferir no meio do caminho.

— Será que ele quem matou o Pedro? — a voz de Rebeca saiu baixa. — Como meu pai consegue fazer tantas coisas ruins?

— Pode ser que sim. Não temos as filmagens do dia da morte do senhor Pedro. Ele foi cauteloso aquele dia. Agora parece desleixado. Só precisamos ter como liga-lo ao seu pai. Assim provaríamos que tudo é a mando de Aírton. — disse a Rebeca. — Bom, está tarde. Acho melhor irmos andando. Peço que tomem cuidado, aumenta a segurança da casa, quando saírem também. Duas pessoas já morreram em seu lugar. Não queremos uma terceira. — diz para mim.

            Escutar que eu deveria estar morta me deixa aflita. Sempre detestei andar com seguranças. Odiava ser vigiada o tempo inteiro. Mas nesse momento estou martelando mil e uma formas de me sentir segura. Pedro e Tália, duas pessoas mortas no meu lugar.

— Vou ligar para a sua mãe. Montanha deve ajudar a encontrar alguém para fazer nossa segurança. — Rebeca fala. Beija meus lábios. — Toma cuidado. Por favor. — pede com aflição em suas palavras e em seus olhos.

— Vou tomar.

            Despedimo-nos com um beijo demorado. Antes de sair do condomínio avistei o carro dos seguranças. Deixei que um deles levasse o carro. Esse pelo menos era blindado. Não que eu acredite que quem está tentando me matar vá atirar no carro. Mas preferi não desafiar a sorte por uma terceira vez. O carro da Tenente Silva vai a alguns metros do meu. Ainda parecia tudo muito louco, imaginar que Aírton está tentando me matar. Sei que ele estava possesso de raiva, pois graças a mim, ele foi preso. Alguns minutos se passaram até que chegamos na boate.

— Quero um de vocês aqui fora. O outro pode me acompanhar a noite inteira lá dentro. — falei. Não me sentia mais segura em lugar nenhum. E como na boate vai muita gente seria fácil para ele ficar “invisível”.

            Esperei pela Tenente. Entramos juntas. Ela era uma mulher de pouco mais de trinta anos, nariz fino e longo. Cabelos pretos, lisos. Quase dois metros de altura e muito, muito forte. Então claro que quando ela passou as portas de entrada todos os olhares se voltaram para ela.

— Adoro o quanto as mulheres não conseguem disfarçar. — escuto o rapaz dizer-lhe que apenas sorri de canto.

— Pode me mostrar a sala das câmeras? — ignora o que o rapaz disse e se volta para mim.

— Claro. Por aqui. — mostro o caminho.

            Quando estou andando, olho na direção do bar. Thiago me fita questionando apenas com o olhar o que estava acontecendo. Gesticulo indicando que falaria depois  com ele. Mas meus olhos caem na figura de Anna.

            Ela estava sorrindo, cumprimentando algumas pessoas. Parecia bem. Fui rapidamente até a sala de segurança, dei as senhas que ela precisava. Os deixei a vontade e pedi licença. Precisava falar com minha amiga.

            O segurança andava colado a mim. Se eu respirasse ele poderia facilmente dividir o mesmo ar. Falei com algumas pessoas e fui em direção ao bar. Thiago olhou o homem atrás de mim. A cara nada discreta. Acredito que admirando a beleza do segurança.

— Se contenha. — brinquei. — Onde está Anna. Sei que não estava alucinando. Ela estava aqui.

— Aquela serve? — apontou na direção. Ela conversa com Barbara. — Está diferente. Suponho que os dias de descanso fizeram bem. Esse lugar sem ela não é a mesma coisa.

— Nossa! Obrigada por informa que não sou boa no que faço. — brinquei.

— Não se ofenda. A Anna, ela é....

— A Anna. Eu sei. — respondi. — Mas vou descontar do seu salário essa má criação. — bati na mão dele.

— Vou aceitar o castigo. — se deu por vencido.

            Sacudo a mão já de costas para ele. Caminho em direção a Anna. Ela sorri ao me ver. Abre os braços e me recebe no meio deles.

— Que saudade! — falo para ela. — É bom te ver de volta. Você voltou, não é? Diz-me que sim. — imploro. Ela gargalha.

— Sim. Voltei. — trocamos um olhar intenso. Mas eu precisava conversar com ela em algum lugar tranquilo.

— Podemos conversar no escritório? — ela diz que sim.

            Prende seu braço no meu, caminhamos juntas até a sala. O segurança fica do lado de fora.

— O que está fazendo com aquele armário te seguindo? — pergunta sentando a minha frente.

— Foi preciso. — ela me fita. — Aírton está tentando me matar. — zero arrodeio. Anna arregala os olhos, assustada. — Nesse momento tem uma tenente investigando isso. Ela acredita que Pedro e Tália morrem por algo que era para mim. — Anna fica branca.

— C-como assim?

— O tiro que Pedro levou, possivelmente era para me atingir.

— E Tália?

— Lembra do aniversário dos meninos? Que aquele cara bateu no meu carro?

— Claro. Lembro.

— Descobriram que ele era capanga de Aírton. No mesmo dia que recebi meu carro o home foi com outro veículo para a oficina. A Tenente Silva acredita que ele tenha me seguido até aqui. Depois ativou algo no carro, para fazê-lo ficar sem freio.

            Anna se mexe na cadeira. As juntas em frente a seu rosto. Escuta atenta tudo que eu digo, como se eu tivesse contando que descobri a cura da AIDS. Seus cotovelos apoiados no braço da poltrona. Ela hesita quando escuta a menção do nome de Tália. Vejo sua garganta se movimentar, como se ficasse difícil engolir aquelas informações.

— Ele esperou que eu saísse da oficina apenas para parecer um acidente. O dispositivo foi descoberto. Só precisamos provar que ele quem colocou.

— Esse cara tem que pagar pelo que fez. — sua voz soa fria.

— Ele vai. — afirmo.

            Duas batidas na porta nos interrompem. A vos grave do segurança avisa que a Tenente Silva está do lado de fora.

— Mande-a entrar. — respondo. — Então? Descobriu algo?

— Sim. Conseguimos vê-lo nitidamente. Ele fez exatamente como eu disse. — afirmou. Anna continuava em silêncio. Nem havia se virado para olhar os outros dois.

— Como vai provar que Aírton está por trás disso?

— Vamos monitorar as visitas dele. As ligações. Pretendo saber quem são os colegas de cela. Oferecer algo em troca de informação. Alguém vai falar. — afirma segura. Aquilo de alguma forma me parece verdade. Ela vai descobrir.

— Obrigada, tenente. — agradeço.

— Enquanto isso, continuem com a segurança dobrada.

— Pode deixar.

— Agora nós já vamos. Tenham uma boa noite! — acena.

            Ponho-me de pé acompanhando-a até a porta. Agradeço mais uma vez. Volto para meu lugar de início. Anna continua parada no mesmo lugar, na mesma posição. Ficamos em silêncio. Ela tentando assimilar o real motivo da morte de Tália. E eu tentando imaginar um jeito de tudo isso acabar sem que ninguém mais se machuque.

            Nosso momento de reflexão dura longos trinta minutos. Até que, nossos olhares se encontram. Tália fica de pé, passa as mãos no rosto. Em agonia, desespero.

— Eu pensei que fora minha culpa. — fala baixo. — Que ela morreu por ir atrás de mim. Que se distraiu me ligando, enquanto eu a ignorei. Eu só precisava ficar longe dela. — confessa. — Ela me teve por completo. Mas despedaçou meu coração. Arrancou-o do meu peito. — sua voz falha. — Quando eu escutei aquela mulher falar que elas haviam trans*do...- fechou os olhos, como se vivesse o momento. — Me senti impotente. Fraca. Como se mais uma vez alguém não pudesse escolher me amar. — sacudiu a cabeça. — Não sei porque ela ficou com a Lívia. E isso para mim não importa mais. — afirma. — Mas estou aliviada por saber que não foi minha culpa.

— Ninguém pensava ser sua culpa. — afirmei. — Até então achávamos apenas que foi uma tragédia. Mas agora, agora sabemos que há um culpado. Aírton vai pagar pelo que fez a ela. A eles. — corrijo me lembrando de Pedro. Nenhum dos dois merecia morrer daquela forma.

            Nossa conversa acaba aqui. Saímos do escritório, pois tínhamos uma noite inteira de evento pela frente. A boate estava lotada. Nosso público aumentava cada vez mais. E isso era maravilhoso. Quanto mais movimento maior o lucro. Não que dinheiro fosse um problema para mim.

            Passa das quatro da manhã. Anna e eu estamos exaustas. O cansaço é notório em nossa face. Atiro-me no sofá ao lado dela.

— Eu daria qualquer coisa por uma cama confortável. — ela comenta.

— Por falar em cama. Onde está ficando? — ela encara as mãos. — Sei que não está indo à cobertura.

— Eu não consegui ir até lá. Tive que comprar roupas novas. — confessa. — Tenho dormido na casa da Heloísa. — conta.

— Se quiser pode ir lá para casa.

— Não. Tem sido bom ficar com a Heloísa. — ergo a sobrancelha. Ela revira os olhos. — Falo de ficar na casa dela. Nada aconteceu entre nós. E não vai. Eu acabei de...

— Ficar solteira. — completo. — Para mim já estava antes de...- não termino.

— Também sinto isso. Acredito que a perdi quando tudo começou a desandar e nenhuma das duas fez nada para mudar isso. — completa. — Mesmo assim ainda está cedo para pensar em me relacionar com alguém de novo. Agora que estou voltando a fazer minhas coisas.

— Eu entendo. Mas também acredito que você não deve se sentir culpada caso sinta que algo pode acontecer entre vocês. Heloísa gosta de você. — afirmo.

— Que nada. Ela ainda ama a ex. E estou sem cabeça para drama mexicano. Prefiro penar no purgatório do que passar por mais uma novela de Maria do Sapatão. — eu a fito sem entender. — Maria do Bairro, Maria do Sapatão. Você ficou lerda desde quando? — lá estava a Anna que eu sempre amei, a que faz piada de tudo.

— Pretende ficar quanto tempo na casa dela?

— Não sei.

— E a cobertura? — ela para de respirar. Aperta uma mão na outra com força.

— Não sei se consigo ir até lá. — há um momento de silêncio.

— A irmã mais velha de Tália pediu que Rebeca embalasse todas as coisas que eram dela e manda-las.

— Rebeca não vai conseguir. — enfatiza.

— Eu sei. Por isso me ofereci para fazer isso com você. — meus olhos buscam os dela. Aflitos, esperando uma resposta.

            Ela não fala nada. Apenas fica de pé. Quando percebe que não a seguir, ela para. Vira-se na minha direção.

— Melhor acabar logo com isso. Você vem? — questiona.

            Não respondo. Em segundos estou ao lado dela. O motorista nos leva até a cobertura. Anna parece se arrepender no minuto em que vai abrir a porta. Sei que as lembranças a atingiriam com força, mas Anna é forte. Respira fundo e digita a senha. A porta destrava e logo estamos na sala.

            As coisas estão todas em ordem. Tudo no mesmo lugar de antes. Anna fecha os olhos por alguns segundos, depois caminha até a porta da varanda. Abrindo-a para que o ar circulasse.

            Vai em direção aos quartos e começa a embalar as coisas. Primeiro as dela. Coube tudo em cinco malas que eram dela. Depois fitou a parte do closet dedicado a Tália. Ao abrir a primeira gaveta ela começa a rir.

            Eu fico me questionando se esse é um daqueles sinais de que a pessoa está prestes a ter um surto. Então, Anna tira a Anaconda Albina da gaveta. Começo a rir lembrando da história. Rimos até a barriga doer. Naquele momento pareceu que acordamos que lembraríamos de Tália apenas os bons momentos, e aquela sem dúvidas seria uma história inesquecível.

            Já passava das oito da manhã quando deixamos o quarto. As malas de Anna foram separadas das de Tália. Depois alguém viria para pegar e enviar para a casa de sua família. Anna deu uma olhada em volta. Como se quisesse memorizar cada lembrança boa que viveu ali. Viu um porta-retrato na mesinha ao lado do sofá. Pegou o objeto e deu as costas. A foto era a de todas no dia que fomos para a fazendo, no final de semana em que elas começaram a namorar.

            Não foi difícil perceber que um ciclo havia se encerrado. Talvez de forma trágica, mas era um fim mesmo assim. Acredito que bom ou ruim é tudo uma questão de ponto de vista. E agora acredito que as coisas vão melhorar.

            Suas malas quase não cabem no carro. Estamos indo em direção a casa de Heloísa. Anna está em silêncio. Até que diz:

— Deveria ir ver a Dominique. Ela só fala de você. — eu abro um sorriso.

— Estive sem tempo. Mas vou me organizar. Quero levar a Rebeca até lá.

— Faça isso. Ela ficará feliz — o carro para.

— O que aconteceu com a mãe dela? —  pergunto na esperança de que ela saiba algo.

— Se envolveu com drogas, foi morta por traficantes na frente de Dominique. — meu coração se aperta. — André faz tudo que pode para não perder a aguarda dos dois. Ama os sobrinhos como se fossem seus filhos.

— Qual a idade dele?

— Dezenove. Até pensei em chama-lo para trabalhar conosco na boate, mas ele se recusa a deixar os meninos sozinhos durante a noite. Heloísa também já ofereceu um emprego a ele. Mas por ser a noite, também o recusou.

— E durante o dia ele não consegue nada?

— Não. As pessoas são preconceituosas, acha mesmo que vão dar um emprego a um negro que não tem nem ao menos onde morar? Já viu as roupas que ele usa? — Isso é injusto. — afirmo.

— Eu concordo, mas não sei como ajudá-lo. — fico muda. Pensando em como poderia ajudar. — Bom, eu preciso ir. Tenho que dormir ao menos doze horas seguidas. — eu sorrio. — Obrigada. — me abraça.

— Não precisa me agradecer. Eu amo você. Sempre estarei aqui, para o que precisar.

— Digo o mesmo para você.

            Espero o segurança voltar já ela precisou de ajuda para levar as malas. Antes de ir para casa decido passar na padaria que costumávamos frequentar. Faço meu pedido, resolvo levar muitas coisas. Mesmo sabendo que quando eu chegar em casa vou levar uma bronca de Tereza. Já que ela alega que sabe fazer tudo e faz melhor. O que eu não discordo, mas penso que ela já tem trabalho demais.

            Estou no caixa pronta para pagar a conta. Viro-me rapidamente e alguém e esbarra em mim. Abaixo-me já pegando as coisas que a pessoa deixou cair. Peço mil desculpas. Completamente entretida em minha tarefa de juntar tudo que derrubei.

— Alice? — a voz me parece familiar. A tenente Silva me fita com ar de riso.

— Tenente Silva. — sorrio sem graça.

— Chega dessa coisa de tenente Silva, me chame apenas de Lis.

— Lis. — fico ainda mais envergonhada.

            Ela usa roupas informais. Os cabelos estão presos em um rabo de cavalo.

— Vejo que não foi para casa ainda. — aponta minhas roupas.

— Pois é, estava torcendo para que Rebeca tenha dormido até tarde e possamos tomar café juntas. — mostro as sacolas.

— Espero que seu desejo se realize. — ela sorri. Duas covinhas se formam em suas bochechas.

— Você mora aqui perto?

— Não. Minha namorada mora. — confessa como se estivesse tímida por me contar aquilo. Fico calada, não sei o que responder-lhe.

— Bom, acho melhor eu ir andando ou chego apenas para o almoço. — brinco.

— Até mais.

— Até.

            Saio da padaria. Entro no carro dando o café que comprei para os seguranças. Os dois agradecem juntos. Estou prestes a afivelar o cinto. Quando levanto o olhar em direção a rua, vejo Lis na porta da padaria, mas ela não está sozinha. Sua namorada a beija ternamente. A tenente oferece sua mão para que a outra segure. Quando elas se viram na minha direção eu pisco os olhos algumas vezes seguidas só para ter certeza de que não estou alucinando por conta do sono.

            Mas eu não estou louca. A moça que Lis beija é ninguém mais, ninguém menos que Virgínia. Ela está mais magra, um pouco mais bronzeada, os cabelos curtos. No entanto, consigo reconhece-la.

            Virgínia gargalha de algo que Lis diz. Por ser mais alta, a policial repousa o braço no ombro dela, sem desgrudar seus dedos. Questiono-me desde quando ela havia voltado. Se havia procurado por Amélia, para conseguir seu antigo emprego de volta. Percebi que senti falta dela. Não como mulher, mas como amiga. Senti falta das nossas conversas despreocupadas. Ela parecia feliz. E constatar isso me deixou feliz também.

— Podemos ir? — o segurança indaga.

— Sim.

            Chego em casa alguns minutos depois. Tereza está na cozinha. Deixo as coisas em cima da mesa de jantar. Caminho até o som da voz da mulher.

— Bom dia! Já está matracando esta hora?

— Que susto! — reclama levando a mão ao peito. — Qualquer dia desses você me mata. Aí quero só ver onde vai arranjar alguém tão boa quanto eu.

— Nem diz isso. Não sobreviveria um dia sem a sua ilustre presença nesta cozinha. — comento rindo. — Onde está Rebeca?

— Ainda dormindo, por um milagre. Julgo que ela deve ter tomado algum remédio.

— Ela precisava descansar. E Carla com o Teodoro?

— Foram até a casa das suas mães. Ele precisa tomar sol.

— Certo. Então me ajuda a arrumar uma bandeja de café da manhã? Quero fazer uma surpresa para a Rebeca.

— O que você aprontou?

— Eu? Como assim? — questiono confusa.

— Chegando em casa a essa hora da manhã e querendo fazer surpresa. Aposto que aprontou. — ela provoca com ar de riso.

— Não aprontei nada. Só quero mimar a mulher que eu amo, não posso?

— Pode sim. Vou ajudar. Apenas por adorar a dona Rebeca.

            Como era de se esperar quando viu o que trouxe da padaria, Tereza reclama. Deixei uma rosa na bandeja. Entrei no quarto que ainda estava completamente escuro. Não quis acordá-la de imediato. Deixei a bandeja em uma mesinha próxima à janela. Fui em direção ao closet e tirei minhas roupas, depois entrei no banho.

            O cansaço acumulado estava acabando comigo. Fechei os olhos deixando que a água me relaxasse. Demorei tempo suficiente até me sentir limpa novamente. Escolhi algo para vesti. Voltei para o quarto e Rebeca havia acordado, passava as mãos nos olhos.

— Bom dia! Meu amor. — falei me aproximando dela.

— Bom dia! Meu anjo. Chegou agora? — um bocejo em seguida.

— Faz pouco tempo. — fiquei de joelhos na cama. — Conseguiu dormir?

— Muito bem! O cansaço me venceu. O que é aquilo? — viu nosso café.

— Uma surpresa. — ela sorri. — Trouxe nosso café para cá. Teodoro saiu com Carla. Então temos um tempinho para aproveitar.

— Posso tomar banho antes?

— O que você quiser. — acaricio seu rosto. Ela fica ainda mais linda sem nenhuma maquiagem.

            Vai para o banho. Volta alguns minutos depois. Estamos sentadas no tapete do quarto. Em frente a janela. As cortinas já estão abertas, permitindo que a luza da manhã ilumine o quarto. Contei sobre nossa ida a cobertura. Rebeca disse que depois iria mandar alguém buscar as coisas e mandar para Tessa. Contei sobre as filmagens, então lembrei de Lis. Na verdade, lembrei-me de Lis e Virgínia se beijando na frente da padaria.

— Esbarrei na tenente Silva na padaria. Na verdade, ela me pediu para a chamar Lis.

— Lis. — repetiu. — Bonito nome. — afirmou. — Faz jus a quem o possui.

— Está mesmo dizendo que ela é bonita?

— E não é? — me questiona.

— Isso é uma pegadinha? — brinco.

— Ela é linda e aposto que deve ter muitos homens atrás dela.

— Impossível. — respondo no automático.

— Como assim impossível?

— Ela é lésbica. Ou bi, não tenho certeza.

— Como sabe?

— Depois que eu sai, a vi beijando a namorada na calçada. — fico em silêncio.

— Hum! Interessante. — Rebeca percebe que tem algo mais. Fica me olhando, me incentivando a continuar.

— Tem mais. Nós conhecemos a namorada dela.

— Conhecemos? É a Heloísa? — pergunta desinteressada.

— Não. É a Virgínia. — falo de uma só vez. Rebeca para com a torra na metade do caminho em direção a sua boca.

             E eu espero que não tenha colocado minha surpresa a perder por não conseguir segurar minha língua.

           

Fim do capítulo


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Comentários para 94 - Capitulo 91:
Baiana
Baiana

Em: 27/03/2022

Pronto,a parte boa é que já sabem quem é o culpado,agora só falta ter as provas e fazê-lo pagar 

Virgínia voltou,não avisou e já está de namorada nova? Quantas mudanças,espero que ela tenha se curado do ciúme doentio.

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paulaOliveira
paulaOliveira

Em: 25/03/2022

Airton, um grande fdp, mas ele vai pagar.

Eis que surge Virgínia e a Alice com a boca de sacola dela, qual será a reação de Rebeca.

Responder

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Mille
Mille

Em: 23/03/2022

E eis que surge a Virgínia kkkk

O fantasmas que deixa a Rebeca insegura 

Bjus e até o próximo capítulo 

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preguicella
preguicella

Em: 23/03/2022

Virgínia voltou, mulherada vai ficar estressada, eu não, confio em Alice! Confesso que não confio em Virgínia, mas espero que o tempo que passou na África tenha feito ela pensar na vida e ter tirado Alice da cabeça, não precisamos de mais uma querendo exterminar nossa pirralha querida!

Bjuuu

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 23/03/2022

Alice você tinha que falar kkkkk

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