* Conteúdo Sensível
Passeio no Shopping
Laura
A rotina empresarial às quartas, me consome da manhã até a noite. São reuniões com os acionistas no primeiro período e após o almoço, é dia de visitar as sedes das empresas, estar por dentro dos acontecimentos, conversar com os colaboradores. Não tenho tempo nem de respirar direito.
Cheguei em casa exausta! Não queria pensar em nada! A Didi já sabe como o dia é cansativo, então deixa tudo preparado com todo o carinho que ela desprende a cuidar de mim desde sempre.
Em compensação, às quintas-feiras me permito viver e desfrutar um pouco do que conquistei! É meu dia de folga durante a semana e também dos meus companheiros mais próximos: Didi, Tom, sr Pedro.
Tudo na vida é questão de equilíbrio.
Acordei animada para curtir meu dia de relaxamento. Liguei uma playlist que amo em alto volume, vesti um maiô preto com listras vermelha, amarela e verde, bem jamaicano, uma faixa prendendo o cabelo e desci para preparar o café. Enquanto a água fervia, dei uma atualizada nas redes sociais e bisbilhotei a vida alheia – quem nunca, né?! – Agendei depilação, hidratação das madeixas, sobrancelha e uma massagem de drenagem linfática. Logo mais o Gil chegaria para começarmos o treino do dia.
- Mas que exuberância toda é essa, mulher? – falou Gil, assim que adentrou minha casa, me dando dois beijos no rosto e um abraço apertado. Pegou em minha mão e me fez dar uma volta sobre meu próprio corpo – Fiu Fiu!! Se eu gostasse dessa fruta, você seria a minha preferida – sorrimos.
Pedi que o treino do dia fosse apenas dança. Estava animada e queria me distrair sem sofrimentos. Ele topou. Começamos então uma aula de zumba bastante agitada, onde nos divertimos.
Ofereci um shake de whey pós aula, ele aceitou. Sentou-se na banqueta da área gourmet ao lado da piscina e me aguardou, mexendo no celular.
- Mentiraaa!! – me assustei quando ele deu um grito, levantando-se do banco e vindo até a cozinha falar comigo, com a mão na boca, todo agitado.
- Que foi, viado? Quase morri de susto com seu grito!! – falei a ele dando risada
- "Miga" você me prometeu pelas laces de Beyonce que não recusaria para meu próximo convite!! – me falou segurando o riso
- Ai que medo!! O que você está aprontando, seu pervertido? – o respondi sorrindo
- A Bia me chamou pra sábado saltar de paraquedas!!! Eu não vou recusar um convite desses e nem você, não é?! – me falou todo eufórico
- O quê? Endoidou mesmo né?! Jamais!!! – o respondi com expressão de reprovação.
- Nada disso, viada!! Você prometeu! Tem que cumprir!! Não precisa pular também, mas só vai com nós!! Vamos vai!! Diz que sim, diz que sim, diz que sim!!? – ele me falava, olhando firmemente em meus olhos e fazendo expressão de pedinte
Revirei os olhos e sorri : - Tá bom, bicha!! Eu vou!!! Já está na hora de eu conhecer quem é essa Bia que você ama mais que a mim – e sorri
- Sabia que você não me desapontaria!!! – me deu um beijo no rosto, me abraçando pelas costas.
- Vou combinar com ela e te passo o horário certinho. Vai nós três e a mina que ela "tá" pegando – falou isso com uma expressão marota
- Ah que bom que não vou ficar de vela né?! – sorri ao falar – Porque ultimamente não estou pegando nem gripe – revirei os olhos e gargalhei ao dizer isso.
- Também né?! Nunca aceita sair com o tio aqui?! – ele me falava fazendo bico e caretas – Na terça, quando te chamei pra ir pro bar e você recusou, a Bia foi e conhecemos a amiga da Carol. Acredita que ontem até já trans*ram? – e colocou a mão na boca, como se tivesse contado uma grande fofoca.
Eu sorri e fiz expressão de espanto.
- Pessoal "tá" rapidinho hoje em dia né?! – falei a ele sorrindo
- Nossa "miga", e como está! Eu "tô" procurando um boy magia já faz tanto tempo, mas todos que encontro, não querem nada sério. Só pegação e nada mais. Tem horas que bate uma canseira. Daí me resta o quê?! Ficar saindo com as sapas - gargalhamos.
- Te entendo viu. Como diz aquela música do Crioulo: "Os bares estão cheios de almas vazias". Não tenho mais paciência pra encontros vazios, amigo. – falei o olhando nos olhos e desviei em seguida – Quero encontrar aquela pessoa que vai agregar na minha vida, sabe?! Aquela mulher que vai chegar me tirando o sono, mexendo com minhas estruturas. Aquele encontro de almas, onde só o olhar diz tudo! Quero encontrar o Amor. Quero Amar sem medidas e ser amada – falei segurando o copo de whey, com os cotovelos apoiados sobre o balcão e olhar ao esmo – Quero encontrar aquela pessoa que vai me preencher desse vazio que sinto. Já cansei de beijar por beijar, trans*r por trans*r, jogar papo fora, gastar dinheiro com quem não merece. Quero viajar sem destino. Deitar na areia da praia e só olhar o céu. Quero ser abraçada ao fazer comida. Tomar banho juntas e rir das piadas tontas. Dividir o foninho do celular pra ouvir uma música. Tomar um vinho com os pés na piscina e conversar. Quero só ficar junto, sem precisar fazer coisa alguma. Quero tanto!! – suspirei ao terminar.
- Uau! Aí sim hein, Dona Laura Veigas. É assim que se fala! – falou isso e terminou seu shake de whey – Hum! – levantou o dedo indicador apontando que ainda tinha mais a falar, enquanto engolia o último gole – Eu tenho certeza que você vai encontrar esse amor. Você merece, minha linda! E os céus já disseram Amém!
- Amém!! Assim louvemos!! – brinquei com a expressão
- Agora tenho que ir. A Bia está me aguardando na academia e eu ainda não sou patrão pra ter um dia de folga no meio da semana – me lançou uma piscada e sorriu
- Seu bobo! Vai lá! Eu vou ao shopping gastar um pouco – retribuí a piscada e mordi os lábios inferiores – E se você tiver coragem de saltar de paraquedas no sábado, faço questão de pagar sua aventura – falei em tom de desafio.
- Desafio aceito, baby! Vai ter que pagar e nem vou reclamar – falou me dando um beijo no rosto e um abraço rápido – ByeBye. Te mando mensagem.
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Nem me arrumei direito para sair. Só coloquei uma calça preta de agasalho por cima do maiô mesmo, uma jaqueta corta vento branca, calcei um tênis, peguei a bolsa e escolhi uma das chaves dos carros. Ainda não tinha testado a direção da BMW Z4 sDrive30i M Sport em azul misano, recém adquirida. Joguei a chave pra cima como quem aposta uma moeda na cara ou coroa e saí toda animada. Dia de folga me deixa agitada!! Tão logo deixei minha casa e fui me aventurar pelas ruas de São Paulo. A sensação da capota aberta que esse carro me proporciona, é surreal. Super aprovei o desing e por hora, esse se tornou meu brinquedinho favorito. Sentir o vento acariciar meu rosto a medida que a velocidade aumenta é muito libertador.
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Planejei um itinerário para poder aproveitar o dia da melhor maneira. Primeiro faria depilação, em seguida massagem, compras e por último hidratação no cabelo.
Preciso renovar o guarda roupa e também minhas laces. Então, já aproveitei vir num shopping que tenha tudo. Amo o Shopping Vila Lobos exatamente por ser de fácil acesso e ter tudo que preciso, além da segurança que o local oferece.
Saí da depilação e da massagem que foi tudo em um só lugar e fui às compras.
Que delícia poder sair sem hora pra voltar, sem compromissos – pensava isso enquanto olhava as vitrines.
Avistei então um vestido tubinho que muito me agradou os olhos em uma franquia de alto requinte e entrei para pedir minha numeração.
- Boa tarde! Pois não? – me falou uma das vendedoras com olhar arrogante, me olhando de da cabeça aos pés
- Boa tarde! Gostaria da numeração 44 desse modelo, nessa mesma cor, azul royal, por favor – solicitei educadamente, apontando o modelo desejado.
- Essa numeração não temos – respondeu a vendedora secamente
- Nem em outras cores? Gostei tanto desse modelo – insisti
- Não temos nenhuma roupa nessa medida, para a senhora. – respondeu-me de forma imponente.
Estranhei o tom dirigido a mim, franzi o cenho na tentativa de conseguir entender o que a vendedora me dizia.
- Que estranho! Sempre compro roupas aqui que me servem perfeitamente nessa numeração. Devo estar enganada então – respondi fazendo expressão de dúvida – E daquele sobretudo ali – apontei para outro manequim que estava vestido com um sobretudo de lã com cashmere na cor nude – nessa mesma cor. Quais as numerações que tem?
- Repito! Para a senhora – e me olhou novamente da cabeça aos pés - não temos nenhuma numeração disponível – proferiu essas palavras com tom imponente
- Não entendo o que me diz – olhei para seu crachá procurando seu nome - Eliane?! – a indaguei
Antes que ela pudesse me responder, uma outra cliente a chamou ao fundo da loja. Esta, uma mulher de aparência elegante, bem vestida, branca, cabelos escovados e com luzes, bolsa grande, salto alto. Bem bonita. Segurava uma taça de espumante gelado nas mãos, certamente servido de cortesia aos clientes da referida loja e estava acompanhada de outra senhora, igualmente elegante, porém mais velha.
A vendedora foi ao encontro delas e as atendia cordialmente. Aproveitei para dar uma olhada nas peças de roupas apresentadas na loja, procurando minha numeração nos modelos que havia gostado.
Corri os olhos por todas as pessoas que estavam por ali. Além da minha pessoa, tinha outra vendedora, as duas senhoras que estavam sendo atendidas e mais uma mulher, alta, branca, cabelos curtos castanho claro. Não vi seu rosto pois estava de costas para mim. Jaqueta de couro preta, calça de sarja verde militar justa e all star branco. Parecia distraída procurando algumas peças de roupas.
Dei de ombros ao constatar que havia encontrado minha numeração em um vestido parecido com o que tinha gostado, mas ainda não era o que eu desejava. Resolvi então sair e ir para outra loja. O atendimento ali não tinha sido agradável e mesmo que eu tivesse encontrado o que queria, não compraria devido a isso.
Passei pela porta de saída quase que no mesmo segundo que as duas senhoras que tinham chamado a vendedora anteriormente. Assim que passamos, o alarme contra roubos e furtos da loja disparou.
Meu coração disparou junto do alarme. Levei um susto com aquele barulho horrível. Todas as pessoas que passavam pelo corredor do shopping no momento olhavam assustados para a fachada do estabelecimento.
- Senhora, pare onde está! – ouvi a voz da vendedora que havia me atendido minutos antes.
Parei imediatamente e me virei a ela, perguntando:
- Eu? – e apontei com o dedo indicador para meu peito
- Exatamente! A senhora! – respondeu a vendedora, já com um rádio nas mãos chamando o segurança do local
- Tudo bem! Estou parada – e levantei os braços arregalando os olhos esboçando um leve sorriso. Estava muito nervosa e envergonhada com a situação.
- Vocês estão liberadas – a vendedora dirigiu-se até as senhoras que estavam também paradas ao meu lado, me olhando assustadas – Perdoem-nos o transtorno – e sorriu gentilmente a elas.
- MAS QUE COVARDIA É ESSA? – ouvi alguém gritando ainda de dentro da loja. Movi somente os olhos a procura de quem falava, pois estava imóvel com os braços para cima. Avistei aquela moça da jaqueta de couro que andava a passos firmes em direção da vendedora com a testa franzida e expressão furiosa – ISSO É CRIME!!! – esbravejava ela
- O que diz, senhora? – perguntou a vendedora cinicamente
- DIGO QUE VOCÊ ESTÁ COMETENDO UM CRIME, E NO QUE DEPENDER DE MIM, NÃO MEDIREI ESFORÇOS PARA FAZER COM QUE VOCÊ – e apontou o dedo indicador bem no peito da vendedora – PAGUE! – virou-se para mim,respirou fundo, desfez a expressão furiosa e abriu um belo sorriso – Abaixe essas mãos! Essa situação é ridícula – assim o fiz. Ela voltou novamente o olhar para as senhoras que estavam ao meu lado – VOCÊS DUAS, VÃO DEVOLVER O VESTIDO QUE PEGARAM OU TEREI QUE IR ATÉ AÍ PARA EU MESMA PEGAR?
Nesse momento, dois homens brancos, altos e fortes que trabalhavam como seguranças do shopping chegaram apressadamente. Entraram na loja e me olhavam pelo canto dos olhos. A quantidade de curiosos pelo ocorrido tinha aumentado no corredor e ouvia-se um burburinho geral. Eu permanecia imóvel, sem saber o que fazer, apenas observado tudo e todos.
- Que ótimo que vocês chegaram – falou aquela moça aos seguranças – Pois eu já estou ligando para a polícia e só saio daqui hoje, depois que um boletim de ocorrência for registrado bem aqui na minha frente – ela mexia em seu celular e falava alto com os grandes olhos verdes (que agora eu podia ver), olhando fixamente aos seguranças.
- A senhora pode se acalmar por favor? – falou um dos seguranças enquanto o outro se dirigia até a vendedora para também saber a versão dos fatos.
- Me acalmar? Ora bolas!! Faça-me o favor né?! – falava e sorria ironicamente – Eu acabei de presenciar um crime, CRI-ME – falou gritando e pausadamente – Um não! Vários, para ser mais exata!! Racismo, Injúria, Calúnia e Assédio moral e o senhor quer que tenha calma? – esbravejava ela
- Sim, senhora! Preciso que tenha calma para que possamos averiguar os fatos e tomar as devidas providências – falou um dos seguranças a ela e em seguida lançou um olhar para mim.
- Ah! Mas se tem uma coisa que eu quero, é que seja tomada TODAS as providências – retrucou ela.
Eu a observava tão brava e tão linda ao mesmo tempo. Tentava recorrer em minha memória de onde eu conhecia aquele rosto que me era familiar. Não conseguia chegar a um dia ou fato, mas sabia que já tinha a visto em algum lugar. Foquei então meus pensamentos em tentar encontrar a situação que já tínhamos tido algum contato, mas não me constava nada.
Ela continuava brava e falava alto, gesticulando. Percebi então que, além dela me proteger como estava fazendo, eu também precisava o fazer.
Dei poucos passos até onde estavam tentando conversar, pois o que menos se tinha ali era uma conversa civilizada.
A vendedora me acusava de ter pego uma roupa, e afirmava que tinha alguma coisa na minha bolsa. Aquela moça esbravejava ao ouvir essas acusações e falava que ela mesma tinha visto a jovem senhora colocar na bolsa e que podiam revistá-la que encontrariam. A jovem senhora falava que aquilo era calúnia, pois jamais faria isso. Os seguranças pediam calma para todas, pois falavam todas ao mesmo tempo e ninguém se fazia ouvir. O caos estava instaurado.
Respirei fundo e desejei com todas as minhas forças para que aquela situação fosse apenas um desvaneio da minha mente inquieta. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas bem no dia de hoje, o dia da minha folga, que eu só queria curtir meu descanso e relaxar, ter que viver um desgosto desses, eu não merecia! Coloquei as mãos em minhas têmporas e massageava-as com delicadeza enquanto aguardava um momento propício para falar.
- Ei! Pessoal!! Será que podemos nos acalmar e resolver essa situação amigavelmente? – Falei alto de modo a me fazer ser ouvida por todos – Eu não tenho o dia todo para ficar aqui e estou realmente decidida a resolver essa bagunça.
Todos pararam de falar e me olharam. Entre todos os olhares, o único que não me era dirigido como se eu fosse uma ladra, era a da minha salvadora, que eu ainda não tinha encontrado quem era em minha mente turbulenta.
- Se quer resolver, mostre então sua bolsa a nós! – Inqueriu um dos seguranças.
- Eu não vou mostrar nada! A minha bolsa é minha, como o senhor bem disse, e eu nada fiz a não ser tentar comprar uma roupa, na qual essa vendedora – e a apontei – se recusou a vender-me alegando não ter minha numeração.
- Por favor senhora. Mostre-nos sua bolsa – Repetiu o mesmo segurança
- Eu não vou mostrar, senhor! Esse é um direito meu e eu estou falando que não vou mostrar.
- Então teremos que te revistar – e deu um passo em minha direção.
- FIQUE EXATAMENTE ONDE ESTÁ SE NÃO QUISER TAMBÉM SER PROCESSADO JUNTO DAQUELA ALI – falou alto e firme novamente a mesma moça dos olhos verdes, apontando a vendedora e colocando-se à minha frente, de costas para mim, estufando o peito e elevando o queixo, olhando fixamente o segurança – ENCOSTA UM DEDO NELA E VERÁ COM QUEM ESTÁ MEXENDO! – vociferava aquela mulher
- A senhora saia da frente por favor, para que não sobre também para ti – disse o homem, com semblante de quem perde a paciência.
As demais só cochichavam entre si e assistiam ao show de horrores que estava ali acontecendo. O outro segurança dirigiu-se para a porta e a fechou, impedindo assim que alguém entrasse ou saísse.
- Não saio e o senhor não se atreva tocar nem em mim, e menos ainda nela – continuava valentemente a dizer – Se quer que essa situação parta para a esfera civil-criminal, vá em frente! Mas se quiser manter o seu emprego de merd*, encoste em nós.
- Isso é uma ameaça, senhora? – perguntou o segurança
- Entenda como quiser! – e continuou intacta, de queixo elevado e olhos fixos, falando sem pestanejar
- Vou pedir pela última vez! Saia da frente – ordenou o segurança, fazendo menção que a empurraria
Quando percebi que ele realmente estava disposto a partir pra cima de nós, estufei o peito também e dirigi a palavra diretamente a ele:
- Só serei revistada, na presença dos meus advogados e por uma soldada. O senhor não tem direito de encostar em mim
- Que direitos você quer reclamar? – sorriu ironicamente - Advogados? – Sorriu novamente – Se tiver ao menos o dinheiro para o metrô já ficarei feliz – vomitou as palavras aquele pobre rapaz, fardado de uniforme de segurança, com um cassetete pendurado na cintura – SAIA DA MINHA FRENTE! – gritou com a moça que continuava a minha frente, a empurrando pelos ombros.
Ela deu uma leve sucumbida para o lado e voltou firmemente o empurrando com um braço e com o outro, enlaçou-me na cintura me protegendo.
Não consigo entender onde minha mente foi parar esse momento. Não pude evitar sentir um arrepio que subiu do meu cóccix até minha nuca. Meu estômago assemelhava-se a um iceberg flutuante. A bunda daquela mulher um pouco menos alta que eu, encostava em minhas coxas e sua costa em meus peitos. Seus cabelos curtos, cheirando a shampoo fresco roçavam meu rosto e pude sentir o cheiro de sua pele. Um aroma suave, com notas de bambu e rosa branca, levemente cítrico com a refrescância de limão siciliano.
- Já disse várias vezes para que não toque nela! – disse bravamente
- Jefferson, é melhor esperar o gerente ou a polícia mesmo – resolveu dizer alguma coisa a tal vendedora – eles já estão chegando.
- Ótimo!!! – falamos juntas
O segurança deu um passo para trás, respirou fundo e me olhava fixamente e furioso
- Vamos aguardar!! Já estão chegando – repetiu a vendedora – aceita um copo de água? – perguntou para as senhoras que aguardavam a solução da situação em silêncio e olhavam com desdém para minha pessoa e para aquela mulher que prontamente se colocava à minha frente
- Sim, por favor! – responderam ambas.
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A mulher soltou seus braços de volta da minha cintura e virou-se de frente para minha pessoa, me olhando nos olhos, tocando meu ombro.
- Perdoe por tudo isso! Vai ficar tudo bem! Estou com você – me disse gentilmente
- Imagine! Eu que te agradeço – respondi, colocando minhas mãos sobre a dela que estavam em meus ombros – nem te conheço e você fez tudo isso! – a olhava atônita
Ela se afastou um pouco e me sorriu gentilmente:
- Prazer, Alice.
- O prazer é meu, Alice – a sorri em resposta – Eu sou a Laura.
- Já nos conhecemos, senhorita Laura – sorria ela, agora timidamente me olhando nos olhos de baixo pra cima
Meneei a cabeça em negação – De onde mesmo? – fiz uma careta e sorri – Minha memória é uma lástima!
- Negócios! – elevou a sobrancelha e mostrou um sorriso faceiro.
Dei de ombros e sorri.
- Shiiu então! – coloquei o dedo indicador em meus lábios fazendo sinal de silêncio – Se esse povo – e apontei com os olhos para os demais que se encontravam pouco atrás de nós - souber que estão encrencados, daí sim a situação vai ficar bem chata.
Ela sorriu e consentiu com a cabeça
- Obrigada mais uma vez! Você foi incrível – disse a ela
- Não suporto injustiças. Eu vi quando essa mulher colocou um vestido na bolsa e então a segui pela loja. Foi tudo muito rápido. Antes que eu pudesse a chamar, o alarme tocou e então a vendedora já foi falando com você. Não pude me conter – ela falou franzindo a testa e sua expressão foi ficando rude – quando vi já tinha feito escândalo. Só depois que te reconheci. Me desculpe! Sei o quanto você preza por discrição.
- Ah sim! Tem razão. Prezo por discrição quando se é possível. Mas nesse caso, eu não teria feito diferente de você! Obrigada para sempre – disse, segurando em suas mãos em agradecimento.
- Me dê licença que vou ligar aos meus advogados – pedi gentilmente, já pegando o celular na bolsa
- Fique à vontade! Estarei aqui como sua testemunha – me respondeu com um singelo e sincero sorriso.
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Leonardo é meu advogado e chegou junto dos policiais que demoraram mais que o previsto.
A situação constrangedora rendeu horas e horas de chateação, até que ao verem as câmeras de segurança, constataram que de fato quem havia furtado o vestido, tinha sido a senhora mais nova e colocou na bolsa da mais idosa.
- Me perdoe! Te julguei errado – me dirigiu a palavra a vendedora Eliane
- Perdão pedimos quando erramos, Eliane. Você responderá criminalmente mesmo – a respondi, sorrindo ironicamente.
- Senhora, por favor! Para que gastar dinheiro com processo? Esses erros acontecem – deu de ombros ao falar a gerente da loja que havia chegado pouco tempo antes da constatação do furto por outra pessoa.
- Erro? – franzi a testa – Erro seria ela ter me oferecido um vestido maior ou menor do que eu pedi. O que aconteceu aqui, é crime, senhora. E para isso, existe a justiça – respondi-as – Dr Leonardo, por favor, pode dar entrada no processo – dirigi-me ao meu advogado.
- Sim, senhorita Veigas – me respondeu profissionalmente.
- Veigas? Você é a Laura Veigas? – perguntou a vendedora que outrora não me atendeu adequadamente
- Sim! – e elevei a sobrancelha
- Meu Deus! Por que não me disse antes? Nada disso teria acontecido se eu soubesse quem você é!! – falava aquela senhora que eu já não aguentava nem ouvir sua voz
- Por que eu diria? Eu não sou diferente de nenhuma outra pessoa. E quer saber, fico até feliz que isso tenha acontecido comigo. Dessa forma, vocês poderão refletir sobre seus atos e rever o preconceito, não é, querida?! – a respondi ironicamente e me retirei da saleta, acompanhada de Leonardo e Alice, que permaneceu ali como testemunha.
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- Alice, mais uma vez muitíssimo obrigada por tudo que fez – falei a ela
- Imagina, senhorita Veigas. Como já te disse, não suporto injustiças – respondeu-me gentilmente
- Passe seu contato para o Dr Leonardo. Ele entrará em contato para o andamento do processo. Mais uma vez, obrigada.
- Estarei à disposição. Conte comigo – me lançou um singelo sorriso
- Agora vou seguir meus planos – revirei os olhos – Como dizem, não é possível ter um dia de paz! – sorri ao dizer
- Nem fale!! Altas emoções. Mas fico feliz que as coisas se resolveram. Eu jamais permitira que uma situação dessas passasse impune diante dos meus olhos. Também vou indo – me acenou em despedida. Nos olhamos e seguimos cada uma para lados opostos.
Esse olhar verde claro não me é estranho. Tenho a sensação de já ter visto outras vezes, mas como ela disse, nos conhecemos dos "negócios". Certamente já a encontrei em alguma compra ou venda de ações ou dos leilões da vida. Sim!! Leilão!! – olhei para trás e já não a vi – Me lembrei!! O leilão de terça-feira!! Nossa, como pude me esquecer? – meneava a cabeça falando sozinha enquanto andava pelos corredores do shopping – É ela que estava disputando a NetCel! Será essa a famosa Alice Stromps? Só pode ser. Meu Deus!! – estava atônita.
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Enquanto esperava concluir a hidratação dos meus cabelos naquela máquina de vapor, acessei as redes sociais. Digitei: Alice Stromps.
Apareceram vários Stromps. Entre eles, um perfil: a.stromps. Acessei. Rolei a tela. Apenas fotos de natureza, esportes radicais, moto, folhas, paisagens diversas e lá pra baixo no feed, apenas uma foto de seu lindo rosto. Sim! Alice Stromps é essa mulher que se colocou a minha frente e me defendeu como uma leoa. Me livrou da mesquinharia e injustiça humana. Dei dois cliques na tela e sorri em agradecimento pela sua vida.
Alice
Amanheci na casa da Bia. Nua e em um sofá desconfortável. Dei um beijo de bom dia, me vesti rapidamente e saí. Já estava avançada a hora e tinha uma reunião logo cedo. Mais uma mensagem do Joseph no meu celular:
(Joseph: Continuo no aguardo de alguma novidade)
Revirei os olhos para aquele texto tão vazio de sentimentos e vontade. Como que pode um homem ser tão frouxo a ponto de não saber conquistar uma mulher e precisar de ajuda? Ridículo!
Cheguei em casa, tomei um banho rápido, coloquei uma roupa casual e já saí para não me atrasar ainda mais.
Cumpri com meu dever na reunião de uma empresa nova, apontando quais eram os investimentos de alto risco. Ao final do compromisso, já era chegada a hora do almoço e de lá, iria passar a tarde na casa dos meus pais. Resolvi almoçar no shopping perto do escritório.
Solicitei o que queria comer, peguei a bandeja e me sentei em uma das mesas da praça de alimentação. Enquanto comia, me recordei do pega na noite anterior. Sorri ao lembrar das investidas da Bia e de todo seu charme. Lindíssima. Gostosa. Cheirosa. Mas ainda não é o tipo de mulher que procuro. Alguma coisa nela não me agrada. Talvez por ser novinha, tem apenas vinte anos. Patricinha. Não é o tipo de companhia que desejo ter pra construir uma família, me casar, ter filhos. Mas tem pegada!! Um sex* bom, química boa. É safada. Dá pra continuar passando um tempo e se divertindo até que encontre alguém que me revire a cabeça.
Como desejo encontrar esse alguém!! Meus relacionamentos só me deram dor de cabeça até agora. Uma foi pegajosa demais e não me deixava respirar. Outra foi largada demais que nem me sentia comprometida. Teve a que minha família amou, mas eu não amei. A que minha família odiou e eu amei loucamente. Tenho a impressão de que estou condenada a viver sempre assim. Vejo minha irmã, aparentemente bem casada, com filhos, vida estável. Meu irmão, um moleque chato, mimado, machista, misógino, homofóbico, mas se dando super bem, namorando e construindo a vida dele. Será que a mim restou apenas as aventuras e ficadas? Noites recheadas de tesão e zero amor, sem sentimentos?!
Trabalho desde muito jovem. Sempre fui esforçada, estudiosa. Tenho duas faculdades: Administração e Direito. Sou pós graduada em Consultoria e Investimentos. Fiz MBA em Economia e Finanças e agora estou escrevendo meu projeto para mestrado.As grandes empresas disputam minha consultoria. Poxa, não sou qualquer uma. Tenho meu próprio apartamento, ok, não é nada chique que chame a atenção, mas é meu. Tenho uma Harley Davisson modelo Heritage Classic que dá até pra viajar. Mas não tenho um amor!! Não tenho alguém que me ame, que me deseje. Considero que não tenho nada. Trabalho durante o dia, me divirto em bares e ficadas em algumas noites, pratico esportes radicais aos finais de semana e nas horas vagas, estudo, estudo e estudo – revirei os olhos a mim mesma refletindo tudo isso enquanto apenas revirava a comida no prato, com uma das mãos na cabeça e o cotovelo apoiado na mesa.
Tenho a sensação de estar apenas respirando e ter colocado a vida no piloto automático. Trabalhar, comer, estudar, passear e assim o ciclo se repete infinitamente.
Fui despertada dos meus pensamentos com meu telefone tocando:
- Oi Carol! O que manda? – atendi minha amiga
- Oi Lice. "Tá" bem? Ocupada? – me perguntou
- Estou bem. Estou almoçando no shopping. Pode falar.
- Ah que ótimo! Aproveita pra comprar umas roupas bonitas que você está precisando. Parece que não troca nunca essa sua jaqueta de couro e all star - falou isso tirando sarro do meu estilo.
- Nem vou falar nada para você, legalzona! – a respondi sorrindo – O que manda?
- Ah! Liguei pra te dar os parabéns! Já saiu com a novinha né?! – sorria ao falar
- Saí sim! Ela é uma graça. Ficamos ontem a noite. Nem sei como, mas acordei hoje no sofá do ap dela – gargalhei ao dizer isso
- "Tô" sabendo. Eu e Sampa toda – riu alto – A Bia é uma belezinha. Parabéns. Agora só falta eu achar o grande amor da minha vida!!
- Você já achou!! Sou eu! – e sorri
- Você é mesmo! Só falta ter barba, falar grosso, ser alto, moreno e sensual e ter "bilau" – falava alto e rindo – Amo um "bilau".
- Pois é! Tem gosto pra tudo nesse mundo! Eu vou pra casa da minha mãe agora a tarde.
- Boa sorte!! Deus te guarde e proteja e espero que volte viva! Você é muito importante pra mim – falou em tom de deboche
- Valeu, amiga – respondi também com deboche
- Mas é sério! Curte aí seu almoço e manda um beijo pra dona Fátima. Amo você.
- Também te amo! Beijo – mandei beijo pelo telefone e desligamos.
Carol é a irmã que a vida me deu. Nos conhecemos na faculdade, quando eu fazia Administração e ela Biologia. É meu amor hétero. Nos damos muito bem, a ponto de não ser preciso dizer nada. Só com olhar já sabemos tudo. Assim como eu, Carol ainda não encontrou o amor. Vive se dando mal com os caras que sai. Nenhum ainda conseguiu ver a beleza e a grandeza dessa mulher tão incrível. Esforçada. Trabalhadora. Inteligentíssima. Elegante. É realmente uma querida. A amo com todas as minhas forças e a relação que nunca consegui ter com minha irmã, tenho com ela.
Deixei a comida quase toda no prato. Só tomei o suco e pedi um sorvete. Aproveitei para dar uma bisbilhotada nas vitrines. Vi uma jaqueta linda em uma franquia de alto requinte e entrei para ver se tinha minha numeração.
- Olá! Seja bem vinda! Posso te ajudar? – me perguntou uma gentil vendedora
- Olá! Vou dar uma olhada naquela jaqueta – a respondi apontando ao manequim
- Fique à vontade. Aceita uma taça de espumante? – ofereceu a vendedora
- Obrigada. Estou pilotando. Não posso! – a respondi gentilmente
Fui até o stand que estavam as jaquetas e pude ver que logo ao fundo da loja, tinham duas senhoras olhando alguns vestidos. Uma de aparentemente uns quarenta anos e a outra já avançada da idade, diria que por volta dos setenta anos. A mais nova, pegou um vestido, colocou a frente do seu corpo como que conferindo a numeração, tirou do cabide que estava exposto, amassou e colocou dentro da bolsa da senhora mais velha.
Não pude acreditar no que vi. Guardei a jaqueta que estava nas mãos para experimentar e me virei para ir falar com a vendedora. O alarme da loja disparou. Meu coração disparou junto.
Na porta da saída estavam as duas senhoras paradas e ao lado delas uma moça negra, não tão bem vestida como as demais que estavam ali, com as mãos pra cima e expressão assustada.
Eu observava de onde estava. Então uma das vendedoras de forma bastante mal educada, pediu para que a moça negra ficasse onde estava e essa levantou os braços, com muita vergonha. A vendedora se dirigiu gentilmente até as senhoras e falou que elas estavam liberadas.
Meu sangue ferveu!! Sentia meu coração pulsar na minha testa!! Minhas mãos suavam e a boca secou.
- MAS QUE COVARDIA É ESSA? – gritei sem pestanejar e já fui indo em direção da vendedora – ISSO É CRIME!!
Quando olhei para a porta, meu espanto foi ainda maior. A moça negra que ali estava, passando por aquela situação constrangedora, era ninguém mais que Laura Veigas! A super Laura Veigas!
Não era possível que aquilo estava acontecendo. Ao mesmo tempo em que eu brigava pela injustiça, olhava desacreditada para ela. Nunca na minha vida imaginei estar no mesmo ambiente que a senhorita Veigas, presenciando tal atrocidade contra ela.
Era a primeira vez que a via de tênis e calça de agasalho. Um maiô jamaicano e uma jaqueta corta vento. Cabelo preso com uma faixa. Simples! Com expressão assustada e envergonhada.
Imagino o quanto ela estava humilhada. Uma mulher poderosa e imponente como Laura, passando por tal situação. Naquele momento, ela estava completamente impotente. Seus poderes empresariais não estavam em voga. Sua conta gorda com prováveis quatorze dígitos não a salvaria daquele desgosto.
Eu via em seu olhar a descrença do que acontecera. Ela precisava de ajuda. Alguém tinha que se por diante daquele ato, e esse alguém, só podia ser eu.
A confusão foi grande. Eu briguei mesmo. Sem pensar no que poderia ainda acontecer. Estava disposta a ir onde quer que fosse para fazer justiça. Jamais iria deixar ninguém passar por aquilo e sair ilesa. Ainda mais Laura Veigas. A mais importante mulher do meu ramo profissional. Aquela que eu tanto admirava e era uma inspiração de vida. Além de ser a mulher mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida. Aliás, a ver assim, como uma pessoa acessível, sem estar com toda sua pompa, em salto alto e roupas caríssimas, me desestabilizou totalmente. Ela era linda de verdade. Sem maquiagem, sem brincos, sem roupas finas. Apenas ela.
Meu pensamento estava acelerado. Ao mesmo tempo em que pensava tudo isso da Laura, brigava com os seguranças e com as demais pessoas que ali estavam, mas perdi a noção do perigo quando aquele bruta monte do segurança falou que iria revistar a senhorita Veigas.
Não exitei em me sobrepor à sua frente! Jamais que alguém tocaria os dedos imundos naquela requintada mulher. E ainda mais, sendo um segurança homem, revistando uma mulher indefesa – fiquei parada em frente a ela e encarando aquele troglodita que gritava comigo e com ela. Eu estava completamente fora de mim. Minha vontade era pegar aquele cassetete da cintura dele e o deixar estirado no chão, sem fôlego.
De repente sua mão forte me empurrou pelos ombros, para que fosse possível chegar até Veigas que estava atrás de mim. Senti meu corpo inteiro se queimar pela adrenalina do momento. Arranquei forças de onde nem sabia que tinha e me mantive em pé. Com uma mão o empurrei e com a outra, ainda de costas para ela, a protegi.
Meu coração batia tão forte que era possível ouvir as repetições como se estivesse dentro do meu ouvido.
Alguma das mulheres ali pediu para que ele aguardasse a polícia chegar.
- Ótimo! – eu e Veigas falamos juntas
Me virei para ela. Meu ser estava consternado com aquela situação.
Podia ver em seus olhos o quanto ela estava envergonhada e ao mesmo tempo com muita fúria. A acalmei. Me coloquei a disposição para ser testemunha e a contei o que vi momentos antes.
Apresentei-me a ela. Disse que já a conhecia devido o trabalho mas não entrei em detalhes. Não era hora para isso.
Por um momento pensei que quem ficaria feliz com o ocorrido, seria o Joseph. O filho da mãe tinha tanta sorte e eu tanto azar, que o destino fez com que estivesse ali naquele momento, e agora teria alguma "novidade" a contar.
Estava aliviada em saber que estava ali e a ajudei. Pra falar a verdade, uma parte de mim sentia alívio e a outra sentia raiva por ela não ser lésbica também – sorri em pensamento.
Quem diria que eu, em plena quinta-feira, no meio de uma loja chique no shopping Villa Lobos iria agarrar Laura Veigas e a defender feito uma leoa? – zerei a vida! – arqueei levemente a sobrancelha e contive o riso ao pensar tal coisa.
O advogado dela chegou junto com os policiais. Nesse momento lembrei da Carol. Ela iria cair mortinha se visse o Dr Leonardo. Homenzarrão da porr*. Alto. Musculoso. Barba cerrada. Moreno claro. Olhos amendoados. Voz grossa. Estiloso. Cheiroso. Olha... até eu que não curto homens fiquei boquiaberta com a beleza do bonito. Foi impossível não pensar na Carol vendo aquele homem. Com certeza ela fingiria um desmaio só pra receber massagem cardíaca e respiração boca a boca – sorri novamente em pensamento e procurei me concentrar nos fatos.
A situação foi resolvida. Laura anunciou que processaria os envolvidos, e eu acho é pouco. Tem que processar e fazer pagarem caro, muito caro. O que aconteceu, não se faz com ninguém.
Saímos e o Dr Leonardo pegou meu contato para eventuais esclarecimentos.
Achei que meu dia já estava repleto de emoções. Até na bunda da Laura já tinha pego – sorria andando pelos corredores enquanto pensava nisso – a emoção foi pesada, mas teve seu lado bom.
Na noite anterior, transei com uma bela garota. Hoje, agarro Laura Veigas. Até que não "tô" tão mal como pensei.
Aproveitei pra mandar mensagem para o Joseph, antes que eu ficasse ainda mais iludida com as curvas do corpo da senhorita Veigas – revirei os olhos:
( Alice: Sr Gordon, acabei de presenciar uma situação constrangedora onde a Srta Veigas foi acusada de furtar uma peça de roupas em uma loja de grife. A situação já foi resolvida, porém, ela está bastante abalada. Seria ótimo enviar flores e mensagem de apoio. #FICAADICA. Alice.)
Estava chegando na moto para poder ir até a casa dos meus pais quando meu celular vibrou. Pensei ser o chato do Joseph. Olhei de mal gosto na tela do celular. Notificação de rede social: Srta.Veigas curtiu sua foto.
Isso só pode ser brincadeira – pensei e sorri em retribuição ao carinho.
Fim do capítulo
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