Capitulo 86
Capítulo 86º
Rebeca
Com o surto de ciúme de Tália nossa noite acabou mais cedo do que prevíamos. Não que eu não tenha gostado, afinal estava morrendo de saudade do meu bebê. Tem sido cada vez mais difícil me afastar dele. O sentimento de culpa sempre me invade. Por falar em culpa, ainda na madrugada de sábado minha amiga era consumida por ela.
Não faço a menor ideia de onde Tália estava com a cabeça quando resolveu se encontrar com Lívia. Sempre soube que uma hora a safada ia acabar aparecendo para estragar as coisas. Sei que minha amiga tem uma parcela de culpa afinal para que algo aconteça as duas partes precisam desejar isso. O estado de Tália não era o dos melhores quando saímos da boate. Tive que ajudá-la a tomar banho, enquanto escutava suas lamentações sobre sua vida desastrosa. O trabalho maior foi levá-la até a cama, coisa que só consegui com muito esforço.
Quando entrei no meu quarto Alice dormia profundamente, precisava de um banho antes de me deitar. Enquanto caminhava em direção ao banheiro me despi. Senti meu corpo arrepiar quando meus pés tocaram o piso frio. Prendi o cabelo para evitar que molhasse. Fechei os olhos deixando a água levar parte do meu cansaço. Ao terminar sai vestida no meu roupão, mas logo procurei uma camisola. O quarto estava frio demais para dormir sem roupas. A água gelada me despertou. Perdi completamente o sono. Sentei na poltrona em frente à janela enquanto observava a madrugada ir embora. A vizinhança tranquila, ruas silenciosas. Algumas bicicletas espalhadas no gramado da casa da frente. Indicando que o sábado havia sido animado por lá.
Toda a situação com Tália e Lívia me deixou insegura. Pensar que a qualquer momento um relacionamento pode ser abalado por uma decisão errada que uma das partes possa tomar. Não conseguia afastar o medo de que mais cedo ou mais tarde Virgínia poderia retornar e procurar Alice, afinal a história delas ficou inacabada. Olhei em sua direção, a pouca luz iluminando as curvas de seu corpo. O medo de perdê-la me faz quase não conseguir respirar. Meu estômago chega a virar, me causando náusea. Não sei o que eu faria se a perdesse. Nunca pensei que poderia amar alguém como a amo.
— Amor? — chamou com a voz sonolenta.
— Oi! Meu bem. — respondi sorrindo. Ela consegue isso só por existir. Parece que me fazer sorrir é a principal missão dela.
— Vem deitar. Estou com saudades do seu corpo coladinho ao meu. — completou com a voz manhosa.
— Estou indo. — fui até a cama, encaixando nossos corpos de uma forma tão perfeita que parecia uma peça de quebra-cabeça. Deixei meu nariz repousar na curva do pescoço alvo. Sem dúvida era o melhor cheiro do mundo, com o de Teodoro. — Promete que nunca vai me deixar? — minha insegurança falou mais alto.
— Nem nessa vida, e em nenhuma das quevirão. — sorri beijando sua pele. — Agora me deixa dormir.
— Tudo bem. Eu amo você. — concordei me entregando ao sono.
Pareceu que fechei os olhos por alguns segundos e logo amanheceu. Procurei o celular para olhar a hora. Pouco mais de sete e meia. Alice ainda dormia tranquila. Levantei-me com cuidado para não fazer barulho. Fui em direção ao quarto que Tália estava. Bati na porta, mas não obtive resposta. Ela se abriu levemente.
— Tália? — chamei percebendo que a cama estava vazia.
— Aqui! — escutei a voz vinda do banheiro.
— Você está bem? — aproximei o ouvido da porta.
— Pode entrar. — abriu a porta.
O estado dela era lamentável. Estava sentada no chão, apoiando o queixo nos joelhos recolhidos próximo ao seu corpo. Os cabelos bagunçados, maquiagem borrada. Ela exalava álcool posso jurar que me embriaguei por tabela.
— Você está bem? — questionei me sentando ao seu lado.
— Eu pareço bem? — arqueou a sobrancelha me fitando séria.
— Bom, eu não aprovaria você como decoração do meu banheiro. — brinquei para amenizar o clima.
— HAHA! Muito engraçada. Eu aqui morrendo e você fazendo piada.
— Desculpa. O que posso fazer?
— Uma máquina do tempo para eu voltar ao passado e evitar beijar a pilantra da minha ex-namorada seria um bom começo.
— Essa parte eu não posso cuidar. Mas penso que podemos começar com um banho, você está precisando. Seu corpo está exalando álcool. Já estou embriaga.
— Ah! Vá se ferrar. — se pôs de pé e já começou a se despir.
— Vou preparar algo para comermos.
— Não precisa. Eu vou para casa resolver as coisas com a Anna.
— É melhor deixar o porre passar. Anna deve estar com raiva ainda, é melhor deixar que as coisas aconteçam com calma. Não vai adiantar nada tentar resolver enquanto as duas estão de cabeça quente.
— Depois penso nisso.
Sai do quarto e fui direto para o de Teo. Ele ressonava baixinho, a respiração pesada. Era incrível como bastava olhar-lhe para que eu esquecesse do mundo. Acariciei suas bochechas rosadas, mas ele continuou dormindo. Sorri ao me afastar, não poderia fazê-lo acordar. Desci as escadas em direção a cozinha. Antes abri as portas que davam acesso à parte externa da casa. O dia estava perfeito para servir o café da manhã do lado de fora.
— Eu estou indo embora. — Tália disse já na sala e completamente diferente do projeto de pessoa que eu havia deixado no banheiro.
— Como diria Carol Conká: “uma nova mulher”. — disse com seu típico bom humor.
— Tem certeza que não vai comer nada?
— Onde está Terê?
— De folga.
— Prefiro ficar de jejum do que comer algo feito por você. — implicou.
— Pois fique sabendo que eu já sei cozinhar algumas coisas.
— Algumas coisas não me parecem seguras. — continuou com a provocação. — Eu preciso ir. Obrigada por cuidar de mim. — me abraçou.
— Não precisa agradecer. Toma cuidado e juízo. — me afastei para olhá-la. — Vai com calma, conta a verdade.
— Vou fazer isso. Pode deixar. Mais uma vez, muito obrigada.
A acompanhei até a porta. Depois me dediquei exclusivamente a preparar nosso café da manhã. Estava quase terminando quando escutei os passos de Alice na escada.
— Nossa! Que cheiro delicioso. — sorriu me abraçando.
— Estou testando meus dotes culinários. E me larga. Não posso errar o ponto dos ovos mexidos.
— Tudo bem. Só vou fazer isso porque o cheiro está maravilhoso. E eu estou morrendo de fome. — assim que ela fechou a boca Teodoro começou a chorar.
— Pelo visto você não é a única com fome. Você vai? — apontei para a babá eletrônica.
— Sim. Vou. Podemos comer lá fora? O dia está lindo.
— Esse era o meu plano. — pisquei para ela.
— Por esse e outros motivos que quero casar com você.
— ESPERO ANSIOSA POR ESSE DIA. — gritei, pois, ela já havia sumido escada a cima.
O domingo foi regado a muito carinho. Nos curtimos ao máximo. Aproveitamos muito o tempo com o Teodoro. Aproveitei para falar sobre os currículos que eu já havia separado para ela olhar. Juntas selecionamos os melhores para entrar em contato durante a semana. O dia segui sem muitas novidades. A noite aproveitamos para ver um filme, mas claro que logo eu dormi.
Segunda de manhã sempre foi um dia perfeito para mim. Sempre era o início de uma ótima semana de muito trabalho. Mas hoje o que me resta é ficar em casa. Passei a mão na cama buscando por Alice, porém a cama estava vazia. Sentei-me ainda sonolenta, escutei o barulho do chuveiro. Olhei a hora no celular. Pelo visto ela está animada para iniciar o dia. Confirmei meu almoço com Rebeca, na noite anterior acabei deixando-a falando sozinha.
Entrar no meu banheiro e ver aquela beldade tomando banho me dava um ótimo motivo para sorrir. Era como uma injeção de adrenalina direto na veia. Perguntei o motivo de estar acordada tão cedo. A resposta não demorou a vir. Estava tensa com toda a situação de Anna. O que a tranquilizava era que iria encontra-la na faculdade.
Enquanto ela falava, eu não conseguia tirar meus olhos desejos de cima de seu corpo. Alice pede para que não a olhe daquela forma. Contudo, não consigo controlar. É mais forte do que eu. Sou fraca e assumo isso. Poderia ficar ali, apenas admirando a minha mulher. Ri quando ela se comparou a um pedaço de carne suculenta.
Lembrei de um dos meninos comentar sobre ela não ser qualquer carne, mas carne de primeira. Julgo que mesmo que eu fosse vegetariana, se Alice fosse um pedaço de carne eu abriria uma exceção para poder apreciar uma bela refeição.
Já havia falado com Letícia sobre nosso castigo. Sei faltar apenas alguns dias, mas nada que eu não posso presentear a minha amada noiva com uma maravilhosa manhã iniciada com sex* no chuveiro. Deixei minha camisola cair, sobre o olhar atento de Alice. Claro que ela insistiu em dizer que não podíamos.
Não querendo deixar margens para mais uma recusa. Tomei seus lábios em um beijo delicioso. Minhas mãos já conhecendo todo o caminho a percorrer, desceram por seus seios já rígidos. Apertei sua bunda, ela deu um longo suspiro. Meus dedos buscaram sua intimidade arrancando um gemido abafado pelo beijo.
Sorri ao notar o quanto ela estava excitada. Meus dedos deslizaram com maestria para dentro dela. Aproveitei para falar algumas safadezas em seu ouvido. Observei seus pelos arrepiarem. Minha voz saia cada vez mais rouca, pela excitação. Quando pedi para ela rebol*r, fui prontamente obedecida. Aumentei o ritmo das minhas estocadas, não demorou para eu sentir seu sex* pulsar. Alice gozou intensamente, cravando suas unhas em meu ombro. Poderia ter goz*do apenas por vê-la goz*r.
— Nossa!
— Pelo visto não perdi o jeito. — falei com bom humor.
— Isso seria impossível.
— Ainda bem! Assim não corro o risco de você me trocar por outra. — a insegurança deu o ar da graça mais uma vez. Notei que ela ficou em silêncio e aquilo só me deixou ainda mais insegura. — Você está bem?
— Sim. Claro. — voltou sua atenção para mim.
— Tem certeza? Esperei que sua resposta fosse me dizer que não tem nenhuma chance de me trocar.
— Eu jamais te trocaria, meu amor. — beijou meu pescoço, enlaçando minha cintura. — As marcas nas suas costas estão aí para provar que você me fode como ninguém. — brinquei. — Desculpa. Não quis te machucar.
— São apenas cicatrizes de guerra. — fiz piada.
— Senhora soldada, preciso terminar meu banho caso contrário vou me atrasar para a aula.
— Tudo bem. Prometo me comportar e dessa vez ser apenas o banho. — sorri. — Vou almoçar com Amélia e Letícia hoje. Você quer ir?
Indaguei mesmo sabendo que ela não aceitaria. Nem ousei me virar em sua direção. Desde que tudo aconteceu Alice tem evitado encontrar minha irmã, assim como Amélia faz o mesmo. Sempre vem aqui quando Alice não está. Mesmo sabendo sobre sua resistência, quando minha irmã vem me visitar eu conto-lhe.
— Tudo bem se não quiser ir. — completei.
— Ótimo. Prefiro assim.
— Amor, uma hora vocês vão ter que conversar. Amélia não teve culpa de nada. Fez apenas o que eu pedi. — falei com calma, detesto a situação e isso está passando do tempo de acabar.
— Eu sei disso. Só suponho que não vai adiantar nada forçar esse encontro. Quando acontecer, aconteceu.
— Vai esperar até o dia do casamento? O jantar de noivado? Vai deixar um clima estranho nos dias mais felizes da nossa vida por conta de uma coisa que ela fez por mim? — minha paciência morreu.
— Amor, não quero falar sobre isso. Acabamos de fazer amor, tudo que eu menos quero é me irritar por conta desse assunto. Já tenho falado sobre perdoar a Amélia nas minhas sessões de terapia. Então, quando, for o momento eu irei procura-la.
— Tudo bem. — concordei apenas para evitar uma discussão desnecessária.
— Vou me vestir. — tocou meus lábios.
Terminei meu banho. Quando saí do banheiro Alice já estava pronta para a aula. Deu-me um beijo, indo embora logo depois. Vesti algo confortável, recebi alguns documentos que Tália havia me encaminhado enquanto tomava café.
Nem notei o avançar das horas. Levantei apenas algumas vezes para olhar Teodoro. Já estava perto da hora do almoço. Estranhei Alice não ter me dado notícias a manhã inteira.
— Dona Rebeca.
— Oi! Terê.
— Amélia ligou lembrando do almoço.
— Não esqueci. Já vou me arrumar para ir.
— Amélia também disse que levasse o Teodoro com a senhora.
— Claro que ela quer. Não está querendo me encontrar, quer apenas matar a saudade do meu pimpolho.
— A menina Alice vai encontrar com vocês? Ela não me disse nada sobre preparar algo para o almoço. — a mulher questionou.
— Quem me dera! Alice continua com raiva de Amélia. — desliguei o computador, girei na cadeira ficando de frente para ela.
— Aquela menina é cabeça dura. — pronunciou estreitando os olhos.
— Mas tem um coração mole. Então ainda tenho esperança de que uma hora ela esqueça o que aconteceu, perdoe a Amélia e assim possamos seguir.
— Deus te ouça. Bom, vou aproveitar que vai sair e vou ao mercado.
— Por falar em mercado. Estamos pensando em contratar duas funcionárias novas.
— Não me venha com ideias de enfiar ninguém na minha cozinha. — resmungou.
— Nada disso. A cozinha é sua. Não se preocupe. — afirmei. — Estamos pensando em alguém para ajudar com o Teodoro. E outra para cuidar da casa.
— Sei! — falou desconfiada. — Bom almoço. — deu as costas, me deixando sozinha.
Antes de me arrumar fui preparar Teodoro. O alimentei, dei banho e o vesti. Precisei colocá-lo no carrinho enquanto eu tomava banho. Já que não tinha ninguém para olhá-lo. Alguns minutos depois, descemosas escadas em direção a garagem. O motorista me ajudou a instalar a cadeirinha de Teo. Dei o endereço do restaurante que iria encontrar Amélia ao homem. Enquanto passávamos pelas ruas, meus olhos fitavam os prédios. Senti saudade de estar em um deles, trabalhando.
— Saudades do trabalho, senhora? — o motorista me sorriu.
— Muita. Mas logo retorno.
— Imagino que para a senhora deve ser difícil estar em casa por tanto tempo.
— Sim. Contudo, hoje meu maior problema é pensar em me separar do Teo. — acariciei a mão dele, abriu um sorriso singelo. Ele me fitava com seus lindos olhos arredondados, naquele momento nada mais parecia ser importante para mim.
— Toda mulher sofre com isso após dar à luz. — concluiu.
Após esta conversa seguimos em silêncio. Era a primeira vez que eu sairia sozinha com Teodoro. Já me sentia nervosa por imaginar que caso ele chore alguém vai olhar feio. Afinal eu já fui uma dessas pessoas, que olhava julgando os pais das crianças choronas, teimosas ou mal-educadas. “Muito bem! Rebeca. O feitiço virou contra o feiticeiro.” Pensei rindo da minha desgraça.
— Chegamos. — falou já parando o carro.
O homem saiu do carro, tirou o carrinho de Teodoro do porta-malas. Eu saio em seguida colocando o pequeno com segurança em seu transporte. O motorista me entregou minha bolsa, e a que eu levava com as coisas de Teodoro. Empurrei o carrinho pela calçada até a entrada do restaurante.
Adentrei já recebendo alguns olhares. Não sei ao certo se pelo fato de estar feia, ou se simplesmente por ser uma mulher entrando sozinha em um restaurante com um bebê. Agradeci por estar de óculos escuros, assim não arriscava matar ninguém com meu olhar de fúria.
Por já se aproximar da hora do almoço o restaurante já estava lotado. As mesas eram bem distribuídas pelo amplo espaço. A decoração moderna dava um ar chique. Saudades de frequentar um lugar assim.
— Bom dia! Chamo-me Clarice, posso ajuda-la? — uma funcionária se aproximou sorrindo.
— Bom dia! Eu tenho reserva com a minha irmã, Amélia, não sei se ela já chegou.
— Claro. Ela já está a sua espera. Me acompanhe por favor.
— Obrigada.
Segui a moça pelo salão. Ainda sentindo os olhares se voltarem para mim. A moça pareceu perceber e aumentou o passo para chegarmos logo ao destino.
— Seu bebê é lindo. — disse simpática. — Parece com você.
— Obrigada. — sorri.
— Chegamos. — mostrou a mesa.
— Beck, pensei que iria se atrasar. — Amélia disse ficando de pé. — Saudades de você. — me deu um abraço apertado.
— Nossa! Tanto amor pode me sufocar. — reclamei quase sem ar.
— Desculpe. — me soltou segurando em meus braços. — E o meu príncipe?
— Se me dão licença.
— Obrigada, Clarice.
— O prazer foi meu. — sorriu gentil, tocando meu braço. Rebeca arqueou a sobrancelha olhando dela para mim. — O quê? — indaguei já me sentando assim que ficamos a sós.
— Essa moça acabou de dar em cima de você.
— Isso não me pareceu uma pergunta.
— Claro, eu afirmei.
— Não viaja. — dei de ombros.
— Você está cega? Ficar entre a vida e a morte te deixou meio lerda?
— Mellie, para com isso. — revirei os olhos. — Não estou podendo namorar nem a minha mulher, vou dar bola para uma adolescente?
— Mas até onde me lembro ‘’SUA MULHER’’ tem basicamente a idade da ... como é mesmo o nome?
— Clarice. Mas isso não importa. Será que podemos pedir?
— Teozito, você está vendo o que a sua tia favorita está vendo?
— Você é a única tia dele. — revirei os olhos. — E que espécie de apelido é esse? “Teozito” parece nome de batata frita.
— A mamãe está mesmo fazendo tudo para fugir do assunto. Ela não aceita que namora uma pirralha. — fez aquela voz típica de pessoas quando falam com crianças.
— Não fala assim dela. — pedi.
— Tudo bem. Vamos falar da nossa mãe que não para de trans*r no quarto ao lado ao meu. Com a sua enfermeira gostosa. — ótimo mais um assunto delicioso para tratar durante um almoço.
— Mande-a embora da sua casa. Simples.
— Simples? Não posso simplesmente manda-la embora. Você bem que poderia levar para ficar um tempo com vocês. Afinal a casa é maior, tem mais espaço, mais quartos. Você nem iria ouvir os gemidos delas. — fez careta. — Imagina dormir ouvindo sua mãe gem*r. Estou sem dormir há dias. — reclamou.
— Isso explica as suas olheiras. — provoquei.
— Eu não... ha! Ha! Muito engraçada. — percebeu ser apenas provocação.
— Estou pensando seriamente em me mudar, dar aquela casa para elas. Não se desgrudam mais.
— Ótima ideia. Tem uma casa a venda no nosso condomínio.
— Se eu fosse me mudar, o seu condomínio seria o último que eu procuraria uma residência. Alice me detesta.
— Não. Alice está em processo para superar o que aconteceu. Eu agi errado. A culpa foi minha. Ela sabe disso, já me perdoou.
— Claro, ela te ama.
— Alice é racional, uma hora ela vai perceber que você não tem culpa de nada.
— Engraçado como desde criança você faz as cagadas e eu levo a culpa. — mudou de assunto.
O clima logo ficou mais leve. Fizemos nossos pedidos enquanto conversamos amenidades. Amélia contava sobre como estava feliz ao lado de Letícia. Fazia anos que não a via tão bem. Volta e meia meus olhos buscavam o telefone, na esperança de que Alice aparecesse. Notei que Clarice sempre que passava próxima a nossa mesa ficava nos olhando.
— Conseguiu uma crush. — Amélia provocou ao perceber.
— Não diga bobagens. — dei de ombros.
— Eu preciso te contar uma coisa! — falamos juntas. Começamos a rir.
— Você primeiro! — novamente em coreto.
— Tudo bem, eu vou primeiro. — falei antes que ela tomasse a frente. — Nós vamos nos casar.
— Caramba! Sério. Isso é maravilhoso. — sorriu me abraçando. — Estava na hora.
— O que você ia dizer?
— Nada. — cortou rapidamente. — Não era nada importante. Precisamos comemorar. Quando vão oficializar? Eu vou poder ir?
— Amélia, que pergunta mais idiota. Claro que você vai. Você é a minha irmã. Ainda não contamos a ninguém, bom, a quase ninguém. Anna e Tália já sabem e agora você. Então por favor guarde segredo.
— Minha boca é um baú. Me conta tudo sobre como pretendem fazer.
Comecei a contar sobre as minhas ideias. Ela foi ajudando, dando opinião sobre algumas coisas. Disse que me organizaria uma despedida de solteira, que recusei de imediato. O restante do almoço foi apenas falando sobre o casamento. Passava de uma e meia quando nos despedimos na saída do restaurante. Prometi que logo iria até sua casa.
O motorista me esperava no mesmo lugar. Eu não poderia estar mais orgulhosa de Teodoro, pois durante todo o almoço não deu o menor trabalho. Acredito que ser louco pela tia ajudou. Ao chegarmos em casa notei que o carro de Alice não estava. O que era sinal de que ela não havia aparecido ainda.
— Terê, chegamos. — falei fechando a porta. — Alice ligou?
— Não. Quem ligou foi Dona Larissa, perguntando por ela.
— Como assim? Ela não está na empresa?
— Não sei, senhora. Penso que seria bom ligar para Tália.
— Vou fazer isso. Você se importa de colocar o Teo no berço? Ele acabou dormindo.
— De forma alguma.
Peguei o celular já discando o número de Tália. Mas ela não atendeu. Liguei novamente, entretanto dessa vez foi direto para a caixa de mensagem.
— Onde será que você se meteu? — comecei a me preocupar. Não era o feitio de Alice sumir assim.
Com os últimos acontecimentos minha mente começou a imaginar os mais caóticos cenários. Mas afastei esses pensamentos. Disquei o número de Isabella.
— Oi! Beck.
— Você viu Alice pela empresa?
— Não. Mal sai da minha sala. Aconteceu algo?
— Não. Ela só não deu notícias o dia todo. Isso não é uma coisa que ela faça.
— Já tentou ligar?
— Sim. Só caixa de mensagem.
— E Tália, sabe dela? — “Tália não veio hoje” — escutei uma voz ao fundo. — Ouviu?
— Sim. Ouvi. Bom, vou esperar ela aparecer. Mas se souber algo me avisa.
— Pode deixar. Vou tentar descobrir algo. Beijo.
— Beijo. — encerrei a ligação.
— Onde será que você se meteu? — indaguei.
Subi até o quarto. Tirei meus sapatos, estava com saudades de usá-los, mas havia esquecido o preço que se paga por isso. Despi-me, tomei um banho, me deitando em seguida. Acabei adormecendo. Acordei com o barulho do meu celular tocando.
— Alô. — atendi sem olhar quem era.
— Rebeca? — a voz feminina disse do outro lado. Afastei o aparelho e observei a foto de Alice. Mas aquela não era sua voz, ou será que eu ainda não acordei?
— Alice? — questionei confusa.
— Não. Não é a Alice. É a Heloísa, dona do pub. — completou como se precisasse explicar quem era. Eu me lembraria desse nome eternamente. Só não entendia o que ela fazia com o celular de Alice. — Então só queria avisar que alguém precisa vir busca-la aqui. — disse antes que eu pudesse perguntar algo.
— Como assim busca-la?
— No momento ela não tem como dirigir para casa, aliás nenhum deles.
— Eles? Ela está com Anna? — questionei.
— Sim, ela está com o Miguel e Anna.
— Certo. Eu estou indo. Só não deixa nenhum deles sair daí. Me espera chegar.
— Claro eu espero, não deixaria que eles fossem embora assim.
- Obrigada.
Encerrei a ligação. Saltei da cama já procurando algo para vestir. A peça mais próxima que tinha era um short jeans curtinho, uma camiseta preta que por sinal. era de Alice. Vesti as roupas rapidamente. Antes de descer as escadas me certifiquei que Teodoro ainda dormia.
— Terê, preciso dar uma saidinha. Pode olhar o Teo?
— Claro, mas aonde a senhora está indo com tanta pressa? — perguntou.
Mas eu estava descendo o último degrau que dava acesso à garagem. O motorista não estava mais ali. Peguei meu carro, dei partida e fui em direção ao Pub. Dirigi com cuidado. Não demorei muito a chegar ao local. Parei meu carro vizinho ao de Alice.
Caminhei em direção ao Pub. Avistei Anna e Heloísa conversando bem próximas em um canto. Não pude deixar de julgar a negra por se aproveitar do estado de embriaguez de Anna para dar em cima dela. Cada dia gosto menos dessa mulher. No local estavam apenas os funcionários, pois ainda não estava aberto. Em outro canto vi Miguel deitado em um pequeno sofá. Meus olhos buscaram Alice com aflição. A encontrei na mesa, com a cabeça apoiada na base do objeto. Estava bêbada. Assim como os outros dois.
— Rebeca, que bom que chegou.
— Oi! Bom mesmo. — a julguei pela cena que vi.
— Acredito que vai ser um pouco dificultoso levar essa galera embora. — disse olhando para Anna que se atirava em cima de Miguel.
— Dou um jeito. Não se preocupe. — respondi rapidamente. — Se me dá licença. — pedi afastando-a do caminho. Andei até Alice.
— Amor? Não sabia que você tinha irmãs gêmeas. — falou com a voz embolada por conta da bebida.
— Oi! Meu anjo. Eu não tenho irmãs gêmeas. — falei segurando o riso.
— Não? E quem são essas duas com você?
— Acredito que isso seja resultado desses três. — apontei as garrafas de uísque na mesa.
— Acho que exageramos.
— Você acha? — perguntei com ironia. — Vamos para casa?
— Não posso. Meu carro tá aí! E eu não tenho condição de dirigir.
— Por esse motivo eu vim te buscar. — afirmei já ajudando-a a se pôr de pé.
— Tudo bem.
O caminho até o estacionamento nunca me pareceu tão longo. Minha sorte foi que Heloísa me ajudou a levá-los. Deixei os três em segurança sentados no carro.
— A chave do carro e o celular de Alice. — a negra me esticou a mão com os objetos.
— Obrigada. Alguém teve condição de pagar a conta? — me preocupei. Sei que apesar de não ir muito com a cara dela aquele era seu meio de sobrevivência.
— Não, mas não se preocupe com isso.
— Eu insisto. Me manda seu pix que eu transfiro o dinheiro. Aqui está meu cartão com meus números de telefone.
— Certo. Pode deixar.
— Mais uma vez obrigada.
— De nada. — houve um momento de silêncio. — Bom, eu preciso ir. Tenho muita coisa para organizar antes de abrir.
— Certo. Até mais.
Entrei no carro. Coloquei o cinto antes de dar partida me certifiquei que os outros três ocupantes do veículo também estavam seguros. Anna e Miguel estavam apagados no banco de trás.
— Eu te amo tanto. — Alice falou baixo.
— Eu também te amo. — sorri.
— Mas você não está entendendo o tamanho do meu amor.
— Não estou? — respondi com ar de riso. Fazia tempo que eu não a via daquela forma.
— Eu te amo, do tamanho do infinito. Duplicado por dezzz. — falou mostrando os dez dedos.
— Tudo bem, meu amor. Eu também te amo nessa mesma quantidade.
— Ama mesmo?
— Sim. Amo muito. — parei no sinal e segurei seus dedos entre os meus.
— Então você toparia ter mais um filho comigo? — agradeci por estar com o carro parado.
— Mais um filho?
— Sim. Uma menina. — falou categórica.
— Precisou ficar bêbada para me perguntar isso? — brinquei.
— Não fiquei bêbada para perguntar isso. Fiquei bêbada devido ao chifre que a sua amiga colocou na minha. — afirmou.
— Do que está falando? — indaguei me fazendo de desentendida.
— Eu sei o que aconteceu. Na verdade, eu ouvi vocês conversando. A Lívia apareceu.
— Alice, você entendeu errado.
— Para o carro! — a voz de Anna ecoou.
— Não posso parar aqui. — por um segundo pensei que ela havia escutado a conversa.
— Eu vou vomitar. — sua voz soou aflita.
— Não. No meu carro não.
Bastou minha resposta sair para escutar o típico barulho de quem está colocando a alma para fora do corpo. O cheiro no carro era quase insuportável. Abri todos os vidros das janelas na esperanço de o ar melhorar. Mas não funcionou.
Deixei Miguel, depois Anna. Quando chegamos em casa Alice já estava mais sóbria.
— Amanhã mando lavar o carro. — falou fechando a porta.
— Não se preocupe com isso, eu resolvo depois. — tranquilizei-a.
Segurei sua mão, caminhamos juntas para dentro de casa.
— Você precisa de um banho.
— Toma um comigo?
— Sim.
Assim que tiramos a roupa entramos no box. Alice fechou os olhos deixando a água banhar seu corpo. Não sabia como voltar ao assunto sobre o que ela escutou na boate.
— Não precisa ficar me olhando assim. Não vou perguntar nada sobre o que Tália fez.
— Não?
— Não. Ela é sua melhor amiga. Mesmo agindo errado temos que cuidar dos nossos amigos. Jamais colocaria você para escolher entre uma de nós.
— Você é tão perfeita. — a abracei. — Às vezes nem parece ser real.
— Mas eu sou real. Você está aqui me tocando. — disse rindo.
— Agora me diz uma coisa. Como você foi parar no bar daquela mulher?
— Isso é ciúme? — se virou na minha direção.
— Claro. Não tem como esquecer o ménage que você fez com ela.
— Helô é apenas uma amiga. O que fizemos ficou no passado. Prefiro o meu presente, com você bem aqui do meu lado. — beijou meu pescoço.
— Ela estava dando em cima da Anna. — contei. Alice riu.
— Não. Anna que estava dando em cima da Helô.
— E você viu isso enquanto estava desmaiada na mesa?
— Vi isso antes de capotar. — confessou. — Chega de falar da Heloísa.
— Prefere falar sobre nossa futura filha?
— Pensei que você não tinha escutado essa parte. — sorriu sem graça.
— Acho que não tenho idade para surdez.
— Podemos não falar sobre isso?
— Tudo bem. — concordei rindo.
Terminamos nosso banho em meio a muitas carícias. Ficamos um tempo brincando com Teodoro na cama. O instante que fui deixá-lo no quarto Alice apagou completamente. Mandei mensagem para Tália, já que ela também havia sumido. Em seguida me deitei logo adormecendo.
Fim do capítulo
Volteiii!!! E só deixar claro que estou em dias com os comentários. rsrs
Quero saber o que acharam da reação da Rebeca. Me contem tudoooo.
Tô até pensando em postar outro capítulo amanhã. O que acham???
Beijosss
Comentar este capítulo:
lay colombo
Em: 11/03/2022
Sabia q a Rebeca ia ficar com ciúme kkkkkkkk
Tá mais q na HR dessa CV da Anna e da Talita sair, pq ngm merece.viver nessa incerteza, só espero q esse sumiço da Talita não seja equivalente ao chifre da Anna aumentando.
Hmm tivemos menção da Virgínia depois de muuuuito tempo e tbm Amélia deixando de contar algo ao saber do casamento, ligando os pontos diria q teremos mais.uma ex fazendo aparição.especial por aqui, achou q eu não ia notar né!? Mas eu notei kkkkk
Como sempre sigo amando a história, bjo e até o próximo
Resposta do autor:
Será que a galhada vai aumentar????
Adoro um pontilhado. kk
Obrigada por acompanhar e comentar.
Beijos
Baiana
Em: 11/03/2022
Mas rapaz,até que Rebeca não surtou tanto quanto eu imaginei que surtaria.
E Carmen hem? Descontando o tempo perdido e na casa da Amélia kkkkkk
Será que a Rebeca vai falar sobre a Heloísa ter dado em cima da Anna? Para a Tália tomar tento na vida e perceber que pode perder a namorada para outra
Resposta do autor:
Amélia tá pedindo socorro. kkk
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preguicella
Em: 11/03/2022
Até que Rebeca não surtou! Me surpreendeu?! Na verdade não, elas estão numa fase boa de amor, não tem pq surtar!
Queria uma Alice na minha vida! Gente boa, boa amiga, boa irmã, filha e ainda tem uma esposa que paga a conta do whisky destilado com ouro! haha
Alice quer uma filhinha, que lindo! Será que teremos uma nova gravidez vindo aí?!
Dona moça, não esqueci que vc está nos devendo extras de Amélia e Letícia, hein!
Bjs no coração!
Resposta do autor:
Exatamente, esse realcionamento já está mais que sólido. Nem terremoto para separar. kk
Quem não quer uma ALice?
E não esqueci seu pedido, só fiz igual vc faz comigo no whats, respondi em pensamento. kkk
beijoss.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 10/03/2022
Pensei que Rebeca iria surtar mas ela levou de boa.
Resposta do autor:
Rebeca passou a perna em todo mundo. kkk
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paulaOliveira
Em: 10/03/2022
Rebeca reagiu de boa, que bom!!
Será que vem uma menininha por aí?
Resposta do autor:
Imagina ai uma cópia de Alice em miniatura??? Tenho nem roupa para uma cosia dessas. k
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JeeOliveira
Em: 10/03/2022
gostei da atitude da Rebeca, não espero q a Anna e Talia fiquem muito tempo sem conversar mesmo q não de certo como casal as duas são melhores amigas de Receba e Alice e precisam se entender para não fazer as amigas ficarem em clima ruim
Resposta do autor:
Rebeca surpreendendo todo mundo. Pior que o Squad está todo separado no momento. Tá faltando maturidade.
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