Capitulo 85
Capítulo 85º
Alice
Não consegui tirar da cabeça a conversa que ouvi de Tália com Rebeca na festa de aniversário. Tentei evitar pensar o pior de Tália, mas depois do que escutei ficou praticamente impossível duvidar que as suspeitas de Anna não são verdadeiras. Evitei questionar Rebeca novamente sobre o assunto. Sei que seja lá o que Tália tenha feito ela já sabe. Não seria justo coloca-la no meio dessa confusão onde ela teria que decidir entre guardar o segredo de sua melhor amiga ou contar toda a verdade a mim.
Na madrugada do sábado depois que meu motorista deixou Anna na casa de sua mãe, ele foi nos buscar para irmos embora. Tália deu trabalho devido ao nível de embriaguez que se encontrava. Deixei que Rebeca cuidasse dela e fui deitar primeiro. Já tentando evitar que ela pudesse soltar algo e eu acabasse escutando.
Cedo na manhã de domingo Tália decidiu ir para casa. Rebeca aconselhou que ela deixasse que Anna a procurasse. Evitando que mais discussões pudessem acontecer entre elas enquanto ainda estão de cabeça cheia. Passamos o domingo inteiro de preguiça, apenas curtindo Teodoro, já que demos folga a Tereza.
- Amor, separei alguns currículos para te mostrar. – comentou enquanto penteava os cabelos, havia acabado de sair do banho.
- Currículos? Não sabia que estamos contratando. – respondi bloqueando o celular me dedicando a prestar atenção no que ela me diria.
- Estamos sim. Daqui a alguns dias eu volto a trabalhar. Graças a Deus. – juntou as mãos em forma de oração. – O Teodoro precisa de alguém. Tereza não vai dar conta de tudo sozinha. – concluiu me fitando.
- Eu sei. Já tinha pensado sobre isso. Só acreditei que você fosse demorar um pouco para conseguir entregar o Teodoro na mão de alguém.
- Apesar de me doer muito fazer isso, sei que preciso voltar a trabalhar. Então abre a minha gaveta e olha os currículos. Por favor. – me perdi no que ela disse ao observar suas pernas de fora enquanto passava hidratante em sua pele. – Amor, estou falando com você.
- Desculpa. Eu me perdi um pouco.
- Se perdeu? Como assim? – virou-se em minha direção.
- Me perdi, nas curvas do seu corpo. – respondi me pondo de pé, caminhando em sua direção.
Ela deu uma gargalhada com a minha cantada barata. Enlacei sua cintura, nossos olhares se cruzaram e eu senti meu corpo inteiro reagir. Estava com saudades de sentir seu corpo no meu.
- Eu amo tudo em você. – acariciei seu rosto, fazendo-a fechar os olhos com a caricia. – Não vejo a hora de poder te jogar naquela cama e te amar de todas as formas possíveis e imagináveis.
- É mesmo? E quais seriam essas formas?
- Não gosto nem de pensar. Pois, meu corpo inteiro reage a esses pensamentos um tanto inapropriados. – Rebeca sorriu satisfeita.
- Então vamos guardar toda essa sua criatividade para quando pudermos colocar tudo em prática. – roçou seus lábios nos meus. – Eu te amo.
- Eu também te amo. – o beijo que seguiu foi cheio de saudade e desejo. Antes que pudéssemos perder o resto de controle eu me afastei. – Melhor nós pararmos. Vou dar uma olhada nos currículos.
Ela me fitou sorrindo do meu desespero em sair de perto dela. Abri a gaveta e achei as várias folhas dentro de um envelope, Rebeca é a pessoa mais organizada que já vi. Deitei-me na cama com os documentos em mãos. Não demorou para que ela se juntasse a mim e juntas separamos alguns para entrar em contato no decorrer da semana.
Na manhã seguinte após revirar na cama sem conseguir voltar a dormir desde que levantei para dar comida ao Teodoro decidi que era melhor gastar energia na academia. Observei Rebeca dormindo pesadamente, sai do quarto sem fazer barulho evitando que ela pudesse despertar. A falta de sex* e agora toda a situação de Anna com Tália estavam me deixando louca. Corri ao máximo que pude na esteira depois de um treino intenso de musculação. Quando senti o cansaço me consumir diminui a velocidade até que parasse por completo. Peguei a toalha para secar o suor do rosto. O relógio na parede marcava seis e meia da manhã.
Tomei um longo gole de água enquanto tentava recuperar o fôlego. A conversa de Tália e Rebeca se repetia na minha cabeça. Peguei o celular para mandar mais uma mensagem para minha amiga que simplesmente não respondeu nenhuma das mensagens já enviadas durante o domingo.
- Caiu da cama, menina? - a voz de Tereza ecoou.
- Sim. Seu queridinho me tirou da cama e eu não consegui mais dormir. – disse rindo.
- Até parece que essa ruga de preocupação é por conta do Teo. – a senhora me fitou com atenção.
- Verdade. Estou preocupada com a Anna.
- Aconteceu algo?
- Sim. Mas não tenho certeza ainda.
- Então descubra e ajude a sua amiga. – aconselhou.
- Você tem razão. Obrigada. – beijei seu rosto.
- Me larga, você está completamente molhada de suor.
- Está querendo dizer que estou fedendo?
- Sim. Muito. – disse rindo.
- A é? Então agora vou te abraçar e te fazer desmaiar com seu fedor. – corri atrás dela enquanto ela gritava me mandando ficar longe.
Por saber que a mulher já não tinha disposição suficiente para fugir de mim eu acabei parando de tortura-la. Joguei um beijo para ela do topo da escada enquanto apenas sorriu sacudindo a cabeça para mim.
Entrei no quarto e Rebeca ainda dormia. Tirei minha roupa de ginástica e fui para o banho. Assim que liguei o chuveiro entrei de baixo. A água fria ajudou meus músculos relaxarem depois do intenso exercício.
- Bom dia, acordou cedo hoje. – me virei em direção a voz de Rebeca. Ainda estava sonolenta.
- Estou tensa, não consegui dormir e acabei indo treinar.
- O que aconteceu?
- Só estou preocupada com a Anna. Mas daqui a pouco vou vê-la na faculdade. – os olhos de Rebeca percorriam meu corpo inteiro. – Não me olha desse jeito. – supliquei.
- De que jeito? – se fez de desentendida.
- Como se eu fosse um pedaço suculento de carne. – falei com um meio sorriso.
- Você pode até não ser um pedaço de carne, mas já suculenta...- comentou deixando sua camisola ir ao encontro do chão revelando apenas sua calcinha branca de renda.
- Amor, nós não podemos.
- Eu não posso. Isso não quer dizer que agora não seja permitido que eu te faça relaxar um pouco. Já que está tão tensa...- completou sua frase já grudando seu corpo ao meu. – Nosso castigo está prestes a acabar. Vamos dizer que hoje seja um aperitivo de tudo que vamos fazer a partir da semana que vem. – sussurrou beijando meu pescoço.
- Amor...- não conseguia mais raciocinar.
A língua dela invadia minha boca com urgência enquanto suas mãos sedentas passeavam pelo meu corpo molhado, apertando meus seios, minha bunda e me arrancando suspiros. Não demorou muito para que seus dedos tocassem minha intimidade. Me fazendo gem*r de encontro a sua boca.
Um largo sorriso se desenhou em seus lábios ao notar toda a minha excitação. Com facilidade dois de seus dedos entraram em minha cavidade úmida. Enquanto me dizia safadezas ao pé do ouvido. Não sei se era o que ela dizia, ou simplesmente o som rouco de sua voz que me excitava ainda mais. Lentamente suas estocadas aumentavam mais e mais.
- Eu amo o som dos seus gemidos, estava louca de saudade deles. – mordeu a ponta da minha orelha.
- Ahhh! Isso é muita covardia. Você me tem fácil demais.
- Meu amor, você pode ser tudo. Menos fácil. Não seja tola, não havia motivo para resistir a algo que você também quer há tanto tempo. Fora que só com os meus beijos percebi o quanto me queria dentro de você. Fazendo exatamente isso. – deu uma forte estocada me fazendo delirar. - Então rebol* para mim. – ordenou com a voz rouca.
O que eu poderia fazer além de obedecer? Ela me tinha nas mãos. Fiz exatamente o que ela me mandou não demorou muito para meu corpo dar os sinais de que o ápice do meu prazer estava se aproximando. Cravei minhas unhas nos ombros dela, deixando minha cabeça inclinada para trás. Rebeca segurou meu corpo com agilidade. Enquanto um sorriso de satisfação se desenhava em seus lábios.
- Nossa!
- Pelo visto não perdi o jeito. – fez graça.
- Isso seria impossível.
- Ainda bem! Assim não corro o risco de você me trocar por outra. – foi impossível não pensar no que Tália possivelmente está fazendo com Anna. Péssimo "time" para Rebeca falar sobre traição. – Você está bem?
- Sim. Claro. – voltei minha atenção a ela.
- Tem certeza? Esperei que sua resposta fosse me dizer que não tem chance nenhuma de me trocar.
- Eu jamais te trocaria, meu amor. – beijei seu pescoço, enlaçando sua cintura. – As marcas nas suas costas estão aí para provar que você me fode como ninguém. – brinquei dando beijos nas marcas avermelhadas em seu ombro. – Desculpa. Não quis te machucar.
- São apenas cicatrizes de guerra. – fez piada.
- Senhora soldado, preciso terminar meu banho caso contrário vou me atrasar para a aula.
- Tudo bem. Prometo me comportar e dessa vez ser apenas o banho. – sorriu. – Vou almoçar com Amélia. Você quer ir?
Questionou sem me olhar. Eu ainda não havia encontrado Amélia. Todas às vezes que ela veio visitar Rebeca e Teodoro eu não estava em casa. Acredito que tenha sido premeditado. Eu não sei se estou pronta para conversar com ela, e acredito que nem ela esteja para dar de cara comigo.
- Tudo bem se não quiser ir.
- Ótimo. Prefiro assim. – conclui terminando de passar o sabonete.
- Amor, uma hora vocês vão ter que conversar. Amélia não teve culpa de nada. Fez apenas o que eu pedi. – saiu em defesa da irmã.
- Eu sei disso. Só suponho que não vai adiantar nada forçar esse encontro. Quando acontecer, aconteceu.
- Vai esperar até o dia do casamento? O jantar de noivado? Vai deixar um clima estranho nos dias mais felizes da nossa vida por conta de uma coisa que ela fez por mim? – me questionou já se irritando.
- Amor, não quero falar sobre isso. Acabamos de fazer amor, tudo que eu menos quero é me irritar por conta desse assunto. Já tenho falado sobre perdoar a Amélia nas minhas sessões de terapia. Então, quando for o momento eu irei procura-la.
- Tudo bem. – se deu por vencida.
- Vou me vestir. – beijei seus lábios e sai do banheiro.
Em menos de vinte minutos eu já estava pronta. Passei no quarto de Teo, depositei um beijo em sua face. Ele dormia sereno, parecia que nada no mundo poderia abalar sua paz. Sorri de meu pensamento. Despedi-me de Rebeca e Tereza em seguida sai de casa.
Dirigi o percurso da faculdade. Tentei diversas vezes ligar para Anna, mas não obtive resposta. Movida pela certa de que Anna não apareceria na faculdade decidi ir até à casa de sua mãe. Pelo horário ela já havia saído para trabalhar. Toquei a campainha, porém não obtive resposta. Lembrei onde costumava deixar uma chave reserva quando ainda morava aqui, ela sempre perdia a dela.
- Isso! – comemorei ao encontrar o objeto.
Dei duas voltas, escutando em seguida o barulho da fechadura abrindo. Empurrei a porta me inclinando para dentro, dei alguns passos até a sala. Segui para o segundo andar a porta do quarto de Anna estava fechada. Bati duas vezes. Mas ela não me respondeu.
- Eu sei que você está aí dentro. Não vou embora até te ver. – falei com o ouvido colado na porta.
- Vai embora. Eu estou bem. Só quero ficar sozinha. – respondeu de dentro.
- Podemos ficar sozinhas juntas. Olha, a Rebeca me ensinou a arrombar fechaduras. Posso muito bem abrir a sua.
- Não sabia que você agora era uma invasora de propriedades. – respondeu sem graça.
- Anna, só preciso me certificar que está bem. Deixa-me entrar.
Houve um momento de silêncio, depois a porta foi aberta. Anna usava um moletom surrado, os cabelos estavam bagunçados, o quarto estava completamente escuro.
- Pronto, viu que eu estou viva.
- Podemos conversar.
- Minha mãe não deveria ter deixado você entrar. – reclamou.
Fui até a cama, empurrei o corpo dela me deitando ao seu lado em seguida. Claro que ela fez cara feia, mas agradeci pela escuridão que não me permitiu observar a cara de desagrado dela.
- Quem disse que sua mãe me deixou entrar? Ela já foi trabalhar.
- E como... Deixa para lá, sei que encontrou a chave reserva.
- Pois é. Algumas coisas não mudam.
- Apenas algumas. Hoje você em nada me lembra a menina hétero que eu conheci. Tá casada e com um filho.
- Verdade. Essa parte mudou muita coisa. – concordei. – Mas você também mudou muito. Está mais responsável.
- Parei de dar golpe para levar golpe. Grande evolução. – sorriu amargurada.
- Não fala assim.
- E como eu deveria falar? Fui de não me apaixonar, começar a namorar, morar junto e agora possivelmente estou com um belo par de chifre.
- Não tem como ter certeza disso. Vocês precisam conversar.
- O problema é que não há conversa, existe apenas um monólogo onde eu sou a protagonista. No final penso que o problema sou eu.
- Como assim o problema é você?
- Primeiro foi a “profamante”. Estava mais que na cara que não ia dar em nada mesmo assim eu insisti. Até que, eu consegui ficar com a Iara. Mas não passou disso, ficamos um tempo. Contudo, ela não teve coragem de me assumir. Agora é a Tália, que de início eu até acreditei que me amava, que ia ser diferente. Eu tinha planos de casar.
- O problema não é você.
- Para mim, é o que parece. Você precisava ver o jeito que a Iara falou da Bianca. O brilho no olhar, a admiração, o amor. Por um segundo eu senti inveja. Afinal, Iara poderia estar falando sobre mim. Cheguei a me questionei se quando Tália fala em mim para alguém os olhos dela brilham daquela forma. Poderia ser eu no lugar da Bia, mas penso que não fui o suficiente para fazer sua tia me assumir. – ela ficou em silêncio assim como eu. Não fazia a mínima ideia do que dizer-lhe. Não poderia insistir em dizer que Tália a amava, não depois do que escutei.
A única saída para Anna, era encher a cara. Sei que isso de um jeito ou de outro a animaria. Levantei-me da cama, abri as cortinas, depois fui ao closet dela. Apesar de morar na cobertura, Anna ainda mantém algumas roupas aqui.
- O que está fazendo?
- Nós vamos sair. – peguei uma calça, jeans, uma camiseta e joguei na cama.
- Não quero ir para lugar nenhum. – reclamou, mas eu ignorei.
- Você vai sim. O que você precisa é uma dose do melhor uísque que o meu dinheiro possa comprar.
- Não quero beber.
- Você não quer beber? O caso é pior que eu pensei. – me virei para ela.
- Só quero ficar aqui, sozinha e no escuro.
- Nada disso. Você vai sair comigo. Vai beber, até esquecer seu nome. Amanhã estará pronta para continuar sua vida. Estou te dando o direito de ficar na fossa hoje. Amanhã você vai resolver sua vida com Tália. – puxei o lençol que ela tentara se cobrir.
- Eu odeio você. – afirmou irritada.
- Ótimo, me odeia no banho. Saímos daqui a pouco.
Claro que ela saiu do quarto com a cara emburrada. Não queria sair dali, mas eu não deixaria que ficasse sozinha. Enquanto estava no banho eu aproveitei para mandar mensagem para o Miguel. Contei que Anna precisava de nós e ele só disse que passássemos para buscá-lo.
- Onde está me levando?
- Vamos buscar uma pessoa antes de irmos para o pub.
- O pub nem está aberto. Hoje é segunda.
- São as vantagens de conhecer a dona.
- Claro! Esqueci que você fez um ménage com ela.
- Nossa, que recalque. – brinquei.
- Quero só ver o que sua futura esposa vai pensar disso.
- Ela vai entender.
- Você conhece a mulher que vai casar? Porque aparentemente não estamos falando da mesma pessoa. – foi a primeira vez que ela esboçou um sorriso.
Parei o carro em frente à casa de Miguel. Buzinei duas vezes e ele saiu. Fazia tempo que não nos víamos ele estava diferente. Mais musculoso, a barba maior. Isso não passou despercebido por mim e muito menos por Anna que assim que Miguel entrou no carro soltou a seguinte frase:
- Quem diria que vitamina de duas picas te fariam tão bem, viado.
- Olha só quem se curou. Pensei ter que me vestir para o seu funeral. Alice disse que você estava quase morta. – reclamou ele.
- Acredito que você a curou. – provoquei dando partida no carro.
- Idiotas. Eu poderia ainda estar dormindo. Suas ingratas.
- Tudo bem, prometemos não falar mais de como...
- Dar a bunda tem te feito bem. – Anna completou segurando o riso.
- Para o carro que eu vou descer. Não vim para ser motivo de piada. – fez ir abrir a porta.
- Não, Miguel. Prometemos que não vamos mais falar sobre isso. Não é Anna?
- Não prometo nada. Aí! – reclamou ao sentir um beliscão que dei em seu braço. – Tudo bem, eu prometo. – revirou os olhos.
- Assim é melhor. – ele completou.
Dirigi até o pub enquanto Anna e Miguel continuavam se provocando. Sabia que a presença dele iria a animar. O dia estava ensolarado, o céu limpo com poucas nuvens, já eram quase nove horas quando parei em frente ao pub. Meu celular tocou fiz menção em atender, mas antes que eu pudesse Anna o tomou e recusou a chamada.
- Nada disso. Você me obrigou a sair de casa, então nada de ficar com o celular. Hoje nós vamos sumir do mapa. Então me passa o seu celular também. – esticou a mão para Miguel.
- Não posso, os meninos nem sabem onde estou. Não avisei nada.
- Miguel, os dois podem muito bem brincar de guerra de espadas sem você. – resmungou séria.
- Nossa! O que deu nessa mal-humorada?
- Chifre. – ela respondeu. Miguel me fitou interrogativo. Mas sei que ele deixaria para falar sobre isso depois.
- Tudo bem. Me deixa só...
- Nada disso, sua gay. Me dá aqui. – tomou o celular de suas mãos. – Agora vamos descer, os celulares vão ficar aqui. Guardadinhos. – colocou no porta luva.
Anna foi a primeira a sair do carro, seguida por Miguel e por mim logo atrás. Apertei o botão travando o veículo me juntei aos dois, eles encaravam a entrada do pub que naquele momento mantinha apenas uma das portas de acesso meio aberta.
- É como ter viajado no tempo. – Miguel comentou segurando minha mão e a de Anna. – Nós três em plena segunda enchendo a cara devido a um coração partido de um dos três.
- Dessa vez é o meu.
- Enfim os humilhados foram exaltados.
- E os exaltados humilhados. – Anna completou com ar de riso. – Obrigada, gente. – sorriu para nós.
Apertamos suas mãos sem dizer nada. Estávamos ali por ela, naquele momento era tudo o que importava. Atravessamos a rua ainda de mãos dadas. Anna foi a primeira a se abaixar para conseguir entrar, Miguel me deu passagem e veio atrás de mim.
- Olha só se não é a minha concorrência. – Heloísa sorriu para nós.
- Nada disso. Temos públicos diferentes. Em dias diferentes. – me defendi. – Como vai, Helô? – me aproximei dando dois beijos em sua bochecha.
- Melhor agora, pois sei que vou faturar uma grana com meus três melhores clientes juntos. – sorriu simpática. – Não pensei que casar era igual um cárcere privado.
- Quase isso. – Miguel brincou.
- Como podem ver tenho muitas mesas reservadas a vocês. – mostrou o local completamente vazio.
- Aposto que diz isso a todos. – Anna brincou.
- Apenas aos vips, uma mulher precisa se manter. – piscou para ela. Anna sorriu. – Então o que vão beber?
- Seu uísque mais caro. Sai da cama por ele.
- Que tal uma garrafa do Jw King George?
- Você vai dar quase cinco mil em um uísque? – Miguel questionou assustado.
- Vai sim. Pode trazer duas garrafas. – Anna falou decidida.
- Tudo bem.
Logo Heloísa voltou para nos servir. Anna foi a primeira a virar de uma vez a dose que lhe foi servida. Fez uma careta e em seguida comentou:
- Quem diria que um George poderia ser tão bom. – indagou fitando o copo vazio.
O comentário feito por Anna arrancou uma gargalhada de mim e Miguel. Era impossível se controlar depois do que ela disse.
- Mas pelo preço tinha que ser bom mesmo. – deu de ombros continuando seu monólogo.
- Ela foi de falar, sozinha para falar com garrafas? – Miguel me questionou se inclinando em minha direção.
- Eu estou ouvindo você, sua gay. E podem ir virando isso aí. Não vou enfiar o pé na jaca sozinha.
- Salud! – Miguel desejou batendo seu copo no nosso.
- A bicha virou bilíngue desde quando?
- Desde que casei com um doutor. – falou vitorioso.
- Então todos casaram mesmo? – Heloísa questionou.
- Eu estou prestes a fazer um jantar de noivado para comunicar a minha família. – falei tomando mais um gole.
- Eu estou casadíssimo com dois caras maravilhosos. – se gabou novamente.
- Isso, esfreguem a felicidade de vocês na minha cara. – reclamou Anna.
- Mas você ainda namora, vejo uma aliança aí. – Heloísa apontou para o dedo dela.
- Pois é. Mas tô achando que namoro sozinha.
- Não entendi. – falou confusa.
- Longa história. – Anna se serviu mais uma vez.
- Ainda bem que temos tempo. – Miguel completou curioso. Queria saber o que aconteceu.
Anna me olhou como se buscasse coragem para contar tudo. Fiz sinal para ela poder começar a falar. Narrou tudo o que estava acontecendo, desde suas suspeitas até as ligações que a namorada recebia. Até a discussão na boate devido ao ciúme da tia Iara. Miguel e Heloísa escutavam atentos, nem piscavam com medo de perder alguma informação. Nosso amigo me fitou com um olhar questionador. Suponho que de alguma forma deixei transparecer saber de algo a mais.
- Mal sabe ela que no fim, ao invés da Iara acabei com o George. – fitou a garrafa se servindo mais uma vez.
- Anna, o que você tem de fazer é conversar. Isso tudo pode ser apenas um mal-entendido. – Heloísa disse tocando seu braço.
- Eu já disse isso. – completei.
- Só preciso de tempo gente. Para ela pensar o que quer, e principalmente para eu poder entender o que eu quero também. Mas sei que não vou aceitar menos do que mereço. Isso é fato.
- Você está certíssima. Nós temos que almejar o mais sempre.
- Foi assim que você conseguiu duas rolas? – Anna brincou.
- Claro! Toda noite eu pedia ao universo duas pirocas LGG.
- LGG? – indaguei confusa.
- Claro. Lindas, grandes e grossas. – Miguel completou rindo.
- Nossa, viado. Você entende que está numa mesa com três mulheres lésbicas?
- Lógico, e graças a Deus que existe a diversidade. Só assim para eu ter duas lindas anacondas me esperando em casa.
- Nem me vem com esse papo de anaconda. – Anna fez o sinal da cruz.
- Como assim? – Heloísa questionou.
- Vai lá. Conta o seu trauma. – incentivei.
- Não. Tenho pesadelos até hoje com aquela coisa correndo na minha direção.
Ela de fato não conseguiu falar nada. Então me encarreguei de contar a história o que rendeu muita risada dos dois que ainda não sabiam do ocorrido. Já era quase meio-dia, em cima da mesa já estava uma garrafa vazia. Enquanto a segunda estava pela metade. Anna estava um tanto embriagada, a essa altura decidiu querer dançar. Saiu arrastando Heloísa até a pista. Miguel aproveitou estarmos sozinhos para ocupar a cadeira ao meu lado.
- Podemos até estar um pouco bêbados. E também sem manter muito contato nos últimos meses. Mas, eu. Ah! Eu ainda te conheço. O que está escondendo da Anna? – me questionou. Apoiando os cotovelos na mesa com dificuldade, um deles escorregou e ele quase caiu.
- Cuidado. – alertei. – Não sei do que você está falando. – dei de ombros observando Heloísa fugir das investidas de Anna.
- Sabe sim. Você descobriu alguma coisa sobre a Tália. Aposto que Rebeca te contou. Elas são melhores amigas. Mas você não quer piorar as coisas entre Anna e Tália, por isso não contou.
- Acho que o uísque é falsificado. Só assim para você falar tanta bobeira.
- Alice. Eu te conheço. – insistiu.
- Tudo bem. Você tem razão. – suspirei. Precisava contar para alguém. Dividir o fardo com Miguel me parecia uma boa opção. – Eu sei de algo, mas não foi Rebeca que me contou. Depois que Anna foi embora da festa, eu acabei escutando sem querer uma conversa das duas. Tália falou sobre ter se deixado levar pela ex-namorada, Lívia.
- Puta que pariu! – Miguel se exaltou.
- Relaxa, não precisamos que Anna venha aqui. – segurei seu braço.
- Anna está mais interessada em Heloísa. – mostrou a direção e nossa amiga estava literalmente jogando charme para a mulher que só sorria se esquivando. Em momento nenhum se aproveitou da condição de embriaguez dela. – No fim ela tem razão. Tália a traiu.
- Não posso afirmar isso. – falei me servindo mais uma vez.
- Claro, porque encontramos um ex apenas para trocar figurinhas. – debochou. – Me poupe, Alice. Está mais que na cara que Tália teve uma recaída com a ex.
- Só queria acreditar que não foi isso. Mas fica difícil. Saber disso e não poder contar nada a ela me mata.
- Eu entendo sua situação. Sua noiva é melhor amiga da namorada da sua melhor amiga. Isso é pior que um rebuceteio. – virou sua bebida toda de uma vez. – Não queria estar na sua pele.
- Eu sei. – me dei por vencida.
Anna voltou ainda acompanhada por Heloísa. Apenas para se servir e voltar arrastando Miguel para dançar com ela.
- Obrigada por ter nos recebidos.
- Imagina. Fiz isso esperando algumas cortesias para o vip da sua boate. – brincou.
- Já te convidei. Você que recusou.
- Verdade. Quem sabe agora que estou solteira.
- Então sua reconciliação não deu certo?
- Não. – sem pretensão de ser indelicada acabei não fazendo nenhuma pergunta. – Sua amiga não parece nada bem. – completou fitando-a.
- Não. Mas ela é forte.
- E linda. – acredito que seu pensamento foi externalizado. Ela corou levemente. – Desculpa. Não quis ser indelicada.
- Tudo bem. Anna é mesmo linda. Quem sabe depois que ela resolver essa situação toda vocês possam se conhecer.
- Não seria uma má ideia.
Já passava das quatro quando percebi que já estava na hora de parar de beber. Nem conseguia imaginar como iria chegar em casa depois de quase três garrafas de uísque do George. Foi assim que Anna o batizou.
- Preciso dos celulares de vocês. – Heloísa insistia.
- Euuu nãoo vouu emboraa. – Anna e Miguel cantavam tentando se sustentar um no outro.
- Estão no carro. – falei sentindo meu estomago revirar. Meu nível de embriaguez já era alto também. – entreguei a chave.
- Certo. Vou ligar para alguém vir buscar vocês. – falou pegando a chave e indo em direção ao meu carro. Alguns segundos depois ela voltou.
Eu nem sei em que momento acabei deixando minha cabeça repousar na mesa.
- Alice, preciso que você desbloqueie o celular. – me entregou o aparelho, ou melhor, os aparelhos, pois na minha frente aparecia no mínimo três celulares.
- É só colocar na cara feia dela. – Anna aconselhou.
Heloísa fez o que ela pediu. Em seguida vi ela discar para alguém, internamente eu pedia para não ser para Rebeca. Não seria uma boa ideia Heloísa ligar do meu celular para ela e ainda mais para dizer que viesse me buscar, pois, estou bêbada.
Droga! Agora quem vai precisar fugir serei eu. Imagina só a briga que vou arranjar com Rebeca por sumir o dia todo e ainda aparecer completamente bêbada. Para piorar no bar da mulher que eu fiz um ménage e Rebeca morre de ciúmes dela até hoje. Se eu acredito em anjo da guarda essa é uma boa hora para pedir proteção.
Fim do capítulo
Oiê!!!! VOltei. Muito obrigada!!! Pela paciência, por todos os acessos. Pelos comentários, e até pelas que me acompanham na moíta. Juro que vou responder os comentários assim que eu tiver tempo. beijosss
Comentar este capítulo:
paulaOliveira
Em: 10/03/2022
Heloisa e Ana, será? Talia tá marcando bobeira.
Rebeca vai chegar com pés na porta, pobre Alice kkk
Resposta do autor:
Alice e Tália que se cuidem. kkk
JeeOliveira
Em: 06/03/2022
eu ainda torço pra Talita e Anna ficarem juntas, mas Talita tem que se redimir muito dos erros cometidos, as duas precisam ter uma conversa sincera, e Rebeca vai querer matar a Alice
Resposta do autor:
O momento precisa de maturidade. E acredito que nem Anna, que só foge do assunto, e Tália que não faz questão de esclarecer nada, nenhuma tenha maturidade suficiente.
Mas já falando em maturidade, será que Rebeca vai ser superior na situação???
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lay colombo
Em: 06/03/2022
Rebeca já vai vir no grau certeza kkkkkkkk
Hj sera q teremos o fim de Talianna e o início de Annaísa ? Senti um clima entre ela e a Helô, e sinceramente estou puta com a Talita, não é nem por ter tido um relapso e bjando a Ex, isso tbm óbvio, mas pela forma q ela decidiu tratar a situação, a Anna merece mais do q isso.
Resposta do autor:
kkkk. Exatamente. Não é o que aconteceu é a forma que tem agido com Anna.
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preguicella
Em: 06/03/2022
Voltando aos velhos tempos, sair com os amigos pra encher a cara. Haha
Que whisky é esse feito com gotas de ouro?!
Rebeca vai amar a ligação de Heloísa! haha
Resposta do autor:
Quero só ver o que isso vai dar. kk
Bem que eu queria esse uisque de ouro. kk
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Baiana
Em: 06/03/2022
A Alice está mais ou menos enrolada quando a Rebeca aparecer para levá-la para casa. Será que a Anna vai ter alguma coisa com a Heloísa enquanto não se resolve com a Tália?
Resposta do autor:
Alice está em maus lencóis. Heloísa ter ligado justamente para ela foi demaiss. kkk
Quero só ver como ela irá agir.
A essa altura será que Anna devolveria na mesma moeda???
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Mille
Em: 06/03/2022
Oi autora
Vai dar DR esse bebedeira que a Alice inventou para a Anna.
Confesso que estou angustiada com esse carro da Alice e um acidente acontecer.
Será que a Anna já tem uma nova namorada??? Heloisa gostou na Anna.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Será que vai rolar mesmo Anna e Heloísa? Mesmo com a história da Helô com a Alice??? Seráaaa
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Marta Andrade dos Santos
Em: 06/03/2022
Complicou Alice logo a Rebeca.
Resposta do autor:
Desespero!!
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Lea
Em: 05/03/2022
Amei esse momento amigos,esses três juntos é sempre bem vindo!
Rebeca não tem que brigar com a Alice,ela estava ajudando a amiga/irmã!
Resposta do autor:
Fazia um tempinho desde que se reuniram. Então já esava na hora, pena que por uma ocasião não tão boa. Bora ver como Rebeca vai reagirrr.
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Dolly Loca
Em: 05/03/2022
Não quero nem ver o bom humor que a Rebeca vai chegar nesse pub
Resposta do autor:
kkk. Vai que ela surpreende todo mundo.
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