Capitulo 83
Capítulo 83º
Narrador
Na mansão dos Rodrigues o clima era de festa. O tão esperado dia do aniversário dos filhos mais novos de Isabella e Larissa chegou. Como de costume Helena apareceu logo cedo, não era segredo para ninguém o quanto a mulher adora as festividades em família.
- Dona Helena, bom dia. – Maria cumprimentou a mulher assim que abriu a porta.
- Bom dia, não, maravilhoso dia. Onde estão todos? Aposto que minha filha ainda deve estar na cama. – não conteve seu desagrado negando com a cabeça enquanto suas mãos pousavam em sua cintura.
- Mas Dona Helena, ainda é cedo. Fora que hoje é sábado. Essa família só acorda depois das nove.
- Absurdo! Temos muitas coisas para fazer. Não posso simplesmente deixar que a irresponsável da minha filha durma até o meio dia. – respondeu já subindo os lances da escada.
Por mais que Maria soubesse que a patroa odiava ser acordada não conseguiu impedir Helena de ir na direção da suíte do casal. Por conhecer bem o gênio determinada da mulher a governanta não seria louca de se meter no caminho dela.
- Deus nos ajude. – falou em um tom baixo erguendo as mãos em direção ao teto branco.
No andar de cima o silêncio era o mesmo do restante da casa. Helena atravessou o corredor até ficar de frente a porta do quarto de sua filha. Do lado de dentro Larissa e Isabella dormiam tranquilas. Os lençóis em desalinho indicavam a grande movimentação que houve na noite anterior. Os corpos nus emaranhados, unidos só confirmavam a madrugada quente de amor.
A sogra de Larissa girou a maçaneta e empurrou a porta sem fazer barulho. O quarto estava pouco iluminado, mas logo Helena tratou de resolver isso. Caminhou em direção as janelas.
- Acordem. –falou puxando as cortinas e fazendo a luz entrar no ambiente.
- Mamãee! – Isabella gritou cobrindo os olhos. Mas ao lembrar que sua esposa estava nua ao seu lado tratou de cobri-la. A loira completamente atordoada sentou-se sem entender o que acontecia. – Amor! – falou olhando para seus seios que estavam expostos.
- Não há nada aí que eu já não tenha visto. – Helena falou ficando de costas e abrindo as portas da varanda.
- Eu sei bem. Afinal a senhora adora entrar sem bater. – reclamou Isabella irritada.
- Não tenho tempo a perder com essa discussão boba. Temos muito o que fazer. Vou deixar vocês tomarem um banho. Espero as duas lá embaixo. – falou tão rápido quanto caminhou até a porta de saída.
- Ahhh! Essa mulher me enlouquece. – reclamou a advogada sufocando o grito com o travesseiro.
- Não fala assim. Ela só se dedica muito a nossa família, quer apenas que o aniversário dos meninos seja perfeito.
- Ainda não acredito que vocês me convenceram a fazer a festa na boate. – reclamou.
- Já falamos sobre isso. Nossos filhos estão crescendo e querem apenas dar uma festa de arromba com os amigos.
- E para isso precisava ser na boate? Com jogo de luz, bebidas.
- Sem álcool. – corrigiu já se pondo de pé.
- Que seja! Para mim o que eles querem é muita pegação. – fez careta só de pensar em seus bebês beijando na boca.
- Claro que é isso. – falou sorrindo provocativa, pois sabia o ciúme da esposa em relação aos filhos.
- Amor! – repreendeu com o olhar. – Eu só queria congelar o tempo.
- Mas infelizmente isso não é possível. Você precisa aceitar que nossos filhos cresceram. Alice já é uma mulher casada e com filho. Logo estaremos apenas nós duas nesta casa.
- Vou adotar um cachorro.
- Ou podemos simplesmente viajar o mundo inteiro em lua de mel, igual à Ingrid.
- É! Pensando por esse lado não seria má ideia.
- Não mesmo. Mas agora será que você poderia apenas se conformar com um banho ao meu lado? – esticou a mão.
Mesmo contrariada observou o corpo nu da esposa e sorriu se rendendo ao seu charme. Momentaneamente conseguiu esquecer o crescimento dos filhos e o quanto isso lhe causa preocupações com um futuro incerto.
A discussão sobre a festa ser na boate durou longos dias. Os meninos não abriram mão da escolha que foi inicialmente conversada apenas entre eles como um segredo. Em seguida resolveram procurar artilharia pesada e contaram seus planos a Alice, acreditavam que teriam o total apoio da loira. A irmãmesmo sabendo que possivelmente Isabella não aceitaria adorou a ideia, mas quando o assunto chegou até a mãe deles tudo mudou.
Embora Isabella tenha tentado se manter firme diante de sua negativa sobre a festa acontecer na boate, Larissa com toda calma e paciência acabou por convencer a mulher que não sabia como se render ao charme dela mesmo depois de tantos anos juntas. Por fim se deu por vencida já que era minoria.
A alguns quarteirões da mansão Alice e Rebeca dormiam tranquilas, mesmo com a presença de um pequeno serzinho de cabelos ralos, mãos e pernas cheias de dobrinhas, e bochechas rosadas dormindo entre o casal. Teodoro a cada dia fica maior e assim as horas de sono iam sendo reduzidas. Alice já cansada de ir até ele muitas vezes na madrugada decidiu levar o filho para dormi com elas. A última vez que levantou foi às quatro da manhã quando cuidadosamente deitou o pequeno fazendo sinal de silêncio para a esposa que apenas sorriu adorando tê-los ao seu lado durante o resto da noite.
- Bom dia! – sussurrou Rebeca observando a loira de mover na cama. Passou lentamente a ponta dos dedos em seu rosto. Com cuidado para não se mexer e acordar o filho.
- Bom dia! Amor. – respondeu no mesmo tom. – Quem diria que para ele dormir precisava apenas estar conosco. Já são quase nove e ele está apagado desde às quatro. – continuou sussurrando.
- Ele sente que está seguro, assim fica mais fácil dormir. – respondeu com um meio sorriso.
- Verdade. Ele está enorme. – concluiu sentindo o amor que nutria por ele lhe invadir por completo.
- Está sim. – concordou.
- Se importa de ficar com ele enquanto eu tomo banho?
- De forma alguma. Vai lá. – trocaram um beijo e Alice foi para o banho.
Pegou o celular e nele já havia muitas ligações de Helena, sua avó. Sabia que se tratava e ficou aliviada por deixar o aparelho no silencioso iria odiar ter acordado Teo de seu sono mais duradouro. Escolheu uma roupa, já a deixando separada entrando no banho em seguida.
Ao sair do banheiro escutou risadas vindas do quarto. Rebeca brincava com Teodoro e arrancava muitas gargalhadas do pequeno que mostrava um lindo sorriso sem dentes. Ela se escorou na porta, observando a interação dos dois. Rebeca parecia nem ter notado que ela estava ali.
- Ele tem a sua risada. – se fez ser vista.
- Oi, amor. Nem te vi. – respondeu ajeitando a camiseta do pijama de Teo que lhe encarava com os olhos curiosos.
- Percebi, a festa estava ótima aqui sem mim.
- Esse rapazinho acordou assim que você levantou.
- Imaginei. Minha vó já ligou umas mil vezes. – falou enquanto tirava o roupão.
- Aposto que daqui a pouco ela aparece aqui.
- Não. Acredito que ela está na mammy. Devíamos ir tomar café com elas, o que me diz?
- Claro. Preciso só dar banho no Teo e depois tomar o meu.
- Enquanto você toma posso vestir ele. – concordou.
- Ótimo. – saiu da cama com ele no colo. Era maravilhoso poder fazer isso sem dor.
Alice terminou de se vestir no intervalo que a noiva dava banho no pequeno. Mas não demorou e Teodoro já estava vestindo uma roupinha leve, pois o dia estava quente. Desceu com o filho no colo, encontrou Tereza na cozinha.
- Bom dia!
- Bom dia! Meu príncipe. – falou indo pegar o menino no colo.
- Nossa! Depois da sua chegada eu sou completamente ignorada nesta casa. – fez bico enquanto entregava o menino.
- Não é ignorada, é que esse bebê tem toda minha atenção. – tentou se defender enquanto fazia Teodoro sorrir.
- Para mim dá no mesmo. – deu de ombros.
- Menina exagerada. – resmungou. – Cadê a Dona Rebeca?
- Pelo visto todo mundo é importante nessa casa, menos eu. – falou com ar de riso. – Mas respondendo à sua pergunta, Rebeca está se arrumando.
- Vão sair?
- Sim. Tomaremos café na casa das minhas mães.
- Ainda bem que eu não preparei nada.
- Bom dia! – Rebeca apareceu na cozinha. Alice sorriu ao ver a beleza que ela tem. Mesmo depois, da gestação continuava linda.
- Bom dia! Dona Rebeca.
- Terê estava falando de você. – comentou mordendo uma maçã. Tereza olhou furiosa para ela que conteve um sorriso sapeca.
- Nada disso. Estava apenas perguntando pela senhora. Essa menina é linguaruda.
- Sou, amor? – usou um tom provocante dando um duplo sentindo aquela frase. Rebeca sorriu meneando a cabeça corando levemente e indo em direção a ela.
Se posicionou em suas costas, enlaçou sua cintura carinhosamente em seguida depositou um beijo em seu ombro e nada respondeu apenas sorriu. Alguns minutos depois o casal caminhava em direção a mansão de Larissa e Isabella. Rebeca empurrava o carrinho com Teodoro dentro, o menino balançava as pequenas pernas gordinhas.
Enquanto caminhavam conversavam amenidades. Trocaram algumas palavras de amor, mas a caminhada não foi longa. Logo chegaram à casa de Isabella e Larissa. Cumprimentaram os seguranças entrando em seguida.
- Ora, Isa. Isso é muita bobagem. – escutaram a voz de Helena vinda da sala de jantar.
- Mamãe, querer que essa festa acabe as onze não é uma bobagem. Já basta terem me convencido a ser na boate.
- Bom dia! Família. – Alice falou fazendo-se ser vista.
- Filha! – Larissa levantou-se.
- Oi, mamma. Pelo visto cheguei na hora certa.
- Chegaram sim. Como vai? – Helena beijou a garota. Depois fez o mesmo com Rebeca. – Cadê o meu bisneto? – falou já tirando o menino do carrinho. Ele abriu um sorriso ao vê-la. – Está lindo e gigante.
- Cada dia mais pesado. Minhas costas não aguentam mais. – Alice comentou arrancando risos. – Mas onde estão os aniversariantes?
- Dormiram no Gabriel. – Alice riu da cara que a mãe fez. – Tomam café conosco?
- Essa foi nossa intenção. Já que a Terê está tentando nos matar de fome. – falou com implicância, pois sabia que Maria escutaria.
- Amor, não fala isso. É mentira. Alice só está com ciúmes, pois toda a atenção agora é para o Teo. – Rebeca falou arrancando risos das demais inclusive da própria Alice.
O clima na mesa ficou bem mais descontraído depois da chegada do casal. De fato, a atenção de todo mundo ficou voltada para Teodoro que sorria adorando a atenção das avós e de sua bisavó. Combinaram alguns detalhes sobre a festa. Claro que ao final do café, Helena fez questão de arrastar Alice, Isabella e Larissa para a boate com a desculpa de que precisava de ajuda com algumas coisas.
- Você só escapou por que alguém precisa cuidar dessa coisa linda. – Helena falou fitando Rebeca que segurava Teodoro no colo já na porta de casa.
- Adoraria fazer companhia a vocês, aposto que será divertido.
- Nunca é. – Alice sussurrou e Rebeca deu um sorriso discreto. – Eu volto para o almoço. – beijou seus lábios e saiu com a avó.
- Tudo bem. Até mais tarde.
Assim que fechou a porta decidiu trabalhar. Precisava analisar alguns documentos que Tália havia mandado para ela. Aproveitaria o cochilo de Teodoro para tentar organizar sua vida profissional, já que estava prestes a voltar sua rotina.
Por falar em voltar à rotina essa era uma parte assustadora. Rebeca não conseguia imaginar como conseguiria ficar longe do filho o dia todo, já que apenas uma noite que saíram para jantar causou uma sensação horrível de culpa.
- Terê, ficarei no escritório. Tenho que trabalhar um pouco, mas não se preocupe com o Teo, caso ele chore vou até o quarto.
- Sim, senhora. – concordou voltando sua atenção para suas panelas.
Rebeca tinha plena consciência de que precisava contratar uma babá para cuidar do seu filho. Nem percebeu quando saiu do documento que analisava para pesquisar por empresas que indicassem pessoas para o cargo de babá. Ficou longos minutos apenas analisando perfis, separou alguns para mostrar a Alice assim ela voltar. No fim, acabou voltando sua atenção e foco para o seu trabalho.
- Mamãe, essa foto é um exagero. – Isabella falou encarando a foto gigantesca dos filhos logo na entrada da boate.
- Eu gostei. – Alice falou observando com atenção. Os irmãos estavam lindos na foto.
- Vou lembrar de usar uma dessa em seu próximo aniversário. – Isabella provocou apoiando-se em seus ombros.
- Vocês podem deixar de conversa e me dar uma ajudinha aqui? - Helena reclamou chamando as duas.
O resto da manhã foi movida a muito trabalho. Vez ou outra Alice aproveitava um momento de distração da avó para mandar mensagem para Rebeca. Em uma das suas escapulidas foi pega no flagra.
- Alice, eu estava te procurando. Já falou com o pessoal dos drinks?
- Oi, vovó. Sim, já falei. Está tudo certo. Não se preocupe. A festa será maravilhosa. Os meninos vão adorar.
- Tomara. Meus meninos estão crescendo. Ainda bem que tenho agora o Teodoro. Cuidem em me dar mais bisnetos.
- Ei! Vai com calma, preciso pelo menos de três anos para regular meu sono. O Teo não dorme e consequentemente eu também não. Se continuar assim acabarei virando um zumbi em alguns meses. – fez graça.
Desviando sua atenção de Helena, Alice avistou suas mães a alguns metros. Larissa abraçava a cintura de Isabella enquanto as duas se fitavam conversando algo que parecia ser muito divertido já que sorriam uma para a outra. Helena não pode deixar de notar o casal. A mulher enxergava na filha aquele mesmo brilho de quando assumiu estar apaixonada por Larissa, isso já efetuou mais de dez anos.
- É incrível o quanto o tempo não afetou em nada o amor das duas. – Alice cortou o silêncio. – Espero vivenciar isso ao lado de Rebeca. – falou Alice pensativa.
- O tempo só ajudou para que as duas se amassem ainda mais. O olhar delas nunca mudou. – sorriu.- E quanto ao seu relacionamento deveria começar se casando. Afinal já moram sob o mesmo teto, vocês já têm um filho. Está na hora de casar e sair do pecado. Dividir uma casa sem casar. Onde já se viu. – Helena completou.
- Vovó, nós somos duas mulheres, para algumas pessoas esse é o pecado e não o fato de não estarmos casadas ainda.
- Gente tola e intolerante. O amor é o que importa. Vocês se amam. Vejo aquele olhar em vocês, basta cuidar bem e não deixar que o tempo afaste ou mude o que sentem. Mantenha as coisas iguais.
- A impressão que tenho é que nada mais será igual. Depois que o Teo chegou tudo mudou.
- Claro. Ele é uma criança. O filho de vocês, sempre será, mesmo quando crescer. Agora tudo girar em torno dele. Tudo o que vocês enquanto casal forem fazer será pensando nele. Um filho tira a gente do rumo, mas depois nos coloca no caminho certo. Faz parte do processo. – concluiu Helena ainda observando a filha e a nora.
- Verdade. – concordou Alice. Nesse instante seu telefone tocou. A foto de Anna apareceu na tela. – Eu preciso atender. Com licença. – caminhou em direção ao escritório. – Desembucha. – atendeu divertida.
- Nossa! É assim que me trata depois de vinte e quatro horas sem me ver?
- Aí, Anna. Diz o que você quer. Para de drama que isso não combina com você. – completou com ar de riso.
- Eu pago de desapegada, mas, no fundo, sou bem carente sabia? Só quero saber se está tudo certo para a festa dos meninos.
- Sim. Estou aqui na boate. Minha avó me arrastou para cá, com minhas mães. Você sabe como a vó Helena é.
- Sei sim. Ainda bem que fugi dessa enrascada. Ainda sinto dor nas costas de tanto carregar coisas naquela festa surpresa da tia Lari. – falou tentando forçar um humor que não sentia.
- Se bem me lembro seu interesse em ajudar era apenas um, xavecar minha tia.
- Nossa! Resolveu desenterrar meus esqueletos do armário por qual motivo? – deu uma risada.
- Está tudo bem? – questionou percebendo que algo estava errado.
- Sim. – mentiu e Alice sabia disso.
- Você está mentindo. Brigou com Tália de novo? – Anna deu um longo suspiro. – Entenderei isso como um sim.
- Não brigamos. Estou chateada. Tem algo errado e ela não me conta. Estou cansada de perguntar o que está acontecendo e não obter resposta.
- Ela não diz nada?
- Apenas que é coisa da minha cabeça, que está tudo bem, mas sei que não está. Ela anda estranha, esconde o celular de mim. Fora a ligação que atendi e ninguém falou nada.
- Olha, penso que vocês precisam conversar, resolver essa situação.
- Eu já tentei. – ficou em silêncio alguns segundos. -Bom, eu deixarei você ajudar sua avó. Até mais tarde.
- Até. A noite conversamos melhor. Beijos.
- Beijos.
A ligação foi encerrada, mas Alice continuou encarando a tela do celular. Estava preocupada com a amiga. Precisava sondar Rebeca para ver se ela sabia algo a respeito de Tália. Passava do meio-dia quando Alice, Larissa, Isabella e Helena se despediram na saída da boate.
- Deveria ir conosco, almoçar. – Larissa insistiu para a sogra.
- Depois de toda essa trabalheira eu só preciso descansar para aguentar a festa. – disse arrancando risos. – Não tenho mais vinte anos.
- Tudo bem, não insistirei. Vamos, amor? Precisamos ir buscar os meninos.
- Vamos. Beijos e até mais tarde. Dirija com cuidado. – pediu para Alice, já que ela deixará Helena em casa.
- Sempre sou cuidadosa.
Entraram em seus respectivos carros e seguiram caminhos diferentes. Durante o percurso para a residência de Helena as duas conversaram amenidade tendo como um dos assuntos o namoro de Iara com Bianca. A senhora não escondeu a satisfação sobre a relação rasgou muitos elogios para a advogada. Deixando claro que Iara desta vez fez uma ótima escolha. Alice apenas por provocação brincou dizendo que sua mãe e Milena agora tinham uma concorrente para o posto de melhor nora. Porém, Helena se saiu muito bem da saia justa deixando claro que amava suas noras com completa igualdade.
Assim que estacionou Helena saltou do carro e agradeceu pela carona depositando um beijo no rosto da neta que retribuiu o gesto. Antes de dar partida no carro discou o número da noiva, no segundo toque a voz suave de Rebeca soou.
- Oi, amor.
- Oi, linda. Estou indo para casa. Quer algo?
- Sim. Quero que venha logo. Estou definhando sem seus beijos. – fez charme e Alice sorriu.
- Chego daqui a alguns minutos e vou te encher de beijos.
- Cobrarei isso.
Enquanto conversavam Alice percebeu um carro andar muito próximo de sua traseira. Imaginou que a pessoa poderia estar alcoolizada. Deu espaço para poder ser realizada a ultrapassagem, mas o carro continuava colado.
- Passa logo, maluco. – xingou.
- O que disse? – Rebeca indagou confusa.
- Não foi com você. Tem um maluco colado em mim, já dei passagem e ele não vai.
- Amor, cuidado.
- Não estou fazendo nada. Estou parando em um sinal. – indagou. – Reduz, reduz, reduz. – falou observando o farol de aproximar cada vez mais.
Porém, o carro não reduziu e atingiu a traseira do automóvel de Alice. Com o impacto a loira bateu a cabeça no volante, sentindo um fio de sangue escorrer em sua testa.
- Amor, o que foi isso? Que barulho foi esse? – questionou Rebeca aflita.
Alice estava atordoada o que impossibilitou que ela conseguisse responder à pergunta da noiva. Quando ensaiou se soltar do cinto de segurança e se lançar para fora do carro escutou o barulho dos pneus no asfalto. O cara estava fugindo do local. Não demorou para que o cheiro de borracha queimada e de fumaça invadisse suas narinas.
Alguns curiosos já se aproximavam, uns até preocupados com Alice que mesmo com apenas um corte estava cheia de sangue. Ainda atordoada foi até a traseira do carro e viu o estrago feito. Apesar de estar irritada apenas ficou aliviada por não ter sofrido nada de grave. Não sabia se por sorte ou apenas por pura coincidência, olhou para o lado e viu uma oficina.
- Você está bem, senhorita? – indagou uma policial se aproximando.
- Sim, estou. Apenas um corte. – mostrou a testa.
- Que bom. Conseguiu observar a placa de quem bateu no seu carro? – a mulher indagou.
- Não. Ele estava atrás de mim desde que sai da casa da minha avó, dei passagem, mas ele não ultrapassou. Acredito que estivesse bêbado ou algo do tipo.
- Acho melhor ir para o hospital. Buscaremos nas câmeras de segurança a placa e assim localizar o infrator.
- Obrigada.
- Pode me mostrar seus documentos e me passar um número para contato?
- Claro. Só um segundo. – deu a volta no carro e buscou por sua habilitação entregando-a em seguida para a mulher.
- Ótimo. Entraremos em contato. Você precisa de uma carona? – a mulher questionou solicita.
- Penso que sim. Vou só deixar meu carro naquela oficina.
- Não se preocupe com o carro, o cadete pode deixa-lo para você. – falou para um rapaz de curtos que sorriu em concordância. – Depois você vem ver o carro.
Alice apenas concordou se deixando ser levada até a viatura. Seguiu em silêncio até sua casa. Antes a policial insistiu para ela ir até o hospital sendo recusado no mesmo instante. Na loucura do que aconteceu esqueceu até de pegar seu celular no carro.
- Obrigada. – sorriu de fora da viatura.
- Imagina. Entrarei em contato assim que descobrirmos algo. Tenha um bom final de semana.
- Eu agradeço.
Rebeca escutou o carro chegando e imaginou se tratar do carro de Alice. Abriu a porta com ansiedade já que a ligação havia sido interrompida na hora da batida. Na cabeça da mulher, Alice estava machuca. Sentiu um medo absurdo de não, a ver mais.
- Amor! O que aconteceu? – falou se aproximando assustada pela quantidade de sangue em suas roupas.
- Estou bem. Está tudo bem. – tranquilizou-a.
- Como bem? Você está coberta de sangue. – segurou o queixo da outra para dar uma olhada mais atentamente.
- Foi um corte superficial.
Os policias se despediram e mais uma vez a loira agradeceu. Rebeca entrou em casa segurando firme a mão da noiva como se a qualquer momento ela pudesse desaparecer do seu lado.
- Você precisa ir ao hospital. – insistiu.
- Não. Foi apenas um corte bobo.
- Minha Virgem Maria! O que aconteceu? - Tereza questionou.
- Não foi nada de mais, só um corte superficial.
- Menina, isso não tem nada de superficial. Você precisa ir ao hospital. – Tereza completou.
- Amor, por favor. Vamos comigo? - Alice fitou Rebeca.
- Tudo bem. Deixa-me só trocar de roupa.
- Tereza, você pode ficar com o Teo?
- Claro.
Alice se trocou rapidamente, alguns minutos depois as duas estavam no carro indo em direção ao hospital. O motorista dirigia tranquilo entre os carros. Rebeca não conseguia largar a mão de Alice. Pensava o quanto devia ter sido difícil para Alice ter sofrido quando ela estava no hospital, entre a vida e a morte. Com a loira foi apenas um susto e mesmo assim parecia que o chão havia de aberto diante dela e a engolido.
Assim que chegaram foram logo atendidas por Luciana. Após ser examinada Alice levou apenas alguns pontos no corte foi liberada. A médica passou alguns remédios para dor e orientou que a loira evitasse se esforçar.
Na volta para casa acabou adormecendo com a cabeça apoiada no ombro de Rebeca. Quando o carro parou na garagem a loira despertou. Entraram juntas, Tereza esperava ansiosa por elas.
- Então? – questionou curiosa.
- Não foi dessa vez que a minha cabeça quebrou. – brincou a loira.
- Não brinque com coisa séria. – ralhou a mulher.
- Eu sei. Estou bem. Só preciso comer. Que tal um banho e almoçarmos em seguida? – questionou para Rebeca.
- Podemos sim.
Passava das oito quando Alice e Rebeca se despediam do filho e Tereza, já que a mulher ficaria com ele quanto as mães iam para a festa. Alice depositou um beijo na testa do filho, em seguida Rebeca fez o mesmo.
- Ainda me sinto mal em sair e deixá-lo sozinho. – suspirou frustrada.
- Amor, será apenas por algumas horas. – buscou sua mão apertando-a firmemente, em seguida deslizou carinhosamente a ponta dos dedos na pele da noiva.
- Eu sei. Mesmo assim fico mal. – encarou os olhos da esposa. – Quase não dá para notar o corte. A maquiagem ficou perfeita.
- Ótimo, assim dona Isabella não ficará preocupada comigo.
- Esconderá dela?
- Não é esconder. Apenas não quero atrapalhar a festa dos meninos.
- Tudo bem. Amanhã você pode contar-lhes.
- Amor, com tudo o que aconteceu acabei esquecendo de falar uma coisa.
- O quê?
- Anna e Tália estão brigando muito. Você sabe de algo?
- Não. Tália não me disse nada, mas o que Anna te contou?
- Que Tália anda estranha. Age como se estivesse escondendo algo.
- Bobagem. Daqui a pouco as duas conversam e se entendem. – fugiu do assunto.
Alice percebeu que a namorada não queria falar sobre o assunto. Respeito isso e seguiram em silêncio. Quando o carro parou em frente a boate Alice riu vendo a molecada esperando para entrar. Alguns pais deixando os filhos e seguindo caminho.
- Consegue imaginar que daqui a alguns anos seremos nós deixando o Teo em festinhas?
- Consigo sim. Só não sei se estou pronta. – sorriu.
- Será que teremos uma Isabella 2.0? – indagou com ar de riso.
- Não. Serei a mãe descolada.
- Sei. – deu de ombros. – Vamos?
- Vamos sim!
Alice foi a primeira a sair. Esticou a mão para que Rebeca segurasse e saísse em seguida. Caminharam de mãos dadas até a entrada. A decoração estava simplesmente linda o que fez com que Rebeca pensasse que Helena de fato sabe o que faz.
- Sei, a vovó é a melhor. – Alice pareceu ler os pensamentos da namorada.
- Concordo.
- Por falar nela, hoje mais cedo insinuou que devemos nos casar logo e dar mais um bisneto a ela. – Rebeca arregalou os olhos, assustada.
- Espero que essa reação seja por conta de ter mais filhos.
- Claro que é. Afinal não observo a hora de contar que vamos nos casar.
- Vocês vão se casar? – Isabella questionou atrás das duas.
- Oi, mammy. – sorriu sem graça.
- Oi nada. Quero saber que história é essa de casamento. Quando iam nos contar? – Rebeca olhou da namorada para a sogra.
- Isa...
- Mammy, podemos conversar sobre isso depois? A noite hoje é dos meninos. E por falar neles, onde estão?
- Na pista de dança. – apontou a direção.
Alice olhou e viu os irmãos dançando com os respectivos pares. Sorriu satisfeita ao observar o quanto os dois estavam felizes. Isabella revirou os olhos quando Arthur beijou levemente os lábios da menina que o acompanhava. Rebeca e Alice prenderam o riso.
- Eu preciso beber. – falou caminhando em direção ao segundo piso, onde os adultos estavam separados dos adolescentes.
- Pena que não posso fazer o mesmo. – lamentou a loira.
- Como assim não terei minha parceira de porre? – Anna indagou.
- Acho melhor ficar de boca fechada. Sempre que começo a falar alguém escuta. – falou olhando para Rebeca.
- Não muda de assunto, quero saber por que não vai beber?
- Sofri um acidente.
- Acidente? E você está bem? – preocupou-se.
- Sim. Estou.
- Cadê Tália? – Rebeca estranhou a amiga estar sozinha.
- Estacionando o carro. O que houve?
- Amor, vai entrando. Esperarei Tália.
- Claro. Espero-te lá em cima. – beijou seu rosto.
Rebeca esperou alguns minutos, mas com a demora da amiga resolveu ir ao seu encontro. Caminhou até o estacionamento, avistou Tália ao telefone com alguém.
- Já disse para parar de me ligar. O que aconteceu foi um erro. Não vai se repetir. – falou exasperada encerrando a ligação em seguida. – Rebeca!
- O que foi um erro? Espero que não seja o que estou pensando.
Tália ficou levemente pálida. Apenas encarando a amiga culpadamente. Como uma criança pega roubando doce antes do jantar.
- Então, Tália. O que aconteceu?
Fim do capítulo
Boa noiteeee. Espero que estejam bem. Voltei com mais um capítulo. Amanhã posto outro. Sei que vcs são curiosas e foi maldade da minha parte terminar o capítulo novo assim. kkk
Beijos.
Comentar este capítulo:
lay colombo
Em: 02/03/2022
Certeza q esse "acidente" da Alice de acidente não tem nada, preocupante.
Não creio q Talia traiu a Anna, porra Talia, tava aqui torcendo por vc cara
Resposta do autor:
Amo uma revolta. kkk
Baiana
Em: 28/02/2022
Tô achando que esse incidente não foi por acaso,tenho dois suspeitos,o pai da Rebeca e o ex da Iara. Espero que a polícia consiga ver a placa e descobrir logo quem é o responsável.
Tália traiu ou não traiu a Anna? Sem querer acabei lembrando de Capitu,traiu ou não o Bentinho? Mistério...kkkk
Resposta do autor:
Todas dividindo as mesmas opiniões sobre o acidente de Alice. Será mesmo que tem algo por trás?
kkk. Amei a citação de Capitu. beijos
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paulaOliveira
Em: 27/02/2022
Menina, esse "acidente" da Alice foi muito estranho, será que foi outro atentado?
Os meninos namorando e a Isa com ciúmes, kkk hilário.
Me diz que Talia não traiu a Ana, pfv!!
Resposta do autor:
Os próximos capítulos responderão essa pergunta. Beijoss
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Marta Andrade dos Santos
Em: 26/02/2022
Vixe! Talia você vacilou feio e esse acidente da Alice muito estranho.
Resposta do autor:
Tália pisou na bola bonitooo.
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Leidigoncalves
Em: 26/02/2022
Gente tô passada com a Talita, Anna não Mércia sofrer tanto.
E esse acidente da Alice hein, tá me cheirando a confusão.
Bem q vc poderia postar mais um hoje né, me dá esse presente de aniversário, nunca te pedi nada ????????
Resposta do autor:
Concordo, Anna mudou muito depois que começou a namorar. MAs pelo visto não consegue fazer boas escolhas. Beijoss. E feliz aniversário, atrasado.
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Lea
Em: 25/02/2022
Esse " acidente" sofrido pela Alice, será que foi só um " acidente" mesmo??
Isabella ciumenta é uma graça!
Sério Talia,traiu a Anna? Me decepcionei com você!
A Anna vai passar a estória toda sendo passada para trás?? É muita maldade!
Gosto da Anna,e acho que se,ela ficar sabendo desta traição, será o fim desta relação,creio que ela não vai perdoar!
Resposta do autor:
São tantos questinamentossss. kk
Anna parece ter dedo podre, né?
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