A AUTORA por Solitudine
ABRINDO O CORAÇÃO (OU ALGO MAIS)
--Então é isso, tia. Minha história é essa... – Abigail terminava de fazer um relato resumido sobre sua vida – A única família que tive foi mãínha e ela não era de muita conversa. Nunca soube nada de parente nenhum. – olhava para a idosa – Eu tenho uns guardado dela comigo, que ficaram de lembrança, e no meio deles essa carta sua. – entregou o papel a outra -- Quer dizer, só o envelope vazio. – contava – Perto dela morrer perguntei quem era Maria Quitéria. Isso porque aconteceu de achar esse envelope quando fui procurar uns documento dela. E a resposta foi direta: “sua tia avó”; nada mais se falou do assunto além disso. – cruzou as pernas – Eu tava com muito aperreio na cabeça pra dar atenção ao fato naquela época. Imagina, mãínha com o coração fraco... – lembrava do passado – E depois que ela se foi, esqueci por completo. – falava a verdade – De pouco tempo que fui remexer em umas coisa e achei essa carta com seu nome... aí me lembrei.
As duas mulheres conversavam na mesa da minúscula cozinha de Abigail.
--Celinha nunca falou nada de nossa família? – achava incrível – Absolutamente nada? – prestava muita atenção na mulher mais nova
--Pois creia que não. – debruçou-se sobre a mesa – Mãínha parecia não ter passado e nem futuro. O único futuro que interessava pra ela era o meu. – sentiu uma certa tristeza – Ela nunca me contou história nenhuma, de nada ou de ninguém. – mirou um ponto no infinito – Ela parecia que vivia a esperar por uma coisa ou por alguém, não sei, eu nunca soube... – viajou no tempo
“A menina correu até a beira da imensa duna. – Mãínha, ói que lindo! – apontou para o mar – Agora vamo descer correndo e se jogar n’água? – pediu excitada
Achou engraçadinho. – A gente vai, mas senta aqui primeiro. – sentou-se na areia – Pia só o mar... – mirou o infinito
A pequena Abigail obedeceu mas estava inquieta. – Vamo vê o mar lá debaixo? – pediu novamente
--Tenha calma. – contemplava o horizonte – Espia primeiro, ói! – indicou com o queixo – Espia esse mundão de água... – parecia viajar em mil pensamentos – O mar é a coisa mais linda, menina... Cada onda que vem e que vai... – suspirou – Dá até pra acreditar que de repente as água traz o que nós mais quer...”
--Eu evito falar e pensar nessas coisa, não sabe? – secou uma lágrima furtiva – Comigo é no aqui e agora! – brincou e sorriu com tristeza
Quitéria admirava o rosto da sobrinha. “Coitada dessa criatura...” – pensava – “E como é pobre...” – gastou uns segundos calada antes de falar -- Eu lembro dessa carta... – manuseava com cuidado o envelope – Foi a única que escrevi pra Celinha e que nunca teve resposta da parte dela... – falava com muito arrependimento – Foi quando disse a ela que não podia ajudar... – abaixou a cabeça
--Mas por que a senhora escreveu essa carta? – não entendeu
--Porque sua mãe me escreveu pedindo ajuda. – ergueu a cabeça novamente – Ela queria que eu viesse pra cá, queria conversar... Disse que era assunto urgente, mas não adiantou o que seria... – pausou brevemente – Quando conversei com Tibúrcio ele não quis nem saber! E eu não insisti mais... – suspirou – Sabe, filha, Celinha não me disse que tinha tido você. Nem me disse que tava doente, nem nada... – olhou para Abigail – Hoje deduzo que ela queria que eu viesse pra me pedir pra ficar com você. Devia ter medo de morrer e que você caísse na vida depois disso...
--É... Esse era o maior medo dela... – sorriu saudosa ao se lembrar – Mas eu prometi que não faria isso e nunca fiz.
--Graças a Deus! – balançou a cabeça com orgulho da outra
--Mas... agora me conte, por favor? – olhava nos olhos da idosa – Conte o que senhora sabe, fale de sua vida, o que quiser me contar... – pediu humildemente -- É tão difícil não saber nada sobre a família... – gesticulou brevemente – Todo mundo quer saber suas origens... – suspirou – E eu sei de nada!
A idosa colocou o envelope sobre a mesa, tirou os óculos e começou a limpá-los com o guardanapo que não havia usado. – É uma longa história, filha, mas você tem todo direito de saber... – prestava atenção no que fazia – E eu vou lhe contar o que sei. – gastou uns segundos calada -- Fomos em 15 filhos... Treze homi e duas mulher, ou seja, sua vó e eu, as duas mais novas, as duas temporão. Não me lembro de outros parente senão mãínha, paínho e duas tia solteirona, irmã de paínho. – colocou os óculos novamente – Somo tudo de São Gonçalo do Amarante onde paínho tinha um armazem de secos e molhados e a família toda trabalhava nele. – ajeitou-se na cadeira – Só que meus irmão foram crescendo e indo simbora atrás de oportunidade pra fazer a vida deles em outros lugares. E nisso, se perderam pelo mundo e nunca mais se teve notícia de nenhum. – pausou brevemente -- Paínho morreu quando eu ainda contava meus 8 anos, lá pelos idos de 1943, e ficamo só as mulher cuidando do armazém, que logo faliu. Nunca soube porque, eu ainda era muito nova naquele tempo. – olhou para a sobrinha – Aconteceu então que uma dessas minhas tia solteirona, tia Canuta, conheceu um militar que apareceu na cidade, não sei se por causa da guerra, e se apaixonou por ele. Não demorou muito e ela se deitou mais ele, só que no final das conta, o cabra disse que queria casar com a irmã dela, tia Vitória, que era mais bonita e mais nova. Como resultado, tia Canuta se matou por desgosto. – lembrou com tristeza
--Mas que peste de homi! – Abigail exclamou de cara feia – Sujeitinho desgraçado da porr*! – calou-se repentinamente – Desculpe. Não segurei... – ficou sem graça
--Pode xingar na minha frente, tem problema não. Eu xingo também. – tranquilizou a outra – E era um desgraçado mesmo! – concordou – Filho de uma égua!
--Mas e então? – queria saber
--E então que tia Vitória aceitou o casamento! Hoje em dia eu acho que foi pelo medo de nunca deixar de ser uma solteirona, que naqueles tempos era uma vergonha. – respondeu de imediato – Os dois foram simbora viver aqui em Natal e ela ficou se correspondendo com mãínha de quando em vez. Nós ficamos trabalhando em casa de família pra poder sobreviver... Era uma pobreza danada!
--Imagino. É a sina de nossa família... – ouvia atentamente
--Passados uns dois ou três anos que isso tudo aconteceu, tia Vitória mandou uma carta chamando nós tudo pra ir simbora também. Disse que o marido tinha morrido num acidente e ela não queria viver sozinha na cidade. E lá fomos nós. – sorriu – Lembro de sua vó e eu numa alegria... conhecer Natal, imagina! – riu brevemente – Morar na capital parecia um sonho! – o sorriso se desmanchava devagar – Mas no final das contas foi um pesadelo... – abaixou a cabeça – Mãínha apareceu com nó nas tripa e morreu num estalar de dedos. – balançou a cabeça pensativa -- Então ficamos sua vó e eu, ela com 13 e eu com 12 anos, morando mais tia Vitória, que dali por diante se modificou por demais!
--Como assim? – queria saber
--Ela tratava a gente pior que cachorro! – gesticulou – Nós duas trabalhava que nem burro de carga, tinha direito a nada e mal podia botar a cara pra fora de casa!
“Só por ter se casado com o filho de uma égua apesar do desgosto da irmã, já desconfiei que essa tia aí não era boa bisca!” – Abigail pensou de cara feia
--Chegou a um ponto que o convívio ficou tão insuportável, que nós fugimos de casa. É uma longa história, mas fomos parar no grande Cabaré de Praia do Meio e acabamos virando puta. – confessou – Na ocasião nós duas já era de maior.
--Cabaré...? – ficou pasma – A senhora tá falando de A Casa de Tonha, onde me criei?? – achou estranho
--Casa de Tonha na sua época, filha! Antes disso, foi o grande Cabaré de Praia do Meio. Verdadeiro ícone de Natal, que fez história dos anos 40 aos 60. – esclareceu -- Não era um simples puteiro, era um cabaré! Tinha boa música, apresentações teatrais, servia jantares... a elite da cidade frequentava o lugar. – pausou brevemente – E claro, tinha a putaria também, mas tudo na maior classe.
(NOTA DA AUTORA: inspirado no Cabaré de Maria Boa. Pesquisem!)
--Oxe! – continuava pasma – “E na Tonha o máximo que tinha era cachaça, salgadinho, uns prato feito e Carmenita cantando tango num espanhol que só ela falava!” – lembrou – “E classe passava longe, Ave Maria!” – lembrou do passado
“--Dona Tonha, ói, tamo com as bufunfa! – um homem anunciou orgulhoso – Tamo podendo! -- sorriu
–Fizemo uns serviço aí e ganhemo cento e quarenta mil cruzeiro pra gastar tudinho aqui, não sabe? – outro homem complementou – Queremo tudo que nós tem direito! – sorriu excitado
--Hum... – reparava nos clientes de cima a baixo – Pois vocês dois fique sabendo que os preço varia, seus cabra! Cada serviço custa um tanto! – advertiu – A mamada é de dez mil, bucet* é de vinte e cinco mil, cu é mais caro! – pensava em quanto cobrar – Tá de trinta e cinco mil!
--Oxe! Mas já aumentasse? – surpreenderam-se
--É a inflação! – respondeu de pronto – Toda vez que a gasolina sobe, o cu fica mais caro e o resto encarece tudo junto, não sabe? – explicou – Vão querer ou não vão? – perguntou objetivamente
Os homens se entreolharam e acabaram concordando.
--Marion! Zefinha! – gritou – Corre aqui que os cliente vão levar duas bucet*, dois cu e o troco de mamada, não sabe?”
--Posso dizer que foi o Cabaré que alfabetizou sua vó e eu. E foi lá que nós aprendemo a nos portar como mulher e não mais como as matuta que nós era. – continuava falando – O que aconteceu depois foi a sorte de cada uma. – abaixou a cabeça envergonhada – Eu conheci um... um homem que me tirou daquela vida e me levou pra São Paulo. E sua vó... – pensava em como falar -- Ela nunca conheceu ninguém especial. Assim como sua mãe também não. -- lamentou
Ficou triste ao constatar o duro legado das mulheres de sua família. -- Quando foi que a senhora foi simbora pra São Paulo? – desejava saber de tudo o máximo
--É... a coisa foi mais ou menos assim... – não encarava mais a sobrinha – Meu marido foi meu primeiro e único cliente e ele pagava muito bem à dona do Cabaré pra que assim permanecesse. Só que ele já era casado, pai de dois filhos, e não podia se casar comigo porque não tinha divórcio naquela época. Então, quando eu tava na casa dos meus 25 anos, o Cabaré começou a definhar e Tibúrcio decidiu me levar pra São Paulo, onde fiquei vivendo sozinha num apartamento. Só depois que o divórcio virou lei é que passei a viver mais ele. E bem mais tarde nós casamos no papel. – explicou – Quando eu saí de Natal, sua mãe tinha 2 aninhos e eu fiquei me correspondendo com sua vó. Cheguei a voltar aqui pra visitar uma única vez, quando Celinha tava com 13 anos. – lembrava – Naquela época o Cabaré não existia mais e o lugar virou uma espécie de barzinho, não sei. Sua vó continuava na vida e criava sua mãe naquele meio. – pausou brevemente – Ela me pediu pra levar Celinha comigo, mas eu não... – derramou uma lágrima – Eu não aceitei porque sabia que Tibúrcio jamais permitiria... e nós ainda nem éramos oficialmente casados. Ele podia se aborrecer e me largar de mão quando cismasse e eu ficaria na rua da amargura naquela cidade imensa! – olhou rapidamente para Abigail – Isso não seria bom nem pra mim nem pra Celinha... – tentava se justificar – Depois daquela visita voltei pra São Paulo e nunca mais apareci aqui. – derramou mais uma lágrima -- Não sei dizer como e porque sua mãe também caiu na vida... – lamentou – Infelizmente não sei...
“Ela sente remorso por não ter feito nada por nós...” – percebeu pelas emoções que a idosa lutava para esconder – Mas apesar disso a senhora continuou nas cartas com voínha? – apoiou o queixo sobre uma das mãos
--Não... – tirou os óculos novamente e secou os olhos com o guardanapo – Eu não escrevi mais e nem ela me escreveu. – calou-se por uns instantes – Somente anos mais tarde foi que sua mãe escreveu pra me contar que minha irmã já era falecida de muito tempo, que queria que eu viesse pra cá, como lhe contei... – lembrava-se do conteúdo exato da carta recebida – Eu respondi, -- passou a mão no envelope sobre a mesa -- e aqui estamos! – não queria mais falar do passado
Abigail ainda não havia assimilado tudo que ouvira e também decidiu que era hora de encerrar aquela conversa. Ela não gostava de pensar em nada que lhe fizesse sofrer e preferia sempre fugir dos assuntos dolorosos. – Tá certo... – balançou a cabeça pensativa – O passado não pode ser mudado, né? – suspirou – E é por isso que eu não gosto de pensar nele. Mas precisava saber dessas coisas. – levantou-se – Quer que eu passe mais um café pra senhora? – ofereceu ao buscar pó de café
--Não precisa, obrigada! – agradeceu – “Ela não parece ter ficado magoada ou com raiva de mim!” – constatou surpreendida – Filha, agora me diga a verdade. -- queria entender – Por que me procurou?
“Ah, uma mulher que viveu de putaria num cabaré há de ter a cabeça aberta!” – decidiu falar a verdade – Eu não vou dizer que foi por sentimento, porque não foi. – virou-se de frente para a idosa e se encostou na pia, cruzando os braços – Procurei porque preciso de um favor seu.
“E o que será que ela quer?” – pensou intrigada – Que seria...? – recolocou os óculos
--Pouso em São Paulo pelo mês de novembro! Queria muito ir prum congresso que vai acontecer lá e se não tiver onde dormir de graça não vou poder bancar. – esperou a reção da outra – Então quando achei o envelope e lembrei que a senhora morava lá, pensei em lhe pedir esse favor.
--Só isso? – não acreditava – “Ela não quer dinheiro, nada??” – pensou estupefata
--Só isso. – falava a verdade
Sorriu concordando. “E eu que pensei que ela fosse me perguntar sobre meu patrimônio, herdeiros... Tão pobre e pensou em nada disso...” – constatava mentalmente – Pode ir, minha filha. Fique pelo tempo que quiser. – ofereceu
--Mas tem uma coisa que a senhora precisa saber! – achou por bem revelar – Esse congresso... – estalou os dedos – É um congresso de literatura lésbica. – pausou brevemente – Eu sou lésbica! – assumiu
--Oh! – levou um susto – Não parece mesmo! – não sabia o que dizer – “Ninguém diz!” – pensava em mulheres masculinizadas
--A senhora mantém o convite ainda assim? – perguntou desconfiada
Achou graça. – Claro, minha filha. – sorriu – Sou viúva há muitos anos, não tive filhos e moro sozinha. A casa tem espaço suficiente pra nós duas. Vá pro seu congresso que o pouso eu garanto. – olhava para a outra – No mais, quem sou eu pra lhe condenar, né mesmo?
“Graças a Deus!” – pensou satisfeita – “Academia Lésbica, me aguarde!” – sorriu também
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Latifah chegava no aeroporto de Congonhas em São Paulo.
--Quero ver como é esse negócio de Iuba! – havia acabado de se credenciar e solicitava a corrida para o hotel no qual se hospedaria – Nossa, ridiculamente barato! – reparou no preço – Motorista Vera. – viu que uma mulher se habilitou a atendê-la – Ai, que fofo, olha o carrinho correndo! -- acompanhava a trajetória do veículo pelo aplicativo –– Há! -- achou engraçado
--Essa corrida veio bem à calhar. – Vera falava consigo mesma – Deixo a moça no hotel e de lá já entrego duas encomendas de chocolate nas redondezas. – seguia para o aeroporto – Pedir pra ela me esperar onde eu possa parar. – tentava dirigir e digitar uma mensagem para a cliente ao mesmo tempo
--Como assim, não posso esperar aqui? – Latifah não gostou do que leu – Tem lugar específico pra pegar esse Iuba? – digitava também
--Eita. – Vera percebeu que a cliente respondeu e aproveitou o sinal fechado para ler e responder – Moça complicada. – digitou uma resposta do jeito que podia
--Humpf! – a jovem fez um bico – Acho que ela quer que eu fique junto daquele amontoado ali. – reparou em pessoas esperando com o celular na mão – Saco, hein? – atravessou a pista puxando a bagagem
Em poucos minutos Latifah percebeu que seu carro chegava. – Que horror, gentem! – considerou o modelo muito simples – O aplicativo não informou que ia ser essa carrocinha. – olhou para a tela do celular novamente – Humpf! Pior que informou. Eu que não reparei.
Vera desconfiou que seria aquela jovem, parou e baixou o vidro para perguntar. – Boa tarde. Senhora Latifah? – reparou na jovem – “Eita, que moça linda!”
--Sou eu. – respondeu sem muita simpatia
“E por que ela não entra?” – pensou sem entender
“Não se manca de abrir a porta!” – pensou contrariada e pigarreou cruzando os braços de cara feia
“Ave Maria, quer que abra a porta!” – deduziu ao sair do carro – Desculpe, senhora, mas é que aqui é complicado de ficar parada. – abriu a porta de trás – Por favor. – a jovem entrou sem nada responder – Tomara que ninguém bata na minha traseira. – resmungou ao fechar a porta e pegar a mala da outra para guardar no bagageiro – Simbora, caipira! – correu para dentro do carro e partiram
Latifah decidiu ligar para a pessoa com a qual se encontraria na cidade. – Oi, Tininha, tudo bem? Cheguei! Tô saindo agora do aeroporto. – anunciou animada
“Pelo menos desmanchou a carranca!” – observou a jovem pelo retrovisor – “E que par de olhos verdes lindos que ela tem!” – voltou a prestar atenção ao trânsito – “Bonita e metida que dói!”
--Não... dessa vez eu decidi me aventurar numa coisa diferente. – gesticulava – Soube que Rio, São Paulo e algumas outras cidades tão com essa moda do Iuba e paguei pra ver. – falava como se Vera não pudesse ouvir – Coisa de pobre, né, amiga? Serviço barato, motorista nada profissional e carros péssimos! Acho que nem os empregados lá de Foz iriam querer desfilar num possante desses! – riu
Vera ficou chateada com a atitude. “Ela age como se eu não existisse!” – pensou contrariada
--Isso veio pra ficar, amiga, ouve o que tô te falando! A tendência é essa. – gesticulava -- É claro que o povo vai preferir usar um serviço de carona paga com precinhos em conta, mesmo que os motoristas sejam assalariados mal pagos e sem preparo nenhum! – continuava conversando – E cá pra nós, os taxistas também não são lá grande coisa. Não à toa eu só pego o Premium Táxi, que é realmente diferenciado. Hoje é que foi aventura, só pra ver qual é. – ria – Mas é aquela coisa de uma vez pra nunca mais, daí. Deus me livre de ser vista desfilando numa carroça em plena metrópole de São Paulo! – brincou
Suspirou. “E o pior é que em certas coisas ela tem razão...” – desejava se livrar logo daquela mulher – “Só não precisava ser essa arrogante mal educada que nem me dirigiu a palavra.”
Ao chegar no hotel, Vera manobrou para estacionar e saiu do carro para abrir a porta. Latifah desembarcou batendo papo no celular e caminhou para dentro sem sequer olhar para a outra. A caipira ainda tirou a mala do bagageiro e a entregou para o carregador que veio recebê-la. Reparou que até aquele homem a olhou com desdém.
“Lugar de gente esnobe!” – voltou para o carro e foi embora
Horas mais tarde, Vera retornava para Congonhas por conta de outra cliente. Logo depois de aceitar a corrida percebeu que a mulher havia enviado mensagem.
--Verinha tô com o maior malão. Please, me socorre! – leu em voz alta e acabou rindo – Essa aí já me chama até de Verinha. – digitou resposta – Deixe ver o nome. – leu rapidamente – Juliane.
Chegando ao local viu que uma moça esperava com uma imensa mala. – Eita, deve ser aquela! – parou o carro e saiu para atender a cliente – Boa noite, senhora. Por favor. – abriu a porta para a jovem – “Só chega mulher boa nesse aeroporto, valha-me Deus!” – pensou ao reparar discretamente
--Boa noite. – olhou para a motorista de cima a baixo – Guarda a mala, por favor? – pediu dengosa
--Fazendo isso! – respondeu bem humorada ao abrir o porta malas – Simbora! – levantou a bagagem – “Ave Maria, que trem pesado!” – guardou e fechou a porta
--Ai... – a jovem gem*u
--O que? – perguntou preocupada
--Pegada forte... – piscou para a outra e entrou no carro fazendo charme
Ficou surpresa. “Uai? Eu tô vendo o que eu tô vendo?” – fechou a porta e voltou rapidamente para a direção – Agora vamos. – partiu
--Você é daqui, Verinha? – a moça perguntou interessada
--Não senhora, sou de Goiás. – respondeu com formalidade
--Senhora? – perguntou decepcionada – Cê me achou velha?
--Não, uai, anêim! – respondeu de imediato – É só um respeito. – esclareceu
--Não precisa desse tipo de respeito, tá? – pediu melosa – Faz eu me sentir velha e nada tesuda.
--Com certeza não é o caso! – calou-se imediatamente – “Olha as confiança com a cliente, bicha besta!” – pensou
--Você que roda por todo lugar deve saber. – passou a mão nos cabelos – Onde que as lésbicas dessa cidade vão pra curtir a night e beijar muito? – perguntou sem rodeios
--Ah... – ficou sem graça – Eu não sei, não senhor... Eu não sei. – olhou rapidamente pelo retrovisor – “Como se eu fosse pra algum lugar beijar na boca. Quisera eu!” – pensou
--Não sabe? – fazia um charme – Então bora descobrir comigo hoje mais tarde? – convidou
Engoliu em seco. – Eu... – estava nervosa – Então tá então! – concordou
***
Vera e Juliane estavam sentadas em uma mesa pouco iluminada de um bar gay da rua Augusta.
“Ave Maria, pra comer uma besteira nesse trem vou perder a grana do mês inteiro...” – chocava-se com os preços – “Deixa isso quieto.” – fechou o cardápio e o deixou sobre a mesa – Escolheu o que vai querer? – perguntou sorrindo
--Vou querer beber uma Cranberry vodka. – fechou o cardápio também – Tô sem fome, não quero comer. – sorriu – Mas espero que esse não seja o seu caso. – afirmou maliciosamente
Entendeu a mensagem e ficou sem graça. – Ah, eu... – não sabia o que fazer com as mãos – Tudo depende, né? – não sabia o que dizer – Mas como tô dirigindo vou de limonada suiça. – sorriu encabulada
Juliane achou graça da timidez da outra e resolveu ordenar os pedidos. Conversaram sobre amenidades até que as bebidas vieram.
--Agora me fala... – mexia a bebida com um canudinho – Qual é a sua, Verinha? – sorria – Cê é solteira, casada, tá pegando alguém...?
--Não, mas tô doida pra pegar! – respondeu sem pensar – “Ô, caipira!” – bebeu um golão da limonada
Riu brevemente. – Cê é sempre assim tão tímida? – peguntou ao deslizar um dedo no rosto da outra
--É, né? – sentia-se excitada
--Então deixa eu facilitar ainda mais as coisas! – segurou a outra pela nuca e a puxou para um beijo quente
“Isso porque tá sem fome!” – pensou ao sentir a língua da jovem procurando a sua – “Ô, mulher boa...” – aproximou-se mais e puxou-a pela cintura
--Ai... – sentia que lábios famintos beijavam seu pescoço – Eu quero sentir essa pegada... – beijou-a novamente
Vera deslizou uma das mãos para a coxa da jovem e apertou com força. Beijava e mordia os lábios da outra mulher que envolveu seu pescoço com os braços.
--Não, espera. – interrompeu o que fazia e se afastou da jovem – Eu não posso fazer isso...
--Hum, amore, aqui é um espaço público, não dá mesmo. – segurou-a pelo queixo – Mas no meu quarto de hotel... – convidou insinuante
“Não faz isso que a caipira pira...” – pensou excitada – Não é isso! – balançou a cabeça como se espanasse as ideias – A verdade é que... eu me apaixonei por uma pessoa e não consigo... – respirou fundo – Só Deus sabe como eu tô doida de vontade agora, mas não dá. – olhava para a garota – Você é linda, interessante, toda boa, mas... não dá. – abaixou a cabeça
--Own, que fofa... – achou engraçadinho – Tá, eu não fico chateada embora lamente, – fez um gesto despreocupado – porque você deve ser uma delícia na cama. – sorriu -- Tô aqui de boa... – bebeu um gole da bebida – Mas me conta sobre essa que te apaixonou? Por uma boa fofoca te perdoo. – brincou – Já que não vamos abrir outras coisas... vamos abrir o coração.
Acabou achando graça também. – Tá eu conto... – concordou -- “Parece até mentira! Raramente chove na horta da caipira e quando acontece, a bicha falha... É paia!” -- pensou
***
Sayruci tomava chá com a mãe no quintal de sua casa. A mulher havia ido visitá-la e ela desconfiava que a razão não deveria ser nada maternal.
--Pois bem, Sayruci. – bebeu um gole de chá – Deixei passar o tempo e a poeira assentar depois de todo aquele escândalo envolvendo os Couto Saraiva, os Magalhães Aguiar e o polêmico vídeo que Latifah lançou no canal dela... – olhava para a filha – Até que ponto você se envolveu naquilo? – perguntou o que realmente lhe interessava
“Eu sabia que ela queria alguma coisa!” – pensou – Eu desconhecia tudo que aconteceu. E Latifah se posicionou para agradar os milhares de seguidores que ela tem; nada a ver comigo, maama. – esclareceu objetivamente
--Tem certeza? – finalizou o chá
--O que a senhora pensa? Que eu esteja doutrinando minha filha pra ser como eu? – perguntou chateada – Ora, maama, Latifah mal conversa comigo! Hoje mesmo descobri que está em São Paulo simplesmente porque estranhei que não apareceu em casa e liguei pra ter notícias. – bebeu um gole de chá
--Hum. – reparava na outra – Folgo em saber que você não teve participação nisso. – comentou aliviada
--Não tive, mas se quer saber, – deixou xícara e pires sobre a mesa – adorei que ela tenha feito o que fez! Mesmo que não pelas razões mais nobres.
Zorayde riu e fez com sua louça o mesmo que a filha havia feito. – E onde estaria a nobreza? – perguntou debochada
--Era só isso, maama? – não pretendia prolongar aquela conversa -- Veio aqui para ver se sua filha lésbica continua sob controle? – calou-se de repente – “Não acredito que tive coragem de dizer isso!” – pensou receosa
A mulher mais velha desmanchou o sorriso e mirou a filha de cara feia. – Eu não tenho filha lésbica! – afirmou enfática – E espero que nunca mais esqueça disso. – levantou-se da mesa e pegou sua bolsa – Quanto a minha neta, vou tratar de buscar um solteiro interessante para que se case, já que você não se preocupa em fazer isso e deixa tudo nas mãos de Samir. – ajeitou a manga da roupa – Com um bom noivo para se ocupar, Latifah não perderá tempo falando bobagens na internet. – fez um gesto de cabeça – Boa tarde! – despediu-se e partiu
Sayruci nada respondeu e acompanhou a mãe com o olhar.
***
--Não, Samir! – desvencilhou-se do marido que a agarrava por trás – Pare com isso! – levantou-se da cama e buscou o roupão para se vestir – Sabe que eu não gosto desse tipo de sex*! – passou a mão nos cabelos – “Já me basta ter aturado dar umazinha com você!” – pensou enojada
Deu um suspiro profundo. – E você gosta de algum tipo de sex*? – levantou-se da cama também – Anal, oral, vagin*l... Você gosta de algum? – pegou o roupão e se vestiu igualmente – Acho que uma boneca de sexy shop tem mais empolgação na cama que você! – reclamou de cara feia
--Já lhe disse que nunca fui algema! – caminhou até a janela e cruzou os braços – Você é livre para buscar a mulher que quiser. – olhou para o exterior
O homem pensou em tomá-la a força mas se conteve. Nunca havia feito isso antes e tinha medo das consequências por causa da ameaça de Latifah. Andou um pouco pelo quarto pensativo até que perguntou: -- Por que nunca me amou, Sazii? – expressava um pouco de dor
Virou-se de frente para o marido e respondeu com sinceridade: -- Sempre estivemos em estações diferentes, Samir. Temos valores e perspectivas diferentes... – pausou brevemente – Houve um momento em que até tentei e quis de verdade te amar, especialmente quando Latifah nasceu, mas não foi possível... Não construímos um amor, como nossos pais disseram que aconteceria. – voltou a olhar para o exterior – Não queremos as mesmas coisas... – calou-se – “E eu definitivamente sou homossexual!” – pensou sem coragem de falar
--E o que você quer afinal? – perguntou com vontade de chorar – Eu te dei tudo...
--Você só me deu o que seu dinheiro pode comprar. – olhou para ele mais uma vez – E mesmo assim, sempre sob muito controle. – pausou brevemente – Por que não se permite amar e ser amado por alguém que se identifique com você? É tão surreal essa coisa de um divórcio inadmissível!
--NÃO ME VENHA FALAR EM DIVÓRCIO! – gritou e se calou – Eu já disse que não vai acontecer! – esfregou as mãos no rosto – Não vou te deixar livre pra buscar outro homem, com certeza não vou! – pôs as mãos na cintura – Infelizmente, nunca te traí! – admitiu – Nem sei porque, mas nunca!
--Também nunca te traí. – falava a verdade – “Só em pensamento.” – não teve coragem de dizer
--Talvez eu devesse repensar sobre isso, não? – perguntou magoado – Você deve ser louca pra não ter mais que ir pra cama comigo! – reparava nas reações da outra
“Você não teria potência pra duas mulheres! Mal consegue ter uma ereç*o estável.” – pensou sem nada responder
--Mas não vai ser assim! – deu um soco na parede – Não vai! – entrou no banheiro e se trancou
***
Mais tarde, enquanto Samir dormia, Sayruci usava o notebook no outro quarto para ler o e-mail mais recente de Vera.
Oi! Tudo bem com você?
Escrevo um e-mail que talvez você não goste de ler porque vou falar coisas que podem te aborrecer ou ofender só que não dá mais. Eu preciso desabafar com você senão a caipira pira!
--O que será que houve? – perguntou-se intrigada
Desde que começamos a trocar e-mails passo os dias ansiosa esperando por resposta sua e quando ela chega é como se o tempo parasse. Eu me preparo pra ler e faço isso com verdadeira devoção. Igual menino novo quando recebe presente e abre o pacote como se todo dia fosse natal.
--Pois comigo também é assim, dona Caipira... – sorria para a tela
E... bem... De uns tempos pra cá, dei pra sonhar com você. Quer dizer com um vulto que eu sei que é você mas não te vejo só aquela sombra. E nesses sonhos... Eita, como dizer? Nesses sonhos a gente faz umas coisas e eu acordo louca sem saber o que fazer da vida. Nesses sonhos eu te sinto, seu cheiro, seu gosto, o calor da sua pele na minha... sinto suas unhas me arranhando, ouço seus gemidos... Ave Maria, só de pensar... melhor parar por aqui.
--Então você também sonha assim comigo... – sentiu-se excitada com aquilo – Safadinha... – sorriu
Ontem eu busquei umas moça no aeroporto de Congonhas nessa minha lida de motorista de Iuba, Marida de Aluguel e entregadora de chocolate pornô, e conheci uma tal Juliane que é bonita que chega dói. Estranhamente ela se interessou pela caipira e me chamou pra sair de noite. Fomos num barzinho de lésbica na rua Augusta e chegando lá ela me deu umas ideia e a gente... trocou uns beijos na calada da noite e eu fiquei numa queimação só!
--Ah, é?? – ficou enciumada – Que sem vergonha! – reclamou – Diz que sonha comigo e depois vai se pegar com outra em barzinho? – estava revoltada
Ela me convidou pra ir pro hotel dela terminar o que começou no bar mas eu nem... Eu não fui e nem quis continuar naqueles beijos porque pensei em você e me senti como quem traía um amor.
Ficou toda prosa com o que leu. – Amor? – sorriu – Então você não dormiu com ela? – queria saber
Eu desabafei com ela e disse que...
A verdade é que eu me apaixonei por você!
Sentiu o coração acelerar. – Ai... – os olhos marejaram – Se apaixonou, Caipira? – mordeu o lábio inferior
Por favor, Khaalii, conversa comigo! Eu tô ficando louca e não sei mais o que fazer! Aceita conversar comigo no QQOV? ou então me liga de um número privado que eu não consiga atinar em qual é mas por favor me deixa ouvir sua voz porque eu preciso... Não precisa me dizer seu nome, onde você mora e nem nada. Não pergunto nada. Só quero te ouvir só isso...
Se você achar que tá demais não me responda. Vou me danar toda do lado de cá mas é a vida...
Beijos,
Vera
--Ai... – levantou-se rapidamente – Eu também fico louca pra conversar com ela, pra ver, conhecer... – pensava no que fazer – Eu podia realmente ligar de um número privado... – considerou – De repente compro um chip novo e... – passou a mão nos cabelos – Ai, ai, Caipira saliente... adorei saber que não dormiu com a garota por causa de mim! – sorria embevecida
***
Patrícia estava no escritório trabalhando e não se deu conta que dois entregadores entraram na sala da chefe com três grandes caixas de papelão. Algum tempo depois, os gritos de Joelma despertam sua atenção.
--DONA PATRÍCIA!!!! – o berro ecoou sonoro
--Ai, meus sais! – levou um susto e se levantou correndo – Já vou! – dirigiu-se até a sala da mulher – Pois não?
--Estava eu aqui trabalhando, -- a chefe começou dizendo – quando os entregadores deixaram essas três caixas aí pra mim. – apontou e a funcionária olhou rapidamente – Então abri a primeira e vi que era uma encomenda pra firma. – contava – Abri a segunda e vi que também era encomenda nossa. – movimentou-se na cadeira para pegar alguma coisa – Abri a terceira e vi... – colocou vários livros sobre a mesa – Isso!
Arregalou os olhos. “Meu Deus, os livros pro Congresso!” – prendeu a respiração
--Aí fui ver que obras seriam estas e veja só! – pegou um conjunto com três volumes juntos – Trilogia de Amaralina Luz. – lia – Brejo de Além Túmulo, Amaha as Baratah e Abra sua Cadabra! – colocou sobre a mesa
--Eu, eu, posso explicar... – pensava no que dizer
--Olha só esse! – pegou mais um livro – Lá Lá Lesbi de Soul Sapa&Tão, O Musical das Entendidas, -- colocou sobre a mesa – Último Funk em Madri, de Zu Clética! – leu o outro título e cruzou os braços – Tem umas outras obras também. – esperava uma resposta – Explica o que é isso! – ordenou de cara feia
--Olha, chefinha, eu... – estava nervosa – Aproveitei que o frete era por lote de peso e vi que nossas encomendas completavam um lote e meio sobrando espaço ocioso pra completar dois. E o preço de um lote e meio é igual ao de dois então... – sentia as pernas bambearem – Eu completei a metade livre com esses livros que são... são... – não sabia o que dizer
--DONA PATRÍCIA! – levantou-se furiosa e socou a mesa – Não me interessa o que a senhora lê ou deixa de ler! O que eu não quero é que seus assuntos se misturem com os da empresa, entendeu? – falava alto
--Sim senhora! – concordou
--Agora desapareça com esses troços daqui e trate de desempacotar nossas encomendas! Dê destino certo ao material e não me apronte mais uma dessas porque senão é demissão! – ameaçou – Demissão, entendeu??
--Sim senhora! – pegou os livros de cima da mesa e os recolocou em sua caixa – Com licença. – levantou a caixa com dificuldade e levou para fora da sala da chefe
--Humpf! – sentou novamente – É cada coisa... – ajeitou-se na cadeira e pegou um livro que havia deixado separado – Versos Sapatânicos. – analisava a capa – Esse aqui me interessou. – guardou na bolsa – A tal da Frog Kruger parece ter umas ideias... interessantes. – voltou a atenção ao computador e se concentrou no trabalho
***
Abigail e Rita acabavam de fazer o check in de 40 pessoas de uma excursão.
--Ave Maria, que hoje foi osso! Graças a Deus que o pior já passou! – Rita exclamou aliviada – Depois do tanto de tempo que a gente ficou presa preparando a sala de convenções, arrumando a piscina pro evento de hoje à noite, ainda chegar aqui e dar de cara com uma ruma de turista reclamando que não tinha vivalma pra fazer o check in... – revirou os olhos – O pobre do Jailson pensou que fosse ser encestado pelo povo!
--Claro! Duarte saiu demitindo todo mundo com aquela conversa de reengenharia no hotel! Agora dá nisso: três pessoas pra fazer tudo nessa recepção, na sala de convenções, na piscina... Daqui a pouco ele põe as camareira pra correr e nós vamos começar a limpar os quarto também! Isso se não deixar o restaurente e o lobby bar na nossa mão!
--Deus nos defenda! – benzeu-se – Mas ói, mundando de assunto, e aquela tua tia, foi-se embora ontem mesmo? Como é que foi a estada dela pousando em tua casa? – queria saber
--Ela foi-se embora ontem, sim. O voo dela era logo cedo. – respondeu enquanto organizava uns documentos – E a estada dela foi tranquila, não sabe? Pena que a coitada passou a maior parte do tempo sozinha. O trabalho deixa a gente na rua por horas a fio, né mesmo? – guardava os documentos nos lugares certos – O bom também foi que ela me deu uma boa ajuda. Fez umas compra de mês muito massa e ainda fazia jantinha pra mim toda noite! – sorriu ao lembrar – Fiquei mal acostumada e vou sentir muita falta desse mimo de hoje em diante!
Sorriu também. – É sempre bom ter gente idosa em casa. A gente se sente cuidada. Saudades de mãínha... – suspirou – Mas então, ela te contou alguma coisa do passado de tua família, da história de vocês? – estava curiosa
--Contou sim, mas você me conhece, não gosto muito de ficar assuntando passado e essas conversa não duraram muito. Preferi ouvir as história de como era Natal e São Paulo na juventude dela. – olhou para a amiga – No dia que ela chegou, lá pela tardinha, fomos até o lugar onde ficava a casa de uma tia nossa chamada Vitória; uma sangue ruim que o diabo já levou faz tempo. – gesticulou -- Hoje no lugar tem é um prédio. – lembrava – E levei ela em Praia do Meio pra ver como tá uma certa casa. – pensava na Casa de Tonha – Mas hoje não passa de um escombro abandonado onde uns pedinte se abriga. – começou a usar o computador – Também fomos no Natal Shopping de noite e mostrei o hotel de longe pra ela.
--E será que ela tem situação boa? – Rita usava o computador também – Se veio de avião, fez compra de mês pra você... Será? – conjecturava
--Eu penso assim: ela pode não ser tão lisa quanto eu mas também não vive na riqueza, não. E em São Paulo você mesma falou que tudo é caro, então não há de ter sobra de dinheiro. Não vê que ela demorou tempo pra vir aqui? – digitava – O melhor de tudo no final é que tenho pouso garantido em São Paulo pra novembro! – sorria
--E você que cismou com isso! – Rita não entendia
Nisso, duas jovens saem do elevador com alguns livros nas mãos. Chegaram na recepção e se sentaram nas poltronas mais próximas do balcão.
--Tu fosse inventar isso de hotel gay frendi, sei lá como fala, agora vira e mexe aparece uns tipo. Aquelas ali são lésbica, pia só. – falava discretamente
--Oxe! – Abigail fez cara feia – E eu sou o que? – pôs as mãos na cintura
--Mas tu não é tatuada, descabelada e nem tem sovaco cabeludo! – retrucou reparando nas garotas – Ave Maria!
Abigail acabou achando graça e voltou a se concentrar no trabalho.
Minutos depois mais duas jovens chegam trazendo livros também. Sentaram-se junto às outras e depois de cumprimentos iniciais começaram a conversar.
--Olha só, o que cês acham do sarau de hoje trabalhar a obra de Ales Bysex? – uma das jovens propôs – Eu tô com o melhor dela aqui.
--Sarau?? – Rita cochichou para Abigail – Elas vão fazer sarau aqui, na recepção? – não entendia – E vão trabalhar o que? Diacho Baisex, como é?
--Fique quieta aí e deixe ver! – ralhou falando baixo – “Então Ales Bysex já tá até servindo de mote pra sarau? Ah, mas eu tenho de dar um jeito da mesma coisa acontecer com a obra da Gail Nasser!” – pensou
--Qual foi o livro que você trouxe? – uma das garotas perguntou
--Ch*pa Que É De Vulva! – respondeu de imediato – Um clássico!
“Humpf!” – Abigail pensou despeitada – “Exagero!”
--Misericórdia! – Rita arregalou os olhos – Clássico da sacanagem! – estava pasma
--Eu acho que o melhor livro da Ales é Amor Que Abunda! – outra opinou
--Gente, por favor! – outra discordava -- A Lady da Pepeca em Chamas deixa qualquer uma molhadinha! – mostrou a capa
--Mulher, espia pra isso! – agarrou no braço de Abigail – A pistinga do livro tem na capa simplesmente uma dama antiga nua da cintura pra baixo e com a perseguida pegando fogo! – escandalizava-se – Quando o pessoal da excursão descer pra ir jantar no Tangai vai dar de cara com esse sarau de putaria aí! Vai dar merd* um negócio desse! – preocupou-se – Faz alguma coisa, mulher! – pediu
--Oxe! – fez cara feia – Eu não posso expulsar as hóspede da recepção! – respondeu o óbvio
--Mulher, passa uma conversa! – insistia – Tu não é lésbica também? Leva elas no bico!
Abigail achou graça novamente. “Se ela soubesse há quanto tempo não levo uma lésbica no bico!” -- suspirou
--Galera, olha só, mudando de assunto, vocês viram o que a Paty Golezzo falou hoje? Frog Krugger vai lançar um livro novo no Congresso da Academia Lésbica que vai rolar em Sampa! – comentou
“Hum, que tática interessante! Usar o Congresso pra lançar um livro... Por que eu não pensei nisso antes?” – considerou – “Mas se bem que não tenho dinheiro pra bancar livro...”
--Qual o nome do livro novo? Li O Dedo Que Futica o Berço e fiquei louca! Frog é muito foda! – ajeitou-se na poltrona
–Reganheta da Capeta! Imagina só!
--Minha Nossa Senhora, nem a Capeta passa ilesa! – Rita apavorava-se – Bigail, tira essas maluca daqui, pelas caridade! – pediu novamente
Deu um suspiro profundo. – Tá bom, mulher... – preparou-se para abordar as jovens – “Se bem que posso aproveitar a oportunidade pra fazer uma propaganda de Gail pra essas menina aí. Vai que cola?” – pensou – Boa tarde, jovens, tudo bem? – perguntou solícita
--Boa tarde. – responderam em jogral
--Desculpem incomodar mas... temos uma excursão de idosos que vai descer daqui a pouco pra sair pra jantar e... – sorria – Será que vocês se incomodariam de fazer o seu sarau na sala de convenções? – ofereceu – Tivemos um evento lá hoje mas já terminou. Podem usar à vontade. As portas ainda estão abertas.
--Boa! – uma das garotas concordou – Valeu mesmo! – olhou para as outras – Cambada, vamos pegando nossas coisas e partiu! – começaram a recolher seus pertences
--E, à propósito... também conheço da literatura lésbica. – continuou falando – Vocês já tiveram a oportunidade de conhecer a obra do fenômeno Gail Nasser? – reparava nas reações – Ouvi dizer que ela é um sucesso em todo mundo árabe e deu até uma entrevista de 4h de duração para aquele canal Al-Jandirah.
As garotas riram com a observação.
--Olha só, tia, na boa! – uma das jovens começou a falar – Essa história é o maior kaô! – olhava para Abigail – Eu até ia ver qual era a do conto dela mas uma amiga chegada me disse que é muito ruim!
--Ah... – Abigail não sabia o que dizer
As jovens se despediram e foram para a sala de convenções.
--Esculhambou meu conto e ainda me chamou de tia? – pôs as mãos na cintura indignada – Que bixiga da desgreta! – reclamou – Ah, mas eu tenho que virar esse jogo! Esse Congresso vai ser tudo ou nada!
***
Vera acabava de consertar a descarga do vaso sanitário da casa de uma mulher que também havia encomendado chocolate erótico.
--Pronto, dona Eunice, tudo resolvido! – levantou-se enxugando as mãos no macacão – Agora não vai mais escorrer água na parede quando a senhora der a descarga. – virou-se na direção da mulher e levou um susto – Eita, boi! – arregalou os olhos
Eunice vestia uma camisola transparente e ch*pava um imenso p*nis de chocolate. – Da parede não... – ch*pou mais uma vez – Mas da minha xotinha ainda escorre quando eu fico assim... – ch*pava a cabeça – Toda excitadinha... – fazia voz sexy
Engoliu em seco e recolheu as ferramentas rapidamente. – Ah, mas a senhora há de encontrar quem dê jeito nisso! – pegou a caixa de ferramentas – Agora eu tenho que ir! – não sabia o que fazer
--Já? – aproximou-se da outra como felina – Tanta pressa... – continuava ch*pando o chocolate
--Tem mais atendimento hoje. – desvencilhou-se da outra e caminhou até a sala – E desculpe mas... agora a senhora tem que pagar. – sentia-se constrangida – O combinado foi cinquenta e cinco reais.
--Tem que pagar em dinheiro? – novamente caminhou até a outra
--Pode ser em cheque, uai. – andou de costas até a porta da sala – Com fundos, é claro. – sorriu sem graça
--Cheque? – apontou a cabeça do p*nis na direção da boca da outra – Não pode ser em xota?
“Ave Maria!” -- desvencilhou-se mais uma vez – Não, porque se for em xota eu não vou conseguir pagar a parte de prima Socorro. – calou-se rapidamente – “Mas o que eu tô dizendo, misericórdia!” – pensou
--Ah... – mordeu a cabeça do p*nis e começou a comê-la – Você não me faria essa cortesia? – falava com a boca meio cheia – Pago em xota e você se vira com a... Socorro? – lambia-se – Posso até pagar em cu também... – sugava o leite condensado no interior do chocolate
“Mas que danação miserável...” – chocou-se com aquela cena dantesca -- É... – tentou abrir a porta da sala e conseguiu – A senhora paga amanhã então. – saiu da casa da outra – Em dinheiro. – fechou a porta e foi embora quase correndo – Ave Maria! – aproveitou que o elevador estava no andar e entrou – Ninguém dava nem tchum pra caipira, bastou aparecer uma autora misteriosa que endoidou meu juízo que agora me acontece cada coisa! – desceu no térreo
Despediu-se do porteiro, entrou no carro e deu partida. “Falando nela, até hoje não respondeu o e-mail que enviei... daqui a pouco vai fazer um mês...” – pensava – “Na certa estraguei tudo quando confessei os sonhos que andei tendo, o que sinto...” – suspirou – É, caipira, acho que dessa vez você ficou na pista...
***
Sayruci havia passado o dia em trabalho voluntário junto a moradores carentes da Vila C. Tomou um banho pensando em Vera e no que fazer quanto a ligar para ela ou não. Dias antes comprou um chip novo e instalou em seu celular, que admitia dois chips. Adicionalmente configurou o aparelho para não ser identificado, mas ainda assim tinha muitas dúvidas quanto à segurança daquele procedimento.
“E se ao invés de aparecer número privado o celular dela de alguma forma conseguir identificar o número do chip novo?” – questionava-se – “Pelo DDD vai ver que é número paranaense, da região de Foz... Ai, que dúvida! Por que eu tinha que nascer assim tão medrosa?”
Ainda indecisa quanto ao que fazer, desceu as escadas para jantar e foi surpreendida com Latifah e Samir que chegavam em casa discutindo.
--Você não está nem louca de não ir no jantar! – Samir seguia os passos da filha falando alto – Foi sua avó que cuidou de tudo e você não vai fazer essa desfeita a ela! – gesticulava – Nem a ela e nem aos Haroon!
--Eu não vou e não vou mesmo! – parou no meio da sala cruzando os braços – Quero ver quem vai me obrigar! – desafiou
--Agora veja só! – exclamou desgostoso – É assim? Não respeita mais a família porque tem um punhado de seguidores na internet? – debochou
--E seria muito legal se eles soubessem que nessa família até hoje se tratam casamentos como no século XIX! O nome dos Ajami Hafeez ia virar chacota nas redes sociais! -- ameaçou
--Ah, e você acha isso bonito? – cruzou os braços – Ver o nome da sua família na boca de qualquer um? – riu de nervoso – Todas as famílias tradicionais da região fazem isso Latifah! Como diz você, -- começou a estalar os dedos – conecta! – debochou
--Fazem, mas são hipócritas o suficiente pra fingir que não! – gesticulou – Ou você ainda não percebeu que a hipocrisia é a mãe de todos os clãs da nossa roda, papys? – provocou
Sentiu-se desrespeitado mas se conteve. – Está vendo isso, Sazii? – percebeu que a esposa se aproximava – Agora sua filha é assim: se não concorda com alguma coisa te ameaça com o canal dela!
--Pelo que vejo temos mais um pretendente sendo sondado. – Sayruci deduziu – E foi minha sogra quem cuidou disso? Desse tal jantar de sondagem?
--Não, mamys! – a jovem olhou para ela – A sua mamys cuidou disso!
“Bem que ela disse que faria...” – lembrou – Se Latifah não quer ir no jantar, não tem porque insistir nisso. – afirmou simplesmente – Não haverá jantar.
Riu novamente. – Ah, e é assim? – o homem perguntou indignado – Sua mãe organiza tudo com os Haroon, fazendo um papel que deveria ser o seu, como mãe, Latifah decide que não quer ir e aí simplesmente não haverá jantar? Simples assim? – não acreditava – Sazii, é a sua mãe! Não fica preocupada em vê-la com a cara arrastando no chão diante de uma família tão respeitável quanto os Haroon?
A mulher revirou os olhos. – Maama não deveria ter se envolvido nisso. Mas já que se envolveu que invente uma desculpa. Eu não vou entregar minha filha de bandeja como se fosse um assado pra família alguma!
Latifah e Samir se surpreenderam com aquela resposta.
--Ui, mamys, arrasou! – cumprimentou afetada – E quanto a você papys, fim de jogo! Eu não vou e não vou, tá? – preparou-se para subir as escadas
--Ah, não, Latifah, isso não fica assim! – foi até ela e a segurou pelo braço – Você não vai me fazer passar essa vergonha!
--Me solta! – desvencilhou-se de cara feia – Eu não vou! E se quer saber, o noivinho que vóvys me arrumou é um viciado em jogo que perde uma pequena fortuna nas roletas de jogo da cidade, do Paraguai e da Argentina! – revelou – Dá um pulinho lá no Grand Casino e pergunta!
--O que?? – arregalou os olhos
--Por que você acha que o papys dele teve infarto no mês passado? Tomou uma facadinha no bolso e o coração do véio não aguentou, daí! – falou afetadamente
“Mas Latifah sabe da vida de todo mundo, minha nossa!” – a mãe pensou surpreendida
--Então... – Samir pensava alto – Foi por isso que eles saíram do negócio com os espanhóis... – ligava uma coisa a outra
--Dito isso, deixa eu ir tomar meu banho que hoje vou gravar um vídeo alucinante pros meus followers! – deu tchauzinho – Não me esperem pra janta. Kisses!
--Será possível que todos os solteiros de renome da região têm um esqueleto no armário? – Samir perguntou para a esposa – Ihab é gay, Hassan é viciado em jogo...
--Deixe que Latifah saberá escolher alguém no momento certo. – aconselhou – Esse tempo de casamentos arranjados já passou.
--Humpf! – fez um bico e se dirigiu às escadas também – Mande Margô servir o jantar em uma hora. – começou a subir os degraus – Vou esfriar a cabeça num banho e já volto. – parou brevemente e olhou para a esposa – Explique a sua mãe o que aconteceu e desmarque o jantar. – voltou a subir
Achou graça. – Sempre eu! – cruzou os braços
Margô se dirigiu até a sala. – Senhora, boa noite. – cumprimentou – Parece que o senhor Samir pediu o jantar para daqui a uma hora, é isso? – perguntou formalmente
--Boa noite. É isso. – respondeu simplesmente – Latifah não janta conosco. – informou – “Como de costume.” – pensou
--Sim senhora. – fez um gesto de cabeça e foi para a cozinha
--E eu ia jantar agora... – falou consigo mesma – Sou tão idiota que deixo meu marido decidir até a hora que tenho fome! – sentia raiva de si – Quer saber? – tirou o celular do bolso da calça e foi até o quintal – Que se dane! – escolheu um contato salvo como Unknown e ligou
O celular de Vera vibrava em cima da mesa sala no momento em que ela entrava em casa. – Essa bomba d´água do prédio só vive se danando! – reclamava sozinha – Vira e mexe lá vou eu ficar horas de bunda pra cima consertando! – ouviu um som estranho – Que é isso? – olhou para o celular – Quem será? – olhou para o visor – Número privado. – estranhou – Alô. – atendeu desconfiada
“É ela!” – Sayruci desligou na mesma hora – “Meu Deus!” – o coração acelerou
--Uai? – percebeu que a chamada foi interrompida – Quem será? – de repente uma ideia veio em seu pensamento – Khaalii! – desejou esperançosa
--Vou ligar de novo! – sentia-se insegura – Se ela atender logo, eu falo. Se não... não ligo mais. – as mãos tremiam – Ligando novamente.
E o celular vibrava mais uma vez.
--Será que é ela? – atendeu empolgada – Alô? – esperou ouvir resposta – Alô?
Respirou fundo e fechou os olhos. – Vera? – pausou brevemente – Caipira?
Caiu sentada no sofá. – Khaalii?? – estava nervosa – É você? – sorriu
--Sim... – respondeu simplesmente – Você queria falar comigo, não? – pausou – Estou ouvindo. -- sorriu
Vera mexia os lábios sem conseguir produzir som.
Fim do capítulo
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Minh@linda!
Em: 19/03/2025
Nossa!! Que história, essa, da família de Abigail, viu? Uma história sofrida! Muitas dores.
Eu sempre pergunto a mainha as coisas do passado dela e de minha avó. Algumas coisas ela já contou. Mas outras, eu sinto que ela esconde. Provavelmente, por machucar.
Essa história da família de Abigail é triste, demais. Fiquei triste por elas!! Poderiam ter tido um destino diferente, se alguém tivesse olhado pra elas com mais doçura. Não julgo a atitude da tia avó. A vida é um ciclo, que nem todos conseguem quebrar. É triste quando algumas histórias, dolorosas, se repetem.
Eu nunca me senti à vontade pegando carro por aplicativo, sozinha. No início virou moda! Minhas amigas só pegavam carro por aplicativo. Eu só conseguia ver, que estava pegando uma corrida com um desconhecido. Sensação de vulnerabilidade, mesmo. Depois de um tempo mulheres passaram a dirigir, também.
Latifah é muito mimada e arrogante!!
No lugar de Vera, parava o carro em um lugar seguro e, deixava ela pra fora esperando a limosine dela.
Essa garota humilhou, ela!!
Quero ver o que você vai fazer, Autora, pra que ela amadureça e aprenda. Garota esnobe!! Bem filha do pai dela, mesmo.
Sayruci, corre, que Vera tá se engraçando com uma moça, aqui, oh!!
Vigia Vera!! Vigia!
Essa mãe de Sayruci não deixa ela ser livre!! Não tem ideia do mal que faz a filha, assim. Que tormento!!
Na nossa realidade, eu conheço uma senhora que é pior que a mãe de Sayruci. Ô, vida dura, viu?!
E pra piorar ainda tem esse macho pegajoso que insiste em manter um relacionamento com alguém que não o quer.
Uai!! Vera largou o doce!!
Mas ela já está desabafando tudo, assim?!
Ela não pensa nem na possibilidade de que pode se machucar?!
Ela está apaixonada por Sayruci, sem nem saber quem ela é.
Já me apaixonei por uma pessoa, assim. A minha alma se iluminava só em ouvir a voz dela. Ela poderia ser qualquer pessoa, que eu não me importaria.
Resumindo: sofri pra burro!!
Agora eu só ando de capacete e com armadura. Não posso perder mais nenhum tempo da vida, sofrendo. Mas com Vera vai ser diferente!
Manda ver Sayruci, que Vera é gente boa!!
Eita, boi! Que Joelma não deixa Patrícia em paz rsrs. Pega a criatura em todos os vacilos. Os versos Frog Krugerianos têm que operar milagres com essa Joelma rsrs.
Não sei se dou mais risada com Rita e o "sovaco cabeludo"
Ou com o "chupa que é de vulva" rsrs"
O dedo que futica o berço " rsrs aiai
Tu é muito criativa, viu?! Kkkk
Verdade!! Abigail tá solteira. Tem que achar uma sapinha pra ela.
Misericórdia! Corre Vera!! Dona Eunice o que é isso?! Kkkkkkkk
Eita, nois!! Que as tentações estão vindo com tudo pra cima de Vera kkkkkkkkkkkk lascou, viu?!
Ué, Sayruci não respondeu Vera? Um mês já!!! O que será que aconteceu?! Acho que Sayruci sabe que não vai poder alimentar os sentimentos de Vera, enquanto estiver com Samir.
Uai, ela ligou!!! Kkkk kkkk
A gente sempre sabe quem é que está do outro lado da linha, quando se estar apaixonada.
E a tremedeira que dá?!
Vixe Maria, sensação de doido, viu?
Agora as coisas andam!! Sayruci se jogou!!
Ninguém segura a caipira, agora!!
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PaudaFome
Em: 17/06/2024
Estou super na torcida por Sayruci e Vera!!! Esperando ansiosa pelo congresso que nem Abigail!
Solitudine
Em: 20/06/2024
Autora da história
Olá querida!
Continue na torcida pois estas duas ainda vão aprontar muito! Quer dizer, estas três, porque Abigail é a campeã no que diz respeito a aprontar! rs
Beijos,
Sol
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Femines666
Em: 24/03/2023
Autora deu um merdelê na minha vida que nem te conto! Até no DETRAN tive problemas!
Volte abrindo o coração e adorando! Torcendo por Vera e Sayruci, torcendo pra todo mundo ir no Congresso. Dona Quitéria é um amor!!
Sabe que eu queria uma Abigail na minha vida? Com certeza ia ser a namorada mais divertida do mundo! E muito arretada!! Kkkk
Solitudine
Em: 26/03/2023
Autora da história
kkkkkkk Merdelê! Vou incorporar a expressão para personagens! rs
Espero que seus problemas tenham se resolvido!
Vamos ver no que tudo isso vai dar!
E sim, Abigail seria uma namorada bem divertida! rs
Beijos,
Sol
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Alexape
Em: 15/12/2022
Adorei dona Quitéria. Vera como sempre, uma fofa. Ela e Say, tudo a ver. Fiquei chateada com a Latifah não é de agora. Mas me divirto! Que raios de autoras e contos esquisitos! Ri muito!
Resposta do autor:
Olá querida!
Dona Quitéria é uma senhorinha maravilhosa, viu? ;)
Vera e Sayruci foram feitas uma para a outra, não tem jeito! rs
Latifah ainda está muito sem noção das coisas da vida, mas ela se encontra. Tenha paciência. rs
Bem, as autoras e os nomes de seus contos... eu não tenho culpa. A escolha foi delas! rs
Beijos,
Sol
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Seyyed
Em: 13/10/2022
A história de vida da família da Bigail é triste. Eu gosto de ver como tu retrata a vulnerabilidade nua e crua faz pensar. Latifa foi escrotinha em CGH mas pelo menos Verinha pegou uma mina boazinha hehe e toda na paixonite pela Say. Adoro os e-mails com Vera desestresam a pressão da família sangue ruim hehe Porra autora (rimou) a história da Paty com a chefia. Num guento os nomes das autoras e das obras hahaha Até Rita chocou morri de rir hahahahaha tu é porra trilouca Vera fugindo da coroa tarada hahaha E, no final quem liga??? PUTA QUE PARIU! ADOREI
Resposta do autor:
Olá querida!
Sim, a ideia é sempre fazer pensar, por menos que pareça. rs
Latifah foi bem esnobe e magoou a Vera, mas depois veio outra moça bem diferente. rs
Sayruci via nos e-mails de Vera um bem vindo alento aos seus dias de opressão.
A Paty morre de medo da chefia assediadora que ela tem. Por isso vive nessa agonia! rs
Uai, mas eu não tenho culpa que as autoras escolheram tais pseudônimos. Fazer o que? rs
Vera também teve seu alento com a ligação mais esperada do ano!
Caipiras também têm seus dias de glória! rs
Beijos,
Sol
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Cristina
Em: 21/02/2022
Oiê!!!
Esta tia Maria Quitéria cai do céu hein! espero que Abigail se dê bem com ela!
Enão é que Khaalii e Caipira estão se gostando?! Adorei!
A propósito, achei super criativos e sugestivos os títulos das histórias. Dá até para brincar um pouco com isto. Bem que poderiam ser publicados aqui no Lettera né? kkkkkkkk
Minha maama ainda hospitalizada, mas, graças a Deus, está estável.
Minha cirurgia ainda não foi marcada. Estou fazendo os exames ainda. São exames mais complexos, por isso vai demorar mais um pouquinho. Creio que será em Abril ou Maio ainda.
Desculpe a demora em responder. Devagar vou lendo e respondendo!!
Bjs pra vocês!!!
Resposta do autor:
Olá queridíssima!
Tudo bem?
Estamos torcendo por você e sua maama. Vá dando notícias. Se Deus quiser, dará tudo certo! Não tenha pressa, vá no seu ritmo e dentro das suas possibilidades.
Sobre o conto... gostou de Khaalii e a Caipi estarem naquele flerte inicial? rs
Mas até você, Cristina, querendo ver estes contos das outras autoras no Lettera? Samira já fez até a listinha do que ela quer ler! kkkkk
Beijos!
Sol
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sonhadora
Em: 20/02/2022
Oiê!!!
Nossa que história de vida foi esta da familia da Abigail!!! Ah esta Vera! Gente, que coisa a Latifah pegar logo ela como motorista de App...kkkk foi ótimo esta. Gostei da atitude dela em não fazer sexo por fazer, entendo perfeitamente o que ela sentiu, também não seria capaz de fazer. Não consigo ler as loucuras da Vera sem dar gargalhadas...rsrsrs! Quero só ver este congresso! Quanto a Say, gostando de ver ela se impondo na questão do "pretendente" da Latifah. No mais, escrita impecável, como sempre!!! ????
Na espera por mais...
Beijos de Luz!!!
Resposta do autor:
Boa tarde, tudo bem?
A história da família da Abigail é tão ímpar e tão comum ao mesmo tempo...
Vera se mete em muita confusão, coitadinha. É a sina das caipiras! kkk
Esse Congresso está atiçando a mulherada! rs
Sayruci está no caminho dela. Vamos ver até onde ela vai.
Tem um capítulo que você ainda não leu aí te esperando e... pois bem. Samira apostou comigo que se até domingo surgisse o centésimo comentário, que foi o seu, e o conto passasse das 4000 leituras, eu postaria capítulo novo hoje mesmo. Como as duas coisas aconteceram, vou ter que cumprir a aposta! rs
Beijos e obrigada pela gentileza de sempre!
Sol
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mtereza
Em: 19/02/2022
Que história essa da família de Abigail muito sofrida , A tia avó dela parece ser gente boa e mais importante ela vai dar pouso a Abigail para o congresso amei.
E a caipira em mandando bem já conseguiu que a Sayruci ligasse para ela mandando bem amo
Resposta do autor:
Boa tarde, querida,
Tudo bem?
Sim, a história da família de Abigail é triste e reflete a realidade de muitos brasileiros.
Dona Quitéria não conhecia essa sobrinha, mas gostou e confiou. Vai dar o pouxo que Abigail tanto quer para se abrilhantar como Gail Nasser! kkk
De vez em quando as caipiras dão uma dentro, né? Sayruci está até se soltando aos pouquinhos...
Beijos,
Sol
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Samirao
Em: 17/02/2022
Tava bisbilhotando seu perfil e lembrei por causa dos babados aqui aquela silhueta é de uma quarentona deliciosaaaaa huahuahua põe na tua conta outra VERSOS SAPATANICOS!! SE VIRA. Quero ler huahuahua
Resposta do autor:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Sem comentários.
Já te disse que tem que pedir para as autoras. Jasin Solitudine não escreve esses trem! kkk
Beijos,
Sol
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Samirao
Em: 17/02/2022
Amoreeee voltei! Aff tá bem bandeira branca Ao texto: ameeeeeei!!! A caipira tá conseguindo quebrar as barreiras da Sayruci q fofo essas caipiras sempre conseguem né? O básico habibem Latifah foi nada toda boa dessa vez não gostei quero só ver . Vc é louca!!!! Essas tuas autoras... mas tá se ferrando comigo anota aí que eu quero ler:
ESSA PERESTROIKA É DO POVO
LIBERANDO AS CHECHENIAS
CHUPA QUR É DE VULVA ( morriiii huahuahua)
A LADY DA PEPEKA EM CHAMAS (essa foi ótima e a capa é tudooo)
REGANHETA DA CAPETA
LÉSBICAS DA FARAÓ (depois do sarau me convenceu huahuahua)
SE VIRA HABIBEM!! Vai ter que escrever
Divertido e gostosinho esse cap
Cris amiga e a maama? Bjsss
Habibem é a mais cheirosa do universo caipira do meu coração
Blusas Samira ri do Samirão cachorro huahuahua
Resposta do autor:
Olá querida,
Tem vezes que as caipiras conseguem. Tomara que Vera dê sorte. rs
Calma que Latifah ainda tem muito chão...
O que tem minhas autoras? Elas são criativas, uai.
Para ler este tanto de texto você vai ter que pedir a uma por uma! rs
Obrigada pela parte que me toca (ou cheira!)kkkk
Samirão!! Eu morro de rir desse trem! kkkk
Beijos,
Sol
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Mille
Em: 16/02/2022
Oi Sol
Latif e seu jeito de tratar mal as pessoas, magoou a Vera e nos que lemos.
Vera é uma gracinha e apaixonada pela Say.
Rir muito da Eunice querendo atacar a Vera. Kkkl
Bigail conhecendo um pouco do passado e conseguindo abrigo para pousar em novembro, tem que só dar uma paginada na história para ganhar as leitoras e sucesso.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille, querida,
Latifah foi muito errada nessa, não? Mas vamos ver o que vai acontecer nesse enredo, pois há muito chão pela frente.
Gostou da Vera? Ela está torcendo para que Sayruci também goste.
Eunice estava com sede de vingança! kkkk Mas a caipira conseguiu escapar.
Abigail está indócil para conquistar muitas leituras e comentários. Aguarde para ver o que ela vai aprontar para este fim.
Beijos,
Sol
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Zaha
Em: 15/02/2022
Oir, Solcito!
Amei como vc comecou, sim, um pouco de drama, mas foi bom conhecer um pouco de onde Abi veio
Essa voinha parece boa, vamos ver como vaii sair Abgail por lá!!Essa Rita já aticando pra grana...
Abi tombo m qeda feia, que chega minha bunda dói .Tdinha, achou que era mater Abi Gail....um pensa q é fodao, mas n é be assim, poém fi só uma..quem sabw, as minas fritaram ela..tadinha. Foi querer imitar impronta de outros...
Latifah parecia outra pessoa, mas viveu em outro mundo, pra ela esse omportamento é normal, tratar o outro dessa forma, esperar que outros a tratem como uma Lady, nem passa na cabeca dela outra coisa ...porém, teve mais incentivo do pai que da mae, por isso, mimada- Say deixou o pai adonar de mt coida, tá na hora de levantar. Say nunca deixaria ela falar assim com outro ser humano....muito por aparëncia, infelimente. Q importa o carro..qntos seguidores e bla bla
E que mundo pequeno,Vera conheceu a filha de Say!rs. Que tudo!
Vera se dando super bem com a mulherada, cheguei a pensar em Suy, foi quando eu li ue ela fez o mesmo, e se afastando!! Coitada, qndo chega alguém, ela se dana .
Mas valeu a pena!Olh que passou no final, fiquei surpresa de tao rápido. Mas qndo nos xonamos ou alo parecido, é um trrem doido,né?! Mt forte!
Mas tö passada, mas ainda que existem gente como essas,nunca vim gracas seja louvador coitada de Vera. É assim querida, vc tá soleira, ng tchum, tá casada, comrprometida,xonada, é feito mel...uma gentinha sem classe viu!Tb devem pensar que vem no pacote kkkkk
Mas foi realmente mt fofo e fiel a seus sentimentos, ainda que a biologia peca outra coisa rs. Rindo mt com vc falando da parte do sexo, num guento!! Vc inventa ou coloca palavras que juntando bem ficam super engracadas. Esse capítulo tá irado, rindo muitooooo!!Tö me dobrando rs
Coitada da mae de Say, perder tempo, Latifah n tem personalidade submissa!! Mas sinto mt por Say,me doí tanto ela, mas teve coragem de falar dessa vez em voz alto o que era! Lésbica! Muito bem Say, gostando de ver!! Say falando umas verdades, logo ela poderá dizer que é lésbica pra filha e marido, quero ver como todos, principalmente, Samir e sua filha vao reagir. Samir vai pirar e esconder a todo custo ou no fial, desculpe, é que se passa, see matar pq n tem um emocional mt estábel, mas o final pra ele será melhor,a mae o moldou mt! .
Latifah,eu tö perdida, ela é uma incógnita neste momento!Ela faz pose de solta, mente aberta, qntos seguidores ela tem, mas ela é realmente o que mostra nos vídeos?!Uma coisa é apoiar fora do cirrculo familiar, qndo a bomba vem de dentro...n sei ainda o qu pensar...acho ue irá apoiar sim!!! tá me deixando louca, ela n vë se a família cai na boca do povo ela perde seguidores? Ela cai junto!Pessoas te ama enquanto vc faz tá dentro dos padroes que eles consideram, depois disso, já te odeio!!Parece só hater!!
Finalmente Suy e Vera coneceram suas vozes, n é mt lindo! Foi Rápido, achei que fissse demorar. Veremos o desenrolar da estória
Esse eu amei, ri muito que estava precisando, teve conversa com Samir, Fah e Say, muito bom!!
Nem sei como tó em pé..n comi e os remedios tao me deixando tonta..se por acaso repeti algo me avida..
Beijao, querida amiga!
Resposta do autor:
Olá Lailinha!
Precisávamos conhecer mais sobre Abigail, não é? E ninguém melhor de dona Quitéria para fazê-lo.
Latifah tem umas atitudes bem arrogantes e desagradáveis próprias do clã e de como foi criada. Mas ela não é de pedra e também tem outras atitudes bem interessantes. Você verá que muita coisa acontece ainda e vai se surpreender. E sim, o mundo é um ovo, e quando é fé a gente encontra com quem nem imagina.
Sayruci e Vera têm conversado por e-mail ao longo deste ano de 2015. A afinidade está aumentando... para ambas!
Quando se presta serviços na casa dos outros, vê-se muita coisa. As experiências de Vera, com as devidas licenças poéticas, vêm de experiências reais de pessoas que conheci. Eu mesma nao cheguei a trabalhar em casa alheia assim, mas já vivi muita situação maluca que retratei/retrato nos contos de alguma forma.
Sayruci aos pouquinhos está se soltando, ganhando força. É um processo. Zorayde, deixe ele acreditar que arruma noiva para a neta! kkk
Eu sabia que você ia se divertir. Esse capítulo tem umas doidiças que até eu acabei rindo! kkk
Beijos,
Sol
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Solitudine Em: 23/03/2025 Autora da história
Olá querida!
Minha história familiar também tem muitas tristezas. Os relatos me confundiam em algumas partes. Fico imaginando como terá sido. Esparramo esse passado nos meus contos de várias formas, salve a licença poética.
Vera passa por situações divertidas, loucas mas também humilhantes. Latifah somou-se neste time das que humilham. E vejamos como as coisas vão evoluir.
A caipira é ingênua, está apaixonada e é muito transparente. A simplicidade dela está dando força para Sayruci ter coragem.
Patrícia gira vários pratinhos no trabalho com Joelma, mistura os trem todos e nessa a chefia grita e ela corre!! kkkk
Eu sou criativa? Eu não! São as Dez Mais que são! rs
Beijos.
Sol