Capitulo 81
Capítulo 81º
Narrador
- Eu preciso de um favor. – Anna indagou entrando na sala da boate. Fitou Alice com ar preocupado. A loira notou que ela estava agitada, podia até ver um filete de suor escorrer por sua testa vagarosamente. O assunto deveria ser sério para ela subir as escadas correndo e estar naquele estado.
Era sexta-feira à noite, Alice decidiu passar por lá antes de ir para casa. Havia prometido a Rebeca que voltaria cedo, pois tinham planos de fazerem um jantar romântico.
- O que você precisa?
- Que você fique no meu lugar hoje. Eu esqueci que hoje é meu aniversário de namoro com Tália.
- Claro. Rebeca não vai gostar muito dessa notícia. Mas você fica me devendo uma.
- Obrigada. Eu te amo. – agarrou o pescoço da loira deixando beijos estalados em suas bochechas.
- Tem que me amar mesmo, estou arriscando meu casamento por sua causa.
- Você ainda não deu a resposta a ela, então não podemos chamar casamento. – afirmou, mas notou um olhar diferente em Alice. – Deu?
- Sim. Há alguns dias. É oficial, vamos nos casar. – afirmou sorridente.
- Como me escondeu isso? – levou as mãos a cintura em forma de reprovação.
- Não escondi. Só estamos sem tempo para conversar.
- Mais alguém sabe?
- Não. Você é a primeira.
- Melhor assim, por que eu já estava pensando em uma forma de te matar e esconder teu corpo. – comentou com ar de riso. – Quando vamos anunciar para todo mundo?
- Rebeca tem planejado um jantar para fazer isso. Mas estamos esperando que ela melhore por completo.
- Concordo. Merecemos um baita jantar. Agora me deixa ir que eu preciso me redimir com o meu amor.
Alice girou a cadeira, ficando de frente para a janela pensando em como sua vida parecia completamente encaminhada. E de uma forma que ela nunca imaginou que estaria. Observou os funcionários trabalhando, enquanto sorria satisfeita vendo que a boate era exatamente o sucesso que elas planejaram. Foi interrompida de seus pensamentos pelo celular que tocava sobre a mesa. A foto de Rebeca com Teodoro aparecia na tela. Ao ver sorriu ainda mais. Seu coração aquecia com todo o amor que sente por sua família.
- Oi, amor.
- Oi, linda. Ainda demora?
- Então, péssimas notícias. Anna teve que sair hoje e me pediu para ficar no lugar dela. Não tive como negar, afinal ela segurou a barra sozinha por tantos dias. Então vou ter que ficar.
- Jura? Tinha planos para nós. – indagou frustrada.
- Eu também tinha. Mas não contei com o esquecimento da minha amiga.
- Como assim esquecimento?
- Aniversário de namoro delas e Anna esqueceu. Saiu daqui desesperada.
- Ih! Se Tália sonha.
- Não conta. Vamos evitar uma briga entre às duas.
- Não vou contar nada. Pode deixar. É uma pena não te ter ao meu lado hoje.
- Eu sei amor, tudo que eu queria era um delicioso banho de banheira com você.
- Quem sabe amanhã.
- Sim. Amanhã. – escutou batidas à porta. – Amor, eu preciso ir. Tem alguém me chamando.
- Tudo bem. Boa noite. E juízo.
- Pode deixar. Eu te amo.
- Também te amo. Beijo. – encerrou a ligação. – Pode entrar.
- Alice, você viu a Anna?
- Oi, Thiago. Ela acabou de sair. Aconteceu algo?
- Sim.
- Estou indo. – levantou-se indo em direção ao homem.
Conforme os dias se passavam Rebeca ia se recuperando, mesmo que lentamente. Já havia começado a fisioterapia e já via evolução em seus movimentos. Ainda não conseguia se senti segura para segurar Teodoro sozinha, mas vez ou outra arrisca ficar com ele por alguns segundos quando estavam na cama. Para ela esse sem dúvida era o momento mais precioso do seu dia.
Sentir a pele macia, os cabelos finos. Analisar cada traço do filho era começar a entender as maravilhas de Deus. Por insistência de Alice, Rebeca concordou em continuar com Lívia por mais alguns dias. O que foi mais complicado foi a conversa com Tereza, que parecia irredutível na questão de deixar sua cozinha de lado. Assim acabaram decidindo que contratariam uma babá e deixariam Tereza na sua função.
Ela desligou o telefone. Fitou Teo que dormia ao seu lado na cama. A cada dia ela conseguia notar uma coisa diferente nele. Os traços já ficavam mais parecidos com os dela ao invés de Pedro.
Por falar em Pedro, sua morte continuava sendo investigada. Mas não houve nenhuma pista do que aconteceu. A moto do crime foi encontrada incendiada em uma rodovia e a polícia não conseguiu nenhuma imagem das câmeras de segurança do local do crime.
Para Rebeca ainda era estranha a sensação de ter perdido Pedro. Afinal sempre conheceu a melhor versão do amigo, e sabia que todas suas atitudes em relação à Alice eram movidas apenas pelo que ele sentia por ela. Não era como se em algum momento Rebeca tivesse sido apaixonada por ele, hoje conseguia entender que se deixou levar pelo charme de Pedro apenas para tentar tirar Alice de seu coração. O que foi uma tarefa perdida.
- Que cara de boba é essa, dona Rebeca? – Terê falou entrando no quarto.
- Só estava pensando.
- Pensando na Alice, aposto.
- Em quem mais seria, Terê. Amo minha futura mulher. – sorriu aberto.
- Não vem com essa coisa de futura mulher, já moram debaixo do mesmo teto, dividem uma cama e um filho. O que mais precisa para dizer que são casadas?
- Falta casar. – completou rindo e fazendo a mulher sorrir junto. – Lívia já foi?
- Sim. Disse que ia sair hoje. Parece que conheceu alguém. Vive de cochicho no telefone.
- E a senhora escutando, não é? – franziu o cenho. Tereza deu de ombros com ar de riso.
- Não tenho culpa se minha audição é boa.
Às duas continuaram ali jogando conversa fora. Rebeca sentia um carinho imenso pela senhora que sempre cuidou tão delas e agora faz isso com o pequeno Pedrinho, como ela carinhosamente o chama.
Na boate as pessoas começavam a entrar e Alice lentamente ia cumprimentando alguns conhecidos. Para ela essa era a pior parte, detestava ser o centro das atenções e era exatamente isso que acontecia quando ela ficava ali. Apesar de tratar sempre todos com muita cordialidade e educação parecia que não era se mundo, Anna era mil vezes melhor nisso. Estava cumprimentando uma turma de pessoa que a parabenizavam pela organização da boate até que seus olhos foram em direção a entrada e ela viu Lívia parada como se procurasse alguém.
Não pode deixar de notar toda beleza da mulher. Suas roupas um tanto despojadas lhe davam um ar jovem e descontraído. Os cabelos estavam ondulados e bem arrumados. A camiseta branca com uma estampa que Alice não soube distinguir por conta da pouca luz e da distância, a calça justa e tênis completavam o look. Foi então que a enfermeira encontrou o olhar de Alice. Lançou um sorriso em sua direção e um aceno com a cabeça. A loira retribuiu e em seguida pediu licença as pessoas e saiu.
Precisava saber se Barbara precisava de algo. O que ela não contava era que Lívia havia a seguido. Antes que conseguisse chegar aos bastidores do palco escutou a voz da enfermeira:
- Alice. – gritou fazendo-a parar.
- Oi. Precisa de algo? – sorriu meio incomodada pela aproximação.
- Não. Só fiquei surpresa que esteja aqui. Rebeca estava empolgada com o jantar de vocês
- Pois é. Anna precisou resolver algumas coisas e eu fui obrigada a ficar. – sorriu constrangida. Houve um instante de silêncio enquanto às duas apenas se observavam. – Eu preciso ir. Espero que a noite seja divertida para você.
- Obrigada. – sorriu e ficou observando a loira se afastar até sumir de seu campo de visão.
Alice encontrou Barbara conversando com Nanda. Às duas aparentemente estavam mesmo conseguindo manter o relacionamento. O casal sorriu virando-se para a loira assim que a avistaram.
- Olha só quem deu o ar da graça. – Nanda brincou caminhando até ela. Deu um abraço apertado na amiga.
- Pois é, estou de castigo hoje. A rotina lá em casa está corrida, o bebê, a Rebeca. – Alice sorriu.
- Imaginamos e entendemos. Mas que bom que vai curtir meu show hoje. – Barbara comentou.
- Não sei se é bem curtir. Afinal estou a trabalho, mas vou estar aqui. Você precisa de algo?
- Não. Tudo certo. E você precisa se divertir hoje. Deveria aproveitar a noite.
- Minha noite seria melhor aproveitada se eu tivesse em casa com meu filho e a minha namorada. – disse rindo e arrancando risos das duas.
- Mas com isso não é possível aproveite aqui. – Nanda insistiu.
- Vou tentar. Agora eu vou indo. Preciso ver se está tudo certo.
- Até já.
- Até.
Nesse momento Carmem acabava de adentrar a “The Valley”. Seu ar de mulher fatal chamava atenção por onde passava. Ela já estava acostumada a ser assediada. Em suas longas viagens, sempre frequentava boates e muitas vezes ia sozinha. Adorava se sentir livre. Hoje mais do que nunca conseguia viver sua vida sem se prender ao que o marido poderia fazer caso descobrisse suas aventuras.
Ela passou os olhos pelo ambiente. Sorriu ao perceber muitas mulheres olhando-a com interesse. Esse sem dúvidas era o momento que mais gostava, se sentir desejada fazia bem para o seu ego. Distribuiu alguns sorrisos com simpatia e interesse, depois seguiu para o bar. Encostou-se ao balcão e pediu uma bebida. Enquanto esperava continuava admirando o lugar. Do outro lado da pista seus olhos encontraram uma linda mulher de cabelos pretos. Parecia ter pouco mais de trinta anos. Conversava rindo com outra moça. Primeiro chegou a pensar que as duas estavam juntas. Até que outra mulher chegou abraçando a mais baixa e assim as três engataram uma conversa.
- Sua bebida, Carmem. – Thiago sorriu para a mulher. – Você hoje está uma perdição. – deu uma piscadela para ela que apenas sorriu.
- Eu sempre sou. – sorriu abertamente.
- Todas elas concordam. – falou apontando para sua volta.
- Mas hoje eu tenho um alvo específico. – falou voltando sua atenção para a mulher que antes a observava.
- Pelo olhar que ela está te dando acredito que você é quem é o alvo dela. – Thiago se inclinou cochichando enquanto servia mais uma pessoa.
- Quem é o alvo não me importa, só quero terminar minha noite com ela.
Afirmou isso abrindo um largo sorriso para a mulher que retribuiu com a mesma intensidade. Ficaram nesse flerte por alguns minutos, Carmem dispensou algumas mulheres que tentaram se aproximar dela. E sempre que alguém se aproximava notava o olhar da desconhecida em sua direção, mas quando percebia haver sido descoberta desviava tentando disfarçar.
- Vai mesmo ficar nisso a noite toda? – Thiago provocou.
- Se ela deseja algo vai precisar vir até mim. – afirmou passando o dedo na borda do copo.
- Pela quantidade de mulher que você recusou, acredito que ela pense ser melhor evitar mais um toco. Ou não. – concluiu indicando para que Carmem se virasse para ela.
- Se importa? – indicou o banco ao seu lado.
- De forma alguma. – Carmem sorriu para ela. Thiago tratou de sair de fininho.
- Senti medo de arriscar me aproximar. Mas confesso que o fato de ter recusado tantas mulheres me deixou muito curiosa. – ajeitou os cabelos, claramente jogando charme para Carmem que sorriu.
- Recusei todas esperando a certa tomar coragem e vir até aqui. – foi a vez de Carmem provoca-la, mas de uma forma bem direta.
- Fico feliz de ter vindo, então. Prazer, sou Lívia.
- O prazer é todo meu, espero que tanto agora quanto mais tarde. – apertou sua mão. – Me chamo Carmem. Quer beber algo?
- Carmem. – repetiu como se saboreasse cada letra. – Lindo nome, para uma linda mulher. Espero beber muitas coisas hoje. Mas pretendo começar pelo que você está bebendo. – a mais velha sorriu satisfeita e acenou para Thiago que logo trouxe mais duas bebidas.
A conversa entre as duas fluiu de forma natural. Falaram sobre coisas aleatórias sem envolverem-se em conversas profundas sobre suas respectivas vidas. Dançaram juntas sem perder o jogo da sedução. O que arrancou olhares de muitas pessoas. Thiago se divertia vendo Carmem tão entregue. Estava acostumado a vê-la beijar muitas bocas na mesma noite, mas até agora, apesar de estar bem envolvida com Lívia nada havia acontecido.
- Uísque. – Alice pediu ficando próxima a ele.
- Oi, chefinha. Resolveu se entregar a curtição?
- Não. Só preciso beber algo para me manter acordada. – falou bocejando.
A loira claramente estava muito cansada. Olhou na direção da pista e passou a mão nos olhos imaginando estar vendo uma miragem. Carmem estava dançando colado com uma morena. Esfregou os olhos e fitou novamente as duas.
- Não é miragem, sua sogra está com tudo hoje.
- Percebi. – foi então que a acompanhante ficou de frente para Alice. – Puta que pariu. – arregalou os olhos.
Lívia fitou-a com curiosidade, mesmo tendo a cintura segurada pelas mãos firmes de Carmem quando avistou Alice seu sorriso morreu gradualmente.
- Linda, não é?
- Sim. – afirmou. – E ainda por cima é a enfermeira da minha esposa.
- Mentira?! Que babado. – Thiago começou a rir. - Fam
Carmem segurou o corpo de Lívia colando ao seu. Afastou os cabelos dela e beijou seu pescoço. A enfermeira sentiu seus pelos se arrepiarem. O cheiro amadeirado do perfume de Carmem já estava misturado ao dela. Virou-se para ela. E sem pudor segurou seu pescoço e beijaram-se. Alice continuava observando, estava pesando no que a namorada ia dizer quando soubesse que as duas ficaram. Afinal pelo rumo que o beijo estava tomando as duas iriam embora juntas.
- Carmem nunca me decepciona. – Thiago disse sorrindo. – Ela não conheceu a mulher na sua casa?
- Não. Algumas vezes que ela foi nos visitar Lívia não estava. Mas isso não importa, as duas são adultas e solteiras.
Alice tomou a segunda dose de seu uísque e resolveu ir para o escritório. Subiu as escadas evitando algumas pessoas que insistiam em puxar assunto com ela. Educadamente recusava as bebidas que recebia de algumas mulheres mais atrevidas. Abriu a porta da sala, acendeu apenas uma das luzes. Sua cabeça estava prestes a explodir. Estava cansada e tudo o que desejava era ir para casa, ficar com o filho e Rebeca.
Caminhou até a sua mesa, puxou a cadeira e se sentou. Apoiou os cotovelos sobre a mesa, em seguida abaixou a cabeça apoiando-a em suas mãos. Fechou os olhos por alguns segundos na esperança de descansar. Ouviu um barulho vindo da porta. Assim que ela se abriu a figura de Carmem acompanhada de Lívia apareceu.
- Alice? O que faz aqui hoje? – a mulher questionou assim que avistou a nora. Soltou rapidamente a mão de Lívia.
- Trabalhando. – respondeu sem muita importância. Mas sem deixar de notar a situação embaraçosa.
- Ah! Claro. Essa é a...
- Nós já nos conhecemos. – Lívia estava claramente sem graça.
- Conhecem? De onde? – Carmem indagou curiosa.
- Lívia é a enfermeira da sua filha. – falou de uma vez só.
- Espera! Você é mãe da Rebeca? – foi a vez de Lívia ficar curiosa. Fitou Carmem com os olhos arregalados de surpresa.
- Sim. Alice, eu não sabia. – tentou se justificar.
- Carmem, vocês são solteiras. Os cuidados de Lívia com Rebeca estão prestes a acabarem. Não vejo problema em vocês se relacionarem.
- Mas Rebeca...
- Rebeca é adulta. E acredito que ela tem mais o que fazer do que se importar com quem você está dormindo.
As duas trocaram um olhar cúmplice, Carmem conseguiu relaxar um pouco mais com a resposta que Alice deu. A loira percebeu a intenção da sogra em levar a enfermeira até ali. Ficou de pé, dando dois passos em direção ao casal.
- Estou descendo. – fitou a mulher que apenas sorriu. – Sem zona aqui. É melhor não esquecerem nenhuma peça de roupa ou Anna vai pensar que eu traí Rebeca. E eu não quero ter que explicar nada. – comentou com ar de riso.
- Pode deixar. – sorriu para ela.
Quando Alice fechou a porta as duas caíram na risada. Do lado de fora ainda pode escutar o riso das duas e foi impossível não fazer o mesmo, imaginando que a sogra inaugurou seu escritório antes dela. Desceu de volta para o bar, mas no caminho encontrou Miguel, Cadu, Rick e Nanda que estava vidrada na performance de Barbara no palco.
- Amiga, a senhora sapatão casada na farra? Que milagre é esse? – Miguel falou abraçando-a calorosamente.
- Não tive muita opção. – respondeu sorrindo. – Como estão? – cumprimentou os demais.
- Estamos bem. – responderam em coreto.
- Quer beber algo? – Miguel ofereceu.
- Acho melhor não, estou com bastante sono já. – respondeu se sentando. – Como está a vida de casado? – indagou logo que o amigo ficou ao seu lado.
- Maravilhosamente bem. Se eu soubesse ser tão perfeita nem teria evitado tanto tempo.
- Fico feliz por você. – tocou sua perna.
- E você, como está?
- Tirando o cansaço estou ótima.
- A situação com o Pedro foi bem punk, né?
- Sim. Mas a terapia tem me ajudado.
- Isso é ótimo. E o neném, quando vamos poder ir conhecer?
- Assim que quiserem. Basta combinar.
- Eu sei. Só pensamos que seria melhor deixar a Rebeca melhorar.
- Agradeço pelo cuidado. – os dois sorriram amigavelmente.
No andar de cima quando Carmem conseguiu parar de rir fitou Lívia. A enfermeira se tocou do que estava prestes a acontecer. Não era de seu feitio trans*r casualmente. Mas Carmem era uma mulher tentadora demais. Seu ar sedutor era algo difícil de resistir.
A mais velha caminhou até ela. Segurou sua mão carinhosamente. Fitou seus olhos e em seguida indagou:
- Você se importa com o fato de que eu sou mãe da sua paciente?
- Não. Como Alice disse daqui a pouco meus serviços não serão mais necessários.
- Então o que aconteceu? Percebi que ficou um tanto recatada.
- É que eu não sou assim. Não transo em primeiro encontro.
- Ah! Não foi o que me pareceu agora a pouco quando você se aproximou de mim. – deu um sorriso.
- Precisava de algo para ficar ao seu lado. Não queria ser mais uma das que você dispensou.
- Então me enganou direitinho. – Lívia riu de canto. – Não tem problema. Podemos apenas tomar algo e conversar. O que me diz?
- Você vai aceitar não trans*r comigo?
- Sim. Apenas hoje, assim quem sabe podemos ter um segundo encontro. Você trans* em segundo encontro ou vou precisar de mais alguns? – indagou com ar de riso. Caminhou até o frigobar.
- Talvez no segundo. – respondeu entendendo que a mulher havia comentado aquilo apenas para quebrar o clima que ficou.
– Ótimo. Mas o que fez você pensar que eu não aceitaria apenas conversar com você? – parou servindo dois copos.
- Você não me parece o tipo de mulher que perde uma oportunidade. E claramente dispensou as outras para eu ir até você. O que me fez pensar que eu seria sua presa da noite. – Carmem deu um riso abafado. Entregou o copo para Lívia. Seus dedos se tocaram e a enfermeira sentiu uma corrente elétrica passar por seu corpo.
- Já perdi muito tempo mesmo. Um casamento de aparências e muitas traições.
- Está separada?
- Sim. O crápula do meu ex-marido está preso. Desde então tenho tentado recuperar o tempo perdido. – bebeu um pequeno gole de seu uísque. – Mas não significa que só quero sex*. Bom, na maioria das vezes é isso mesmo. – confessou arrancando um riso de Lívia. – Mas não vou passar minha vida apenas buscando o sex*.
- Que bom que pensa assim.
- Agora você já sabe algo sobre mim. Mas e você, alguma ex?
- Sim. Mas já faz muito tempo. Separação completamente amigável. Inclusive ela está aqui hoje com a atual.
- Ah! Aquele casal que estava com você?
- Sim.
- Por isso pensei que vocês eram um casal. Era por já terem sido um.
- Pensou?
- Sim. É bem notória a intimidade entre vocês. Mas confesso que fiquei feliz quando a outra chegou a abraçando. Significava que você estava sozinha.
- Então estava me observando? – questionou com um sorriso.
- Sim. E você a mim. – não foi uma pergunta ela apenas afirmou.
- Não sei o que você tem, mas meus olhos não conseguiam desgrudar de você. – falou deixando o copo em cima da mesinha.
Já que estavam sentadas em lugares diferentes e com uma certa distância, Lívia se levantou e foi até Carmem. A mais velha acompanhou o movimento do quadril da enfermeira enquanto ela caminhava, completamente hipnotizada pela beleza da outra. Deixou que ela tirasse o copo de sua mão, depositando em cima da mesinha. Os olhos de Carmem foram dirigidos para os carnosos lábios de Lívia, que provocativamente umedeceu com a ponta da língua.
- Isso é um jogo perigoso. – Carmem falou em um fio de voz.
- Eu sei. E espero que haja duas vencedoras. – falou isso sentando no colo dela.
Carmem apertou sua cintura. Queria despi-la, e poderia facilmente fazer isso apenas pela forma desejosa que a olhava. Lívia sabia quais eram as intenções da mais velha, mas não poderia negar o desejo que estava sentindo. Sua mente viajava imaginando o que encontraria por baixo daquelas roupas que usava. A única parte de fora era seu busto exibido pelo decote um tanto avantajado.
- Não faz isso. – suplicou sentindo as mãos dela acariciando sua nuca. Sua voz saiu falhada. Deixando transparecer todo o desejo que já sentia.
- É apenas um carinho. – sussurrou em seu ouvido.
- Para mim não é apenas um carinho. É o botão que ativa o furacão Carmem. – respondeu entre dentes.
- Furacão? No mínimo você é uma ventania. – provocou trocando um intenso olhar.
- Garota, você não vai querer me testar. – apertou sua cintura, trazendo-a para mais perto.
Soltou uma das mãos e agarrou os cabelos dela, trazendo seus lábios para junto dos dela. Lívia sorriu ao perceber que sua provocação surtiu efeito. Abriu espaço para a língua de Carmem deslizar em sua boca com movimentos deliciosos que lhe arrancaram suspiros. Movida pelo desejo que sentia Carmem deixou suas mãos passearem por baixo da blusa, o toque na pele quente fez a mulher segurar um gemid* de excitação. Percebendo que não seria reprovada por sua atitude ousou um pouco mais e tocou os seios, apertando-os sem tanta delicadeza, mas não a ponto de machucar. Mesmo por cima do sutiã sorriu percebendo o que causava na enfermeira.
Lívia não interrompeu o avanço de Carmem. Seu corpo estava em chamas, desejoso do toque dela. Poderia dizer que a pegada da mais velha era sem dúvidas a melhor que já teve, mas queria ver tudo. Tudo o que ela poderia lhe proporcionar. O beijou foi interrompido por Carmem apenas para ela poder fitar os olhos de Lívia. O sorriso que trocaram foi sincero. Não foi preciso usar palavras para dizer que o beijo despertara muitas coisas.
- Deveríamos descer.
- Está com medo? – Lívia indagou com ar de riso.
- De você? Não. De mim? Sim. Veja bem, você está sentada no meu colo, me beijando de uma forma um tanto quanto safada. Não sou de ferro.
- Só queria saber onde estava o furacão Carmem. – provocou passando a ponta do dedo no decote dela.
Carmem acompanhou o movimento que a outra fez. Mordeu o lábio sentindo sua pele arrepiar. Não deixaria aquilo barato. Se pôs de pé segurando Lívia pela cintura. deitou-a no sofá enquanto vagarosamente começou a tirar sua própria blusa. A enfermeira perdeu o ar com as lindas sardas que ela exibiu com o pouco da sua nudez. Não queria piscar, seus olhos estavam vidrados, hipnotizados no sutiã vermelho que escondia os seios da mulher a sua frente. Adorava observar o quanto ela se sentia segura com o corpo. Isso só a encantava ainda mais.
Lívia não perdeu tempo retirando sua própria camiseta. Em seguida o corpo de Carmem colou ao seu tomando sua boca em um beijo intenso. Lívia sentia seu ventre doer. Pensou em reclamar quando Carmem interrompeu o beijo. Sua cara indignada arrancou um sorriso de satisfação da mais velha. Que logo tratou de iniciar beijos delicados em seu busto e pescoço.
A enfermeira estava completamente rendida. Não conseguia pensar em mais nada que não fosse as mãos de Carmem em seus seios. Como se lesse seu pensamento a mulher apertou um dos montes passando a ponta do dedo na borda do sutiã.
- Eu preciso te sentir. – sussurrou em seu ouvido.
- A vontade. – incentivou.
Carmem deu um sorriso de canto, enquanto fitava os olhos de Lívia foi até o cós de sua calça e sem pressa abriu o botão e em seguida o zíper. Deslizou a ponta dos dedos do pescoço até seu ventre. Lívia pensou em muitos palavrões, mas se manteve vidrada nas atitudes da mais velha, quase em uma hipnose.
- Por favor. – suplicou.
A mulher sorriu com malícia, conseguiu exatamente aquilo que desejou desde que colocou seus olhos em Lívia. Agilmente sua mão desceu para dentro das pernas dela. Gem*u ao constatar o quanto ela estava molhada. Deixou o peso de seu corpo ir ao encontro do da enfermeira que cravou suas unhas vermelhas nas costas dela. Enquanto gemia em seu ouvido. Carmem se deliciou com a voz rouca de desejo iniciando movimentos mais intensos e profundos.
Não demorou até que sentiu que ela alcançaria o ápice do prazer. O que aconteceu durante um beijo intenso, enquanto gemia sentindo seu corpo inteiro vibrar Lívia mordeu os lábios de Carmem com força, pode até sentir gosto de sangue.
- Isso foi ótimo. – falou com a respiração entrecortada.
- Que bom que gostou. – Carmem falou com um largo sorriso.
- Machuquei sua boca. Desculpa. – passou a ponta dos dedos na ferida.
- Não se preocupe com isso. – tranquilizou-a.
- Claro que me preocupo. Essa boca é tentadora demais para ficar machucada.
- Tentadora? – questionou com a sobrancelha erguida.
- Sim. E acredito ser agora minha vez de te conhecer mais profundamente. – falou já invertendo as posições.
Na parte de baixo o grupo de amigos continuava em uma conversa animada. Quando Barbara acabou o show se juntou a eles. Ela e Nanda eram puro romantismo uma com a outra. Aquilo fez Alice sentir saudades de Rebeca. Por mais que estivesse cercada de gente sentia como se estivesse sozinha. Mas de certa forma foi bom conversar com Miguel, já que desde a confusão com Virgínia a amizade deles havia ficado um pouco abalada.
Alice sentia falta do amigo, mas também conseguia notar que Rebeca não parecia muito receptiva para o rapaz. Entendia que com a vida de casados agora ficava um pouco mais complicado de saírem juntos. Mas pensaria em algo para fazer com ele e Anna qualquer dia desses.
Já era madrugada quando se despediu dos amigos e dos funcionários. O segurança a esperava do lado de fora. Deixou que o homem dirigisse, pois ela estava com bastante sono. A ida até em casa não foi longa, deixou as chaves na mesa ao lado da porta de entrada. Começou a tirar a roupa enquanto caminhava para o quarto.
Abriu a porta tentando não fazer barulho e Rebeca dormia tranquilamente. Sorriu ao sentir o cheiro delicioso do perfume da mulher em todo o ambiente. Antes de ir de encontro a ela, foi para o banheiro e tomou banho. Em seguida deitou ao lado de Rebeca, depositando seu nariz na curva do pescoço dela, aspirou demoradamente o que fez com que ela despertasse.
- Oi, meu amor. – falou com a voz rouca de sono.
- Oi, minha linda. Desculpa ter te acordado.
- Não precisa se desculpar. Sempre deve me acordar quando chegar. – bocejou. – Como foi?
- Tudo normal. – beijou seu ombro enquanto apertava sua cintura. Mas lembrou de Carmem e Lívia juntas. – Sua mãe estava lá.
- Mesmo? Pelo visto ela está com tudo na caça. – sorriu baixinho.
- Sim. Está. Inclusive ela estava acompanhada hoje.
- Que bom! Espero que ela encontre alguém.
- Não quer saber quem era?
- Não. – bocejou novamente. – Possivelmente não vai passar de uma noite.
- Tudo bem então! Eu te amo. E você deveria voltar a dormir.
- Eu também te amo e concordo plenamente com você.
Deram um leve beijo. Alice logo notou que a namorada dormia profundamente. Assim que a loira fechou os olhos a babá eletrônica indicou que Teodoro havia acordado. Alice se levantou mesmo de olhos fechados e foi até o quarto do filho. Nessas horas ela entendia que a vida das duas jamais seria a mesma. Teodoro tomava boa parte do tempo delas, e isso nunca iria mudar. Mesmo quando, ele estivesse maior. Via a preocupação de suas mães com ela e os irmãos, e sabia que não diferiria com Rebeca e ela.
Sua preocupação era em qual exemplo daria ao filho. Se seria mesmo uma boa mãe para ele, assim como Larissa e Isabella foram-lhe e os gêmeos. Outra pergunta que sempre se fazia era sobre ter mais filhos. Não havia conversado com Rebeca sobre isso ainda, mas queria mais. Talvez adotar se fosse o caso de Rebeca não querer engravidar de novo, pois engravidar nunca fez parte dos planos da loira.
Enquanto amamentava Teodoro se perdeu nesses pensamentos. O menino se acalmava assim que sentia a mamadeira em sua boca. Ela fitou a face adormecida e sorriu. O colocou de volta ao berço, depositou um beijo em sua testa e saiu em seguida. O sol já dava sinais do lado de fora. Ela bocejou enquanto caminhava de volta para a cama. Encaixou seu corpo ao da namorada e em seguida adormeceu tranquilamente.
Fim do capítulo
Boa leitura. Juro que vou respponder os comentários. Espero que todas estejam bem. Beijo no coração.
Comentar este capítulo:
preguicella
Em: 06/03/2022
Rebeca vai amar a mãe com a enfermeira! Que não sobre pra Alice, ela tentou contar, Rebeca que não quis saber!
Bju
Resposta do autor:
Bom argumento para defesa da loirinha. kkk
paulaOliveira
Em: 27/02/2022
Carmen e LÃvia, e o fogo de milhões kkk será que vinga?
Alice perfeita como mãe, quero ela pra mim. Kk
Resposta do autor:
Tomara que encendei tudo.
Deixa a mulher da outra, talarica. kkk
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