A AUTORA por Solitudine
EU, A AUTORA - 2
--Mamys! – Latifah chegava em casa animada – Tenho fofocas quentíssimas pra te contar! – falava alto
--Boa tarde, dona Latifah. – a governanta cumprimentou educadamente -- A mãe da senhora está lá na beira da piscina. – informou a jovem
--Thanks, Margô! – agradeceu e seguiu de encontro a mãe – Mamys! – chamou ao avistá-la sentada na beira da piscina
Virou-se para ver a filha. – Oi, querida. – sorriu – Como foi seu dia?
--Mil coisas pra te contar! – beijou a cabeça da mãe e se sentou ao lado dela – Depois que saí do cursinho fui pra uma sessão de fotos pra S.Hterny, e olha, pousei com cada joia tão linda, mamys! – gesticulava – Aí o pessoal da Rota IG Turismo me pediu pra gravar uma chamadinha pro carnaval 2015 e como tava pertinho passei lá no nosso hotel. – contava – Dei de cara com papys cercado de repórteres dando entrevista no hall! – sorria – Aí cheguei junto e você não sabe qual é o assunto do momento! – deu um tapinha na coxa da mãe – A recepção que você organizou foi um tremendo sucesso! Não se fala de outra coisa nas colunas sociais, daí!
--É mesmo? – sorriu satisfeita em saber – “Quero só ver o que Samir e meus sogros vão ter a coragem de dizer dessa vez!” – pensou sentindo-se vingada
--Sim! E era simplesmente o pessoal da revista Chic Watch! – falava com empolgação – Mamys, eles me disseram que a recepção foi citada até nas colunas sociais do Rio, de São Paulo, de Brasília e do Recife! Olha que must!
Achou graça da empolgação da filha. – Bem, pelo menos se o evento era importante pros negócios do seu pai, ele teve a visibilidade que precisava. – passou a mão nos cabelos
–Papys é nada sem você, mamys! – levantou-se – E olha só, pelo que pesquei, ele vai te dar uma joia de presente. Aliás, a dica quem deu fui eu. Tinha acabado de sair da S.Hterny, tava ciente das novidades. – piscou para a mãe – Agora eu vou tomar um banho, cuidar de mim e mais tarde gravar um vídeo sobre maquiagem pra abalar na night! – deu tchauzinho – Bye!
--Espera, filha, a gente precisa conversar um pouco mais. – tirou os pés da água – Você já decidiu o que vai fazer pra investir no seu futuro profissional? – perguntou preocupada – Não será um cursinho de teatro e essas sessões de fotos e vídeos que...
--Mamys, a gente é rico! – interrompeu bruscamente a fala da outra – Eu não preciso pensar em futuro. – deu tchauzinho novamente – Deixe eu ir que o tempo voa! – seguiu para dentro da casa – Margô! – chamou a governanta – Prepara a banheira pra mim que eu quero um banho com aqueles sais que tia Joumana me trouxe do Omã! – gesticulava afetada
“Como pode essa menina só se preocupar com coisas tão supérfluas?” – pensava olhando na direção que a filha seguiu – “Eu tentei ensinar tantas coisas pra ela e não consegui...” – lentamente virou-se para a piscina – “Talvez minha sogra tenha razão. Eu falho em tudo que tento fazer...” – olhava para a água
***
Sayruci penteava os cabelos perdida em mil pensamentos. Sentada na cama, usava um babydoll rosa chá.
--Eu lembro desse babydoll. – Samir contemplava a esposa encostado na porta do quarto – Te dei de presente quando estivemos naquela convenção sobre hotelaria no Rio de Janeiro. – aproximava-se devagar
--É verdade. – olhou para ele
--Veja o que eu trouxe pra você. – sentou-se do lado dela e abriu uma pequena caixa – Colar estilo Dubai Gold 18 quilates, diamantes brancos e topázio azul. – anunciou solene – Ainda temos brincos para combinar. – sorriu
Sayruci olhou para as joias e se impressionou. “Minha nossa, isso deve ter custado uma fortuna!” – pensou surpreendida – E por que? – fingiu não saber
--Pela recepção maravilhosa que você organizou no nosso restaurante! – beijou-a nos lábios brevemente – Vamos, segure seu presente. – pediu e ela atendeu – Quero vê-la usando essas joias amanhã à noite no jantar que iremos na casa dos Nahim. – levantou-se – Será um jantar de negócios então dê bastante atenção à esposa de Rachid. – orientou – O filho deles vai estar lá, então seria interessante Latifah nos acompanhar. – continuava falando enquanto tirava o terno e a gravata – Esteja acordada quando eu sair do banho. – olhou para ela com um sorriso malicioso – Quero tê-la por longas horas esta noite! – soprou um beijo e seguiu para o banheiro
“Ai, não...” – pensou agoniada
***
Samir dormia pesadamente roncando com a boca aberta. Sayruci estava de pé, encostada na janela e olhando sem ver o que se passava do lado de fora. Sempre que fazia sex* com o marido sentia-se como alguém que se entrega a um estupro por vontade própria, mas naquela noite, felizmente, o homem novamente não conseguiu ter uma boa ereç*o e seu martírio durou muito pouco. Pensando em si mesma, constatava mais uma vez sua insatisfação com a realidade que vivia há tantos anos.
“O que tem sido minha vida em todos esses anos?” – questionava-se mentalmente – “Moro nessa mansão de 3 andares com direito a heliponto no quintal, tenho status, um sobrenome de peso e mais uma coleção de joias e me sinto a mulher mais miserável e solitária do mundo!” – derramou uma lágrima – “Meu casamento é minha prisão, minha própria filha é distante de mim e o resto da família... parece que sou sempre um patinho feio no lago de todos eles.” – sentia o peito doer – “Vivo como se fosse outra pessoa, uma personagem, e não eu mesma...” – secou os olhos com as costas da mão e se dirigiu ao quarto de hóspedes para continuar escrevendo seu mais novo conto – “É somente na pele de Khaalii, uma autora anônima no mundo lésbico virtual, que sinto um lampejo de liberdade.” – sentou-se diante do notebook para escrever – “E crio um mundo só meu onde posso ser amada e feliz.” – preparava-se para escrever
E de repente me dei conta que passei a vida inteira fingindo ser o que não sou! Passei a vida me escondendo! Primeiro dos meus pais, depois das críticas, do preconceito e de uma das coisas que eu mais tenho medo na vida: rejeição! Passei a vida mentindo para esconder cada vez que amei, que sofri por amor, que me iludi... Agora é hora de rasgar o véu: eu quero viver!
--Quisera eu ter coragem de rasgar esse véu... – falava para si mesma – Ter coragem de ignorar tudo que dissessem, todas as críticas, a condenação do meu clã e de todos os outros que lidam conosco! – passou a mão nos cabelos – Eu sequer tenho uma amiga pra desabafar! – constatou – E nem saberia como trazer o assunto numa conversa com Latifah... – considerou – Que conversa? Ela nunca tem tempo! – deu um suspiro profundo – Será que se as mulheres que leem o que escrevo soubessem dessa minha covardia, elas ainda teriam um pingo de admiração por mim como fazem questão de demonstrar? – questionava – Será que teriam ainda disposição em ler o que escrevo? Não achariam uma grande farsa? – debatia-se em dilemas mentais
***
--Então a companhia aérea me fez passar por essa experiência traumática! – uma mulher falava com afetação – Mandar o meu bichano, meu filhinho tratado a pão-de-ló, pra Salvador, enquanto eu vim aqui pra Natal! – jogou os cabelinhos – Pensei que fosse morrer! -- exagerou
--É muita falta de respeito mesmo, senhora! – o gerente concordava solícito
--Mas eu não deixei por menos! – afirmou resoluta -- Registrei uma queixa e chamei até a polícia!
--No que fez muito bem! – o homem concordou balançando a cabeça – E quando esses irresponsáveis trarão seu bichinho de volta? – perguntou interessado
–A companhia aérea se comprometeu a entregar meu bichano aqui no hotel até às 20h de hoje, no máximo. – pôs as mãos sobre o peito – Mas eu não aguentarei esperar porque fiquei com uma enxaqueca que está me matando!
--O que nós pudermos fazer pra ajudá-la... – respondeu de imediato – Posso ligar pra um médico local de minha inteira confiança e pedir pra ele vir vê-la aqui no hotel! – ofereceu
--Não precisa. -- fez um gesto despreocupado – Eu já tomei um analgésico poderoso e dentro de instantes vou relaxar na piscina. – tirou os óculos escuros da cabeça e os guardou na bolsa – O que eu preciso é que alguém receba meu bichano por mim e me entregue meu filhinho nos braços tão logo ele chegue. – olhava para o gerente – Esteja eu onde estiver! – discretamente estendeu uma gorgeja para o homem
--Certamente, senhora! – o homem concordou de pronto – Vou designar uma funcionária de minha inteira confiança pra que cuide disso. – olhou para o balcão da recepção – Abigail, por gentileza. – acenou para ela
“Minha Nossa Senhora, o que será que ele quer?” – antevia o pior – Um minuto. – interrompeu o que fazia e se aproximou do chefe e da hóspede – Boa tarde. – cumprimentou solícita. A mulher não respondeu
--Boa tarde. – o chefe saudou – Abigail, esta é a senhora Martina Castrodeza, uma hóspede muito distinta que temos a honra de receber aqui no Morada dos Deuses Palace Hotel, -- bajulava a mulher – e ela acaba de passar por uma experiência muito traumática.
--Oh, nem me fale! – Martina concordou com um gesto afetado
--A companhia aérea entregará o bichano dela no hotel até às 20h de hoje e você está encarregada de recebê-lo. – ordenou à funcionária – E assim que isso acontecer, leve o animalzinho para dona Martina esteja ela onde estiver! – destacou
--Até às 20h? – perguntou espantada – “Mas meu horário vai até às sete!” – pensou revoltada
--Obrigada, senhor Duarte. – Martina agradeceu – E você, por favor, -- dirigia-se a Abigail – muito cuidado com meu filhinho, pois é um bichinho tratado à pão-de-ló! – advertiu
--Ela terá, tenha certeza! – o homem garantiu
--Mas eu... – tentava objetar
--Obrigada! – agradeceu ao homem – Fico no aguardo. Com licença. – jogou os cabelinhos mais uma vez e se afastou
--Duarte, isso não tá certo, não! – foi logo dizendo – Meu horário vai até às sete da noite! E se esse bicho só aparecer aqui às oito mesmo? – gesticulava -- Eu moro em Filinho Tuburão, lá é perigoso! E depois das sete e meia, os ônibus que me servem demoram que misercórdia! – reclamou
--Abigail, é simplesmente receber um gato! – respondeu de cara feia – E nada impede dele ser entregue antes das sete. – ajeitou a gola da camisa – Se chegar depois também não será o fim do mundo!
--A escravidão já acabou, visse? Eu tenho horário! – continuava reclamando – Se eu quiser sair mais cedo depois disso você vai deixar, por acaso?
--É claro que não! – discordou – Isso aqui é um hotel, não é um boteco que se sai e entra quando se quer! – continuava de cara feia
--E se entregarem o gato da mulher com algum defeito, como é que eu vou saber? – continuava argumentando – Pelo comido, rabo roído, esse tipo de pistinga?
–Abigail, entende a mensagem: -- respondeu com decisão -- você vai receber o gato da senhora Martina e fim! – afastou-se da outra
Deu um suspiro profundo. – E eu que nem gosto de gato! – resmungou consigo mesma
***
--Pode deixar, senhora, tão logo tenhamos qualquer novidade a senhora será a primeira a saber. – Rita falava ao telefone com uma hóspede – Boa noite. – desligou
--Não me diga que era a madame querendo saber do tal bichano? – Abigail perguntou de cara feia – Ave Maria, que essa mulher já ligou pra cá umas dez vezes! – reclamou
--Dez vezes que você atendeu! – Rita destacou ao se aproximar da impressora – Só eu atendi umas seis, contando com essa. – ajeitou uns documentos no escaninho
--Já vai dar de sete e meia e nada dessa peste aparecer! – Abigail olhou rapidamente para o relógio – Cheguei a ligar pra sala da companhia aérea no aeroporto e só dá ocupado. Ou então chama, chama e ninguém atende. – fazia umas tarefas no computador
--Adriano já chegou pra nos render. – Rita comentou com a colega – Eu fiquei aqui até essa hora pra te dar uma força mas não seguro mais, não, amiga. – falava com sinceridade – O marido já deve tá chegando em casa e vem com a fome de um batalhão!
--Tudo bem, Rita, agradecida por demais! – respondeu com a verdade – Vou ficar mais meia hora e se esse bicho não chegar, que se dane!
Rita foi para o banheiro se trocar e partiu pouco depois. Adriano assumiu o lugar dela, tendo recebido uma família de cinco hóspedes que acabava de chegar.
--Oito horas! – Abigail confirmou olhando para o relógio – Adriano, vou me trocar pra ir mimbora, visse? – advertiu ao colega
--Vá mesmo que ninguém entrega mais gato nenhum a essa hora. – concordou ao desligar o telefone – Pode deixar que daqui a pouco eu digo pra madame que você ficou aqui até de oito horas mas ninguém apareceu e você teve que ir. – olhava para a colega – Ói, um hóspede acabou de ligar dizendo que o restaurante não entregou o pedido dele e o ramal de lá só dá ocupado. Eu vou passar lá pra ver o que tá acontecendo. – informou – A recepção vai ficar sozinha, mas paciência. Duarte não dispensou o cabra que trabalhava comigo no turno da noite? Quem mandou?
--Vá lá. – concordou – E obrigado!
Adriano fez um gesto de cabeça e foi para o restaurante. Abigail se preparava para ir ao banheiro trocar de roupa e partir quando um entregador surge carregando uma grande caixa de transporte de animais.
--Não acredito! – a mulher exclamou estupefata – “Que merd*!!!” – pensou contrariada
--Boa noite, dona. – o homem cumprimentou humildemente – Esse é o gato da senhora Martina Castrodeza. – leu rapidamente em um papel – Foi a companhia aérea que mandou entregar. – colocou a caixa no chão – É que me informaram o hotel errado e eu fui parar lá em Ponta Negra. Esperei bem uns 30 minutos pra me dizerem o nome do hotel certo. – justificou-se por perceber a contrariedade da outra – A senhora assinaria a declaração de recebimento? – sorriu envergonhado
--Eu vou fazer melhor! – pegou o telefone e discou um número – Ligar pra dona dele e ela mesmo assina. – ouvia chamar sem sucesso – Oxe, que a bicha não atende! – resmungou contrariada – Ah! – desistiu de esperar – Deixe que eu assino, vá? – estendeu a mão
--É aqui. – mostrou a linha
A mulher assinou rapidamente. – E o bicho veio sem defeito, né? – olhou para o homem ao devolver o papel – Não queimaram, cortaram o rabo, furaram um olho, nada disso, não, né? – perguntou desconfiada
--Que eu saiba não. – guardou o papel na pochete – Eu sei que trouxe com o maior cuidado, visse? – garantiu – O que pode acontecer é o bicho tá com fome, porque ficou muitas horas viajando...
“Sem contar que deve ter cagado e mijado nessa caixa!” – pensou ao revirar os olhos – Tá bom, seu moço, vá simbora que eu vou levar esse bicho pra dona dele e ela que cuide do que fazer. – foi pegar a caixa
--Tá bom. Boa noite. – despediu-se e partiu
--E Adriano ainda foi resolver peitica de restaurante. É muito azar o meu! – ergueu a caixa – Ave Maria, que gato pesado é esse? – espantou-se – Quando o rapaz carregava parecia tão leve! – dirigiu-se ao elevador
--HUAUU!! – o gato rosnou alto dentro da caixa
O elevador abriu e ela entrou. -- Eu hein? – selecionou o andar da hóspede e ergueu a caixa um pouco mais para olhar através das grades – Oxe, que bixiga é isso? – constatou espantada – Gato de topete! Parece até a dona dele com aquele topetão louro cheio de laquê! – falava sozinha
--HUUAU!! – rosnou furiosamente mais uma vez esfregando as unhas nas grades da caixa. Nisso arranhou o dedo mindinho da mulher
--Ai, miserável! – recolheu a mão rapidamente e acabou derrubando a caixa no chão – Ave Maria, Pai Santo, a caixa abriu! – exclamou com medo
E nisso, o elevador chega no andar desejado e para sem abrir as portas.
--Isso é hora de dar enguiço?? – apertava no botão de abrir portas mas sem sucesso – Mas que merd*!! – tentou o botão de alarme -- Não toca por que?? – continuava apertando
Subitamente o gato pulou para fora e se agarrou na saia de Abigail.
--Tá me arranhando, praga! – tentava se desvencilhar do bicho -- Meu Deus, olha isso!!! – sacudia a saia desesperada
--HUAUU!!! – o gato rosnou antes de pular para se agarrar nos cabelos da mulher
––AHAHAHAH!!!!!! -- gritou desesperada – Me solta, gato do Cão! – tentava se desvencilhar – Socorro!!
Enquanto isso, a tela de monitoramento das câmeras na recepção mostrava Abigail se chocando contra as paredes do elevador para se libertar do gato, mas Adriano ajudava uma família de hóspedes que acabava de chegar a tirar suas malas do bagageiro do táxi.
“Duarte dispensou o mensageiro da noite e eu aqui fazendo papel de carregador de mala!” – pensava contrariado
--Socorro, socorro!!! – continuava gritando e se debatendo contra o animal
--Mamãe, eu vou chamar o elevador! – uma menina correu e apertou o botão – Chamei!
--Ainda não, meu bem, nem fizemos check in. – a mulher respondeu divertida
--AH!! – conforme o elevador começa a descer, Abigail se desequilibra e cai no chão. Sem querer, imprensa o rabo do gato com o cotovelo
--HUAUU!! – o bicho rosna e pula de dor
--Misericórida, Pai. – virou-se de bruços e tentou se levantar
E a porta do elevador abre no andar da recepção.
--AHÁ!! – a menina gritou divertida ao dar de cara com uma mulher descabelada e um gato topetudo nas costas dela
--Não, não!! – gritou ao ver que a porta se fechava novamente – Sai das minhas costas, Satanás de rabo! – tentava novamente se desvencilhar
--Que grito foi esse, menina? – o pai da criança perguntou sem entender
--Coisa de criança, amor. – a esposa respondeu de pronto – Pega aí os documentos pra terminar de preencher a ficha do check in. – pediu
“Casalzinho enrolado da porr*!” – Adriano pensava com um sorriso falso nos lábios – “Nunca que termina de preencher a ficha!”
Chegando no quinto andar, o elevador subitamente se abre e Abigail se atira para fora rastejando. – Ah, mas eu tenho que fugir daqui! – levantou-se do jeito que pôde – E vou botar esse mascote de Belzubu de volta na caixa dele! – tirava os cabelos dos olhos
O elevador se fecha novamente e desce com o gato.
--Não!! – deu um soco na porta – Ave Maria, se aquela garotinha entrar nesse elevador vai virar paçoca! – ficou desesperada – E agora, meu Pai? – tirou os sapatos de salto e a meia fina – Rasgou-se tudo mesmo! – jogou a meia na lixeira e desceu correndo pelas escadas de emergência
Martina acorda preguiçosamente e percebe que o ramal do quarto indicava que alguém da recepção lhe telefonou. – Oh, meu bichano deve ter chegado! – pegou o ramal e discou para lá – Vamos ver se é isso. – aguardou
Ao ouvir o telefone tocando, Adriano deixou o carrinho de bagagens ao lado da porta do elevador de serviço e disse aos hóspedes: -- Perdoem mas tenho que atender. Chego em 5 minutos com suas malas.
--Tudo bem. – concordaram
O homem pediu licença e correu para o balcão. Com a chegada do elevador, os hóspedes surpreenderam-se com um gato pacificamente deitado dentro de uma caixa aberta.
--Gato! – a menina apontou ao pular para dentro
--Nossa, de quem será esse gato esquisito? – o pai da criança perguntou surpreso ao entrar – Hum tá fedendo aqui... – reclamou
--É cada coisa... – a esposa resmungou entrando no elevador também – Fedor! – concordou com o marido quando as portas se fecharam
--Veio com a moça. – a criança entrou e segurou o animal no colo – Miau! – sorriu para o bicho
--Recepção, boa noite! – Adriano atendeu esbaforido depois de tropeçar em um fio e quase cair – Alô? – ninguém respondeu – Ih, é do quarto da madame do gato! – viu no indicador – Ligar pra ela de volta. – apertou um botão e aguardou
--Não atenderam, então vou descer e ver o que há! – Martina abriu a porta do quarto e saiu decidida
--Menina, solta esse gato que você nem sabe da onde veio esse bicho feio! – a mãe pegou caixa do chão – Agora que eu percebi, esse elevador tá mijado! – olhou para a caixa com nojo – Deve ter escorrido daqui!
--Mijado e cagado! – o homem apontou para algumas fezes amassadas no chão
--Francamente, viu? – a mulher fechou a caixa e a deixou no chão novamente – Vamos dar queixa praquele moço que fez nosso check in! Pegar elevador com um gato feio que ninguém sabe da onde saiu e mais essa de ter xixi e coco pra deixar tudo fedido? – reclamava – Larga esse gato, menina! – pediu novamente mas sem sucesso
--E você ainda quis ficar no penúltimo andar... – o marido reclamou também
Chegando no quinto andar o elevador se abre e Martina dá de cara com o casal e sua filha segurando o gato.
--Blanchard! – sorriu animada – Vem mamãe, mon petit! – estendeu os braços
--Segurar a porta, gente! – o homem apertou o botão de abrir portas
“Que mulher topetuda é essa??” – a mãe da criança pensou espantada – “E vem pegar o elevador de chinelo peludo e roupão!”
--A moça que trouxe! – a menina entregou o animal para a dona
--A moça da recepção, meu bem? – perguntou sorridente ao receber o gato – Que coisa simpática, devolver meu bebê pelas mãos de uma criancinha linda, adorei! – soprou um beijinho para a menina
--Acho que isso aqui também é da senhora. – a mãe da menina colocou a caixa para fora do elevador – É a caixinha dele, né? – perguntou desconfiada
--Pode deixar aí, eu não quero mais ela. – respondeu de pronto – Essa caixa deu azar pro meu filhinho e eu nunca mais viajo com isso! – decidiu – Deixa aí que eles do hotel recolhem.
--Ok. – o pai da menina soltou o botão – Boa noite. – cumprimentou desconfiado antes das portas fecharem
Martina seguiu para o quarto entretida com seu animal.
--Não atende! – Adriano constatou – Deixa eu levar as bagagens do pessoal que depois vejo isso. – foi até o carrinho e entrou no elevador de serviço, que já estava aberto
--Ai, cadê? – Abigail chegava no andar da recepção – Minha Nossa Senhora, não tem menina, gato, Adriano, ninguém... – olhava para todos os lados – Também não tem sangue no chão... – reparava com atenção – Ai, meu Pai, que aquele Satanás de rabo não tenha comido a menina! – desejou aflita
E o telefone da recepção toca.
--Será que é alguém dando queixa que o peste matou a menina? – benzeu-se e correu para o balcão – Que não seja isso, Pai Amado!! – desejou antes de atender -- Recepção!
Reconheceu a voz de Abigail. – É Martina. – respondeu cheia de pose
--Boa noite, senhora Martina. – estava nervosa -- Olha, sobre o seu gato, a companhia aérea fez besteira atrás de besteira, o entregador foi parar em outro hotel e só chegou aqui às oito e ... – tentava se explicar
–Liguei pra agradecer pela sua gentileza. – não a deixou continuar falando – Eu sei que aquela companhia aérea é um horror e nunca mais voo com ela! -- estava sentada com o gato no colo – Mas, depois de tudo que passei e sofri esperando por Blanchard, aquela sua ideia de usar uma criancinha linda pra vir me entregar meu bichano foi de muito bom tom. – acariciava o animal – Desestressou meu gatinho, que sofreu horrores nesta viagem cheia de problemas!
--Ah... – não sabia o que dizer
--Gosto de pessoas que têm sensibilidade e elegância no trato com mulheres de classe como eu e nossos pets. A senhora demonstrou que tem. Amanhã mesmo vou deixar um elogio junto ao seu gerente. – anunciou com pompa
Continuava abestalhada. – Obrigada. – foi o que se limitou a dizer ouvindo o telefone ser desligado do outro lado – Ouvi mas não entendi. – colocou o fone no gancho e reparou no relógio arranhado – E já vai pras nove e pouco da noite... – suspirou lamentando
--E mais essa, elevador cagado e mijado! – Adriano vinha reclamando consigo mesmo – Lá vou eu ter que limpar! – estava revoltado – E como é que isso foi acontecer do na... AH!! – deu um grito de espanto – Quer me matar de susto, mulher?? – arregalou os olhos
--Você vai FINGIR – começou a gesticular -- que não me viu descabelada, de farda rasgada, mijada e cagada por gato no meio da recepção! – advertiu ao seguir mancando para o banheiro – E não me peça resenha, que agora eu vou me trocar pra ir mimbora! – continuava gesticulando – E nem uma palavrinha a mais sobre isso ou vai ter cenas de guerra nessa bodega aqui! – ameaçou – “Vida de sapinha pobre é osso!” – pensou revoltada
O homem tinha mil pontos de interrogação na cabeça.
***
--Então será nesse ano que nosso Ihab (pronúncia: Irrábi) se forma e logo em 2016 vai pros Estados Unidos estudar na Harvard Business School! – Salma exibia o filho – Ele vai conseguir a proeza de se formar em engenharia de produção sem repetir uma materiazinha sequer! – sorria para o jovem
--Que maravilha, rapaz! – Samir exclamou sorridente – Eu também fiz uma pós em Harvard e aprendi muito. É das melhores escolas de negócios do mundo; senão a melhor!– contava
--Eu só busco pelo melhor. – Ihab respondeu esnobando – Graduação na USP e a pós em Harvard. – bebeu um gole de vinho – Depois disso, é assumir os negócios do meu baba. – olhou para o pai
--Inshallah! (Se Deus quiser!) – Rachid desejou ao finalizar seu jantar
–Aliás, Latifah nasceu em Boston por causa de meus estudos em Harvard. – olhou rapidamente para a esposa e a filha – É oficialmente uma cidadã americana.
--É mesmo? – Rachid perguntou interessado – Então temos aqui uma cidadã americana? – brincou com a jovem
--Papys me deu esse presente. – a moça respondeu sorrindo – Eu preferi muito mais assim do que ter uma dupla cidadania líbano-brasileira. – bebeu um gole de vinho
--Com toda certeza! – Rachid e Salma responderam juntos
Samir pareceu gostar do que ouviu.
“Meu Deus!!” – Sayruci pensou horrizada ao olhar para a filha – “Como pode desdenhar os antepassados desta forma? Parece até que não ensinei nada!” – sentiu-se envergonhada – “E Samir concorda com esse absurdo!” – reparava no marido – “Nós sofremos muito preconceito naquele país por causa das nossas origens, eu fui contra registrar a menina por lá e nós quase não pudemos voltar com ela quando os estudos dele terminaram.” – limpou os lábios com o guardanapo encerrando seu jantar – “Parece que esqueceu!” – continuava pensando
--Esse presente, infelizmente, baba não me deu! – Ihab lamentou
--Perdoe, filho. – o homem respondeu divertido – Nem me ocorreu pensar nisso antes de você nascer.
Sayruci continuava pasma – “Como pode? Cospem sobre os ancestrais sem qualquer pudor!”
--Mas nem tudo está perdido! – Samir respondeu brincalhão – Você pode fazer como eu: ver seu primeiro filho nascendo lá e providenciar pra registrá-lo nos Estados Unidos e aqui.
--É verdade, mas antes ele tem que se casar. – Salma observou de pronto – Com uma boa moça e de boa família. – olhou discretamente para Latifah
“Começou a parte que eu não gosto!” – a jovem pensou ao beber mais um gole de vinho – “Papys insistiu tanto pra eu vir nesse jantar por causa dos negócios dele, mas na verdade o objetivo era me empurrar pra esse jacu metido a galã!” – estava contrariada
“Eu sabia que tudo isso era pra me empurrar pra essa amostrada!” – o jovem pensou contrariado
--E você, Latifah? – Rachid perguntou – Conte-nos sobre seus planos para o futuro! – pediu sorridente
Sorriu antes de responder. – Mamys também gosta de me fazer estas perguntas. – passou a mão nos cabelos – Mas depois que eu volto de uma sessão de fotos pra revista Gentem fica meio difícil pensar no que dizer. – desviava-se do assunto – E dessa vez eles foram exigentes! Acreditam que fomos fotografar em nosso hotel, no restaurante e na Delícias do Oriente pra terminar no Parque Iguazú? – contava – Isso porque do lado argentino a vista é mais bonita. – fez um gesto afetado – Afinal, os hermanos olham pra cá! – brincou
--Menina, imagino, você ter ficado exausta, coitadinha! – Salma respondeu penalizada – Masss... – sorriu -- Dia desses vi você em um cartaz na loja da S.Hterny ostentando um colar de esmeraldas DI-VI-NO! – frisou a última palavra – Tão verdes quanto seus olhos!
--E claro que eu tive de comprá-lo. – Rachid falou para Samir
--Mulheres e joias! – Samir abriu os braços rapidamente – Companheiras inseparáveis! Quem somos nós para dizer não? – sorriu para a esposa
Retribuiu com um sorriso sem sal. “Como se em algum dia eu tivesse lhe pedido joia!” – pensou disfarçando a revolta
--Eu não sei se gostaria de ver minha esposa sendo fotografada por lá e cá. – Ihab comentou de repente – Não acho certo que mulheres de família fiquem se expondo muito como essas popozudas de plantão!
“E quem disse que eu quero casar contigo, seu babaca?”– Latifah pensou revirando os olhos
Samir sentiu-se visivelmente desconfortável. “Sayruci ouve uma coisa dessas e fala nada pra defender a imagem da filha!” – pensava revoltado – “Comparar Latifah com uma popozuda de funk?”
Rachid ficou sem graça com o comentário do jovem e deu-lhe um pisão por debaixo da mesa. – Não há mal algum nisso, meu filho. – olhava para ele – Latifah fotografa para revistas de moda, de sociedade, joalherias, lojas de marca, publicidade para Foz e pros negócios do baba dela. Sempre muito bem vestida e composta. – tentava reverter a situação – É bem diferente dessas fotos que se veem por aí, onde as moças aparecem deixando pouco a se imaginar sobre seus corpos. – sorriu sem graça
“Isso porque ele não viu a sessão moda praia que ela fez no verão passado.” – Sayruci pensou divertida ao se lembrar – “Praticamente nada a se imaginar.”
--Bem diferente, com toda certeza. – Salma concordou um tanto constrangida – Agora que terminamos nosso jantar, que tal experimentarmos a sobremesa junto à piscina? – convidou – Desta forma, os homens falam de negócios, os jovens se entretêm e nós tricotamos um pouco, não? – segurou brevemente a mão de Sayruci
--Certamente. – concordou sem muito ânimo
--Eu peço mil perdões mas terei que ir sem experimentar o prazer desta sobremesa na companhia de Ihab. – Latifah recusou gentilmente – Mas me comprometi a gravar uma sessão inteira sobre maquiagem para eventos especiais e tenho simplesmente mil trezentas e noventa e nove seguidoras me esperando. – olhava para os anfitriões – Por favor, espero que compreendam. – sorria
--Latifah? – Samir retrucou tentando manter-se educado – O que os Nahim vão pensar de nós? – olhava para esposa esperando que ela dissesse algo
--Fique tranquilo, meu caro. – Rachid tentava tranquilizá-lo – Nós sabemos que Latifah é uma grande influenciadora de Foz e as fãs não gostariam de ficar esperando em vão. – sorriu – “Além do mais, depois dessa gafe de Ihab, claro que a moça não iria querer ficar aqui!” – pensou contrariado
--Meu marido disse tudo. – Salma concordou
--Eu também não poderia ficar, de qualquer forma. – Ihab aproveitou a deixa – Não sabia que teríamos este jantar tão especial quando marquei de aparecer na mansão dos Hareb pra saudar a chegada de Bahar. – falava de um amigo de infância -- Imaginem que ele está estudando em Oxford e chegou em casa hoje à tarde pra passar parte das férias. – contava – Logo mais arrumam as malas e seguirão para um resort na Bahia.
--Sim, Bahar, é verdade, meu filho! – Salma fez um teatrinho, pois não sabia do fato – Os dois sempre foram muito unidos, Ihab não poderia deixar de dar boas vindas ao filho dos Hareb. – olhou para o casal amigo – Espero que compreendam.
--Compreendemos, não se preocupem. – Samir respondeu de pronto
--Compreendemos. – Sayruci respondeu da mesma forma
--Está certo, Ihab. Mas seja gentil e leve Latifah até em casa. – Rachid pediu – Não tem porque o motorista da família vir aqui buscá-la se você vai para a mansão dos Hareb que fica à caminho da mansão dos Hafeez.
--Com todo prazer. – olhou para a jovem e sorriu – Quando quiser, Latifah. – ofereceu cortês – “Só mesmo baba pra me fazer dar uma volta desnecessária pra deixar essa vagaba em casa!” -- pensou
--Um minuto pra eu retocar a maquiagem. – respondeu pegando a bolsa – Com licença. – levantou-se da mesa. Os homens se levantaram por cavalheirismo – “Ainda ter que aturar esse jacuzinho me levando em casa!” – pensou contrariada
“Quisera eu ter um pretexto pra sair daqui também...” – Sayruci suspirou
***
--Você não é de muita conversa, não é verdade, Sayruci? – Salma comentou enquanto degustavam a sobremesa – Sempre que vejo você em um evento quase não te ouço falar. – reparava na outra – Enquanto isso eu tagarelo por nós duas! – sorriu
As mulheres estavam sentadas em uma mesa próxima a piscina. Os maridos conversavam em outra mesa mais distante enquanto fumavam charutos.
--Eu falo pouco mesmo. – concordou timidamente – “Ao longo da vida poucas pessoas tiveram algum interesse em me ouvir.” – pensava – Mas sou muito boa ouvinte. – complementou ao encerrar a sobremesa
Continuava reparando na outra. – Mas me diga, querida. – terminou de comer o doce -- Que tipo de rapaz você pensa pra se casar com Latifah? – queria saber
--Aquele que o coração dela escolhesse. – respondeu de imediato – E que o coração dele a escolhesse da mesma forma. – falava com sinceridade -- Que fosse honesto, gentil e responsável.
--Ou seja, você pensa num rapaz de classe nascido numa família rica e tradicional! – concluiu distorcidamente – Mas também desejando ver aquela coisa romântica, hein? – piscou para a outra -- Eu também não gostaria que meu filho se casasse com qualquer uma e tampouco desejo que ele siga solteiro pra estudar nos Estados Unidos. – gesticulava -- Sabe como é. Um jovem lindo, rico, inteligente e interessante em outro país, solitário... prato feito pras pistoleiras! Não é porque se trata dos Estados Unidos que lá não tem pistoleira! Só o tanto de mexicana e brasileira pobre que vive por lá!
“Melhor ouvir isso que ser surda!” – Sayruci pensava contrariada – Ainda teremos todo o ano de 2015 pela frente, Salma. Até lá, muita coisa acontece, não sofra por antecipação. – aconselhou – Além do mais, seu filho, como um jovem bem criado, não se colocará em situações que o deixem vulnerável a se envolver com... pistoleiras. – usou a mesma palavra que a outra – “A menos que ele também seja um pistoleiro por si só.” -- pensou
Gostou do que ouviu. – Ainda assim, eu sou mãe. A gente se preocupa. – pausou brevemente – Você acha que neste meio tempo será que Ihab e Latifah não... será que não se entenderiam melhor? – perguntou esperançosa – Sua filha é uma morena linda com aqueles cabelos negros esvoaçantes e os belos verdes que herdou de você! – falava – Meu Ihab parece um príncipe! Imagine um filho de ambos! – falava empolgada -- Além do mais, o casamento de um Nahim com uma Ajami Hafeez não seria qualquer coisa! Se fosse você a organizar a festa era capaz de sair nas colunas sociais até dos Estados Unidos! Com Latifah sendo cidadã americana... – pensava na repercussão
“Incrível como a felicidade dos filhos nunca vem antes do status e das pretensões de aumentar o patrimônio de certos clãs!” – pensava indignada – Como eu disse, muita coisa vai acontecer ainda. O tempo dirá. – não queria alimentar aquela conversa
--Mas vamos dar uma forcinha, viu? – cobrou gentilmente – Hoje em dia há que se ter muito cuidado! Cá pra nós, -- aproximou-se um pouquinho mais – ontem mesmo fiquei sabendo de um escândalo, menina! – fofocava – O noivado da filha dos Magalhães Aguiar com o filho dos Couto Saraiva terminou você não sabe porque! – falava de outras famílias ricas da região
--E por que? – perguntou sem muito interesse – “Nem sabia que estavam noivos!” – pensou
--Simplesmente porque a menina é... – pigarreou – Oh, como dizer? – olhou para um lado e outro – Lésbica!
Sayruci ficou desconcertada. – E como descobriram isso? – perguntou sem saber o que dizer
--O noivo pegou a sem vergonha se agarrando com outra dentro do carro. – continuava fofocando – Não sei dos detalhes, mas foi um escândalo! – gesticulou – O pobre coitado jogou a aliança no meio da rua, socou a porta do carro, disseram que foi um horror! – fez caras e bocas – E a desqualificada depois foi falar pra mãe que sempre gostou de mulher e só ficou noiva pra agradar a família. Vê se pode? – criticou – Graças a Deus que no meio dos nossos não tem isso!
--Que situação... – respondeu pensando em si mesma – Que situação triste...
“ --Eu não acredito, Sayruci! Não acredito! – Valéria protestava emocionada – Depois de tudo que aconteceu entre nós, você chega e me diz que tá largando a faculdade e voltando pra Foz do Iguaçu porque sua família te arrumou um casamento com um filhinho de papai da sua comunidade?? – não se conformava – E quer que eu te entenda? – riu nervosamente -- Vai me convidar pra ser madrinha?? – perguntou com deboche
--Por favor, não faz isso! – chorava contidamente – Deus sabe o quanto eu não queria que fosse assim... – lamentava -- Meus pais sempre tiveram interesse em se juntar com os Hafeez e desde muito tempo criam condições pra esse casamento acontecer! – falava a verdade – Eu só consegui sair da cidade pra vir estudar aqui porque giddu Farid ainda era vivo e obrigou meu pai a ceder! -- olhava para a amada -- Mas agora Samir se formou e giddu está morto. Eu não tenho como evitar... -- tentava abraçar a outra
--Não toque em mim! – afastou-se bruscamente – Você não tem coragem de deixar de ser a filhinha perfeita, né? – secou as lágrimas com as mãos – Aí veio pro Rio pra curtir a vida enquanto a data do casamento não chegava, conheço bem esse tipo! – acusou -- Vai! Vai pra sua cidade e casa com esse noivo rico que seus pais arrumaram pra você!
--Val... – sentia uma dor imensa – Eu te amo, Deus sabe que...
--Não ouse colocar o nome de Deus no meio da sua covardia! – gritou com a amada – E de hoje em diante, esqueça que um dia me conheceu! – saiu fechando a porta com força”
--Eu imagino que esses jovens estejam sofrendo muito. – Sayruci comentou com a outra – Especialmente ela.
--Especialmente ela, faça-me o favor! – Salma discordou – Mas também... – reconsiderou – Talvez você tenha razão. Não criaram aquela moça com coisas femininas. – pensava no fato – Estudante de engenharia mecânica, jogadora de futebol, sempre de calças compridas... – fez uma careta de desgosto – Não foi como nós que fomos criadas estudando balé, canto, piano, usando vestidos finos, joias... – falava de si e da outra – Ou como sua filha, que é uma verdadeira princesa! – balançou a cabeça pensativa – Criaram a menina como se fosse homem, né? Deu no que deu!
“Ah, minha filha, se você soubesse que não é bem por aí...” – pensou balançando a cabeça – “Fui criada no meio da frescura e no entanto...”
***
--Eu fiquei muito decepcionado com você! – Samir foi logo dizendo assim que a mulher saiu do banheiro. Estava sentado na cama, recostado na cabeceira – Pensei que seu comportamento seria diferente!
--O que eu fiz dessa vez? – perguntou chateada enquanto esfregava a toalha nos cabelos – Eu que devia estar reclamando por você e Rachid terem empestiado meu cabelo com aquele cheiro intragável de fumaça de charuto! – pegou um pente
Ignorou o comentário. – O que você fez? O que você NÃO fez, melhor dizendo! – ajeitou-se na cama – Quase não deu palavra durante todo o jantar e sequer defendeu Latifah quando Ihab fez aquele comentário infeliz! – olhava para a esposa de cara feia – Onde já se viu, comparar a menina com popozuda de funk? – cruzou os braços
Olhou para o marido através do espelho. – Eu não tinha o que dizer, especialmente considerando que nossa filha detesta Ihab e só foi naquele jantar porque você pediu muito! – penteava-se – Além de ter prometido uma joia estilo Dubai a ela, claro. – destacou
--Latifah mal convive com Ihab, como pode detestar? – retrucou de pronto
--Preste atenção em sua filha e você perceberá. – respondeu com mansidão – Da mesma forma acho que Ihab não aprecia muito a menina. – guardou o pente na gaveta e voltou para o banheiro para estender a toalha
--Não é que ele não aprecie, o problema é que Ihab pensa que nossa filha está disposta a qualquer tipo de trabalho publicitário! – falou mais alto para ela ouvir – E precisou que Rachid a defendesse, porque você que é a mãe... ficou muda!
--Eu não me importo com a opinião de Ihab sobre nossa filha. – respondeu ao retornar para o quarto – Especialmente se sei que ela não quer nada com ele.
--Que espécie de mãe você é que não cuida do futuro da sua filha? – perguntou com desprezo – Os Nahim loucos pra dar o sobrenome pra ela e você nada! – gesticulou com raiva
--Não me importa um sobrenome, Samir! O que me importa é que ela seja feliz! -- sentou-se na beira da cama – E se tiver que casar, que seja por amor!
--Amor, haha! – deu uma risada rápida – O amor se constrói depois, especialmente com uma conta bancária polpuda e negócios bem sucedidos!
--E quando nós construímos? – perguntou sem pensar, abaixando a cabeça logo em seguida
Levantou-se da cama com raiva. – Não construímos?! – andou de um lado a outro – Por culpa de quem? – põs as mãos na cintura revoltado – Eu te dei tudo que uma mulher poderia querer! TUDO! Você me deu o que? – acusou – O único bem que me fez, foi ter me dado Latifah, mas ainda assim nunca teve condições de me dar o filho homem que assumiria meus negócios no futuro! – esfregou as duas mãos nervosamente - Agora fico eu aqui tendo que investir em genro! – pausou brevemente – Sem a sua ajuda, aliás!
--É tudo culpa minha, é verdade. – afirmou chateada para encerrar a discussão – Você deveria ter se casado com outra. – preparou-se para se deitar
--Fala como se quisesse que eu pedisse o divórcio! Ou arrumasse uma amante, não é? – perguntou desgostoso – Sabe quantas mulheres se oferecem pra mim, todos os dias? – provocou
--Eu não sou algema pra você, Samir. – respondeu mansamente – Se nunca consigo satisfazê-lo...
--Não consegue porque não quer! – foi até a esposa e segurou seu rosto com força – Mas eu não vou ser o primeiro a trazer o desgosto de um divórcio pra família Hafeez! – empurrou-a com ignorância derrubando-a no chão
--Ai! – sentiu uma dor nos joelhos – Você me machucou... – reclamou de cabeça baixa
--E dê graças a Deus que não te bati! – voltou para a cama e se deitou – Pois é o que você tem merecido há muito tempo! – virou-se de lado – Nem suas funções de esposa tem cumprido! – acusou
--Não tenho culpa que você ficou impotente cedo demais... – levantou-se devagar
--O QUE VOCÊ FALOU?? – levantou-se furioso – REPETE, DESGRAÇADA! – foi até a mulher e a segurou pelos cabelos – REPETE!
--ME SOLTA! – gritou – SOCORR..!! – foi sufocada por uma das mãos do marido
--Para de fazer escândalo! – jogou-a no chão mais uma vez – Cachorra! – chutou uma das pernas dela
--Ai... – começou a chorar – PARA DE ME CHUTAR! – gritou novamente
--Quer saber? – foi até o closet e começou a se despir – Vou trocar de roupa e dormir no hotel! – decidiu – Não fico nem mais um segundo perto de você por hoje!
Sayruci permaneceu deitada no chão, virou de lado e se encolheu toda abraçando-se às próprias pernas. Chorava com muita dor, mas o sofrimento era muito mais emocional do que físico, embora seu corpo também estivesse dolorido. Ouviu o marido partir e desejava que nunca mais voltasse. Desejava ardentemente que alguém viesse para aconchegá-la com carinho, porém sentiu apenas o abraço frio da solidão que sempre a acompanhava.
“Se a vida fosse como meus contos,” – pensava – “eu teria um amor para me refugiar...” – não parava de chorar
Enquanto isso, completamente alheia ao que se passava, Latifah terminava de gravar para suas seguidoras. – Uff, hoje me superei! – desligava o notebook e recolhia os mil e um acessórios de maquiagem – Mas elas não têm do que reclamar! – ouviu o celular vibrar – Debby! – viu que se tratava de uma de suas companheiras de noitada – Oi, amiga, buenas noches! – saudou animada
--Oi, amiga! – respondeu do outro lado – Você não sabe da última!! – foi logo dizendo – Telminha Magalhães Aguiar me apareceu na festa do Marcão com a maior louraça! – contava fofocando – Saiu do armário geral!
--E eu que não pude ir nessa festa por causa de um jantar que papys me arrumou na casa dos Nahim! – revirou os olhos – Tava com mil planos de gravar lá mesmo, ia ser o maior da hora, mas... gravei daqui de casa por causa disso! – interrompeu o que dizia – Ué... a festa já acabou? – estranhou o horário – Onde cê tá?
--Acabou, minha filha, fica ouvindo aí que você não sabe! – contava – Quando ela tascou um beijaço na boca da loura, um dos amigos dos Couto Saraiva se emputeceu e pilhado pelo ex noivinho dela quis chegar porr*ndo as duas! Não fosse Marcão e uns outros boyzinhos tinha dado até morte naquela merd*! – relatava os fatos – Eu agora tô em casa. Não tinha mais clima pra festa, daí.
--Gentem! – ficou indignada – Vir bater nas garotas só porque são lésbicas? Absurdo! – criticou – Bem feito que a Telminha saiu do armário! Tomara que ela faça muita coisa pra chocar esse pessoal!
***
Abigail chegava em casa depois de uma da manhã. Havia passado antes num posto de saúde do bairro e por sorte conseguiu atendimento para tratar dos arranhões. Por falta de condução foi caminhando para casa, rezando para não ser assaltada ou molestada de qualquer forma.
--Graças a Deus, cheguei! – fechou a porta aliviada – Ave Maria, que dia! – foi direto para o quarto – Aguento nem tomar banho... – jogou a bolsa dos sapatos de salto no chão e começou a se despir – Como é que eu vou trabalhar amanhã sem fardamento? – falava consigo mesma – Ah, que se dane! – foi até o armário e pegou a camisola – Que se dane! – vestiu-se e desforrou a cama – Morta de fome, mas cadê força pra fazer comida? – pegou o travesseiro e um lençol – Nem sei se aguento trabalhar amanhã! – jogou-se na cama – Duarte que rasgue o rabo! – cobriu-se com o lençol – Ai, que falta faz ter alguém em casa pra receber com um chamego... – pensou saudosa – Que falta faz... – viajou para o passado recente
“--Que cheirinho bom, hein? – comentou ao entrar em casa
–Boa noite, amor! – Januzia respondeu da cozinha – Tô esquentando uma sopinha pra nós! – anunciou
--E uma sopinha cai muito bem! – abraçou a outra por trás e beijou-a na nuca – Cheirosa! – deu um cheiro
--Deixe de saliência e vá tomar seu banho! – respondeu dengosa – Daqui a pouco vou botar a mesa!
--Tá bom! – beijaram-se nos lábios rapidamente – Mas lembra que amanhã é meu dia de folga!
--E isso quer dizer o que? – perguntou fingindo não saber
--Que hoje tem! – respondeu maliciosamente e seguiu para o banho”
--Por que, Januzia, por que? – olhava para o teto – Por que me deixou pra ficar com outra? Só por causa de dinheiro? – suspirou – Ai! – sentiu o incômodo da pele ardida roçando na fronha – Gato amaldiçoado da porr*! – resmungou antes de fechar os olhos – “Mas deixe estar!” – pensou – “Quando eu for uma autora renomada e cheia das fãs, vai chover mulher atrás de mim!” – sonhava
--Oh, Bigail! – a mulher lançava-lhe um olhar apaixonado – É tanto amor que abunda nesse peito! – apertava os próprios seios fartos– Vem aqui que eu tô bandida! – rasgou a blusa
--Vixe, que em você muita coisa abunda! – reparava no corpo da outra – Mas eu não sei, galega... – fazia um charme – Meu coração é disputado a tiro de escopeta, visse? – esnobou
--Pois eu disputo! – outra mulher surgia agarrando-lhe por uma das pernas – Abigail, deixa-me ch*pacabrear o mel de teus lábios carnudos num beijo insano! – pedia se lambendo toda – Sou capaz de morrer no mais completo caritó, a vida inteira esperando por teu toque em cada parte deste corpo nascido pra pecar contigo!
--Sem aperreio, morena! – jogou os cabelinhos – Muitas sonham com meus beijos quentes e o toque arretado! – exibia-se – Mas espere, que um dia terás tua vez no paraíso de meu leito! – fez um olhar enigmático
--Musa inigualável, não maltrate esse pobre coração de mulher! – mais uma surgia para agarrar-lhe pela outra perna -- És tão indecifrável... – babava
--Pois eu te digo, cabrocha: – fazia caras e bocas – decifra-me ou te devoro! – respondeu sedutora
--AHAHAHAHAH!!! – as mulheres berravam ensandecidas
--É tão difícil ser assim, irresistível! – Abigail falava para si mesma – Mulheres se engalfinhando por causa de mim, de norte a sul desse país! O arranca rabo é geral em torno de minha pessoa! – colocou óculos escuros – Eu sim, mitei!
Fim do capítulo
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Minh@linda!
Em: 13/03/2025
Eu confesso que esse nome "Sayruci" embola minha língua rs.
Menina Latifah, pensa que não precisa fazer nada da vida. Apesar, que não é nada mal não ter preocupações e só curtir o momento...mas, é bom ter uma ocupação também.
Até eu fiquei agoniada com esse macho querendo se fartar com Sayruci por longas horas!
Que tortura!!!
Torcendo pro "pikachu" dele não funcionar.
Sayruci tem umas dores guardadas que dá até pra apertar o coração.
A alma dela é gigante, independente de seus medos e frustrações.
Eu diria pra ela que:
Se uma pessoa rejeitá-la, duas irão acolhê-la.
Se o mundo rejeitá-la, quem a ama de verdade e a quer por perto irá aceitá-la e amá-la do Jeito que ela é.
Que se dane o mundo, uai!
Nem Cristo agradou a todos!
Eita! Tem parente de Castrodeza aqui, também. Agora que minha língua se Dana toda rs.
Que gato incorporado é esse?!
Abigail vai virar uma peneira de tanta sova, de tanto arranhão.
Kkkk kkkk
Esse pessoal que Sayruci convivi cansa a gente, né? É muita futilidade!
Alguém tem que esfregar a cara desse macho escroto no chão. Que raiva, viu? Oxe! Quando é que ela irá se livrar dele?
"Chupacabrear o mel de teus lábios carnudos em um beijo insano" rsrs
Já estou até vendo o chupa cabra de um jeito diferente.
Abigail e Sayruci são bem diferentes!
Abigail apesar de não ter dinheiro, teve amor e cuidado.
Sayruci sempre teve tudo, mas não teve amor e nem a liberdade pra escolher seu destino.
Enquanto Sayruci escreve pra se sentir livre, Abigail tá doida pra ser escritora famosa e pegar mulher rsrs. Mas, no fundo, elas só querem ser amadas.
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PaudaFome
Em: 15/06/2024
Uma me faz gargalhar e a outra me comove. As duas me fazem pensar. Totalmente entregue
Solitudine
Em: 15/06/2024
Autora da história
Olá querida!
Fico feliz em saber.
Continue aqui comigo!
Beijos,
Sol
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jake
Em: 08/02/2024
Olá Sol fiquei mto comovida com a vida de Sayrucci,infelizmente é a realidade de muitas mulheres nesse mundo que vivemos. Espero sinceramente que ela dê um ponto final nesse casamento abusivo. Enquanto isso rir MT com Aby,até fiquei com pena do gato ????. Amo suas histórias e os temas abordados.Felicidades .
Solitudine
Em: 08/02/2024
Autora da história
Olá querida!
Espero que esteja bem. Você não me respondeu se quando roubaram seu celular te fizeram algum mal. Espero que não! Cuidado, viu, fi? Não fica mexendo em internet no celular pela rua para não ser pega por aí.
Fico feliz que tenha voltado a ler A Autora. Sayruci vive o drama de muitas mulheres, da mesma forma em silêncio e sob o peso das aparências que a cobram por satisfazer. Você verá como será o desenrolar dela. Continue aqui! rs
Abigail é uma figurinha e também tem um longo caminho. Espero que você não as deixe para trás, viu?
Volte para me dizer o que está achando. Obrigada por tudo!
Beijos,
Sol
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Femines666
Em: 21/03/2023
Recomeçando a maratona! Já apaixonei pelas personagens! E que loucas! Rindo muito das loucuras kkkk
Solitudine
Em: 26/03/2023
Autora da história
Olá querida!
Que bom que as personagens te encantaram!
Essa história tem o objetivo de também descontrair! rs
Beijos,
Sol
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Alexape
Em: 15/12/2022
Que proposta ótima pra gente ver vocês aí do outro lado. E que duas mulheres tão interessantes e diferentes! Tem o tom drama da violência doméstica, intolerância, prostituição e pobreza e o tom diversão. Já favoritei!
Resposta do autor:
Olá querida!
Fico feliz que a proposta do conto tenha te agradado!
Obrigada por favoritar e boa leitura!
Beijos,
Sol
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Seyyed
Em: 10/10/2022
Puta merda essa família da Say é dose! E ainda no tempo de arrumar casamento pra filha... Dá raiva e pena de ver essa violência doméstica E essa Latifa é gata engraçada ma rala que nem caldo de bilota Aprendi contigo hahaha Bigail me mata cara Primeiro foi o enrosco do gato e depois os devaneios hahaha Mas ela também é cheia dos preconceitos né? Já sei que tu vai trabalhar isso e eu ADOROOO
Resposta do autor:
Certos clãs ainda são assim até hoje, pode acreditar!
A violência doméstica deve sempre revoltar, do contrário, passa por algo natural.
kkkk Aprendeu com Werneck, do Tao, sobre o caldo de bilota? Atenciosa ela, que bom!
Acertou sim!! Será trabalhado!
Beijos,
Sol
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sonhadora
Em: 08/02/2022
Oiê!!!!
Nossa, coitadinho do pobre gato! Mas a nossa heroína tem uma boa dose de sorte viu!!!! Dei muitas risadas com a Abigail, os sonhos dela e o "faz tudo" dentro daquele hotel. Poxa, a Say sofre não é, só quero ver quando ela resolver chutar o pau da barraca e mandar aquele troço do marido lá pra bandas do deserto!!!! Esperando a hora que sua filha perceber que o dinheiro não compra tudo! Ela me parece ser uma menina legal!!!
Pois é, cara autora, ainda não terminei de ler o Tao! Confesso que precisei parar um pouco (pandemia maltratou a minha mente), fiquei devendo uns comentários também. Tenho esperança que vou terminar ainda neste semestre.
Abraço de luz!!!
Resposta do autor:
Boa tarde! Tudo bem?
Sua amiga caipira aqui é tão boba que ri junto das doideiras de Abigail, até porque todas sempre têm um fundinho de realidade, por mais licença poética que seja adicionada. rs
Sayruci tem uma carga pesada, não? E ela atura calada há tantos anos. Cada um tem seu jeito de chutar o pau da barraca e cada pessoa com os seus tempos. O dela vai chegar, você verá ao longo do tempo.
Latifah não é ruim, ela apenas precisa se situar um pouco.
A pandemia me maltrou (e ainda maltrata) um tanto. Entendo perfeitamente. Aliás, voltei a escrever muito por causa disso.
Espero que você não desista do Tao e que o final dele te seja bacana. E que não A Autora (todas elas) de lado também. rs
Beijos,
Sol
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Lary
Em: 08/02/2022
Olá Sol!
Essa Abigail é uma graça hehehe... Sempre se metendo em confusão e sonhando com sucesso, fama e dinheiro.
Enquanto Sayruci uma mulher simples e humilde que sonha em ser livre, ser amada e respeitada.
São duas realidades bem diferentes, dois extremos.
Beijos!
Resposta do autor:
Bom dia, tudo bem?
Abigail é uma figurinha! Eu me divirto muito com ela! rs
Sayruci sabe que o dinheiro não resolve tudo e se ressente muito por não ter em sua vida coisas importantes que ele não compra. Abigail também sente falta destas mesmas coisas, mas ainda não percebeu que não será o dinheiro a resolver, embora ele dê uma folga nas necessidades materiais.
Continue acompanhando pois talvez você vá gostar do conto ao final.
Beijos,
Sol
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Samirao
Em: 06/02/2022
Vamos fazer uma aposta habibi? Se chegar a 17 ainda hoje vc posta cap novo Eu não conheço essa história e tô ansiosinha
Resposta do autor:
Toda vez que eu vejo esse trem de Samirao (que deve ser Samirão) fico aqui rindo com isso. kkk
Boa tarde, querida.
Você e essas apostas... Primeiro tinha pedido para eu postar às terças e quintas, agora já quer para hoje. Vou pensar no seu caso, mas não se empolgue muito. rs
Beijos!
Sol
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mtereza
Em: 04/02/2022
Poxa coitada da Abgail tudo acontece com ela , torcendo muito para Sayruci ter coragem se empoderar se libertar desse casamento abusivo já vimos que o marido agressor não vai largar ela , acho que apesar de fútil e mimada a filha dela pode ser um ponto de apoio para ela .bjs ansiosa pelo próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá querida!
Nestes locais de trabalho como hotéis acontece de tudo, especialmente se for mal administrado como o Morada. Aí sobra para a pobre Abigail e seus colegas.
Esse processo de empoderamento é gradual. Sayruci precisa do tempo dela. Latifah ainda tem um caminho a seguir também.
Tem gente aqui na pressão para eu postar em dois dias de semana ao invés de um. Vou ver o que consigo. Espero que você goste do que virá (e ainda virá coisa, viu?) rs
Beijos,
Sol
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Zaha
Em: 04/02/2022
Oie, Sol! Tudo bem? Sim, estou bem! Obrigada!
Agradeco pelo elogio, sempre bem-vindo! Que bom que adorou, fico feliz, sempre me dá um pouco de medo postar..e que gostou do apelido de Say, sabe que tenho queda pela cultura lib!
Entendo, mas vc tá tendo bastante comentários, reconquistando leitores..rs. Ainda que n seja uma prioridade, como vc disse, faz bem ver comentários, é um reforco positivo. Sem pressao, vai chegar quem tem que chegar...
Estou com dor pq o portao enorme caiu em cima de mim...acho que contei, vc deve ter esquecido . Sim, vai passar..
N me sinto obrigada,mas se n quiser que comente agora que tem 9 leitoras, td bem....sempre sentirei pressao, único momento que n, é qndo faco esporte pq sei que faco bem! Meu entreinador diz que tenho mt garra!! Espero estar com o tornozelo bem curado pra poder correr os 27 km na serra...
Quem sabe grave pra mostrar o postal, algum dia..temos até os 60 pra pensar aonde deixarei pra vc buscar sem saber quem vc é...rsrs
Obrigada pelo geek!! Considerado de sua parte. Um gesto simples, conta mais que qq coisa..
O sobrepeso e obesidade que sao coisas diferentes, mas parecidas. Está muito ligada a mim, especificadamente ao lado, aonde durmo. Minha esposa chegou a pesar 168 e eu já estava com ela e foi uma luta pra baixar de peso pra poder operar e hj ela pesa 103, ainda é considerado sobrepeso pq teria que pesar 80, já que tem 1,71. Ela sofreu muito. Ás vezes perguntava se nos olhavam pq ela era gorda, masculina demais ou a diferenca de peso entre eu e ela que é gritante. Quando vou comprar roupa pra ela, eu vou antes pra proteger emocionalmente.Ela fica triste pq nem sempre tem roupas do tamanho dela. Mocita diz: como vc vai dizer a mulher da loja: Sabe o quë, minha esposa é gordinha, necessito saber que tem tamanho pra ela poder entrar e n se sentir mal ...tipo isso eu falo!1 Ela ri...enfim!!Tem que trabalhar mt pra sentir-se segura e minha esposa tem bem trabalhado, uma das coisas que admiro é ser tao segura de si, apesar do corpo, lógico que ás vezes, ela fica mal qndo n tem roupas do tamanho dela, mas passa logo. Ela vai pra praia de top e bermuda, estilo surfista e nem liga e eu ,tipo, com vergonha de mostar meu corpo. Admiro muito isso nela.
Eu busquei sobre o nome Sayruci e nao encontrei seu significado. Poderia me dizer? Ou vocë criou? Só achei em japonës um nome parecido.
Essa Latifah vive numa bolha, totalmente diferente da realidade da mae, pois foi criada diferente e em tempos diferentes. Talvez quando a realidade bata na porta, ela vai aprender muita coisa.Eita que essa filha de Suy é toda problematica, por trás dessa superficialidade tem é coisa pra trabalhar... é lógco que ela n quer casar e sabemos o pq.
Say está numa posicao tao difícil, toda encadenada. Com medo de sair de sua zona de conforto, mas tb sofrendo muito pelo q n pode ser, fazer. Tb se martiriza por internet sobre o que vai passar se revela seus defeitos. E pra piorar Samir só pensa nas aparëcias e a festa...nem sequer no que a esposa quer e necessita.
Essas pessoas que tratam o animal como filho e humaniza... nem falarei o que penso pra n magoar ninguém... amei essa parte, eu ri muitooooooooooooooo,muito mesmo!!!!!! Minha Misha é muito calma!
Pior tudo bando de metido que acha que ter diploma é ter ëxito na vida.
Eita que o preconceito rola solto aqui...machismo. Povo que vive só de" olha o que tenho" enquanto isso a pobre da Suy tem que aguentar isso. Falar de quë? Ela tem um pensamento mais aberto e n pode expör ele, n pode falar o que realmente pensa nesse ambiente. Depois vem o marido exigindo coisas. Abusa dela..
Sinceramente, até hj com esse conceito de que pra ser Lésbica tem que ter um esteriótipo e masculino e coitada de Suy teve que abdicar de sua identidade em nome do compromisso que tinha com a família. É sofréncia demais. N é covardia, ela n tinha opcao, era nova, é complicado em todo lugar, mts sao espancados, necessitam do emprego e na cultura de onde veio, piora tudo. Mt difícil sair desse meio nesse momento. Na vida real seria bem difícil, a porcentagem é mt pequena, mas aqui, ela vai encontrar o meio e da forca pra sair. Quem sabe dë forcas pra miitas leitoras que estao em situacoes parecidas...
Ponto pra Latifah, mente aberta, n é tao cabeca oca como parece..devia usar sua influëncia no meio virtual pra falar de assunto com mais conteúdo, será que ela vai se tocar? Será que em algum momento vai saber o que se passa com os pais ou já notou que passa algo diferente e prefere se afastar, fingir que n viu?!
Aí, Abi, deixe de viajar com essa onda de sucesso.. " quando eu for isso, qdo for aquilo", qndo vc for " algo" vai ser bem diferente do que pensa...pra quë ter algo de mentira?! E algo é certo, continuará sofrendo por ser gorda e as pessoas vao aproveitar seu dinheiro e fama pra subir na vida, algumas ficarao com vc, mas n será esse enxame de mulheres. Mas, logo verá por si só...senao, eu mesmo faco vc vë kkkkkkkkkk
Espero o desenrolar da estória, espero que tenha mt coisa pra abordar.
Beijos, fica com Deus!
Resposta do autor:
Olá Lailinha!
Eu não sabia disso do portão, não, uai! Espero que melhore logo! E concordo que garra você tem de sobra.
Claro que eu gosto dos seus comentários e não quero que pare. O que eu quis dizer foi que se você está sofrendo não deve se sacrificar. Primeiro se recupera e depois vê conto. Mas se está se sentindo sem problemas, então, tudo bem.
É bom cuidar do peso para que ele não se torne um desagregador da saúde, seja por ser muito acima ou muito abaixo do que deveria, mas não pela pressão estética que é cruel e insaciável. É ótimo que sua esposa não seja cismada com isso de esconder o corpo na praia, porque é sinal de que não está se importando muito com a opinião alheia. É difícil ignorar, mas sem dúvida libertador.
Sayruci foi uma pessoa boazinha que maama conheceu antes mesmo de eu nascer. Como eu gosto do nome, resolvi homenagear. Não foi pelo significado dele em si, mas pela dona.
Latifah foi criada no meio das superficialidades e ainda não se libertou disso. Sendo uma jovem bonita, rica e vendo-se cheia de possibilidades sem muito esforço ainda não aprendeu a dar as coisas as dimensões exatas. Samir é aquele homem que só pensa em dinheiro, sucesso nos negócios, aparências, tradição... Ele acha que uma esposa se compra, ao contrário de se conquistar. É algo muito comum em certas culturas.
Riu muito do sofrimento da Abigail? Deixe ela saber! kkk
Sayruci tem que ter estômago, não? Não é à toa que a pobre quase não fala! rs Fico feliz que você tenha desenvolvido empatia pela condição dela. Como a pobreza é algo muito duro, há pessoas que entendem que a situação de gente como Sayruci não é difícil porque ela tem dinheiro, conforto... Bom que você percebe que não é bem assim.
Você vai ver como Latifah vai se comportando ao longo do tempo. Aguarde! rs
Abigail refugia-se das frustrações com essas "viagens". Ela sonha com a fama, o sucesso, fãs... mas nada é para sempre.
Esse conto não será como Maya ou Tao, mas certamente, há muita coisa para abordar.
Espero que goste.
Beijos,
Sol
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Samirao
Em: 04/02/2022
Como levar a sério uma criatura que escreve chupacabrea??? Pior que a gente leva huahuahua Eu entendi tudo cachorrona! Nem favoritei ainda só se você parar de postar só quinta e passar a postar terça E quinta! Aí nem te falo uns desaforos que vc merece. SIC
Peguei teus "trem" aqui habibi! Huahuahua
Cris!!! Vai dar tudo certo amiga! Você é muito demais e o pessoal lá de cima tá vendo isso
Beijuuuuussssss!
Samira
Resposta do autor:
Quando eu penso que ela sossegou com um perfil, eis que me aparece outro! Samirao?? kkkk
Gostou do verbo chupacabrear? Vai que pega? rs
Mas que desaforos que eu mereço?? Fiz nada! A caipira está mansinha! Que trens são esses?? Olha que eu ponho no conto, viu? (ameaça literária!)
Com certeza vai dar tudo certo com nossa querida amiga!!!
Postar toda terça e quinta? Vou pensar no seu caso.
Beijos,
Sol
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Cristina
Em: 03/02/2022
Oi Sol!!
Como você está?
Abigail se metendo em enrascadas! Tinha que sobrar para ela a entrega do gatinho!!!kkkkkk
Vida sofrida de Sayruci. Mas certamente ela vai se libertar!!!!
Tenho certeza que vou me divertir muito com Latifah.
Saudades de Samira!!!! Ria muito de nossas conversas e me divetia com suas colocações! Se for possível, diga-lhe que mandei um beijo!
Estou fazendo os exames necessários para fazer a cirurgia. Ainda tenho alguns para fazer e médicos para consultar. Vai dar tudo certo! É somente uma harmonização agora!
Fiz minha matrícula! Voltarei a estudar semana que vem. Vai ser EaD neste mês de fevereiro. As tachas de contaminação em minha cidade estão altas; assim que diminuirem, as aulas voltam a ser presenciais.
Quarto de estudos já está prontinho!
Ansiosa pelo próximo capítulo!
Beijos e até próxima quinta!
Resposta do autor:
Olá Cristina, tudo bem, queridíssima?
Se Deus quiser, os resultados destes exames serão ótimos e a cirurgia será melhor ainda. Vou ficar orando por você para que dê tudo certo e vai dar. Um amorzinho de pessoa como você terá a assistência de muitos irmãos iluminados. Vá dando notícias, por favor.
Voltará a estudar? Que maravilha!!!! Será muito bom para manter sua mente bem ocupada, junto com seu trabalho profissional e na casa espírita.
Beijos para sua maama!
Observe que Samira já apareceu. Você chamou... kkkk Eu imagino essas tais colocações que você fala.
Em relação ao conto, Abigail não se meteu na enrascada, colocaram a pobre lá! E o gato... Eita, bichano danado! kkk
Sim, Sayruci sofre. Mas nada é para sempre. Com ela também não será. Aguarde.
Imagino que algumas coisas em Latifah te lembrem alguém! kkk Deixa quieto, pois há muitas diferenças também.
Beijos e tudo de bom!
Sol
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Mille
Em: 03/02/2022
Kkkkk esse gato deu um aperreio Bigail. Chorei de tanto rir
A vida da Say é bem sofrida e solitária.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille!
Então você gostou do episódio do gato? Deixa Abigail saber disso... rs
Sim, Sayruci é prisioneira dentro de si mesma. O pior tipo de prisão que existe. Mesmo que haja riqueza material.
Beijos, querida!
Sol
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Solitudine Em: 23/03/2025 Autora da história
Olá minha lindíssima!
Uai, mas o nome Sayruci é tão belo e fácil de pronunciar... O que é difícil é encarar a situação dela, começando pelo marido, passando pela mãe e até pela filha. rs
Ela precisará de um tempo para entender o que você falou. Vamos ver quanto tempo e como será.
Abigail conheceu um gato que veio com sede de vingança! Azar o dela que cruzou o caminho dele! rs
Gostou dos devaneios de Abigail? kkk
Sim, elas duas escrevem por razões bem diferentes. Vamos ver se e em que ponto, elas se encontrariam.
Beijos,
Sol