Ooooi gente! Capítulo totalmente boiola pra vocês, espero que gostem!
Não esqueçam de me seguir no Twitter ein? @Patty5hepard
Capitulo 35
— Posso tirar o dia de folga amanhã? — Mia questionou enquanto caminhava devagar para o sofá de seu escritório onde Hernando estava meio distraído com o celular em uma mão e uma garrafa de suco natural na outra. Os dois estavam em horário de almoço e como quase sempre fazia, estavam juntos. Os saltos que usava foram deixados ao lado do sofá e logo estava relaxada com as pernas cruzadas sobre as coxas de Hernando.
— Eu não sou seu chefe pra você me perguntar isso. — o homem rebateu antes de dar um novo gole em seu suco e em seguida olhou para Mia. — O que você vai comer?
— Mas é meu parceiro, quero saber se tem algo pra fazermos juntos, idiota. — reclamou enquanto abria o saco de papel que Helena havia lhe entregado mais cedo antes de sair da casa dela. A mexicana disse que era para o almoço de Mia, mas Mia não havia olhado para saber o que era. — Sanduiches. — sorriu com satisfação quando viu o conteúdo, pequenos sanduíches com sabores variados, todos bem embrulhados e arrumados lado a lado. Seu coração palpitou dentro do peito, ainda mais quando viu um papel dobrado dentro, o segurou e o abriu com uma mão só, era pequeno. — “Não é um almoço extravagante, mas fiz com carinho. Coloquei alguns extras para o Hernando. Bom apetite e bom dia, chatinha.” — leu em voz alta e com um sorriso largo nos lábios, então tinha sido por isso que Helena havia recusado um banho com ela naquela manhã antes de se despedirem.
— Amo a Helena cada vez mais. — Hernando levou a mão ao peito.
— Eu sei, eu também. — Mia falou antes de dar um sorriso realmente orgulhoso, com certeza guardaria aquele pequeno bilhete pelo resto da vida.
— Acabou de admitir que ama a Helena? — Hernando questionou enquanto se inclinava para pegar a sacola de papel, mas Mia não deixou, afastou-a do alcance de Hernando enquanto arqueava ambas as sobrancelhas. — Ela fez pra nós dois!
— Mas especialmente pra mim. — pontuou como se isso fosse obvio, mas sorriu toda boba logo em seguida. — E se isso não é amor, Nando, eu não sei o que é. Ao menos da minha parte. — explicou enquanto voltava a abrir a sacola, agora com mais cuidado para ver os sabores. — Manteiga de amendoim. — tirou o primeiro, estava muito bem embrulhado e cortado como um triangulo e bem recheado. Tirou mais um: — Manteiga de amendoim com geleia, acho que de morango. — falou enquanto olhava para o recheio, deixou-o ao lado do anterior e voltou a pegar mais um: — Frango bem cremoso. — disse e empilhou-o ao lado dos outros, todos em seu colo. — Frango também, mas pela coloração eu aposto que é apimentado. Tinha que ter. — sorriu com as próprias palavras antes de pegar o último sanduíche e deixar a sacola agora vazia de lado. — Esse é de queijo e presunto.
— Quando foi que você começou a falar sobre isso com tanta naturalidade? — Hernando questionou enquanto voltava a se inclinar para pegar um dos sanduíches, pegou o de manteiga de amendoim já que sabia que Mia iria preferir o que também tinha geleia. — E eu não vou precisar de você amanhã, pode tirar o dia de folga, qualquer coisa eu te ligo.
— Quando percebi que não adianta nada reprimir. — deu de ombros enquanto desembrulhava o sanduíche de manteiga de amendoim e geleia e logo deu uma mordida bem generosa. — Eu sinto que ontem foi necessário pra evoluirmos um pouco mais, sabe? — falou mesmo enquanto ainda mastigava, mas logo respirou fundo. — Ela estava muito mais entregue, foi notável.
— Onde vocês trans*ram? — Hernando olhou brevemente para o sofá.
— Na minha mesa. — Mia apontou para o móvel com a cabeça e sorriu com orgulho por isso.
— Realmente bem entregue. — o homem deu ênfase no “bem” e isso arrancou uma gargalhada de Mia.
— Idiota! Me da meu suco! — pediu enquanto estendia a mão.
Hernando ria enquanto se inclinava para pegar na mesinha a garrafinha de suco natural, tinha um estoque na geladeira de seu escritório, então trouxera um para Mia também.
— E ela me apresentou a vó da Ally, um amor de senhora! E eu vi que ela é muito importante pra Helena, muito mesmo.
— Isso é um grande passo. — Hernando falou e relaxou enquanto ajeitava-se um pouco para por os pés em cima da mesinha. — Vou comer o apimentado. — anunciou enquanto pegava o sanduíche, mas logo continuou: — Eu lembro quando o Drew resolveu me apresentar para os pais dele, ele suava tanto... E não era medo dos pais dele não gostarem de mim como na época eu pensava...
— Me da uma mordida... — indicou o sanduíche que o amigo comia para experimentar e foi totalmente automático, Hernando deu, ela deu uma boa mordida, o devolveu e o arquiteto continuou comendo tranquilamente enquanto seguia falando:
— Era por que isso deixaria muito claro que ele estava completamente louco por mim, tipo, como gritar pro mundo, entende?
— É claro que eu entendo, eu senti isso ontem, senti a confiança da Helena e o jeito como ela parecia tão feliz e confortável me apresentando a vó dela e por Deus, eu quis viver naquele momento o resto da minha vida. — gem*u por aquilo não ser possível enquanto pendia a cabeça para trás. — Como eu demonstro isso de volta pra ela? Ela já conhece absolutamente todo mundo e ainda é amiguíssima da Mamma. — soltou um suspiro um pouco pesado antes de voltar a encarar Hernando. — O Pappa iria amar ela.
Hernando olhou de volta para a amiga e fez aquela expressão que parecia a abraçar só com o olhar.
— Ele iria mesmo. — concordou.
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, agora mais entretidos no almoço preparado por Helena.
— Esses sanduíches me deixaram apaixonado por ela.
— Acredite, estou com vontade de ir agora mesmo no trabalho dela só pra beijar ela.
***
No dia seguinte, assim como Mia queria, conseguiu tirar o dia todo de folga para poder cuidar de suas coisas e de si mesma, coisa que não fazia já há algum tempo já que vinha trabalhando mais do que deveria. A primeira coisa que fizera pela manhã foi deixar o seu carro na oficina para uma revisão e enquanto isso foi ao salão de beleza onde cuidou dos cabelos e das unhas, foi a lojas de roupas dar uma pequena renovada em seu guarda roupa e só perto do fim do dia foi que pegou o carro de volta na oficina e partiu para a última coisa da sua lista do dia: O mercado.
— E então, aproveitou bem o dia? — a voz de Helena soou no fone de ouvido em sua orelha. Mia caminhava devagar por dentro do mercado, havia ligado para Helena para ter companhia enquanto fazia feira, estava com saudades.
— Muito bem, fiz absolutamente tudo o que eu queria hoje, fiz as unhas, hidratei o cabelo, até pensei em cortar, mas não tive coragem. — explicou enquanto lia a embalagem de um produto antes de coloca-lo no carrinho, voltou logo a empurrá-lo a passos lentos enquanto olhava em volta.
— Hmmm, difícil imaginar você com cabelo curto... Mas...
— Mas eu sei que você gosta do meu cabelo como está, ainda mais ele solto.
Helena riu e Mia automaticamente sorriu ao ouvir o som da risada de sua namorada.
— Não que isso seja o suficiente para te impedir de cortar, você com certeza ficaria maravilhosa de qualquer forma, isso é um grande fato.
— Está me mimando, Helena.
— Tenho todo o direito de mimar a minha namorada.
Mia riu.
— Eu jamais vou me acostumar com isso. — falou enquanto sorria, mas logo mudou de assunto. — E o seu dia, como foi? Conseguiu fazer tudo o que a Ally pediu? Espero que sim, por que foi isso que te impediu de passar o dia comigo.
— Sim, ela passou o dia me arrastando para reuniões, algumas foram bem divertidas, tem um senhor extremamente excêntrico que quer um quadro gigante dele na sala de casa, me deu um álbum inteiro de fotos dele para que eu tenha uma base de como pintá-lo e não se importou nem um pouco com valores.
— Normalmente os excêntricos são o mais ricos.
— Exato. Ainda é tão surreal ver como pagam tão caro basicamente só por que é assinado por mim, existem centenas de outras pessoas que podem pintar igual.
— Não se subestime, Helena... Você conseguiu chegar a esse nível onde está hoje por causa da sua excelência, ninguém pinta igual a você, assim como você não pinta igual ninguém.
— É... Você está certa... Obrigada, pode ficar com o troco. — Helena falou com alguém, mas Mia não se importou já que sabia que ela não estava em casa.
— Ainda está com a Ally?
— Não, vim encontrar uma ex professora, ela entrou em contato com a Ally a alguns dias querendo falar comigo, acho que comentei sobre com você.
— Sim, você comentou mesmo, tem noção do que ela quer?
— Nenhuma na verdade, mas ela sempre me ajudou muito, então não vi problema em vir vê-la, acho que vai ser bom, de qualquer forma só vamos tomar um café... E ela ainda não chegou, então posso ficar mais com você.
— Ótimo, já estava pensando com quem eu iria comentar sobre como esses frutos do mar estão incríveis. — falou e sorriu um pouco enquanto erguia um polvo para analisa-lo e ver como estava fresco. — Farei polvo grelhado hoje assim que eu chegar em casa, preciso finalizar esse dia cozinhando.
— Sabe o que eu acabei de perceber?
— Eu vou querer esse. — Mia falou para o atendente enquanto indicava o polvo.
— O que? — questionou a Helena.
— Eu nunca fui a sua casa.
Mia franziu o cenho e parou o que fazia com aquelas palavras de Helena, palavras que definitivamente a pegaram de surpresa.
— Oh... — riu por breves segundos. — Meu Deus, como isso foi acontecer? Eu nunca percebi.
— Acho que todas as situações que aconteceram com a gente sempre nos levaram pra minha casa...
— Eu juro que eu não fiz por querer, vai ser um enorme prazer te receber lá em casa quando você quiser... Espera! O que você vai fazer após o café? — questionou enquanto pegava o pacote com o polvo, mas não agradeceu de imediato, só sibilou para o rapaz a palavra “Peixe” e logo ele estava a guiando mais para o lado.
— Planejava ir pra minha casa...
— Não quer ir pra minha jantar comigo? Vou fazer um jantar gostoso exclusivamente pra você, um jantar romântico.
— Amélia, Amélia, se eu recusasse um convite desses eu mesma bateria na minha cara.
Mia riu por breves segundos enquanto puxava o celular do bolso e rapidamente abria a conversa com Helena onde com agilidade digitou o seu endereço.
— Estou te mandando meu endereço agora... Vou liberar seu nome na portaria quando chegar... Pronto. — disse assim que tocou no ícone de enviar.
— Perfeito... Agora eu preciso desligar, te vejo mais tarde.
— Até mais tarde.
***
Quando Mia chegou em casa, já era por volta das 18h, mas mesmo assim não teve pressa, primeiro guardou tudo o que havia comprado, abastecendo sua geladeira e armários do jeito que gostava e enfim colocando o polvo para cozinhar tendo em mente que precisava de um tempo razoável de cozimento. Tomou um banho demorado e vestiu-se de forma confortável com um shortinho de moletom curto e uma camisa de botões um pouco folgada, mas muito confortável. Amarrou os cabelos apenas por que iria cozinhar. Antes de subir, assim como havia dito a Helena, passou na portaria para por o nome dela na sua lista de pessoas que podiam subir sem qualquer burocracia.
Agora, com tudo bem planejado assim como gostava, pegou o celular e digitou uma mensagem para Hernando avisando que já estava em casa, era algo que fazia sempre, era um costume que tinha. Hernando fazia o mesmo. Assim, empenhou-se em preparar tudo o que tinha em mente, era verdade que era apaixonada por cozinhar, mas naquele momento parecia ter algo mais que estava a deixando tão empenhada e ela sabia muito bem o que era, afinal, tinha um nome: Helena.
E enquanto isso, no outro lado da cidade, a mexicana estava parada em frente ao café de onde havia acabado de sair, estava pensativa, agora sozinha já que a sua companhia havia partido, balançou a cabeça de forma negativa para afastar um pouco os pensamentos antes de dar alguns passos a frente, olhou em volta na esperança de ver algum táxi, demorou só alguns segundos para que acenasse com a mão para um deles e assim que o veículo parou em sua frente, entrou rapidamente.
— Boa noite! — o saudou enquanto fechava a porta e já ia abrindo a bolsa e puxando o celular, imediatamente abriu a conversa com Mia onde estava o endereço. — Aqui, nesse endereço. — mostrou o celular ao motorista, ele demorou alguns poucos segundos lendo o endereço antes de concordar com a cabeça.
— O trânsito está um pouco complicado nesse sentido. — ele falou e Helena apena concordou com a cabeça antes de falar:
— Não tem problema, não precisa ter pressa. — explicou e deu um pequeno sorriso para ele antes de desviar o olhar para focar no celular em sua mão, digitou uma mensagem rápida para Mia, apenas informando que iria demorar por causa do trânsito. Apesar de elas não terem definido nenhum horário, achou importante avisar.
Entretanto, a viagem que de fato fora um pouco longa, passou completamente despercebida por Helena que estava completamente entretida nos próprios pensamentos para prestar atenção em qualquer outra coisa. Por isso mesmo, só voltou a sí quando ouviu a voz do motorista anunciando a chegada ao destino.
— Bem mais rápido do que imaginei. — brincou enquanto puxava a carteira de dentro da bolsa e tirava logo algumas notas e o oferecia.
— Percebi que estava perdida em pensamentos, qualquer coisa se torna rápida quando estamos em outro mundo.
Helena riu com as palavras e concordou com um aceno de cabeça.
— São boas saídas para fugir da chatice de um trânsito. — sorriu de forma larga antes de continuar. — Por favor, fique com o troco e tenha uma boa noite.
Despediram-se rapidamente, era um homem muito simpático Helena pensou e por isso o pagara mais do que deveria, mas ele merecia. Enquanto dava passos lentos em direção ao imponente prédio onde Mia morava, retirava o celular do bolso e discava o numero de Ally.
— Ally, vou dormir na casa da Mia hoje, você pode ir abastecer a ração do dragão? — questionou assim que ouviu a voz da amiga do outro lado da linha.
— Você indo dormir na casa da Mia, que grande novidade, em um dia apresenta a vovó, no outro isso, o que será amanhã?
— Amanhã vamos tomar café da manhã com a Vera. — Helena respondeu enquanto sorria de forma um pouco larga e riu quando ouviu a gargalhada de Ally do outro lado da linha.
— Deus, e pensar que até pouco tempo atrás você estava dizendo que não queria isso. — riu novamente. — Mas pode deixar, eu vou alimentar a Vadia. E como foi o encontro com a Letízia?
— Foi tudo o que eu não esperava, vamos precisar sentar e conversar muito bem sobre isso, ela basicamente me ofereceu um emprego.
— Poxa, eu estava apostando que ela daria em cima de você.
— Pelo amor de Deus, Ally! Amanhã conversamos!
Desligou o celular enquanto sorria e balançava a cabeça de forma negativa com a palavras da amiga. Mas logo atentou-se a que veio ali, entrou de vez no lugar, anunciou seu nome ao porteiro que ficava na recepção do prédio e logo a sua entrada foi liberada. Sozinha no elevador, sentia uma certa ansiedade em seu interior, ao mesmo tempo que dizia que não era necessário, afinal, era só a casa de Mia, mas ainda assim por nunca ter vindo ali, estava ansiosa.
Quando entrou no corredor onde o apartamento de Mia ficava, caminhou devagar até parar entre as portas que ficavam praticamente frente a frente, soube imediatamente que era o apartamento de Hernando, acabou sorrindo enquanto ia até a porta de Mia e a abria sem cerimônia, assim como Mia havia mandado por mensagem, assim que abriu foi recebida por um aroma tão delicioso que a fez querer gem*r.
— Meu Deus, Amélia, que cheiro incrível. — não resistiu, teve que denunciar sua chegada imediatamente e sorriu de forma realmente larga enquanto olhava para a namorada empenhada na cozinha. Mas ela parou assim que ouviu a voz de Helena e as duas se encararam com sorrisos largos.
— Estou caprichando pra você. — orgulhou-se de dizer isso e sentiu-se uma idiota apaixonada, mas esse sentimento era bom demais para reclamar dele.
Helena riu enquanto se abaixava para tirar os sapatos que usava e também as meias, ficou descalça, muito mais confortável e caminhou até a sala muito bem organizada, bem ampla e com móveis todos em cores nude e branco, era tão... A cara de Mia. Deixou a sua bolsa em cima da poltrona, mas não parou de procurar detalhes, estava praticamente hipnotizada e Mia observava tudo com um sorriso nos lábios.
— Agora você sabe como eu me senti quando fui pela primeira vez na sua casa.
— Céus, tudo aqui grita você. — falou e riu com as próprias palavras enquanto aproximava-se do rack onde ficava a TV, mas o que mais lhe chamou atenção era que logo ao lado havia um painel onde tinha uma centena de fotos, era com certeza como um quadro personalizado, cheio de fotos carregadas de memórias.
— Ainda não tem nenhuma sua ou nossa, mas vamos mudar isso logo. — Mia deixou claro e sorriu quando Helena virou-se para encará-la com um sorriso nos lábios em resposta a suas palavras.
— Eu sei, vamos ter muitas oportunidades. — Helena falou um pouco baixo, mais para sí mesma do que para Mia. Olhava as fotos atentamente, haviam muitas com Hernando, outras com Vera, com Fred, com o pai que Helena imediatamente reconheceu e com os amigos, tantas com Charlie que isso trouxe um certo incômodo para Helena, incômodo que foi imediatamente ignorado, deu as costas para aquele painel e enfim foi para a cozinha. — Como eu posso te ajudar?
— Sentando e conversando comigo. — Mia arqueou uma sobrancelha ao encarar a namorada.
Helena sorriu, iria falar quando viu a mesa posta, perfeitamente organizada e tão bonita que fez o coração de Helena palpitar, era mesmo um jantar romântico?
— O que foi? — Mia questionou ao ver a expressão dela.
— Eu não esperava por tudo isso.
— Achou que eu estava brincando quando disse que iria fazer um jantar romântico pra você?
— Mais ou menos isso. — Helena franziu um pouco o cenho, sem de fato entender por que achou que era uma brincadeira.
Mia arqueou uma sobrancelha também um pouco surpresa com a resposta de Helena, tanto que parou o que fazia para olhar para a namorada, aquele olhar que logo enchia-se de amor e carinho, ergueu os braços pedindo, silenciosamente, um abraço. Helena imediatamente se aproximou e envolveu a cintura de Mia com carinho. A cozinheira sorriu enquanto colava a testa a de Helena devagar antes de falar baixo:
— Você merece todos os jantares românticos que eu puder fazer para você, Helena, não esqueça disso.
Ouvir aquilo fora como sentir o chão sendo tirado de seus pés de uma vez, mas não para que caísse e sim para que flutuasse de tão leve que ficou quando seu coração e aqueceu com aquela palavras, ela sorriu, mas não soube o que responder a ela. E tendo Mia percebido isso, para não deixa-la ainda mais sem graça, mudou drasticamente de assunto
— Então, sua professora não deu em cima de você não é?
— Oh, pelo amor de Deu, até você? — questionou enquanto se afastava.
— O que? Quem mais pensou nisso? A Ally? Isso faz eu me sentir menos paranoica. — Mia franziu um pouco o cenho, porém, agiu tão rápido no segundo seguinte que nem pensou quando sua mão estalou um tapa bem firme na mão de Helena que tentava roubar uma das batatas gratinadas. — Não toque enquanto não estiver pronto! — bronqueou.
— Meu Deus, Amélia!! — reclamou enquanto balançava a mão no ar como se isso fosse aliviar a dor que sentira. — Eu só ia experimentar!
— Você sequer lavou as mãos quando chegou, nada de tocar na minha comida assim. — alertou, aquele olhar ameaçador de quem dizia que se ela tentasse novamente iria levar outro tapa na mão. — Tem sorte de não ter sido com a espátula.
— Filha da puta. — reclamou enquanto se afastava, mas reclamou enquanto continha o sorriso. Mia acabou sorrindo um pouco largo com a reação da namorada.
— Quando eu era pequena eu vivia com a mão marcada por ficar beliscando o que o Pappa cozinhava.
— Hipocrisia você fazer isso comigo agora.
— Vá lavar as mãos!
— Onde está o romance desse jantar??
— Você não vai sentar na mesa se não lavar a mãos.
Helena riu por alguns segundos, como podia achar aquilo algo absurdamente lindo?
— Eu posso tomar um banho? Passei o dia na rua...
— Minha casa, sua casa, Helena. — deixou claro. — Quando você voltar vai estar tudo pronto, estou finalizando.
— Perfeito!
O apartamento não era grande, por isso mesmo não perguntou onde ficava nada, só saiu andando, mas de qualquer forma não teve nem o trabalho de procurar já que o quarto de Mia estava com a porta aberta e ela viera de longe. Assim que entrou, sorriu de canto, ali sim era impregnado pelo cheiro de Mia e como era gostoso... Olhou em volta devagar, notando cada detalhe e como era minuciosamente arrumado e muito bem decorado. Era mesmo a cara de Mia. Foi logo para o banheiro, era muito bonito, simples e chique ao mesmo tempo.
— Como pode ser tudo a cara dela aqui? — questionou e parou em frente ao balcão, o espelho era grande e a fez perceber, ao olhar para o próprio reflexo, que ela não conseguia tirar o sorriso bobo dos lábios, isso a fez rir de sí mesma e pensar que, definitivamente, ela nunca havia se sentido tão especial e amada por alguém.
Tomou um banho um pouco rápido, apenas o suficiente para tirar todas as impurezas de seu corpo e também para levar embora um pouco do cansaço que estava sentindo, quando terminou, enrolada na toalha voltou para o quarto de Mia e logo localizou o closet, outra surpresa quando adentrou o mesmo:
— Meu Deus. — falou baixo enquanto via como era tudo perfeitamente organizado. Os sapatos enfileirados lado a lado e todos separados, saltos em uma prateleira só, sapatos em outra, assim como sandálias, botas e tênis. Pelo que percebeu as roupas também eram separadas entre roupas de sair, roupas de ficar em casa e roupas de trabalhar, riu ao comparar com o seu e balançou a cabeça de forma negativa enquanto procurava, com muito cuidado para não bagunçar, algo que lhe servisse. Optou pelo mais fácil: Moletom e camiseta. — Amélia, pelo amor de Deus, suas coisas são tão organizadas que eu fiquei com medo de bagunçar o mínimo possível. — falou enquanto surgia na cozinha novamente.
Mia riu imediatamente com isso.
— Eu tinha certeza que você iria tirar sarro disso.
— É incrível e estranho ao mesmo tempo.
— O Hernando diz que pelo menos eu não separo as coisas pelas cores. — deu de ombros enquanto terminava de por alguns pratos sujos dentro da lava louças, a cozinha já estava praticamente inteiramente limpa. — Apesar que as vezes eu tenho vontade de fazer isso... — deu de ombros enquanto pegava um pago para enxugar as mãos e logo ia até a mesa onde puxou a cadeira para Helena. — Agora, sente-se.
— Sim senhora. — sorriu. Sentiu-se adolescente novamente, mas acatou as palavras de Mia e sentou-se na cadeira que ela puxara. — Você vai acabar me deixando mimada demais, Amélia.
— E quem disse que isso é ruim? — questionou e olhou para Helena com aquele sorriso sem vergonha na cara. Mas logo deu as costas e foi diretamente para a cozinha. — O polvo era bem grande, então eu fiz bastante coisa, inclusive até o Nando já veio pegar o jantar dele quando você estava tomando banho, ele está estressado com algumas mudanças em um projeto, não teve tempo nem de fazer jantar pra ele.
— Por isso vocês dois se dão tão bem, às vezes parece que disputam para ver quem trabalha mais.
Mia riu.
— Sim, isso é verdade. Uma vez em um dia com muitas reuniões pra ambos, apostamos quem conseguiria fechar mais projetos, quem perdesse pagaria as bebidas da noite. — deu de ombro e riu com as próprias palavras, principalmente quando lembrou daquele dia, pegou em cima do balcão dois pratos idênticos e foi voltando para a mesa. — Eu ganhei por 1 ponto de diferença e ele não se conforma com isso até hoje, ele é um péssimo perdedor. Mas a verdade é que é mais fácil pra mim conseguir projetos do que para ele, por que a diferença de preços e situações é diferente, mas obvio que isso não me fez recusar o prêmio.
— Suspeito que qualquer coisa que envolva cerveja, você não recusaria.
— Que bom que me conhece tão bem. — falou enquanto colocava o prato na frente de Helena. — Primeiro temos polvo grelhado com batatas e tomate, o molho é cítrico, mas é bem suave, eu espero que goste. — colocou o outro prato em seu lugar, ao lado de Helena, estando Helena na ponta da mesa. Mia logo se afastou novamente para pegar o resto. — Também fiz arroz de polvo com açafrão, coloquei um pouco de queijo, mas nada muito exagerado para não roubar o gosto do polvo. — falou enquanto pegava uma pequena travessa branca com a luva e voltava para a mesa onde colocou a travessa bem no meio da coisa. — E pra finalizar, esse eu fiz especialmente por que sabia que você iria amar... — disse enquanto andava de volta para a cozinha e no balcão pegou duas tijelas brancas de vidro, sendo uma maior que a outra. — Polvo empanado e frito... Com molho de pimenta.
— Eu estou sem palavras. — a mexicana disse enquanto olhava tudo de forma admirada, os pratos estavam minuciosamente montados e absurdamente lindos, idênticos, claramente haviam sido montados com muito cuidado e o cheiro estava simplesmente delicioso. — Meu Deus, Amélia, você fez um banquete! — exclamou enquanto erguia o olhar para encarar a namorada, foi bem no momento em que ela colocou o polvo empanado na mesa. A designer sorriu de forma orgulhosa e foi para trás da cadeira de Helena e inclinou-se só para dar alguns beijos no rosto dela. — Esse é um dos benefícios de ter uma chefe de cozinha apaixonada por você. — deu um beijo mais demorado no rosto dela e então se afastou.
— Você consegue me fazer apaixonar por você sempre um pouco mais, você realmente é incrível, Amélia. — Helena não sabia nem por onde começar, estava encantada com aquilo, nunca, em hipótese alguma, tinha passado por aquilo, onde alguém estava fazendo tudo para ela, dando atenção até aos mínimos detalhes para que tudo ficasse perfeito, estava completamente derretida.
— Então significa que estou indo pelo caminho certo. — disse enquanto voltava para perto de Helena, trazendo consigo uma garrafa de vinho. — Não é muito, é só por que combina muito bem com polvo grelhado, esse vinho é bem suave. — falou enquanto despejava um pouco na taça de Helena e em seguida fez o mesmo com a sua antes de enfim, sentar-se.
— É claro! — referiu-se ao vinho e ajeitou-se um pouco na cadeira, nem sabia por onde começar, soltou um suspiro e sorriu fraco antes de encarar Mia, ergueu a mão para tocar o rosto da namorada.
— Está pensativa demais, o que foi? — Mia questionou em um sussurro enquanto pendia a cabeça um pouco em direção à mão de Helena.
— Só me pergunto se um dia eu vou ser capaz de te retribuir tudo o que você fez e faz por mim.
Mia sorriu e ergueu a mão esquerda para tocar a mão de Helena, segurou-a com carinho e virou o rosto para dar um beijo carinhoso na palma da mão de Helena.
— Não faço isso querendo nada em troca, Helena. — rebateu em tom carinhoso. — Faço isso por que de verdade eu só tenho vontade de te mimar de todas as formas possíveis e fazer tudo o que eu puder por e pra você.
— Você sabe que eu sinto o mesmo, não sabe?
— Eu sei e eu sinto. — Mia garantiu e sorriu para a namorada. — De verdade, eu sinto nos mínimos detalhes, até mesmo nos sanduíches que você fez pra mim ontem. Eu sei que você não consegue ainda se expressar cem por cento e isso não é problema algum pra mim, da mesma forma que existem coisas em que eu não consigo me doar cem por cento a você ainda, não deveria ser diferente com você. Eu entendo isso e você também e é só isso que importa. — aquela troca de olhares cheia de cumplicidade e sorrisos que pareciam entrar em um acordo silencioso, era um fato, elas realmente se entendiam. — Agora coma, polvo frio é borrachudo.
— Tão mandona. — falou baixo em um ar um pouco risonho enquanto afastava a mão e logo pegava os talheres para dar atenção aquele banquete, rapidamente partiu um pedaço e levou-o a boca, segundo depois já gemia de satisfação. — Meu Deus... Que coisa divina.
Mia sorriu de forma orgulhosa, mas sem mostrar os dentes já que estava mastigando.
— Agora me conte! O que sua ex professora queria?
— Hmm, bem lembrado! — Helena falou antes de pegar a taça de vinho e dar um pequeno gole. — Ela não deu em cima de mim como você e a Ally pensaram, ela na verdade, de certa forma me ofereceu um emprego?! — franziu um pouco o cenho.
— O que??
— Sim, ela é uma querida, eu sempre gostei muito dela e ela foi uma das que me apoiou bastante mesmo quando minhas notas começaram a cair demais. — só naquele momento se dera conta do quão faminta estava já que mais cedo realmente tomara só um café tendo em mente que jantaria com Amélia. — Então, ela veio dizendo que estava muito orgulhosa de mim, que já fazia um tempo que ela vinha acompanhando meu trabalho, que sabia desde aquela época o que acontecia comigo. Pediu desculpas por não ter ajudado em nada... Enfim, no fim ela falou que abriu um novo setor na universidade e estão precisando de professores novos e quis fazer o convite pessoalmente a mim, por causa da minha idade, dos prêmios que já ganhei e pela minha história, eu seria uma professora perfeita.
— Que você é uma professora boa, isso é verdade. — Mia falou baixo, aquela frase cheia de duplo sentido que arrancou uma risada de Helena.
— Mas ensinar aquilo é bem diferente de ensinar arte, Amélia. — brincou ainda com um ar de riso.
— Eu sei, eu sei... Mas o que você acha desse convite? Você não chegou comemorando, significa que não foi tão bem vindo assim.
Helena deu de ombros.
— Eu disse a ela que precisava pensar, eu gosto como minha vida está atualmente, nunca me vi ensinando ninguém, nem sei se sou capaz disso.
— Você é capaz de tudo.
— Eu sei, mas não sinto isso, não ainda. — falou enquanto inclinava-se só um pouco para pegar com a mão uma das tirinhas empanadas de polvo, a mergulhou no molho e logo abocanhou. — Hmm, sim, você definitivamente acertou em cheio nisso.
— Como assim você não sente? — Mia tinha o cenho um pouco franzido e Helena a olhou por breves segundos antes de dar de ombros.
— Você mais do que ninguém sabe que a qualquer momento algo pode me tirar do eixo, algum gatilho, alguma lembrança, sonhos, qualquer coisa. E essa inconstância não é nem um pouco ideal para assumir um compromisso desses, eu não me sinto nem um pouco capaz.
— Você está certa, mas não significa que não pode ser uma meta futura.
— Também não significa que a vaga ficará lá esperando eu ser capaz. — rebateu quase imediatamente e isso deixou Mia em silêncio por alguns segundos, por que naquele instante percebeu como tudo aquilo afetou Helena, ela queria, com certeza queria muito, era obvio.
— Você sabe que só o fato de você admitir que, no momento, não se sente capaz, já é algo incrível não é? Já é uma grande evolução para que um dia você seja.
— É... A Samantha tenta me fazer entender isso em todas as sessões. — deu de ombros enquanto abocanhava um pedaço de batata e respirou fundo antes de encarar Mia. — Mas eu entendo, agora eu entendo.
— Ótimo... Outras oportunidades vão surgir, muitas mesmo. Isso já prova que seu potencial é visto mais além e por mais pessoas do que você imagina, Helena. É só uma questão de tempo para que surja mais e mais, acredite em mim.
— Amélia, se você me disser que o céu é vermelho, eu acreditaria cegamente em você.
***
Confortavelmente deitada na cama de Mia, Helena pensava em tudo o que havia acontecido naquele dia. Mia estava no banheiro preparando-se também para deitar, as duas estavam exaustas pelo dia que tiveram, sem contar que no dia seguinte acordariam cedo para tomar café da manhã com Vera.
— Amélia... — franziu um pouco o cenho, ouviu um “hm?” vindo de dentro do banheiro e logo continuou. — Ninguém nunca fez um jantar assim pra mim e pensando bem, eu nunca fui a encontros de verdade, considero hoje como um inclusive.
— Nunca foi a encontros? — Mia apareceu na porta do banheiro com o cenho franzido. — Como assim? Nem antes de namorar o Trevor?
— Não, ele nunca me convidou de verdade para jantar ou algo assim, nada de cinema ou coisas do tipo... Só... — franziu ainda mais o cenho ao pensar bem naquilo. — É tão controverso lembrar disso.
— Você perdeu tantas coisas. — Mia comentou enquanto fechava um pouco a porta do banheiro, deixando-a encostada apenas o suficiente para que a luz do mesmo iluminasse um pouco parte do quarto, propositalmente já que sabia que Helena tinha medo do escuro. — Então começamos mal. — falou de forma pensativa enquanto subia na cama, de joelhos e sentava-se sobre os próprios calcanhares enquanto esfregava uma mão na outra devagar, havia acabado de passar hidratante nela. — Ok, está decidido.
Helena riu.
— O que diabos você decidiu?
— Vou te levar a encontros, os mais clichês que você puder imaginar. Boliche, mini golfe, cinema, parque de diversões, zoológico! Oooh! — deu um sorriso largo, claramente empolgada com as próprias palavras.
Helena tinha um sorriso largo nos lábios enquanto olhava para Mia de forma completamente boba com aquelas palavras.
— Amélia... — chamou-a mais uma vez e Mia baixou o olhar para encarar a namorada. — Posso te chamar de amor?
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]