BOA LEITURA! ><
CAPÍTULO 31
ELISÂNGELA
Me senti sufocada. Estamos à horas falando de possíveis ataques e possíveis mortes e a única coisa em que consigo pensar é no quanto quero estar longe daqui. Meus poderes, bloqueados temporariamente por conta dos psicotrópicos que tomei, parecem estar voltando a ativa antes da hora, mesmo tendo tomado mais comprimido do que costumo. As vozes dos pensamentos de cada pessoa dentro e fora da barraca já começaram a sussurrar em minha mente e sei que daqui para frente só irão piorar. Os sussurros crescerão para quase gritos e tudo o que eu tocar ou chegar perto me deixará tonta de tanta informação. O medo de cada um perfura minha mente de forma absurda.
Não os julgo por estar com medo. É uma guerra, muitas pessoas vão morrer, e nós estamos na lista de prováveis mortes.
Quero fazer tantas coisas antes de morrer. Reflito. Mentira, na verdade não quero tantas coisas, a única que queria era conhecer minha companheira e viver com ela, mesmo que fosse somente por um dia e não terei essa chance, porque a guerra das visões chegou, e não tem exército nesse país que nos dê uma chance mínima de sobreviver.
Se qualquer um dos palpites que os líderes estão dando forem corretos, será somente um milagre para salvar nossas vidas.
As visões...
Os efeitos dos remédios estão passando e as visões estão aparecendo desorganizadamente. Preciso de um tempo, somente uns minutos.
Me afasto da grande mesa sem ninguém perceber, quando saio da barraca em busca de... De que? Mais barulho?
Suspiro.
Fora da barraca não está melhor que lá dentro. Soldados da Equipe de Contenção transportam caixas de um lado para outro enquanto vampiros e bruxas ajudam.
"Pelo menos estão todos trabalhando juntos."
O pressentimento de que algo está prestes a acontecer cresceu exponencialmente desde que cheguei no acampamento. Agora é meia noite, o rei dos vampiros chegou a poucos minutos enquanto os vampiros no acampamento trazem mais caixas com outras coisas de algum lugar do meio da floresta.
Tudo começou de uma vez, as visões, as vozes dos pensamentos das pessoas ao redor, os sentimentos, logo, a vida de cada uma delas passou diante dos meus olhos como num filme mal editado, com cenas, sons e imagens cortadas, tudo uma bagunça. E tem os pressentimentos. A sensação constante de que algo vai acontecer, na maioria das vezes posso distinguir quando é algo ruim ou bom, mas hoje, os sentimentos, os pensamentos, estão tão agitados que não consigo me concentrar. Minha mãe também sente, vejo a tensão dela aumentar a cada minuto, até mesmo ela, que não sente as coisas como eu está pressentindo que algo irá acontecer, mas a bagunça emocional ao nosso redor não nos deixa captar o significado disso.
Caminho pelo acampamento procurando algum lugar privado, algum lugar sem nenhuma pessoa passando para lá e pra cá. Profetas sempre são levadas a guerras porque qualquer informação que ela possa dar antes ou durante a guerra pode fazer diferença na batalha, nenhum líder dispensa esse tipo de ajuda.
Do bolso da minha calça tiro alguns comprimidos e os jogo todos dentro da boca, os engolindo de uma vez só. Tomo alguns segundos para que minha saliva faça o trabalho da água com perfeição, e tomo outros para respirar fundo tentando me acalmar. Acalmar o turbilhão em mim. Me lembro da voz da minha companheira pelo telefone, rindo de uma piada que contei e sinto meus nervos darem uma afrouxada na pressão que andam sofrendo. Agora me arrependo de não ter contado tudo para ela no telefone, de ter contado que sou uma lycan e que sei que ela é uma vampira, e que sou companheira dela e sei disso porque sou uma Profeta e tive uma visão com ela. Diferente dos lycans normais, Profetas tem visões nítidas de quem são seus companheiros antes de se conhecerem, porque não sonham com nada, temos somente visões, é tudo visões. Sempre.
"Devia ter contado... Se não sobrevivermos... Se eu não sobreviver ela nunca vai saber."
Meu coração se aperta de arrependimento. O que ela diria se soubesse que a companheira dela é uma lycan? Ela me aceitaria?
"Tarde demais pra isso."
Solto o ar com força. O momento de se questionar e contar tudo a ela já passou, agora só resta aceitar os fatos.
Caminho de volta para a barraca central, revirando os olhos para os olhares interessados de vampiros e bruxos, porque os lycans já não me olham dessa forma, minha fama de mau humorada chegou até onde queria e provocou o efeito que queria: distância.
Me aproximo da entrada e abro a aba de lona branca para passar, contudo, paraliso no lugar quando vejo ela, minha companheira, parada ao lado de Lorena ouvindo atentamente tudo o que estão discutindo na mesa. Imediatamente as vozes em minha cabeça cessam deixando somente o som do silêncio. Já entrei na barraca, se sair agora posso chamar atenção de alguém. Sinto as engrenagens em minha cabeça girando para pensar em alguma coisa.
"Por quê? Você não queria conversar com ela antes de provavelmente morrer? Aí está a chance..."
Mordi o interior da bochecha e xinguei Gaia por me fazer encontrar minha companheira agora numa situação dessas. É verdade, queria vê-la, conversar com ela, mas não assim, à beira de uma guerra e provável morte, e não aqui. Como posso explicar para ela quem eu sou aqui? Apertei mais o interior das bochechas com os dentes e a avaliei encantada. Ela tem a pele terrivelmente pálida, mas suas maçãs do rosto estão fracamente coradas. Seus lábios finos e rosados estão pressionados numa linha e seu cenho franzido.
Ela é ruiva. Suspiro.
Os cabelos estão presos em um coque, portanto não consigo saber o quão longos são. Não consegui enxergar seus olhos, mas ainda assim já soube que se sairmos vivos disso tudo ela será minha perdição.
Dei um passo para trás decidida a tomar mais alguns minutos de ar antes de entrar na barraca por completo, fazê-la me ver e enfim conversarmos, porém, seu olhar se virou para mim nesse momento. Paraliso mais uma vez no lugar antes de sair de vez da barraca antes que qualquer outra pessoa note a forma como nos olhamos. Caminhei novamente pelo acampamento para me sentir ridícula a sós, contudo, para meu desespero, passos soam atrás de mim. Não precisei me virar para ver quem era, com certeza é ela.
Procurei uma barraca aleatória e entrei, torcendo para que estivesse vazia, para meu consolo realmente estava. As caixas que os soldados transportaram o dia todo preenchem o interior, não deixando espaço para mais caixas, somente o espaço para que andássemos entre elas. O som da lona da entrada atrás de mim chiou e me virei para a encarar. Seus olhos são verdes escuros, hipnotizantes e intensos. Fecho a boca tentando não parecer tão impressionada. Ela encosta a lona nos dando privacidade.
- Você é lycan. - Sua voz não é suave e delicada, é firme, forte, e causou arrepios que contive com pouco esforço. Pessoalmente, sua voz é mais intensa do que por telefone.
- Sim. - Ela semicerrou os olhos.
- Eu sou uma vampira.
- Eu sei. - Comento e observo atentamente sua reação.
Seus lábios se apertam em sinal de tensão, um vinco em sua testa se forma e seus olhos correm meu corpo de cima a baixo.
- Você não está surpresa. - Ah, entendi. Ela quer que eu explique o porquê de estar sendo tão natural minha reação.
- Sou uma Profeta, já sabia que você seria minha companheira. - Termino a frase desconcertada, analiso sua expressão para ver se uma careta se formaria a menção da palavra 'companheira'. Nada.
- Isso não te incomoda. - Ela constata mais uma vez e aguardo ansiosamente por qualquer expressão em seu rosto, além daquele de desconfiança, que me indique uma opinião sobre isso.
- Queria que tivéssemos nos conhecido em outro lugar. - Seu olhar se semicerrou ainda mais e ela não disse nada por um tempo. Grito interiormente para que ela demonstre qualquer reação, para que ela diga que me aceita, ou qualquer coisa indicando que pelo menos tentaremos levar a união adiante.
- Eu queria que não fossemos companheiras. - Minha boca se abre em choque e uma dor penet*a meu peito.
Ela se vira e sai da barraca, me deixando vazia e machucada.
Agora, ela me fez entender.
Fim do capítulo
EITA QUE DEU A LOUCA NA AUTORA HJ KKKK
COMO SEMPRE: COMENTEM AÍ, QRO SABER OQ ACHARAM DA COMPANHEIRA DA ELI HEHE
AGR SIM ME DESPEÇO, ATÉ A PRÓXIMA KKK
Comentar este capítulo:
HelOliveira
Em: 24/01/2022
Poxa essa vampira não devia magoar a Eli....vamos torcer pra ela mudar de Ideia..
Resposta do autor:
Ssiiimmm
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