VEGAS por AutoraSoniaG
Todos os erros possíveis.
Na manhã seguinte antes que o sol nascesse Catherine se pôs de pé. Escolheu uma roupa confortável e calçou seus tênis de corrida.
A casa estava silenciosa, nem mesmo Helga havia acordado. Olhou para o relógio e viu que faltava pouco para as cinco da manhã. Se apressou em sair, iria para o trabalho mais cedo, mas antes precisava correr, arejar os pensamentos.
Foi em direção a porta, mas um movimento chamou sua atenção. Sobre o sofá estava Megan. Catherine fixou os olhos em sua adormecida esposa. Analisou pela primeira vez o rosto daquela que tanto lhe causou problemas, se preparou para receber a sensação de raiva, era sempre isso que sentia quando via, ouvia ou pensava em Megan, raiva. Mas estranhamente ela não apareceu dessa vez, pelo menos não da forma que imaginou.
O rosto sereno trazia algo que Catherine insistia em negar, beleza, os olhos da loira se negavam a apreciar os traços bonitos do rosto alvo, as sobrancelhas finas e a boca com lábios levemente cheios. Mas diante do silêncio e da inércia de Megan, não foi possível fugir do óbvio, ela era de fato bela.
Stevens tinha uma característica que muitas mulheres perseguiam, a sensualidade natural, não precisava forçar, ela estava ali transbordando. Catherine estranhou sua própria contemplação, balançou a cabeça em negativa, rio sem querer. Girou sobre os calcanhares e seguiu para rua, precisava correr para não enlouquecer de vez.
Um som irritante despertou Megan naquela manhã, um tipo de zumbido parceria martelar dentro de sua cabeça. Abriu os olhos com dificuldade, assim que sua visão ganhou foco viu Helga passando o aspirador pela sala.
—Hey! — Gritou, mas a mulher não parecia ouvir. — Babá do mal? — Disse mais uma vez, mas foi ignorada. — HEY!
Helga parou e se voltou para ela, e para sua felicidade desligou o aparelho infernal.
— Algum problema?
— Eu estou tentando dormir aqui.
— Isso não me interessa. — Helga disse com descaso.
— E assim que trata sua patroa?
—Você não é minha patroa, trabalho para Catherine .
— E você quer acordar Catherine com essa barulheira toda?
— Catherine já saiu para trabalhar.
— O que? Quando? — Levantou com rapidez.
— Faz quase duas horas. Nem todo mundo dorme a manhã toda.
Megan partiu para o banheiro, estava irritada, pois perdeu a chance de talvez conseguir acompanhar Catherine até a empresa. Tomou um banho rápido e vestiu roupas amassadas já que a loira havia jogado tudo de qualquer jeito dentro da mala.
Mandou uma mensagem para Holly marcando um encontro. Seu estômago reclamou ao sentir um cheiro delicioso vindo da cozinha, se apressou em busca do café da manhã, ficou imensamente feliz ao ver bolinhos saindo do forno. Como uma criança esfomeada avançou sobre eles.
— Fique longe desses bolinhos! — Helga disse de forma ameaçadora.
— Mas eu estou faminta.
— São os bolinhos favoritos de Catherine , você não pode comer.
— Minha esposa está me negando alimento agora?
— Você pode comer o que quiser, é só preparar.
Megan ficou indignada, mas resolveu não discutir, apenas pegou sua bolsa e saiu, comeria algo na rua.
Passou pela portaria com expressão fechada, aliás sua cara de poucos amigos começava a assustar pessoas que passavam por ela na calçada. Atravessou novamente a rua que a levaria até o café, ponto de encontro com Holly. Não demorou até que ela visse Nicols sentada na mesma mesa, tomando o mesmo tipo de café. Sentou jogando a bolsa sobre uma das cadeiras, antes de falar qualquer coisa chamou a garçonete, pediu torradas, bacon, café e bolinhos.
— Há quanto tempo você não se alimenta?
— Quase vinte quatro horas. — Megan disse olhando pela primeira para ela. Holly parecia abatida.
— O que você tem?
— Estou com dor em partes do corpo que nem sabia que existiam. E, isso garças a você.
— Não lembro de ter batido em você ou algo do tipo.
— Você é tão engraçada. Devia fazer comédia. — Disse ácida. — Estou assim porque fui seguir seu plano. Me instalei na casa da Kate, e ela me ofereceu o sofá.
— Watson fez o mesmo comigo, mas bem pior. Além de me colocar no sofá, fez a babá dela me imobilizar.
Holly bem que tentou, mas foi impossível não gargalhar. Ela daria tudo para ver essa cena.
— Uma babá? — Dizia sem conseguir parar de rir. — Você foi imobilizada pela babá da sua esposa?
— Ela é muito forte e habilidosa, apesar da idade.
— E ainda por cima é uma anciã!? — Stevens não conteve o revirar de olhos diante das piadas malfeitas.
Durante o café, Stevens teve que ouvir gargalhadas e perguntas idiotas, Holly não continha sua curiosidade por Red.
— Acho que você já riu bastante, Nicols.
— Ok.. Ok...mas vou guardar cada detalhe para sempre.
— Será que você não percebe o quanto estou ferrada? Não posso chegar perto da Watson.
— Então conquiste ela de longe.
— Ela não me deixa falar, além do mais parece uma pedra de gelo ambulante.
— Então seja uma romântica a moda antiga.
— Você diz.... Flores? Chocolates?
— Cartões bem feitos. Qual é Vause! Você sabe o que fazer, levou várias mulheres para cama.
— Catherine é diferente, ela tem uma babá.
— E você é Megan Vause, não tem nada que não consiga. Lembra?
— Tem razão! Vou conquista-la com as velhas e boas flores. Mas, eu não sei de que flores ela gosta. — A morena disse sentindo-se desanimar.
— Rosas vermelhas, toda mulher adora rosas.
— Rosas então.
Megan seguiu até a floricultura mais próxima, escolheu as rosas mais vermelhas que encontrou. Escreveu uma frase simples no cartão "Para a melhor esposa do mundo". Pediu urgência na entrega, pois estava quase na hora do almoço, e assim Catherine teria uma boa surpresa. Passou em uma doçaria e comprou bombons de Chocolate com recheio de nozes, algo lhe dizia que Watson iria gostar disso.
Sentiu um grande ânimo ao comprar todas aquelas coisas. Aquele era um pequeno passo para deixar a esposa mais relaxada, e assim que ela baixasse um pouco a guarda ela atacaria com tudo, em pouco tempo já estaria na empresa pegando o dinheiro que merecia pelo seu grande golpe.
Passou o dia inteiro assim, fazendo planos.
Quando a tarde estava quase chegando ao fim, resolveu voltar para casa. Catherine não tardaria a chegar e ela queria ver o quanto a esposa ficou surpresa com o seu pequeno presente.
Chegou ao apartamento bem mais animada do que quando saiu. Tudo parecia tranquilo, foi até a cozinha e se serviu de suco. Mas antes mesmo de conseguir levar o copo a boca viu que alguém havia chegado.
— Ela chegou. — Sussurrou.
Seguiu novamente para sala, em seus lábios um largo sorriso, mas ao chegar a cena que viu não foi a que ela estava esperando.
Catherine estava completamente vermelha, e quando seus olhos azuis pousaram sobre ela, Megan soube que seu plano não tinha dado certo.
— Você quer me matar? — Foi a pergunta lançada.
— Não... Não... Eu.. O que aconteceu?
— Catherine tem asma polínica.— Helga disse.
— Asma po.. O que? — Perguntou confusa.
— Tenho alergia a pólen. Suas rosas fizeram isso comigo. Antes que eu pudesse impedir o entregador deixou o arranjo em minhas mãos. Tive que ir ao hospital, perdi uma reunião muito importante e. — A loira começou a tossir. Megan se aproximou ao notar uma certa dificuldade na respiração dela. — Fique longe de mim!
Catherine passou o dia seguinte em casa, trancada no quarto. Quando Megan tentou entregar os bombons descobriu que a esposa também era alérgica a nozes.
Nas duas semanas que se seguiram a convivência só piorou. Catherine não aceitou os vinte e seis convites para jantar, também não quis ir ao cinema. Megan então apostou em uma conversa regada a vinho, mas Catherine não estava ingerindo nada alcoólico. Certa noite a morena tentou falar sobre a infância de ambas, ao comentar que teve um cachorro de estimação, desencadeou a fúria da loira, pois Catherine teve sua gatinha destroçada por dois cães enormes.
Dias depois tentou falar sobre música, mas a loira estava cheia de trabalho e não lhe deu nem a oportunidade de começar.
Quando o calendário findou o primeiro mês Megan viu seu tempo se esvair drasticamente.
Em uma madrugada viu Catherine seguir para cozinha, ela a seguiu no intuito de conseguir ao menos um beijo roubado, mas infelizmente Helga tinha um sono extremamente leve, não teve a oportunidade de se aproximar pois Helga surgiu e se pôs entre elas.
Em uma manhã terrivelmente fria ela sentiu a necessidade de sair e correr, queria pensar em uma nova maneira de se aproximar de Catherine . Correu pelo quarteirão, o ar frio escapava por sua boca, em sua cabeça milhões e milhões de ideias eram criadas, pena que todas estavam findadas ao fracasso. Mas naquele dia uma pontada de sorte surgiu em seu horizonte, literalmente. Ela quase não acreditou em seus olhos. A sua frente estava Catherine, ela corria com fones enfiados em seus ouvidos. Megan acelerou, correu forte até alcança-la.
— Oi.. — Não houve resposta. — Oi! — Disse mais alto. Catherine se virou para ela e sua expressão de surpresa foi inegável.
— O que você faz aqui? Está me seguindo? — Perguntou indignada.
— Não! Eu só estava correndo.
— Que coincidência! — Disse irônica.
— Catherine . — Suspirou profundamente. — Eu sei que não estamos indo bem, mas eu gostaria de... — Foi interrompida pela loira.
— Olha, eu não quero falar sobre vinho, música... minha infância. Também não quero que me mande flores, compre bombons.... Tudo que quero, é que você não faça nada! — Suspirou. — Amanhã haverá um jantar na casa dos meus pais. Lá você poderá conhecer as pessoas influentes que tanto quer. Gente idiota como eu que certamente cairá nos seus golpes, então até lá só fique longe de mim.
— Na verdade, eu só gostaria de um tempo com você, poderíamos conversar como na noite em que nos conhecemos.
— Você diz quando eu estava bêbada e incapaz de raciocinar com clareza?
— Bem... Você dificulta muito as coisas.
— Você se acha irresistível, não é? Um tipo de sonho lésbico? Vou deixar algo bem claro, você não me atrai de forma alguma.
Megan se sentiu profundamente ofendida com as palavras ditas, não com a parte em que Catherine a chamou de golpista, isso nem mesmo chegava a ser ofensivo. Mas, dizer que não sentia atração por ela, aquilo a atingiu bem naquele ponto entre o orgulho e a feminilidade. Toda mulher é atraente, e ela, ela certamente devia ter algo de belo, afinal não foi à toa que desde a adolescência começou a conquistar meninos e meninas, e para ela, nada era melhor do que conquistar uma mulher, porque isso a atraia e lhe fazia bem, e conceito hetero algum iria convence-la de que Catherine Watson não sentia a mínima atração por ela, então movida por sua ideia de mostrar seu lado sedutor, aproximou-se.
— Sabe o que eu acho, Watson? — Ficou a poucos centímetros da loira que recuou. — Acho que sua memória é muito enganadora, porque no dia em que levei você para meu quarto e tirei suas roupas. — Voltou a se aproximar. — Seus seios ficaram rijos, e sua respiração acelerada.
— Isso é mentira! — Disse Catherine fugindo do olhar despudorado.
— Quando a levei para cama, você me olhou profundamente, e mordeu o lábio. Você queria um beijo, estava curiosa e desejosa.
— Eu estava bêbada! — Disse furiosa.
Megan enlaçou a cintura da loira, atitude que roubou o ar dos pulmões de Catherine . Diante da aproximação da boca da morena sentiu o coração disparar, ela já articulava uma maneira de fugir do contato, mas Megan não chegou perto da sua boca, ela apenas colou os lábios em sua orelha direita e sussurrou.
— Você não está bêbada agora, mas aposto que seus seios estão rijos, e você está me desejando, porque por mais que negue, sei que deixo você curiosa.
— Solte-me!
Stevens sorriu diante do pedido fraco, porém se afastou, mas antes de ganhar distância modificou a ponta da orelha da loira, fascinada viu a pele se arrepiar.
— Nunca mais faça isso!
Catherine ficou furiosa diante das ações descabidas de Megan, mas nada a irritava mais do que aquele sorriso debochado que ela ostentava, contou a até dez mentalmente antes de voltar a correr, se ficasse um segundo a mais diante daquele sorriso iria esgana-la.
Stevens riu mais uma vez da fuga da esposa, a reação de Catherine de forma alguma a preocupou, na verdade, era animadora, pois aquela reação mostrava que ainda havia esperança.
Fim do capítulo
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