O sol brilhava no céu azul. A luz da manhã exigiu que ela colocasse os óculos escuros. Atravessou a rua, andou mais alguns minutos antes de avistar a figura conhecida, os cabelos bem aparados era uma característica de Nicols. Ela estava sentada em uma pequena mesa, tinha um copo de café grande entre as mãos. 
— Pegue leve, você sabe o que a cafeína faz com você. — Disse sentando de frente para a amiga. 
— Achei que não sairia mais do castelo Watson. 
— Minha querida esposa praticamente me forçou a sair. 
— Casar é ótimo.—  disse bebericando o café. — Mas, são sacrifícios assim que rendem recompensas. Me diga o você conseguiu arrancar dela? 
— Três meses! 
— Três meses para receber nosso dinheiro? 
— Não, três meses casada. 
— Que porr* é  essa! — Se exaltou! — Esse não foi o combinado! O certo seria fazer ela assinar, depois você iria pedir um bom dinheiro para se separar. 
— Eu sei, eu sei... Mas, tive outra ideia.. 
— Não quero mais ouvir suas ideias idiotas! Não, não... não. Tudo que quero é o dinheiro que você disse que eu iria ganhar se casasse com a amiga dela. 
— Nicols, você está pensando pequeno. O que nós conseguiríamos se exigirmos metade dos bens? Certamente não vamos ganhar nada. Elas vão levar o caso para os tribunais, e você sabe que não é uma boa ideia ficamos tão perto de tribunais, polícias... Céus, um juiz! 
— Se pedirmos uma quantia menor eles simplesmente pagam. — Holly disse cruzando os braços. 
— Essa era a ideia, mas quando entrei naquela casa, vi que poderíamos conseguir mais do que um simples cheque.
— Vamos  roubar o cofre?
— É claro que não vamos roubar o cofre! 
— Então o que vamos fazer? 
— Nós iremos trabalhar!— Megan disse com um largo sorriso. 
— Nós já temos um trabalho, e ele é ótimo! Roubamos, enganamos, e depois vem a chantagem. 
— Estou falando sobre trabalhar honestamente. — Holly avançou sobre Megan, segurando seus ombros com força. 
— Nunca mais diga isso!
— Me deixe terminar. 
— Não reconheço você. Trabalhar honestamente? Isso é um absurdo! — A morena revirou os olhos. 
— Preste atenção! Consegui convencer a Watson que queria ficar casada com ela por três meses, e ela aceitou. Nesse tempo vou arranjar um emprego na empresa dela, depois vou conquistar a confiança de todos. 
— Esse é seu plano? Ser a funcionária do mês?
— Não, meu plano é pegar uns bons milhões. Quando eu estiver lá dentro, saberei como as coisas funcionam. Em três meses teremos contas recheadas, depois vamos simplesmente desaparecer. 
— Como você pretende conseguir um emprego na empresa Watson? Você é uma golpista, eles sabem disso. —Disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. 
— E simples, farei Catherine confiar em mim.
— Isso é quase impossível. 
— Bem, e se ela se apaixonar.... — Holly gargalhou. 
— Ela odeia você. 
— Farei ela parar de odiar. Vou conquista-la. Não será difícil. 
— E o que farei durante esses três meses? 
— Você ficará responsável pelo plano B. 
—  E qual será o plano B? 
— Se não conseguir o dinheiro da Watson, devemos sair pelo menos com alguma coisa da tal Kate. 
— E como farei isso? 
— E sua garota, então descubra. — Megan diz se levantando. 
— Muito engraçado. 
— Seja rápida, Holly! 
— Sério? O que você fez de extraordinário até agora? — Megan pós a mão no bolso da jaqueta, retirando dele uma chave dourada.
— Consegui um apartamento. Minha querida esposa e eu, nos mudaremos ainda hoje. 
Holly ficou pasma diante da revelação. 
— Nos vemos por aí, Nicols. 
Seguiu até o hotel, não houve demora para recolher suas coisas, a maioria ainda estava na mala. Fechou a conta e pegou um táxi. Catherine havia dado a ela o endereço de um dos imóveis da família. Quando o táxi parou diante do imenso prédio ela mal conseguia acreditar em seus próprios olhos. Era simplesmente fantástico. 
— Obrigada. — Disse pagando o taxista. 
Arrastou a mala até a portaria, um homem bem vestido abriu a porta para que ela passasse, Megan ficou maravilhada com todo aquele luxo. 
— Bom dia, Senhora. 
— Bom dia. Sou Megan Stevens. Catherine Watson, me deu a chave de um dos apartamentos. 
— A Senhora Watson já havia nos avisado da sua chegada. O apartamento foi limpo, e já está disponível. 
— Obrigada. 
— A Senhora Watson ainda irá se mudar com o marido? — Megan se virou para encarar o homem. 
— A Senhora Watson ainda irá se mudar, mas para ficar comigo que sou a mulher dela. 
— Eu, eu não sabia... Desculpe, por favor... 
— Apenas não se esqueça que a Senhora Watson não tem um marido, e sim uma esposa. 
— Não vou esquecer, Senhora. 
—Ótimo! 

O dinheiro na opinião de Megan, era um instrumento delicado que não deveria cair nas mãos de qualquer um, porque saber gastar era uma arte. Ao entrar no apartamento ela soube que Catherine Watson merecia ter dinheiro, pois ela sabia exatamente como administra-lo. Era tudo tão refinado, sutil, livre de exagero. A decoração era simples e direta, era de um bom gosto absurdo. Um imenso orgulho preencheu Megan de repente, porque de uma certa forma aquilo pertencia a ela, a sala ampla, o belo e caro sofá, tudo ali era dela, porque se pertencia a Catherine era seu também. Sorriu para si mesma. 
— Sua sortuda do caralh*. 
Jogou-se sobre o sofá, suspirou satisfeita. Estava tudo perfeito, cada detalhe do seu plano dando certo. 
Levantou, seguiu por um largo corredor, notou dois enormes quartos. Ficou com o maior, a imensa cama era sem dúvida a maior que já tinha visto. Foi até o banheiro notando uma linda banheira.
— Uau. Acho que mereço um banho. 
Preparou a banheira, encheu de espuma, sorriu para seu reflexo no espelho, ela simplesmente não conseguia parar de sorrir. 
Passou boa parte da manhã dentro da banheira, quando o estômago começou a reclamar resolveu preparar algo para comer. Não encontrou nada na geladeira, acabou tendo que pedir comida. O almoço não foi dos melhores, mas no momento nada seria capaz de estragar seu humor. Ligou a enorme TV e deitou no sofá, seus olhos começaram a pesar, acabou adormecendo sem perceber. 

—... Não acho que esteja respirando. 
Uma voz foi ouvida ao longe,  sua mente ainda não havia despertado totalmente. Sentiu algo gelado tocar seu rosto. 
— E serio Piper, acho que ela morreu. 
— Eu não teria tanta sorte, teria? — Reconheceu a voz de Catherine  
Levantou, tomou um susto ao notar olhos castanhos observando seu rosto de perto. Kate a encarava com divertimento. 
— Eu disse que não teria tanta sorte. — Catherine disse vendo a cara de sono da sua indesejável esposa. 
— Que horas são? — indagou Megan. 
— Já é noite. — disse Kate. 
— Perdão, acabei dormindo. Sinto por não ter recebido você da maneira adequada, meu amor. 
— Não comece com essa história de amor, nem nada do tipo. 
— Não seja tão agressiva, Catherine — Kate disse ao notar a irritação da amiga,  mas resolveu não continuar com comentários ao reconhecer o olhar feroz e indignado. — Bem... acho melhor eu ir embora, antes que as coisas piorem. Divirtam-se. 
O silêncio tomou conta do ambiente, Catherine olhava Megan com extremo desagrado, enquanto a morena avaliava a figura da esposa.
— Como foi seu dia? 
— Vamos às regras.—  A Loira disse ignorando a pergunta de Megan. 
—Regras? 
— São apenas duas. Não fale comigo, e não chegue perto de mim. 
— Vamos morar juntas, vai ser impossível não falar com você. 
— Fale apenas o que for extremamente necessário. 
— Não acha que está exagerando um pouco? 
— Não, eu não acho. E para garantir que você ficará de fato longe de mim, trouxe minha guarda costas. 
— Sua o que? — Megan perguntou incrédula. 
— Helga, por favor. 
Uma mulher com mais de cinquenta anos com cabelos tingidos de um vermelho surgiu. Megan não havia percebido sua presença no local, algo que ela achou bem estranho. 
— Meu Deus! O que é isso? 
— Essa é a Helga. Ela vai cuidar da casa e também de mim, sua principal função é me manter segura. 
— Segura? O que acha que vou fazer. Tentar matar você, enquanto dorme? 
— Como eu disse, ela está aqui para cuidar de mim. 
— Sempre cuidei de Piper, desde que ela usava fraldas.—  Helga diz encarando Megan com uma expressão de poucos amigos.
— Uma babá? Você trouxe sua babá? 
— Pense o que quiser! 
— Isso é ridículo. 
— Ridículo é você achar que eu moraria aqui com você sem mais ninguém por perto. 
— Muito bem. Seremos todos muito felizes. Você, eu e. Sua babá. 
— Helga, não estou com fome, então não precisa preparar mais nada hoje, descanse. — Disse ignorando Megan mais uma vez. 
A morena voltou então para o sofá, deixou a TV no noticiário enquanto Catherine e Helga levavam as sacolas para a cozinha. 
O Plano perfeito de Megan começou a ficar seriamente ameaçado. Ela precisava se aproximar de Piper, conquista-la, mas já havia notado que não seria uma tarefa simples. Catherine estava furiosa, e ainda por cima tinha trago uma babá, agora ela teria que se virar para conquistar a confiança da tal Helga. 
— Merda! 
Catherine passou pela sala, viu Megan esticada sobre o sofá. A morena riu, mas não recebeu a mesma cortesia. 
Revirou os olhos diante da atitude da esposa. Sentindo-se cansada resolveu ir dormir, seguiu pelo corredor em direção ao quarto. Antes mesmo de chegar perto da porta avistou sua mala do lado de fora. 
— O que? 
Tentou entrar, mas estava trancada. 
— Watson, abra essa porta... Watson? — Deu fortes batidas. 
— O que você quer? — Catherine abriu a porta, estava de roupão e ainda tinha gotas de água escorrendo pelo corpo. 
— Como assim o que eu quero? Quero meu quarto! 
— Esse não é o seu quarto, é  o meu quarto! 
— Mas... Onde irei dormir?
— Você tem duas opções, pode dormir na sala ou... 
— Na sala? Mas tem outro quarto.... 
—  Essa é sua segunda opção. Pode dormir com Helga.
— Eu não vou dormir com uma múmia de cabelos tingidos. 
— Não fale assim dela! 
—Ok, ok... Mas eu não posso dormir com ela e nem no sofá, como percebeu sou meio grandinha pra ele. 
— Isso não é problema meu. 
— Sou sua esposa,  meu lugar é ao seu lado,  isso inclui a cama. — Disse tentando abrir passagem, mas Catherine não a deixou passar. 
— Saia! 
— Eu não vou sair! Vou dormir, bem ali naquela cama! — Apontou. — E você não vai me impedir. Se não quer dormir comigo, fique à vontade para dormir com sua babá do mal. — Tentou passar mais uma vez. 
—Ela disse pra você sair! — viu Helga se aproximar. 
— Eu não vou sair, já disse. 
— Se  não colaborar irei tira-la a força. 
— Olha, eu não quero brigar, só quero dormir. 
— Catherine não quer sua companhia. 
— Ela costuma deixar isso bem óbvio. — Disse encarando a esposa. — Mas eu não vou sair, então... 
Megan não conseguiu terminar de falar, com uma rapidez impressionante Helga simplesmente lhe deu uma chave de braço. 
— Hey! O que é isso? — Dizia tentando se livrar do agarre, mas quanto mais ela se mexia mais doía. 
— Você ficará longe de Piper, entendeu? 
— Sim... Sim... Entendi, entendi... 
— Pode soltar, Helga. Acho que ela já entendeu. — Catherine disse tentando conter um sorriso. — Desculpe por não avisar que minha babá sabe tudo sobre defesa pessoal, imobilização e muitas outras formas dolorosas de se livrar de alguém. 
— Acho que por hoje é melhor eu dormir na sala.— A morena disse, enquanto esticava o braço. — Boa noite, meu amor. 
Existem momentos na vida que temos que admitir que perdemos. Mas não existia um momento mais doloroso ou difícil para Megan do que esse, assumir que estava sendo derrotada. Catherine soube criar uma barreira bem sólida entre elas, a presença de Helga complicava bastante uma aproximação mais... íntima. Como ela iria passar por aquela raposa jurássica? 
Passou horas e horas olhando para o teto,  ainda estava  sentindo dores no braço, mas sabia que no dia seguinte muitas outras coisas iriam doer. Porém desistir não era uma opção, em seus pensamentos arquitetava maneiras de mudar a situação complicada que havia se metido. Por fim antes do sono lhe roubar a consciência conseguiu traçar um objeto. Catherine Watson iria conhecer seu lado irresistível.

Fim do capítulo