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  • Um Novo Começo: O Despertar de Alice
  • Capitulo 78

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Um Novo Começo: O Despertar de Alice por maktube

Ver comentários: 6

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Palavras: 4471
Acessos: 3357   |  Postado em: 17/12/2021

Capitulo 78

 

Capítulo 78º

Alice

            Depois do meu momento de raiva e desespero Anna me acalmou dizendo que ainda não tinha notícias do hospital. De certa forma fiquei aliviada, afinal isso significa que ela continua em cirurgia e assim segue viva.

- Eu vou organizar essas coisas. – falou com a voz mansa. – Vai para o banho. Precisamos voltar para o hospital.

            Não falei nada, apenas concordei e fiz o que ela me mandou. Alguns minutos depois já estávamos no hospital. Quando entrei, fui em direção as minhas mães. Amélia não ousou levantar a cabeça para me olhar. Sentei, recebendo um abraço duplo das duas mulheres que me criaram com tanto amor e carinho.

            Alguns minutos se passaram e Letícia apareceu com um sorriso. Mas era notório o seu cansaço. Ficamos em pé assim que vimos ela junto de Luciana. Havia acabado. Agora saberíamos o que aconteceu, agora era o momento que eu iria saber se perdi o amor da minha vida.

- Como foi? – Amélia questionou nervosa.

- Os dois estão bem. – Luciana tranquilizou. – Letícia conseguiu tirar o bebê a tempo. Rebeca teve algumas complicações, mas se encontra instável no momento. Achamos melhor induzir o coma para que ela se recupere com calma. Vai ser uma longa jornada.

            O choro de alegria tomou conta de todas nós. Os abraços calorosos foram trocados, inclusive em Letícia e Luciana. Já que foram as duas quem salvaram as vidas deles. Amélia parou diante de mim, sei que ela queria me abraçar, mas eu não esqueci o que aconteceu. Virei as costas para ela decidida apenas a ignorar minha raiva. Precisava de tempo para entender tudo isso.

- Alice, acho que deveria ir ver o bebê. – Letícia comentou segurando minha mão.

            Não tive tempo de responder ela segurou minha mão e me arrastou junto dela. Pelo vidro ela me apontou o neném. Senti uma emoção ao vê-lo mesmo que de longe.

- Podemos nos higienizar e você pode vê-lo de perto. Quer?

- Por favor. – falei com a voz falha.

            Vesti as roupas que ela me deu e entramos. Foi a sensação mais louca que já senti na vida quando meus olhos fitaram aquele ser tão pequeno e frágil. Suas mãos minúsculas, o nariz igual ao de Pedro. Os cílios longos como o da mãe, os cabelos castanhos. Ele dormia tranquilamente, chegando a suspirar. Senti um amor imediato. Lembrei de todas as conversas que tive com ele, mesmo quando ainda estava na barriga de Rebeca, e ali eu já sabia que o amaria.

            Ele se mexeu chorando, parecia irritado. Sua pele ganhou um tom avermelhado e ele passava os dedos nos poucos fios de cabelos. “Nervoso igual a mãe”, pensei comigo mesma.

- Fala com ele. – incentivou Letícia. – Você falava com a barriga, ele escutava. Agora pode colocar isso em prática.

- Oi, bebê. Sou eu, sei que aqui é bem diferente de onde você estava. – segurei sua mãozinha na minha. – Mas não precisa chorar, você é muito amado aqui.

            Como se soubesse que o que eu dizia era verdade ele se acalmou. Assim que ouviu minhas primeiras palavras. Meu coração explodiu no peito, ele me conhecia, sabia que estava seguro ao meu lado. Ele apertava meu dedo na sua mão, com toda a força que um bebê poderia ter. Letícia sorria com a cena.

- Precisamos deixar ele dormir.

- Claro. – sorri. Beijei sua cabecinha e aquele cheiro me encheu de vida, como se tudo pudesse ser diferente agora. Tudo seria por ele, não só pela minha promessa a Pedro. Mas também pelo meu amor por aquela criança linda.

            Saímos da sala e eu senti de alguma forma minhas forças serem restauradas. Letícia não disse nada, apenas me abraçou deixando que eu chorasse em seu ombro. Aos poucos fui me acalmando.

- Você precisa ser forte. Rebeca vai acordar e não vai poder cuidar do filho. Isso vai mexer com ela. Fora que não sabemos se houve algum dano mais severo. Mas acredito que ela esteja bem.

- Eu sei. Vou estar aqui por eles. Prometi isso ao Pedro. – afirmei lembrando nitidamente o momento em que ele me pediu isso.

- Faça por amor a eles, não por sua promessa. Promessas podem ser quebradas, o amor não. Ele permanece. Você precisa esquecer o que aconteceu hoje.

- Letícia, eu não posso esquecer. Os olhos de Pedro me fitando...- minha voz falhou. - ...o cheiro do sangue dele. Nada disso vai ser apagado da minha mente. Eu segurei a mulher que eu amo nos meus braços, desmaiada. Você sabe o que é segurar o mundo nas mãos enquanto ele se desfaz? – ela negou com a cabeça. – Ela é meu mundo, eles são. E por um segundo pensei que perderia tudo.

- Mas eles estão aqui. O seu mundo está vivo ainda, e agora mais florido. – falou se referindo ao bebê.

- Poderia ter perdido ela. Amélia não deveria ter escolhido.

- Ela precisava. As duas já tinham conversado antes. Rebeca não deixaria você viver com a culpa de uma decisão dessas.

- Mesmo assim, ela deveria ter conversado comigo. Ela não queria viver. Ela simplesmente não se importou em me deixar.

- Não pense por esse lado. Ela te daria o melhor dos presentes. O filho de vocês, e antes que diga que ele não é. Bastou ouvir sua voz para se acalmar, ele te conhece, sabe quem você é. Ele sabe que você é uma das mães dele. Filhos não precisam dividir laços sanguíneos. O coração escolhe. – afirmou e eu deixei uma lágrima cair.

- Tudo bem. – concordei.

- Agora vamos vê-la?

            Mais uma vez me permiti ser levada por ela. Avistei Rebeca ligada a vários fios. Não podíamos entrar no quarto. Meu coração apertou, ela estava viva, mas eu não conseguia viver com a possibilidade de sua morte. De uma decisão que ela já havia tomado antes que algo acontecesse. Meu estomago revirou.

- Eu preciso sair daqui. – falei indo em direção ao banheiro.

            Assim que abri a porta corri para vomitar. Minhas emoções estavam afloradas. Minhas entranhas queriam sair. Meu corpo no momento não era uma boa casa. Vivia uma bagunça interna, dividida entre o que poderia ter acontecido e a realidade dos fatos. Letícia ficou ao meu lado esperando que eu terminasse.

- Desculpa. – falei molhando minha testa.

- Sou médica, já vivi coisas piores. Você precisa descansar.

- Não. Vou ficar com ele.

- Ele está em boas mãos. Vá para casa, descanse. Amanhã você volta. – tocou meu ombro.

            Aceitei a proposta. Minhas mães me levaram para casa, durante o percurso insistiram para que eu fosse dormir com elas. Mas eu não queria, desejava apenas ficar sozinha. Pensar no que aconteceu e tentar organizar as coisas dentro de mim. Eu estou completamente bagunçada. E mesmo que Anna viesse me organizar como fez com a casa, não adiantaria. Levaria tempo para me recuperar.

- Tem certeza que vai ficar bem sozinha?

- Sim. Só preciso dormir. – forcei um sorriso.

- Podemos ficar com você.

- Não precisa, mammy. Os meninos precisam mais de vocês do que eu. Devem estar preocupados.

- Tudo bem. Mas vamos deixar os seguranças aqui. Qualquer coisa nos chame. – a mamma falou beijando minha testa. – Nós te amamos.

- Também amo vocês. Obrigada por tudo.

            Desci do carro e segui para a porta de entrada. O silêncio me invadiu de uma forma bruta. Estar sozinha era o que eu precisava, mas a ausência de Rebeca em casa continuava me incomodando.

            Decidi fazer o que me acalma. Fui até a piscina, tirei minhas roupas, e entrei vagarosamente na água. Deixei que meu corpo ficasse completamente coberto, apenas caminhei em direção a parte mais funda. Queria que a água lavasse tudo em mim, os resquícios do sangue de Pedro, o grito de Rebeca chamando-o, o corpo pálido dela nos meus braços. A decisão que ela já havia tomado de não viver.

            Ela é meu mundo. Anna tem razão em dizer que fiquei totalmente dependente dela. Mas foi inevitável me sentir assim, tudo nela é maravilhoso. O sorriso, as manias, simplesmente tudo. Minhas lágrimas se misturavam com a água da piscina, enquanto de olhos abertos debaixo d’água eu fitava sua transparência. Meus pulmões ardiam, pedindo ar. Mas nenhuma dor poderia ser comparada a dor que eu senti no meu coração. Rebeca não se importou comigo, com o que sinto. Com o que sonhei para nós. Ela desistiria. Simplesmente tomaria a decisão de não lutar. Por mim, pelo filho, por ela, pelo nosso amor. Isso é difícil demais de entender.

- Erhhh! – tirei minha cabeça de dentro da água, acabaria me afogando.  

            Dei minhas primeiras braças, a água se agitou. Pois elas não foram delicadas, meus movimentos expressaram toda minha raiva, angústia, medo e decepção. Nadei várias e várias vezes. Até meus braços doerem. Quando não mais tinha forças nenhuma acabei apagando em uma das cadeiras de sol, acordei na manhã seguinte com Terê chorando quando me viu.

            No terceiro dia após o acidente Letícia me disse que era hora de trazer o neném para casa. Detestava ter que ficar chamando-o de bebê, neném. Não havíamos conversado sobre nomes. Se é que ela não conversou com outra pessoa sobre isso. Apesar das minhas mães afirmarem que iriam comigo buscar o pequeno, o qual elas já sorriam chamando de netinho, eu recusei. Tereza se prontificou a ficar conosco, ir comigo até o hospital e trazê-lo conosco.

            O quarto dele já estava pronto a sua espera. Passava das nove quando saímos de casa. Assinei a papelada da alta dele. E mesmo estando no hospital eu não conseguia ir ver Rebeca. Os dias sem era são torturantes, mas ainda me sentia traída, enganada. Fora que sei que desmoronaria se a visse naquele estado.

            Tereza chorou assim que o seguro nos braços, mas antes fez questão de levar flores para Rebeca. E me repreendeu com o olhar quando eu disse que não iria com ela. Seguimos para casa, nós três. E a falta de Rebeca ao meu lado, me dilacerava. Sei que ela está viva, mas não está ao nosso lado. Lembrei de sua mão na minha perna enquanto dirigi no fatídico dia da tragédia.

            Lembrei as sensações que senti de que algo estava errado. Não conseguia deixar de me sentir culpada. Talvez devesse ter insistido para não irmos, assim até mesmo Pedro poderia estar vivo.

- Você está bem, menina? – Tereza me indagou do banco de trás.

            Fitei a imagem da mulher ao lado da cadeirinha.

- Vou ficar. – forcei um sorriso.

            Nunca pensei que uma criança tão pequena pudesse fazer tanto coco, acordei tantas vezes na madrugada para trocar a fralda suja dele que perdi até as contas. Quando não era o choro de sono, era pela fralda cheia. Consegui entender quando dizem que o choro é diferente para cada coisa.

            Tereza sempre que escutava o choro ia até o quarto. Mas na maioria das vezes eu já estava lá, acalentando a pequena bomba de coco e fome. Cada vez que ele estava nos meus braços, meu amor por ele parecia aumentar ainda mais. Ele é tão parecido com Rebeca.   

            Uma semana se passou até que recebi a tão esperada ligação de que ela despertará. Estava deitada no sofá com o pequeno pacote sobre meu peito. Aquele se tornou seu lugar preferido, bastava tomar sua imensa mamadeira e logo queria dormir em meu colo. Meu celular tocou e na tela apareceu o número de Amélia.

- Não vai atender.

- Não. – respondi enquanto distraidamente acariciava os traços do neném.

- Alô. Sim ela está aqui. – fitei Tereza que me estendeu o celular. – É Amélia.

- Eu sei, por isso não quis atender.

- Alice, para de ser infantil. – escutei sua voz ao longe. – Rebeca acordou e perguntou por vocês.

            Escutar isso me tirou do chão. Ela havia acordado. Agora era real. Mas eu estava quebrada, ferida. Não poderia simplesmente correr a seu encontro.

- Alguma sequela?

- Nenhuma. Ela só quer ver vocês.

- Eu não vou.

- Mas ele é o filho dela. – respondeu irritada.

- Eu sei. Não disse que ele não iria, estou dizendo que eu não vou. Peça a Letícia para vir busca-lo. Ela pode leva-lo até ai.

- Alice, isso é tolice...-encerrei a ligação. Não queria discutir.

            A sensação de que ela estava fora de perigo trouxe à tona o meu desejo pela raiva do que aconteceu. De ela agir pelas minhas costas em uma decisão tão importante.

- Aonde você vai? – Tereza me indagou.

- Vou arrumá-lo. Rebeca acordou e quer vê-lo.

- Glorificado seja Deus! Que notícia maravilhosa. Você vai?

- Não. A Letícia vem buscar ele aqui. – dei de ombros indo em direção ao segundo andar.

            Sei que Tereza me repreendia pela atitude de não ir. Mas não ousei olhar para ela. Alguns minutos se passaram e Letícia apareceu para pegá-lo. Me fitou indagando se eu não iria mesmo. Mas respeitou quando beijei a cabeça do neném e entrei em casa depois de deixa-lo no carro.

            Eu fui para o banho. Já que era coisa rara, já que ele chora sempre. E eu corro, de onde estiver para saber se está tudo bem. Acho que foi a primeira vez na semana que tomei um banho direito, sem sair com os cabelos ensaboados.

            Escolhia uma roupa qualquer quando meu celular vibrou em cima da mesinha de cabeceira. O vazio das nossas fotos ali não passava despercebido por mim. O baque da lembrança do meu desespero e descontrole me atingia em cheio.

“Rebeca está sendo levada para mais uma cirurgia de emergência, você deveria vir. Pode ser que ela não resista.” Letícia.

            Reli a última parte tantas vezes, sentindo meu chão se abrir de novo. Ela havia acabado de voltar para mim, não era possível que ela não fosse viver depois de tudo isso. O medo de ter me negado a ir vê-la me corria. Eu não chorei, não conseguia. Apenas peguei a primeira roupa que vi e corri para o hospital. A demora do elevador me fez ir pela escada.

- O que aconteceu? – indaguei assim que abri a porta do quarto, mas o sentimento de raiva me invadiu quando vi Rebeca babando lindamente no neném. – Que brincadeira é essa? – olhei para Letícia, ela quem havia me mandado a mensagem.

- Não foi culpa dela. – falou com a voz serena. – Será que vocês se importam em nos deixar a sós alguns minutos?

- Não. Eu vou levar esse neném para casa. – Amélia disse isso segurando o pequeno. – Letícia vem dormir com você hoje. – falou depositando um beijo em sua testa.

            Eu não conseguia olhá-la. Apenas fiquei no canto da sala, tentando controlar o turbilhão de sentimento que me invadiam ao mesmo tempo. Não poderia desmoronar, não queria brigar e dizer toda a minha raiva e decepção e acabar piorando tudo. Me manter longe era mais seguro, para ela e para mim. 

- Pensei que quando eu acordasse veria seu rosto. – falou com a voz baixa, seu tom ameno fez meu coração vibrar. – Deveria se aproximar. Eu não mordo.

- Não. Prefiro ficar aqui. –respondi sem olhá-la, eu estava prestes a chorar e não queria isso.

- Você não pode ficar com raiva de mim, eu quase morri. – tentou brincar. E aquilo me irritou profundamente. Ela falava como se fosse algo simples e momentâneo.

- Sim. Eu sei disso. Eu estava lá, eu te segurei nos braços, eu te vi morrer. Assim como vi sua irmã dizer que....- minha voz falhou, aquela dor ainda me dilacerava o peito era uma ferida que estava aberta e levaria tempo para curar. 

- Eu não podia te dar o poder dessa decisão. Você escolheria por mim. E eu não viveria sem o meu filho.

- Não. Eu escolheria pelos dois. – rebati indignada.

- Você não pode culpar a Amélia. Culpe a mim. – pediu calma.

- Eu sei. A minha raiva é de você. Não estou transferindo-a para ninguém. Você decidiu que não queria viver.

- Alice, isso é bobagem, eu estou bem aqui.

- Agora está. Mas e depois? E se isso acontecer de novo? Vai deixar mais uma vez o poder de decisão na mão da sua irmã? – questionei magoada, eu não aguentaria passar por aquilo de novo.

- Alice, você não aguentaria saber que morri por sua culpa. Amélia é diferente.

- Claro que eu não aguentaria. Eu amo você, Rebeca. Amo como nunca amei ninguém na minha vida inteira. E a simples hipótese de te perder acaba meu mundo. – as lágrimas já me banhavam o rosto.  – Você não tinha o direito de ter feito isso pelas minhas costas.

- Um dia você vai entender.

- Sim. Um dia, mas para isso eu preciso de tempo. Eu te vi morrer, eu sai desse hospital acreditando que nunca mais te veria. Que nunca mais olharia seus olhos de novo. E quando eu chego em casa... – me lembrei do pedido.

- A surpresa. 

- Sim. Ver que você me pediu em casamento, me prometendo uma vida juntas. E pensar na possibilidade de não poder realizar nada disso ao seu lado me doeu. Me feriu. Eu estou quebrada. Você não imagina o estrago que fez em mim. – cada palavra que eu disse era carregada de mágoa e medo.  

- Meu amor, me desculpa.

- Não é uma simples desculpa que vai me fazer esquecer o que aconteceu. Eu preciso de tempo.

- O que quer dizer com isso?

- Quer dizer que estarei em casa, por vocês dois. Vou cuidar de vocês, assim como prometi ao Pedro enquanto ele...- fechei os olhos, lembrando claramente da feição dele enquanto sua vida ia embora e eu não pude fazer nada, nada além de dizer aquilo que ele precisava ouvir para poder partir. - ...estava morrendo em meus braços. Mas eu preciso de tempo.

- Não precisa ficar comigo por conta de uma promessa que fez ao Pedro. Precisa ficar comigo por me amar. Você não me ama mais?

- Não seja tola, é por te amar tanto, por te transformar no meu mundo que eu estou assim.

- Quer dizer que não estamos mais juntas?

- Eu não sei Rebeca. Honestamente eu não sei. Mas não quero pensar nisso agora. Vamos focar apenas no neném e na sua recuperação, o resto fica em segundo plano.

- Certo. – ela concordou, mesmo que momentaneamente.  

- Ótimo. Agora eu preciso ir. Fica bem. – falei de onde estava e dei alguns passos em direção a porta.

- Alice.

- Oi. – me virei novamente em sua direção

- Vem aqui. – me estendeu a mão. – Por favor. – insistiu.

            Fui até ela. E deixei minha mão repousar na dela.

- Não podemos mais ficar chamando o bebê de neném.

- Eu sei, mas não tínhamos escolhido um nome ainda.

- Mas eu já tenho um nome. Na verdade, dois.

- Nome composto? – indaguei confusa.

- Sim. Pedro em homenagem ao pai dele.

- Nada mais certo do que isso. – concordei. – E o outro?

- Teodoro. Em homenagem ao seu pai. – fitei-a surpresa, nunca havia comentado o nome do meu pai para ela. Afinal mal os conheci.

- Nunca disse o nome do meu pai.

- Sua mãe me disse.

- Mamma ou Mammy? – aquela era uma explicação plausível.

- Nenhuma. Estou falando da sua mãe biológica.

- Não quero te assustar, mas você lembra que ela está morta? – me assustei com a possibilidade de delírio ser uma das sequelas.

- Sim. Inclusive você se parece muito com ela. – acariciou meu rosto. – Ela me pediu para dizer que te ama muito.

- Rebeca, você bateu a cabeça? – aquela era uma história muito maluca.

- Não. Tudo bem se não acreditar em mim.

- Okay. – dei de ombros. – Agora acho melhor eu ir. – estar perto dela era demais para mim.

- Espera. – segurou minha mão. – Sinto muito por toda dor que te causei. Eu senti, aliás eu ainda sinto. Desde o instante que toquei sua mão e te ouvi fazer uma suplica a Deus para que eu vivesse. – aquilo era demais para mim, como ela poderia saber disso?

- Como?

- Eu estive ao seu lado. Você não me viu, mas me sentiu. Eu sei que sentiu. Só quero que saiba que eu te amo mais que tudo. E nunca, em hipótese alguma desejei te fazer sofrer. – eu chorei, lembrando do instante que fiz a oração e que alguém segurou minha mão e aquilo me acalmou.

            Ela beijou minha mão delicadamente. Mas em seguida a soltou. Eu queria ir, mas ao mesmo tempo ficar e dizer o quanto eu a amo. Mas eu ainda não posso. Caminhei até a porta desejosa de permanecer ali. Voltei para perto dela. Precisava ter certeza que estava tudo bem, ao menos era o que eu tentava me convencer. Meu olhar encontro o dela, aflito, ansioso pelo que eu iria fazer ou dizer.  

- Fico feliz que esteja tudo bem. – falei sentindo meu coração aquecer. – Pedro Teodoro merece conhecer a mãe maravilhosa que ele tem.

- As mães. – corrigiu com um largo sorriso.

            Sai do quarto e fui para casa. Encontrei Tereza que me encheu de perguntas sobre como Rebeca estava e quando voltaria. Luciana me disse que na manhã seguinte ela teria alta. Tereza disse que eu poderia dormir despreocupada, que ela olharia o pequeno que agora ganhou um nome, Pedro Teodoro. A história absurda que Rebeca me contou tirou o meu sono. Não sabia como ela conseguiu descobrir o nome do meu pai, ou a oração que eu fiz, implorando para que ela vivesse. Mas era uma história inacreditável. E esperaria para conversar com ela melhor em outro momento.  

            A manhã de sábado amanheceu ensolarada. Mesmo tendo dormido apenas de madrugada consegui descansar bastante. Assim que acordei fui olhar como estava o Teo. O menino dormia tranquilo. Parecia ter toda a paz e tranquilidade bem ali. No seu lindo travesseiro e cobertor de girafa. Depositei um beijo em sua cabeça e sai do quarto.

- Bom dia, Terê.

- Lindo dia. A dona Rebeca volta hoje e essa casa ganha vida. Até o sol resolveu aparecer.

- Pois é. – forcei um sorriso.

- Deveria estar saindo para busca-la.

- Eu logo irei. Você pode...

- Olhar o pequeno príncipe? Nem precisa me perguntar isso.

            Eu sorri do apelido carinhoso que ela colocou nele.

- Você poderia organizar o quarto para Rebeca?

- Para vocês. – me corrigiu.

- Não. Para Rebeca, vou continuar dormindo no de hóspedes.

- Que bobeira é essa agora? – levou as mãos a cintura. – Duvido que a dona Rebeca vai permitir uma coisa dessas.

- Por favor. Só faz o que estou pedindo.

            Mesmo a contra gosto ela subiu as escadas, levando a tira colo a babá eletrônica. Decidi que era melhor ir buscar Rebeca com o motorista. Cumprimentei o homem de terno preto enquanto abria a porta para que eu entrasse. O percurso até o hospital foi curto. Eu estava nervosa, afinal ter Rebeca de volta em casa e ainda mais precisando de cuidados não me ajudaria a manter uma distância segura.

            Não queria me deixar levar pela emoção de tê-la novamente. Precisava cuidar de mim e de tudo que tenho sentido nos últimos dias. Mas sei que ela não facilitaria. Movida pelo medo de não resistir a ela, acabei contratando uma enfermeira que a auxiliaria em tudo. Desde o banho a troca de curativos.

- Chegamos. – o homem anunciou.

            Sai do carro e fui para o quarto Rebeca já me esperava com um lindo sorriso dançando nos lábios. Era clara a sua vontade de estar em casa.

- Levem-na daqui, ou ela vai fugir. – Luciana brincou.

- Possivelmente iria mesmo, estou louca para ficar com meu filho e minha namorada. – concluiu me olhando.

- Lembrem-se repouso e cuidado. Vou mandar as instruções para o número que você me deu, Alice. – Luciana me falou e Rebeca me fitou curiosa.

- Que número?

- A enfermeira.

- Que enfermeira?

- Acho que vou deixar vocês conversarem. – Ela saiu de fininho.

- Podemos ir? – questionei indo para trás de sua cadeira de rodas.

- Quem é essa enfermeira?

- Rebeca, em casa conversamos. – pedi com paciências.

- Não. Quero saber agora. Quem é a enfermeira?

- Contratei para cuidar de você.

- Não preciso de ninguém além de Tereza e você. – resmungou.

- Mas eu tenho aula, eu tenho a empresa que precisa de mim já que você está de licença. Não tenho como ficar com você vinte e quatro horas por dia. E Tereza está se virando em três para cuidar da casa e do Teo.

- Teo? – indagou com um sorriso.

- Sim. Teodoro, Teo. – falei como se fosse óbvio.

            Apertei o botão do elevador e fiquei ao lado dela. Segurou minha mão com cuidado.

- Cadê sua aliança? – questionou olhando apenas a marca no meu dedo.

- Eu tirei.

- Alice, o que isso significa? Você por acaso terminou comigo?

- Não. Tirei para dar banho no nosso filho, e acabei esquecendo de colocar de volta.

 

            Ela abriu um largo sorriso e apertou minha mão com carinho. Eu revirei os olhos, mas por dentro adorei o contato de nossa pele. Foram tantos dias vivendo com a ausência dela. O motorista nos ajudou quando chegamos ao carro. Rebeca sentou-se confortavelmente e eu entrei em seguida.

            Buscou minha mão com a sua e entrelaçou nossos dedos. Estar com ela seria mais difícil do que eu pensei. Minha raiva sumia quando ela me toca. Sinto que tenho uma metade de mim de volta. Mas não posso viver assim, com o medo de que a qualquer momento ela possa ir embora. Fitei a janela, evitando encontrar seu olhar para mim, pois podia senti-la me observando atentamente, como se me analisasse o tempo inteiro.

 

            Não sei como seria daqui para frente, mas carrego comigo a certeza de que as coisas uma hora vão caminhar de uma forma mais amena. E quem sabe eu consiga dormir ao menos uma noite inteira sem acordar com pesadelos do dia da tragédia.

           

 

 

           

Fim do capítulo

Notas finais:

Eu sei, tô sumida. Mas a vida está corrida. Juro. kk

O que importa é que apareci. Beijos. Bom final de semana.


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Comentários para 81 - Capitulo 78:
Baiana
Baiana

Em: 19/12/2021

Olha,não aguento mais esse cheiro mole de Alice,a Rebeca está viva,está bem,o filho é lindo saudável. Ela precisa parar e se colocar no lugar da outra,se fosse a ela que estivesse grávida,quem ela pediria para tomar uma decisão difícil envolvendo a vida dela e do filho,a Rebeca? Duvido. Se continuar com essa criancice,ao invés de aproveitar o milagre da vida,vai acabar afastando quem ela mais diz amar.


Resposta do autor:

Amei tua revolta. kkk E concordo.

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 19/12/2021

Complicado né quero só vê  até quando Alice vai conseguir ficar longe de Rebeca kkkk


Resposta do autor:

Será que vai durar???

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Mille
Mille

Em: 18/12/2021

Oi autora 

Já estava com saudades. 

Essa enfermeira aí, sera que a Alice vai se arrepender?? Beca vai usar para fazer ciúmes ou a morena ficará com ciúmes???

Vamos ver a surpresa que a senhora está aprontando. 

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

KKk. Saudades de voltar a postar com mais frequência.

E eu não apronto nada.

beijosss.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

paulaOliveira
paulaOliveira

Em: 18/12/2021

Só o príncipe Téo pra unir essas duas de novo.

E essa enfermeira? Olha as confusões hein autora.
Resposta do autor:

Eu não faço confusão nenhuma. kkk

Sou uma simples autorinha.

Responder

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preguicella
preguicella

Em: 17/12/2021

Eita que menina Alice tá com o coração de pedra! Mas acho que Becca tá merecendo um gelinho pra dar valor a mulher que ela tem e faz tudo por ela!

Bjuuuuuuuu e dá um jeito nessa vida, a gente quer mais das nossas meninas!
Resposta do autor:

Rebeca vai usar esse gelo é para outra coisa. kkkk

Beijosss

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SPINDOLA
SPINDOLA

Em: 17/12/2021

Boa noite, Cruellita sumida de mi corazon.

Rebeca feriu sua amada além do necessário, pois naturalmente a loirinha já ficaria abalada com toda a situação, mas ela não ter conversado com a principal interessada caso algo do tipo acontecesse foi o fim da picada.

Sua decisão em salvar o filho foi certo, toda mãe faria isso, mas ter conversado somente com a irmã e deixado a decisão em suas mãos foi super errado, agora vai ter que ralar pra juntar os caquinhos do coração da loirinha, quem mandou dar uma de traíra com a amada.

Ameiiiiiiiiiii os momentos iti malia que fofura da mamãe Alice com o pequeno Téo.

E a tal enfermeira, vai só cuidar da Bequinha ou vai dar em cima da loirinha pra deixar a morena louquinha de ciúmes, kkk. Chegou a hora da Beca sofrer um pouquinho com medo de perder a Alice.

Ameiiiiiiiiiii o capítulo, quero mais.

Ótimo final de semana pra ti.

Bjs


Resposta do autor:

Oiê!!!!

Também acho que deveria ter sido algo conversado entre o casal. Mas entendo o medo da Rebeca em abordar um assunto desse com a Alice não seria fácil.

beijosss

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