Capitulo 77
Capítulo 77º
Rebeca
Abri meus olhos sentindo o sol me aquecer. Passei a mão na minha barriga imaginando que o dia de ter o bebê se aproxima ainda mais. Só que não havia barriga nenhuma além da minha de sempre, lisa e definida.
- O que aconteceu? – me questionei assustada.
Só então olhei a minha volta. Era um campo, com um lindo gramado verde e muitas flores. Para todos os lados havia pessoas sorrindo, se divertindo. Alguns com os filhos outros com seus animais de estimação. Todos usavam branco. Isso foi a primeira coisa que me chamou atenção.
Tentei ficar de pé, mas eu estava cansada demais. Como se tivesse corrido por horas seguidas. Apenas me sentei, apoiando as mãos na grama que parecia recém molhada. O cheiro logo invadiu minhas narinas e me fez lembrar as manhãs na fazenda.
- Como vai Rebeca? – uma voz me chamou.
Virei na direção dela. Por um segundo pensei estar vendo diante de mim Alice, só que com alguns anos a mais. Os cabelos eram da mesma cor, os olhos, os traços do rosto. Pude jurar que até o cheiro era o mesmo.
- Desculpe, mas eu te conheço?
- Não. – a mulher sorriu para mim, ficando ao meu lado. – Está difícil de andar?
- Sim. Me sinto cansada. – ela apenas balançou a cabeça concordando. – Você me lembra muito uma pessoa muito especial para mim. – lhe fitei.
- Eu sei. Ela também é especial para mim.
- Você conhece a Alice?
- Sim. – sorriu. E naquele sorriso percebi que aquela era a mãe dela. Mas como poderia isso acontecer se ela estava morta?
- Espera. Você é a mãe biológica dela? – a mulher acenou concordando com a cabeça. – Mas você está morta. – conclui e aquilo me assustou.
- Não deveria se preocupar com isso agora. – apertou minha mão gentilmente. – Alice é tão maravilhosa quanto eu pensei que ela seria? – a mulher queria saber mais da filha.
- Sim. Em todos os aspectos. Alice tem o coração mais puro que eu já vi. Tem um pouco de perfeição em tudo que faz, sempre é gentil, educada, amorosa. Uma filha maravilhosa, uma irmã companheira, como namorada ela supera toda e qualquer expectativa. Me faz a mulher mais feliz do mundo. – sorri lembrando seu sorriso.
- Ela tem sorte de ter você na vida.
- Não. Eu que sou a mulher mais sortuda do mundo por tê-la.
- O destino nunca erra. – falou pensativa.
- Do que está falando? Quer dizer que meu encontro com Alice foi predestinado?
- Sim. Veja bem, nada, simplesmente nada na vida acontece sem um motivo maior. Foi assim com minha morte, Larissa encontrando Isabella, depois adotando Alice. O final do casamento da Sam e da Bianca, para que separadamente elas pudessem ser felizes. Sam precisava sair para você aparecer. De que outra forma você encontraria Alice?
- Quer dizer que vocês morreram para que eu pudesse encontrar Alice quando ela fosse adulta?
- Sim e não. Nos morremos por que havíamos cumprido nosso propósito. Dar vida a Alice. Mas isso não quer dizer que tivemos que morrer para que vocês pudessem se encontrar.
- Estou confusa. – conclui fitando-a.
- Eu sei, leva tempo para entender tudo. Só que não precisa entender tudo de uma vez.
- Ótimo. Pois eu aparentemente já dei à luz e preciso voltar para o meu filho. – fiz força para ficar de pé e magicamente todo o cansaço havia ido embora. Sorri quando constatei isso.
- Está funcionando. – disse com um sorriso.
- O que está funcionando? – indaguei confusa.
- As orações.
- Orações? Do que está falando?
- Venha, vou lhe mostrar. – me estendeu a mão. Receosa eu segurei. – Feche os olhos. Deixe seu pensamento ir até Alice.
Imaginei Alice caminhando em minha direção. Eu estava esperando-a para nos casarmos. Ela sorria lindamente, segurando um buquê de flores nas mãos. E suas mães a acompanhavam até onde eu estava. Ainda de olhos fechados escutei a voz de Alice, como se estivesse longe de mim.
- Se você está aí, se você me escuta. Por favor não a tire de mim. Eu a amo com todas as minhas forças, não suportaria viver sem o som da gargalhada dela. Você já me tirou tanto, meus pais biológicos. Eu sei que sempre te culpei por isso, mas você me deu tanto também. Me deu as minhas mães, que são maravilhosas. Os meus irmãos. E a Rebeca, sei que foi presente seu. Dizem que você escuta até as preces feitas em silêncio. Mas eu estou aqui, implorando. Me deixa ficar com eles. Por favor. Não a tire de mim.
Escutar a súplica de Alice me fez abrir os olhos assustada. Fitei sua imagem ao meu lado, coberta de sangue. Foi então que tudo o que aconteceu começou a passar na minha cabeça como em um filme. Os tiros, Pedro morrendo. Alice me segurando, pois eu havia sido atingida. Ela chorava implorando para que eu ficasse viva.
Seu rosto estava banhado em lágrimas. Aquilo me dilacerou. Eu era causadora de todo aquele sofrimento. Detestei ver a mulher da minha vida naquele estado. A impressão que eu tinha era que ela jamais se recuperaria.
- Pode ficar ao lado dela. – incentivou sua mãe.
Eu fiz isso. Sentei ao lado dela, deixando minha mão segurar a sua com amor e cuidado. Minhas lágrimas também desciam descontroladas.
- Eu estou aqui, amor. Estou com você.
Parecia que por aquele simples toque de mãos, toda a dor, angústia e medo que ela sentia, eu também pude sentir. Alice fechou os olhos. Respirando fundo.
- Vai ficar tudo bem, eu te prometo. – sussurrei para ela.
Como se escutasse minha voz, suas emoções mudaram. Seu coração se acalentou. Ela abriu os olhos e saiu da pequena capela. Me deixando para trás.
- Ela vai ficar bem.
- Não. Eu causei isso. Sou culpada de toda essa dor que ela sente. Preciso voltar. – falei desesperada.
- Você vai, no momento certo.
Minhas lágrimas já desciam descontroladas. A mãe de Alice me estendeu a mão novamente. E como em um passe de mágica estávamos na sala de cirurgia.
- Essa sou eu?
- Sim.
- Mas eu continuo grávida. Como isso é possível?
- Você não morreu.
Nesse momento vi Letícia na sala. Ela estava ali pelo bebê. Então nós dois corremos risco. Então entendi o desespero de Alice. Há alguns dias conversei com Amélia sobre a possibilidade de ter que escolher entre minha vida e a do bebê. Deixei claro o meu desejo. Mas isso foi antes de ver o desespero de Alice.
- Eu vou morrer?
- Essa resposta eu não tenho.
- Ela precisa de mais sangue. – a voz de Luciana ecoou na sala chamando nossa atenção.
- Nós precisamos tirar o bebê. – afirmou Letícia.
- Eu não posso deixa-la morrer. – Luciana respondeu. – Não deixei Isabella ficar sem Larissa, essa mulher não vai morrer na minha mesa de cirurgia. – ela se aproximou do meu rosto. – Você está me ouvindo? Você não pode morrer. A Alice não iria aguentar. Você tem um filho a caminho. Ele vai precisar de você. – repetia para mim.
- Eu sei. Eu não quero morrer. Por favor não me deixa morrer. – supliquei como se ela pudesse me ouvir.
- Luciana, a oxigenação está diminuindo. Precisamos tirar o bebê. – Letícia insistiu.
- Droga. – reclamou a médica. – Tudo bem. Pode começar.
Letícia já estava preparada. Segurou o bisturi, mas hesitou em fazer a incisão. Suas mãos tremiam, eu pude ver.
- Rebeca, por favor não morre. – ela não falou, mas eu escutei seu pensamento.
Iniciou a incisão, mas assim que meu corpo começou a sangrar tive uma parada cardíaca. Letícia não poderia parar, cada segundo contava para salvar a vida do bebê.
- Vamos Letícia, precisamos salvá-la. – Luciana falava fazendo massagem cardíaca. E seus movimentos impulsionavam mais sangue do meu corpo.
- Só um segundo. Pronto. – falou com o neném no colo.
- Coloca em 200, afastar, vai. – o choque fez meu corpo sacudir. – Nada mudou, carregar em 250, afastar, vai. – novamente outro choque. – Letícia como está o bebê?
- Sem pulso. – falou isso e meu coração doeu, Alice perderia nos dois.
- Vamos Rebeca, vamos. – continuava a massagem cardíaca.
Eu estava atordoada com tudo que acontecia. Mas sabia que eu precisava viver. Só que meu filho estava morrendo, a criança que carreguei nove meses dentro de mim que ganhou meu coração e o de Alice. Estava morrendo junto comigo. Eu não sei se quero viver sem ele. Me aproximei dele, vendo Letícia fazer tudo para que ele pudesse acordar.
- Filho, por favor. Vive. – falei fitando seu lindo rostinho.
Como se me obedecesse, seu choro ecoou no centro cirúrgico causando uma sensação de alivio em toda a equipe médica. Eu sorri, ele viveria, assim como eu desejei que fosse.
- Agora é a sua vez. – afirmou a mulher que me acompanhou durante todo o dia.
- De quê? – questionei confusa.
- De voltar. Tem muita coisa para você viver ainda. – apertou minha mão. – Diga a Alice que eu a amo.
- Espera, onde está o seu marido? O pai de Alice?
- Ele acaba de viver. Graças a você. – sorriu olhando para o bebê. – Parabéns, vocês serão ótimas mães. Mas antes...– sussurrou algo em meu ouvido, como se contasse o mais secreto dos segredos. Em seguida soltou minha mão e desapareceu.
Senti meu corpo como se estivesse desaparecendo, e as vozes a minha volta silenciarem. Abri meus olhos com dificuldade, minha boca estava seca.
- Água. – falei com a voz baixa. – Água. – pedi novamente.
- Beck, você acordou. – Amélia estava a minha frente, a cara abatida, cansada. – Vou chamar Luciana.
- Água, eu preciso de água. – tentei me levantar, completamente atordoada, mas meu corpo inteiro doeu. – Aí! – reclamei sentindo as dores.
- Não mexe. Você ainda não está bem. – ela apertou um botão e me deu literalmente duas gotas de água.
Tentei mover meu braço, mas estava em uma tipoia. Senti o desconforto me invadir de novo. Algumas dores abdominais, então me lembrei do que aconteceu.
- Pedro? – indaguei para minha irmã.
- Sinto muito. – apertou levemente minha mão. Senti uma lágrima involuntária escorrer pelo meu rosto.
- Olha quem acordou, você nos deu um baita susto. – Luciana entrou sorridente. – Como se sente?
- Como se tivesse levado um tiro e feito uma cesariana de emergência. – as duas riram.
- O senso de humor continua intacto. Isso é bom. Se importa que eu te examine?
- Não.
Ela me examinou em quase todos os lugares. As dores não pareciam diminuir.
- Acho que preciso aumentar a dosagem dos remédios. Vejo que está sentindo muita dor.
- Sim. Mas antes eu preciso saber de Alice e do meu filho. Quando posso vê-los?
As duas trocaram um olhar significativo. Eu fiquei sem entender nada. Olhei de uma para a outra como se esperasse que alguém me respondesse.
- Eu sei que meu filho está vivo. Quero vê-lo.
- Alice está com ele em casa. Você ficou desacordada uma semana.
- Uma semana? Como assim uma semana?
- Rebeca, seu corpo precisava descansar depois de tudo que passou. Achamos melhor te induzir ao coma. Só por precaução. Não tínhamos motivos para deixar o bebê aqui por mais dias. Ele estava saudável. Decidimos que Alice deveria leva-lo para casa.
- Certo. E quando eu posso ir para casa também?
- Amanhã, se seu quadro clínico não mudar eu te darei alta. – Luciana disse isso tocando meu ombro.
- Certo. Obrigada.
- Agora eu preciso ir. – disse isso e se retirou.
- O que importa é que você está bem. – Amélia tentou me consolar.
- Alice veio me ver? Em algum desses dias ela veio me visitar? – indaguei magoada.
- Não. Ela tem se dedicado ao bebê.
- Não foi só isso. Tem algo mais.
- Rebeca, eu tive que escolher entre vocês dois. Alice não conseguiu entender isso. Nós discutimos. Desde então ela não tem vindo aqui.
- Eu quero ir para minha casa. – falei tentando me levantar. – Ahhh! Droga. – senti uma dor absurda por apenas ter me sentado.
- Você não pode sair.
- Amélia, minha mulher está claramente magoada comigo, e nem ao menos posso ver meu filho. Como você quer que eu fique nessa cama?
- Eu sei, mas se você insistir vai ser pior. Tem que se recuperar direito. Eu ligo para a Alice, peço para vir com o bebê. Tudo bem?
- Por favor. – concordei.
Amélia saiu da sala com o celular no ouvido. Acredito que estava falando com Alice, as duas claramente discutiam. Pois minha irmã gesticulava muito, enquanto passava as mãos no cabelo nervosa. Alguns minutos se passaram e ela entrou.
- Alice vai trazê-lo.
- Obrigada. – apertei sua mão na minha.
Depois que tomei a medicação acabei adormecendo. Acordei com um choro no quarto. Era o bebê que estava aqui. Abri os olhos procurando Alice, mas encontrei Letícia e Amélia conversando enquanto minha irmã tentava fazer o neném parar de chorar.
- Oi dorminhoca. – Letícia sorriu. – Como se sente?
- Vou ficar melhor quando eu o ver. – apontei para o neném que usava uma linda roupinha azul com branco.
- Claro. – ela tentou se afastar, mas eu segurei seu braço. – Lê.
- Oi. – me fitou questionadora.
- Obrigada por salvar a vida dele.
Ainda mais confusa ela me olhou. Depois encarou Amélia. Que deu de ombros como se dissesse que não contou nada.
- Como você sabe?
- Não sei. Apenas sei que foi você. Obrigada. – falei emocionada.
- Só fiz o meu papel de médica.
- E tia. – completei e foi a vez dela se emocionar.
Amélia se aproximou com o neném no colo. Eu não poderia segurá-lo ainda. Mas ela se abaixou o suficiente para que eu pudesse ver suas pequenas mãozinhas. Ele era a coisa mais perfeita do mundo. Os cabelos em um tom castanho, o rostinho rosado. O nariz era como o de Pedro. Mas a boca era a minha.
- Ele tem seus olhos. – afirmou minha irmã. – Olha esses cílios maravilhosos. – mostrou com ar de riso.
- Ele é perfeito. – acariciei sua cabeça, deixando um leve beijo em sua testa. E aquele cheiro delicioso de bebê me aqueceu a alma. – Onde está a outra mamãe? – indaguei com a voz doce como se perguntasse a ele, mas Amélia sabia que a pergunta era para ela.
- Ela tinha uma prova importante. – Letícia mentiu.
- Não precisa mentir, sei que ela não quis vir. – respondi sem tirar os olhos do meu filho. – Me empresta seu celular? – olhei para Letícia.
- Como assim?
- Preciso trazer Alice até aqui. Desbloqueia seu celular e me dá.
Letícia não se incomodou em fazer isso. Mandei uma mensagem para ela. Devolvi o celular para minha cunhada. Amélia colocou uma almofada no meu colo, e deitou o neném nela. Eu senti naquele momento que poderia viver a vida inteira apenas o observando dormir.
- O que aconteceu? – Alice abriu a porta do quarto repentinamente. – Que brincadeira é essa? – olhou para Letícia.
- Não foi culpa dela. – tratei de amenizar sua raiva. – Será que vocês se importam em nos deixar a sós alguns minutos?
- Não. Eu vou levar esse neném para casa. – Amélia disse isso segurando o pequeno. – Letícia vem dormir com você hoje. – me informou beijando minha cabeça.
Acenei e esperei que as duas saíssem. Alice estava acuada no canto da parede, seus olhos em nenhum momento buscaram os meus. Sei que aquela era a forma dela de conseguir se defender de todos os sentimentos que tem tentado sufocar.
- Pensei que quando eu acordasse veria seu rosto. – falei com a voz baixa. Ela permaneceu em silencio, fitando a ponta dos dedos. Seus olhos estavam fundos, indicando o tempo que não teve de descanso. Os cabelos desalinhados. – Deveria se aproximar. Eu não mordo.
- Não. Prefiro ficar aqui. – resmungou.
- Você não pode ficar com raiva de mim, eu quase morri.
- Sim. Eu sei disso. Eu estava lá, eu te segurei nos braços, eu te vi morrer. Assim como vi sua irmã dizer que....- a voz dela embargou, eu senti meu coração bater descompassado. Eu sentia sua dor. E aquela não me parecia a primeira vez que isso aconteceu.
- Eu não podia te dar o poder dessa decisão. Você escolheria por mim. E eu não viveria sem o meu filho.
- Não. Eu escolheria pelos dois.
- Você não pode culpar a Amélia. Culpe a mim.
- Eu sei. A minha raiva é de você. Não estou transferindo-a para ninguém. Você decidiu que não queria viver.
- Alice, isso é bobagem, eu estou bem aqui.
- Agora está. Mas e depois? E se isso acontecer de novo? Vai deixar mais uma vez o poder de decisão na mão da sua irmã?
- Alice, você não aguentaria saber que morri por sua culpa. Amélia é diferente.
- Claro que eu não aguentaria. Eu amo você, Rebeca. Amo como nunca amei ninguém na minha vida inteira. E a simples hipótese de te perder acaba meu mundo. – respondeu secando as lágrimas. – Você não tinha o direito de ter feito isso pelas minhas costas.
- Um dia você vai entender.
- Sim. Um dia, mas para isso eu preciso de tempo. Eu te vi morrer, eu sai desse hospital acreditando que nunca mais te veria. Que nunca mais olharia seus olhos de novo. E quando eu chego em casa...
- A surpresa. – recordei do que havia planejado.
Durante meus dias fora percebi que não queria nada mais além de Alice. O trabalho nem era tão gratificante se me faz ficar longe dela por tantos dias. Tudo sem ela se torna sem graça. Movida pela certeza do que sinto por ela, decidi fazer o pedido de casamento. Afinal sempre partiu dela todas as surpresas.
- Sim. Ver que você me pediu em casamento, me prometendo uma vida juntas. E pensar na possibilidade de não poder realizar nada disso ao seu lado me doeu. Me feriu. Eu estou quebrada. Você não imagina o estrago que fez em mim. – senti sua mágoa em cada palavra que disse.
- Meu amor, me desculpa.
- Não é uma simples desculpa que vai me fazer esquecer o que aconteceu. Eu preciso de tempo.
- O que quer dizer com isso?
- Quer dizer que estarei em casa, por vocês dois. Vou cuidar de vocês, assim com prometi ao Pedro enquanto ele...- ela fechou os olhos como se a cena ainda estivesse viva em sua mente. - ...estava morrendo em meus braços. Mas eu preciso de tempo.
- Não precisa ficar comigo por conta de uma promessa que fez ao Pedro. Precisa ficar comigo por me amar. Você não me ama mais?
- Não seja tola, é por te amar tanto, por te transformar no meu mundo que eu estou assim.
- Quer dizer que não estamos mais juntas?
- Eu não sei Rebeca. Honestamente eu não sei. Mas não quero pensar nisso agora. Vamos focar apenas no neném e na sua recuperação, o resto fica em segundo plano.
- Certo. – concordei.
Não iriamos chegar a lugar nenhum se eu continuasse insistindo no assunto. Ela precisa de tempo e eu vou dar isso a ela. Mesmo acreditando que isso não é necessário.
- Ótimo. Agora eu preciso ir. Fica bem. – ela não se aproximou.
- Alice.
- Oi.
- Vem aqui. – estiquei a mão para ela. – Por favor. – insisti.
Ela se aproximou, segurou minha mão. Mas era notório o seu receio.
- Não podemos mais ficar chamando o bebê de neném.
- Eu sei, mas não tínhamos escolhido um nome ainda.
- Mas eu já tenho um nome. Na verdade, dois.
- Nome composto?
- Sim. Pedro em homenagem ao pai dele.
- Nada mais certo do que isso. – ela concordou. – E o outro?
- Teodoro. Em homenagem ao seu pai. – ela arregalou os olhos.
Nunca falamos sobre os pais biológicos dela. Nem mesmo sabia seus nomes. Ela me fitou surpresa, mas também curiosa.
- Nunca disse o nome do meu pai.
- Sua mãe me disse.
- Mamma ou Mammy?
- Nenhuma. Estou falando da sua mãe biológica.
- Não quero te assustar, mas você lembra que ela está morta?
- Sim. Inclusive você se parece muito com ela. – acariciei seu rosto alvo. – Ela me pediu para dizer que te ama muito.
- Rebeca, você bateu a cabeça? – ela parecia duvidar de tudo o que eu disse.
- Não. Tudo bem se não acreditar em mim.
- Okay. – deu de ombros. – Agora acho melhor eu ir.
- Espera. – segurei sua mão. – Sinto muito por toda dor que te causei. Eu senti, aliás eu ainda sinto. Desde o instante que toquei sua mão e te ouvi fazer uma suplica a Deus para que eu vivesse. – ela arregalou o olho.
- Como?
- Eu estive ao seu lado. Você não me viu, mas me sentiu. Eu sei que sentiu. Só quero que saiba que eu te amo mais que tudo. E nunca, em hipótese alguma desejei te fazer sofrer. – ela chorava, mas seus olhos não encontravam os meus.
Beijei sua mão e a soltei. Deixando que ela fosse. Mas certa de que iria lutar com todas as forças para tê-la ao meu lado de novo. Ela caminhou para a porta vagarosamente. Como se não quisesse sair dali. Se virou na minha direção, parou no lugar que estava.
Deu dois passos de volta a minha cama. Seus olhos encontraram os meus, e eu vi uma sombra naquele olhar que tantas vezes brilhava mais que o sol apenas por me fitar.
- Fico feliz que esteja tudo bem. – afirmou me fitando. – Pedro Teodoro merece conhecer a mãe maravilhosa que ele tem.
- As mães. – corrigi.
Ela não disse nada, deu um sorriso de canto e saiu me deixando sozinha. Alguns minutos depois Amélia voltou e eu dormi de novo. Estava cansada. Muito cansada. Sei que os próximos dias não serão fáceis. Ver o quanto magoei Alice me fez ainda mais querer curar todas suas dores, e apenas amá-la. Com toda a força que há em mim. Acredito que quando estivermos juntas em nossa casa, apenas nós três. Ela vai perceber que somos uma família e nada vai mudar isso.
Fim do capítulo
Oi gente. Eu sei que matei todo mundo de curiosidade. Não foi minha intenção. Meus dias estão corridos e meu tempo curto. Não tenho conseguido escrever e esse é um dos motivos para eu não estar postando mais de uma vez na semana.
Tenham um pouquinho de paciência comigo. Please?
Desculpa o susto. Beijos no coração.
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lay colombo
Em: 06/12/2021
Td bem tá perdoada, já q td mundo importante tá vivo e bem a gente segue bem tbm kkkkkk
Resposta do autor:
kkk. Vocês se desesperam muito fácil.
Acarolinnerj
Em: 03/12/2021
Só vou escrever uma coisa: UFA!!
Resposta do autor:
kkkk
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Gee
Em: 02/12/2021
Caramba suei frio nesse capítulo.
É compreensível ter o dilema entre os que concordam com o tempo que Alice pediu e os que vão achar desnecessário esse pedido dela. Eu por exemplo entendo perfeitamente a chateação e a mágoa, mas não entendo o porque não ter certeza se vai continuar com a Rebeca. Minha esposa que na época era só namorada sofreu um acidente de moto em circunstâncias que não estávamos bem mas ainda sim o medo de perde-la foi maior e mesmo brava me mantive ao lado dela e não me passou na mente em terminar e seguir sem ela, porém como boa escorpiana e humana dei um gelinho pra ela se orientar pra vida e funcionou. Também perdi alguém especial para mim, também em um acidente que foi antes do acidente de minha esposa e aprendi que por mais que a pessoa tenha tido atitudes que nos magoaram (que não seja algo como traição, mentiras que coloquem tudo a perder) devem ser converdadas e expostas! Acredito que seja um mecanismo de defesa, quando magoada também me fecho. Porém Rebeca vai ter que rebolar um pouco para consertar as coisas. Alice por mais madura que seja ainda é jovem e foi a primeira vez que ficou frente a frente com a morte!
Mas sabemos que Alice é cadelinha da Rebeca e com toda certeza vai levar uns puxões de orelha por não ter conversado com Alice sobre essa possibilidade. Alice é sua namorada, pediu em casamento e agiu de forma egoísta.
Te entendo Maktub, final de ano é sempre corrido, mas não castiga a gente não kkk na minha mente já estava imaginando a Alice depressiva, sem motivos pra nada, sem a Rebeca, o bebê e disposição pra continuar kkkk
Até pensei que a Virginia pode também estar envolvida, não seria suspeita pois para todos ela está fora do Brasil...
Enfim, aguardando os próximos capítulos
Resposta do autor:
Que relato maravilhoso. Acho que o caso de Alice é esse, vai ser o gelo. kkk
Mas fico feliz que asssim como na ficcção na vida real ficou tudo bem. Beijos
Apareça mais vezes.
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Dolly Loca
Em: 01/12/2021
Que capítulo maravilhosamente bem escrito! Confesso que estava muito furiosa com a forma como terminou o anterior, mas faz todo o sentido lendo esse agora.
Quanta sensibilidade e emoção a cada interação entre as personagens. Só sei que a Rebeca vai ter trabalho para curar as feridas que causou involuntariamente na Alice.
Bjos
Resposta do autor:
Muito obrigada por esse maravilhoso elogio. Amei escrevê-lo.
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SPINDOLA
Em: 01/12/2021
Boa noite, Cruellita
Para nossa alegria salvaram-se todos, mas que sufoco hein, gelei e cheguei a pensar que mãe e filho iam bater a caçuleta, kkkk.
O sofrimento da loirinha está de cortar o coração, e penso que nem ela, jamais escolheria salvar apenas um, lutaria até o fim para salvar os dois, e até isso tiraram dela o direito de lutar por seus amores.
Concordo que toda mãe escolheria salvar o filho, mas se a própria Beca considera a loirinha a outra mãe do bebê, não ter conversado com ela sobre a tal decisão foi uma tremenda sacanagem.
Quem pensa que ela está errada em ficar magoada e querer um tempo pra assimilar todo o sofrimento que passou, e deveria ficar de boa por que no fim ninguém morreu, coloquem-se no lugar dela e dizem se aceitariam numa boa, por que pra ela foi terrível ver a Amélia escolher em salvar apenas a criança e não lutar pra salvar também a irmã como a loirinha lutaria. Alice lutaria como uma leoa pra salvar mãe e filho, Amélia não.
Eu estou adorando da Beca sofrer um pouquinho, pra aprender a dar o devido valor ao amor incondicional que a Alice tem por ela, e se der bobeira pego a loirinha pra mim, kkkkk.
Bjs
Resposta do autor:
Amo ler teus comentários. kkk Dou altas risadas. É fácil entender os dois lados.
beijos
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Marta Andrade dos Santos
Em: 01/12/2021
Quê alívio Rebeca e o bebê estão bem.
Resposta do autor:
Todos beem. kkk
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Mille
Em: 01/12/2021
Quando Isabela e Larissa souber da mágoa da filha, vai ajudar a entender a decisão da Rebeca.
Muito emocionante o momento da Rebeca com a mãe da Alice.
Theo vai juntar as mamães dele
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Obrigada por comentar. Vai ser importante para Alice ter as mães por perto.
beijos.
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paulaOliveira
Em: 01/12/2021
Entendo a mágoa da Alice, mas tenho certeza que o amor de Rebeca junto com a chegada do Theo tudo vai se acertar!
Autora conserta essa agenda aí viu, vou parar de pedir extra por enquanto kkkk
Resposta do autor:
Empatia é tudo. No lugar da Alice me sentiria do mesmo jeito. Ou talvez pior. kk
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preguicella
Em: 01/12/2021
Socorro hein! O amor tudo cura, dizem por aí! Então espero que Alice consiga superar esse momento assustador pelo qual ela passou!
Mulher, dá um jeito nessa agenda aí! haha
Resposta do autor:
Acredito mesmo que o amor cure tudo.
tô organizando. POde deixar. kkk
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Baiana
Em: 01/12/2021
Caiu uma pequena lágrima quando o bebê deu sinal de vida e ainda recebeu o nome do avô.
A Alice tem que deixar de cheiro mole,acredito que toda mulher grávida,se alguém perguntar se for para escolher entre ela e o bebê,claro que sempre escolherá o filho,e o importante é que todos se salvaram e bola pra frente e vamos ser felizes,depois desse susto,não há espaço para essas birras.
Ah,o nome de Luciana foi trocado pelo de Minerva
Resposta do autor:
Eu amei escrever esse capítulo. Me emocionei do início ao fim.
Obga por avisar a troca. kkk
beijos
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