Capitulo 76
Capítulo 76º
Alice
Em meio a uma conturbada semana conseguimos encontrar espaço nas nossas agendas para conversar com Pedro. Não que eu estivesse muito empolgada com esse encontro. Para mim não temos o que conversar, o que importa é simplesmente ele respeita e entender que mesmo o filho sendo dele, Rebeca e eu estamos juntas.
Por falar em Rebeca, ela precisou viajar para as novas sedes da empresa juntamente com a mamma e o tio Ruan. Só para avaliar o andar das obras. Eu bem que tentei fazê-la não ir, mas tentar colocar algo naquela cabeça dura é a mesma coisa que puxar a água do mar com um rodo. Como resultado de sua ausência em nossa casa acabei ficando sozinha todos esses dias. Lidar com o silêncio sempre que a noite cai é algo enlouquecedor.
- Deveria ir dormir lá em casa hoje. – Anna comentou enquanto íamos para a boate.
- Por acaso você tem um clone da Rebeca?
- Não.
- Foi o que eu imaginei. Não é o lugar que me faz perder o sono, é a falta do calor do corpo dela no meu. – confessei dando um longo suspiro.
- Nunca pensei que você pudesse ser tão dependente de alguém.
- Rebeca não é alguém. Ela é a minha pessoa. Se penso em um futuro é com ela que quero chegar lá.
- Já sabemos o quanto você é cadelinha. Dá para ver a coleira de longe. – implicou.
- Eu não sou a única. Sei bem que você é rendida para Tália.
- Completamente. Nem tenho vergonha de assumir. – completou rindo. – Mas o que importa é que ela vai voltar amanhã, não é?
- Graças a Deus.
Chegamos à boate. Essa noite temos mais uma festa. Cumprimentamos algumas pessoas na entrada. Anna evitava educadamente algumas investidas que as meninas mais ousadas davam. Com um sorriso educado sempre se afastava.
- Nenhum arrependimento de estar namorando? – provoquei.
- Nem um pouco. Tália é única. – confessou.
- Amiga, você nem faz ideia de como é bom ouvir você falar isso. – coloquei a mão em eu ombro.
- Boa noite chefinhas. – Thiago nos cumprimentou. Anna resolveu dar a ele o título de gerente, trabalho que vem sendo muito bem realizado.
- Boa noite. Preparados para hoje?
- Sim. – todos responderam empolgados.
Nossa boate se tornou a mais frequentada nos finais de semana. Era sucesso no meio da galera jovem e das de meia idade também. Nossos colegas de faculdade sempre pediam por cortesias, coisa que Anna para conseguir ajuda nos trabalhos muitas vezes acabava dando.
- Precisam de nós no bar hoje. Pedro e Hugo não puderam vir.
- Sério?
- Sim. Anda. – indicou o caminho.
Não havia outra opção. Fiquei atrás do balcão sem ter a menor ideia do que fazer. Servir meu uísque nem de perto parecia o que eles fazem com todos aqueles copos, canudos, taças e aquilo começou a me dar desespero, percebendo meu breve momento de pavor Anna indagou:
- Não precisa ficar perdida. Sei fazer os drinks especiais, você fica com as coisas mais comuns. Não vai ser tão difícil.
- Não é o que me parece. – senti meu corpo travar quando vi a multidão vir em nossa direção.
As vozes pedindo as bebidas ao mesmo tempo, me deixando completamente confusa. Anna conseguiu colocar ordem na fila e de alguma forma muito louca conseguimos começar a atender os primeiros pedidos.
- Vocês precisam de ajuda? – Nanda indagou atrás de mim.
- Sim. – falei rápido.
- Não. – Anna disse ao mesmo tempo e nos olhamos.
- Precisamos. – concordamos juntas.
- Por onde começo?
Anna tratou de explicar o que queria que Nanda fizesse. Ficamos horas ali, apenas servindo bebidas. Nunca parei para perceber o quanto as pessoas bebem em festas. Foi preciso uma noite inteira servindo bebidas. Nossa maior sorte foi quando Tália chegou e também fez questão de nos ajudar. Nos quatro demos conta, de uma forma um tanto amadora, mas conseguimos.
- Eu recebi no mínimo cinquenta cantadas. – Nanda comentou quando nos sentamos exaustas. A boate já estava fechada.
- Percebi de onde eu estava. Mulheres assanhadas. – Barbara brincou beijando a namorada que apenas sorriu adorando o ciúme.
- Eu aposto que fiquei nua umas dez vezes. – Tália completou e nos gargalhamos.
- Mas ninguém foi mais assediada do que a loira Alice. – provocou Anna.
- Desde quando eu ligo para isso? Queria mesmo era chegar em casa e encontrar a minha mulher. – suspirei com saudade.
- Ela está super carente. – Tália brincou.
- Não toca no ponto fraco dela, daqui a pouco começa a chorar. – Anna completou gargalhando. – Aí. – reclamou passando a mão no braço que eu dei um leve soco.
Ficamos ali jogando conversa por algumas horas. Saímos quando o dia já estava amanhecendo. Segui para casa com um sono que já me consumia. Acabei cochilando algumas vezes durante o trajeto o que me fez pensar que deveria ter usado o motorista. As seis e trinta entrei em casa. Senti meu coração saltar no peito quando vi ao lado da porta de entrada a mala vermelha de Rebeca.
- Amor. – chamei incerta de que realmente ela já teria chegado.
- Oi, meu bem. – apareceu com um pedaço de pizza gelado nas mãos.
Sorri com a cena. Ela estava linda, parece que a saudade a deixou mais perfeita. Os cabelos presos no topo da cabeça com alguns fios bagunçados, usava um blusão longo, azul. As pernas de fora. Os pés descalços.
- Se for uma miragem, me deixa só admirar mais um pouco. – sorri dando um passo em sua direção.
- Não é miragem. Cheguei e pensei que ia te...
Não deixei que ela terminasse de falar abracei seu corpo, deixando o meu nariz pousar na curva do seu pescoço. Com uma longa respiração inalei aquele delicioso cheiro que me fez uma falta danada todos esses dias. Ignorei o pedaço de pizza que ela comia, tomei seus lábios cobrindo-os com os meus. Nem o gosto da azeitona, coisa que eu detesto, deixou seu beijo menos gostoso.
- Nossa, preciso viajar mais vezes. – brincou.
- Desculpa. Você deve estar com muita fome, está comendo pizza congelada. Se a Terê te pega se alimento de besteira essa hora da manhã quero nem ver o sermão da montanha.
- Não tenho culpa se ele...- apontou para a barriga. - ...recusou as uvas. – sorriu travessa.
- Sei. Foi ele. – sorri acariciando o rosto dela. – Chega de viagens, não é?
- Sim. Sem mais viagens. Estou oficialmente me afastando da empresa. Mesmo com o coração partido.
- Logo você volta. Você precisa descansar com mais qualidade.
- Poderia começar com uma massagem agora, o que me diz?
- Tudo que você quiser, meu amor. – ela sorriu me beijando. Começamos a caminhar em direção as escadas.
– Como foi a boate?
- Nós ficamos no bar.
- Nós? Quer me dizer que a alcoólatra da Anna serviu as pessoas e não bebeu nada?
- Exatamente. Consegue imaginar isso? – Rebeca gargalhou.
Enquanto tomávamos banho, ela me contava sobre a viagem e eu sobre a boate. Nunca me cansaria de admirar a beleza de Rebeca. Ela sem dúvidas tem toda minha atenção. Mesmo recendo milhões de cantadas de todos os tipos de mulheres não havia uma que conseguisse me chamar atenção. O amor que sinto por Rebeca ultrapassa apenas o desejo sexual, é algo além.
Após o banho fiz questão de fazer uma deliciosa massagem nela. Deitou-se completamente nua, iniciei massageando sua barriga, depois as pernas, os pés. Mas os gemidos que ela dava enquanto sentia minhas mãos em seu corpo me atiçam de um jeito delicioso.
- Você tem mãos mágicas.
- Não só as mãos.
- Não? Quer me mostrar o que mais?
- Você me disse que estava cansada.
- Goz*r vai me fazer dormir feito um anjo. – comentou com a voz rouca.
- É isso que quer?
- O que eu quero é sua língua bem aqui. – apontou para seu sex*.
- Isso eu posso atender.
- Tá esperando o quê?
Ela se abriu inteira para mim. Minha boca salivou imediatamente, estava saudosa de seu gosto e não me fiz de rogada. Abocanhei seu sex* com vontade, deixando transparecer o quanto estar ali para mim era o melhor dos presentes. Rebeca gemia enfiando os dedos nos meus cabelos. Rebolando freneticamente em direção a minha língua que deslisava deliciosamente sobre seu sex* completamente excitado.
- Não para amor...Assim. – me pedia com a voz rouca.
Senti seu corpo dar os sinais de que ela estava prestes a goz*r e intensifiquei meus movimentos. Não demorou e senti todo o líquido quente sair de dentro dela, tomei todas as gotas sem deixar nada ser desperdiçado. Em seguida fui deitar ao seu lado. Rebeca mantinha um sorriso satisfeito nos lábios.
- Que saudade que eu estava de você. – confessou com a respiração ofegante.
- De mim ou do sex*?
- De você e tudo que pode me proporcionar. – se virou para mim. Seus olhos estavam com uma cor intensa. Me senti como se olhasse para ela a primeira vez. De repente um medo absurdo que aquilo tudo acabasse me consumiu.
– O que foi?
- Nada. – menti.
- Tem uma ruguinha de preocupação bem aqui. – apontou para a minha testa.
- Por um instante senti um medo absurdo que isso acabe. – confessei prendendo seus dedos nos meus.
- Nada vai acontecer. Ainda vou te ver de branco, caminhando na minha direção. – sorriu acariciando meu rosto.
- Isso é mais um pedido de casamento?
- Não. Mas estou curiosa para saber quando vamos casar, afinal o tempo está passando. Assim vai parecer que está apenas me enrolando. – brincou.
- Enrolar você? Jamais. Só se for nos meus braços. Não vejo a hora de nos casarmos. – beijei levemente seus lábios e o barulho da barriga dela me fez sorrir. – Tem alguém com fome.
- Muita. Parece que existe um buraco negro dentro de mim.
- Nada disso o que existe é um neném faminto. Aposto que Terê já deve estar preparando o café. Posso ir buscar algo para você comer.
- Por favor?
- Claro meu amor. – beijei sua testa, peguei o roupão e me enrolei.
Desci as escadas e pelo silêncio Terê ainda não havia chegado. Iniciei a preparação do café e fiz ovos mexidos. Mas antes que eu pudesse terminar a dona da cozinha apareceu.
- Caiu da cama?
- Sim. Rebeca me empurrou por que fizemos muito sex* e ela precisava comer. – impliquei.
- Me poupe os detalhes, sua safada. – me deu dois tapinhas. – Agora sai do meu fogão, olha a bagunça que está fazendo.
Entreguei o comando do fogão, ela tem mais ciúmes dessas coisas do que dos filhos. O café não demorou a ficar pronto. Levei para Rebeca e assim que comemos decidimos dormir um pouco. Afinal ainda teríamos o almoço com Pedro.
Acordei com beijos nas costas, sorri sentindo as mãos de Rebeca apertar minha bunda com força. Ela sorria de forma travessa.
- Vamos levanta, está tarde. E estamos atrasadas.
- Só mais dois minutos.
- Vou morder sua bunda. – ameaçou.
Eu sabia bem que ela faria isso caso não me levantasse, pois já havia feito outras vezes quando tentava me despertar para ir para faculdade. Saltei da cama e ela desatou a rir. Gritou que me esperaria lá embaixo. Depois de um banho, e vestir roupas decentes recuperei até minha dignidade. Desci as escadas e encontrei Terê e Rebeca conversando baixinho.
- Que fofoca é essa? – comentei me fazendo ser vista.
- Conversa de duas não é para três. – a mulher me respondeu voltando sua atenção para a louça.
- Olha que desaforada. – Rebeca apenas sorriu meneando a cabeça. – Você não vai dizer nada?
- A curiosidade matou o gato. E você é muito linda para morrer. – me beijou fazendo até eu esquecer o assunto anterior. Ela tem esse poder sobre mim. – Terê, fica combinado. E agora nós precisamos ir. – abriu a porta me dando passagem.
- Deveríamos ir de motorista. – falei.
- Não. Quero que dirija hoje. Saudades da sua mão na minha perna quando paramos no semáforo. – confessou dengosa.
- Tudo bem.
Não discuti, apenas concordei e saímos de casa em direção ao local que combinamos encontrar Pedro. Rebeca cantarolava baixinho a música que tocava, enquanto seus dedos acariciavam minha perna. Sempre que eu podia olhava de lado e ela percebia meu olhar, me dava um sorriso e meu mundo inteiro ficava mais lindo.
Mas de repente novamente aquela sensação de que algo errado iria acontecer. Talvez fosse apenas a saudade de tantos dias, junto com o fato de que nunca estive tão feliz na vida como agora e o medo que isso de alguma forma acabe chega a ser enlouquecedor. Chegamos ao local e procurei uma vaga por alguns minutos. Até que encontrei uma. Sai do carro e fui ajudar Rebeca a sair, segurei sua mão e caminhamos entre os carros.
- Rebeca, Alice. – escutamos a voz de Pedro.
Nos viramos para ele. Com um sorriso largo deu alguns passos até nós.
- Pensei que havia me atrasado. Ainda consigo me perder nessas ruas. – brincou. – Como vai Alice?
- Bem, Pedro. E você?
- Bem. E você, como está? – questionou para Rebeca.
- Enorme como pode ver. – brincou abrindo os braços.
- Nada disso, continua linda, não é Alice? – me fitou. Em outros momentos ele poderia muito bem ter aproveitado a ocasião para dar uma cantada em Rebeca, mas o fato de não ter feito já me fez ficar um pouco mais relaxada em relação ao que conversaríamos em seguida.
- Sim, ela continua a mais linda de todas. – afirmei sorrindo para ela.
- Só me fala isso por que me ama. – deu de ombros.
Nos três trocamos uma risada sincera. Percebi então que talvez Pedro não fosse tão canalha como eu pensava. Não sei de onde surgiu um barulho enorme de moto. Pedro se virou na direção do som, e do meio dos carros surgiu um cara em uma moto preta com roupas de couro e capacete escuro. Sem ação alguma pois tudo aconteceu muito rápido permanecemos no mesmo lugar esperando que o veículo passasse ao nosso lado. Mas para meu desespero vi que o homem levou a mão esquerda para suas costas, e de lá sacou uma pistola a qual apontou na nossa direção.
Tentei fazer Rebeca se mover para o lado antes que os disparos fossem efetuados. Mas vi o cara atirar duas vezes em Pedro, tentei gritar o mais alto possível, mas vi o corpo dele ir de encontro ao chão. Seu sangue jorrou em cima de nós. Vi o corpo do homem tombar. Olhei Rebeca que permanecia em pé com os olhos arregalados, gritando o nome de Pedro.
Corri até ele. Coloquei minhas mãos em seus ferimentos, sentindo o sangue se esvair pelas brechas dos meus dedos. Seus olhos arregalados me fitando como se implorasse para se manter vivo.
- CHAMEM O SOCORRO. – gritei tentando estancar o sangramento.
Mas dele já saia sangue até da boca. Seus olhos perdiam um pouco da cor, do brilho vivaz, assim como seu corpo. Ao nosso redor havia uma enorme poça de sangue. Ele segurou minha mão com o pouco de força que lhe restava.
- Cuuii-da, delessss. – falou com a voz arrastada.
- Não, você vai viver e vamos fazer isso juntos. – respondi sentindo as lágrimas escorrerem dos meus olhos.
- Não. Você precisa me prometer. – falou com dificuldade e tossindo, pois começava a se afogar com o próprio sangue. – Promete que vai cuidar do nosso filho, e de Rebeca.
- Tudo bem, eu prometo. Eu prometo. Só aguenta firme. – pedi.
Parecia que a única coisa que ele precisa ouvir era a minha promessa, aos poucos suas mãos soltaram a minha e com um sorriso singelo nos lábios sua cabeça tombou para o lado. Seus olhos foram adquirindo um tom acinzentado. Percebi então que ele havia partido.
- Alice. – escutei a voz de Rebeca.
Me virei em sua direção e só então percebi que ela sangrava também. Segurava o ferimento perto do ombro. Corri até ela.
- Amor. Calma. Vai ficar tudo bem.
Mas ela desfaleceu nos meus braços. De repente o medo que senti durante todo o dia me invadiu por completo. Comecei a chorar copiosamente.
- Amor, por favor. Aguenta firme. Eu estou aqui o socorro já está chegando. Não me deixa, por favor. – abracei seu corpo.
Alguns segundos se passaram até que escutamos o barulho das sirenes. O socorro chegou. Me pediram para dar espaço para que pudessem examinar Rebeca. Fiquei de pé automaticamente, fitei minhas mãos cobertas de sangue. Nada em mim parecia normal. Olhei a outra equipe confirmando o óbito de Pedro e mais uma vez o medo absurdo de perder Rebeca me invadiu.
Senti meu estomago revirar. Me apoiei em um dos carros, deixando minhas lágrimas descerem descontrolas. Não conseguia escutar nada ao meu redor, tudo parecia longe, as coisas aconteciam quase em câmera lenta. Vi os socorristas colocarem Rebeca na ambulância e um deles veio ao meu encontro perguntar se eu estava ferida.
Não consegui responder. Apenas fiquei o encarando. Como conseguiria dizer que minha ferida era medo absurdo de perder o amor da minha vida? Ele colocou uma luz na frente dos meus olhos, só que eu não consegui acompanhar. A voz de Pedro ecoava na minha cabeça. “Me promete que vai cuidar do nosso filho, e da Rebeca”
Era isso que eu precisava fazer, cuidar dos dois. Estar lá para eles. Afastei o homem da minha frente e comecei a caminhar em direção a ambulância que colocaram Rebeca, saltei para dentro sem me importar com as reclamações dos socorristas. Tomei a mão de Rebeca.
- Por favor, fica comigo. – supliquei.
Percebendo que não conseguiriam me tirar dali fizemos o percurso até o hospital. No trauma antes mesmo de descerem com Rebeca, os socorristas começaram a passar as informações vitais dela.
- Alice? O que aconteceu? – era Luciana.
- Eu...eu... – não consegui falar. Cai em um choro copioso.
- Você está ferida?
- Não. Só salva a Rebeca, por favor. – segurei seu jaleco.
- Rebeca? Deus. – falou ao ver o estado dela.
Seguiram para dentro do hospital e eu não consegui me mover. Minhas pernas não obedeciam ao meu comando. Rebeca poderia não voltar mais dali, e constatar isso me causa uma dor mortal. Segurei o peito sentindo a respiração ficar pesada. Precisava ligar para alguém. Me lembrei de Letícia, ela precisava estar aqui para o bebê.
Busquei meu celular no bolso da calça. Disquei o número dela e no segundo toque ela atendeu.
- Alice, estava pensando em vocês. Amélia e eu queremos um jantar...
- Letícia, a Rebeca precisa de você. Na verdade, o bebê precisa.
- Como assim, aconteceu alguma coisa? – ela estava aflita.
- Sim. O Pedro está morto, e a Rebeca...- comecei a chorar só de imaginar a possibilidade da mesma coisa ter acontecido com ela. - ...ela está ferida.
- Alice estou a caminhou.
Encerrou a ligação. Decidi entrar para o hospital. Me sentei à espera de notícias. Não consegui ligar para mais ninguém, nem ao menos lembrava que tinha um celular. Só conseguia pensar em Rebeca e na possibilidade de perde-la. Aquela angústia me matava a cada segundo. Alguns minutos se passaram e Letícia apareceu com Amélia. Minha cunhada logo que me viu correu até mim. Me deu um longo abraço.
- Você está machucada? – questionou me olhando.
- Não. Esse sangue é do...- pausei. –...Pedro, ele está morto.
- Gente eu vou em busca de notícias do neném. – Letícia saiu de perto de nós.
Vi ela bater boca com uma mulher sobre ser a médica de Rebeca e que queria acompanhar a cirurgia. Depois de tantas insistências a mulher decidiu dar a permissão. Letícia disse que voltaria com notícias. Amélia sentou-se ao meu lado, segurando minha mão. Sei que silenciosamente ela se questionava sobre o mesmo que eu, a possibilidade de Rebeca não sobreviver
Assim que a notícia do que aconteceu se espalhou Carmem chegou ao hospital, em seguida Anna e Tália. Depois as minhas mães. Me atirei nos braços das duas, precisava disso. De colo de mãe e as vozes delas me dizendo que ia ficar tudo bem enquanto acariciavam meus cabelos.
O pior de tudo é a espera. Aquela sensação que a qualquer momento alguém aparece dizendo que seus sonhos de futuro com a pessoa que você ama, foram simplesmente interrompidos sem uma previsão de retorno. Interrompidos pela tal morte. Algumas horas se passaram até que Letícia apareceu. Todas levantamos na esperança de ouvir boas notícias.
- Então? – Carmem foi a primeira a perguntar.
- Ainda estão em cirurgia, a bala está em um local um tanto dificultoso de ser removida, já que o projétil não teve saída. O neném está perdendo oxigênio e isso pode ser prejudicial. Precisarei fazer uma cesárea.
- O que está esperando? Deveria estar lá dentro. – falei nervosa.
- Se ela está aqui é por algum motivo maior. – a mamma falou segurando meus ombros.
- Rebeca já perdeu muito sangue, duas cirurgias ao mesmo tempo não é algo simples de ser feito.
- Não importa. Apenas salve a vida dela. – supliquei.
- Eu preciso saber se ela conversou com alguém sobre a possibilidade de ter que escolher entre a vida dela e a do bebê. – comentou me fitando.
Parecia que um buraco havia se aberto diante de mim. Como assim escolher? Quem deve brincar de ser Deus dessa forma? Decidindo quem vive e quem morre. Para mim era um absurdo algo desse tipo.
- Alice, ela falou algo?
- Não. Nunca pensamos que tal loucura pudesse acontecer. – a mammy segurou minha mão.
- O bebê. – a voz de Amélia ecoou no meio do nosso silêncio. – Ela queria que fosse ele a ser salvo. – falou como se a vida de Rebeca não importasse.
- NÃO. ISSO É UM ABSURDO. VOCÊ NÃO PODE DECIDIR ISSO. – fitei Amélia de forma furiosa.
- Era o que ela queria. Jamais me perdoaria se eu fizesse o contrário.
- COMO PODE DIZER ISSO? ELA É SUA IRMÃ. – gritei irritada avançando em sua direção.
Amélia deu um passo para trás. A decisão estava tomada. Aquilo me partiu ao meio. O ar ficou pesado, minhas mãos esfriaram, meu corpo não parecia mais ser meu. Amélia acabara de assinar a morte da própria irmã.
- Não posso compactuar com isso. Quem está lá dentro é a mulher que eu amo. – falei entre dentes. – Se ela morrer a culpa é sua.
Sai da sala de espera. Eu precisava respirar. Precisava ir para longe de Amélia ou eu mesma acabaria matando-a com minhas próprias mãos. Caminhei alguns metros do hospital sem rumo algum. Apenas caminhei. Parei em frente à igreja. As portas estavam abertas. Nunca fui uma pessoa religiosa, sei e acredito em uma força maior que rege o Universo. Independe de como cada religião chama essa força, para mim, ela é a mesma.
Dei alguns passos e me sentei no último banco. Encarei as imagens na parede, tomada por uma tristeza profunda comecei a chorar, se é que em algum momento eu havia deixado.
- Se você está aí, se você me escuta. Por favor não a tire de mim. Eu a amo com todas as minhas forças, não suportaria viver sem o som da gargalhada dela. Você já me tirou tanto, meus pais biológicos. Eu sei que sempre te culpei por isso, mas você me deu tanto também. Me deu as minhas mães, que são maravilhosas. Os meus irmãos. E a Rebeca, sei que foi presente seu. – fitei as velas. – Dizem que você escuta até as preces feitas em silêncio. Mas eu estou aqui, implorando. Me deixa ficar com eles. Por favor. Não a tire de mim.
Minhas lágrimas desciam descontrolas sobre minha face, turvando minha visão. Senti alguém sentando ao meu lado. A pessoa não disse nada, apenas segurou minha mão. Me passando um consolo que nem pensei que pudesse sentir. Fechei os olhos por um segundo, e quando os abri. Vi que estava sozinha. Mas meu coração estava mais calmo, a angustia de antes foi acalentada pelo toque desconhecido.
Me levantei indo em direção a saída. O céu estava escuro, dando sinas de que uma tempestade se aproximava. Desci o primeiro degrau e senti os pingos me molharem. Anna estava me esperando do lado de fora, escorada ao carro.
- Vim te levar em casa. Você precisa de um banho e roupas limpas.
Não discuti apenas me permiti ser levada para o carro. Anna respeitou meu silêncio. Paramos o carro na garagem de casa. Abri a porta e para minha surpresa a casa estava iluminada apenas por velas. Da entrada seguia um caminho com pétalas de rosas até a escada. Comecei a chorar novamente. Como ela poderia ter me preparado tudo isso e agora talvez não voltasse mais?
Subi as escadas com pressa. Anna me deixo ir sozinha. Abri a porta do quarto e vários balões espalhados com fotos nossas estavam próximo ao teto. Na cama escrito com flores a seguinte frase: “Quer casar comigo?”
Aquilo era demais para mim. Como ela me pedia para casar quando nem ao menos parecia interessada em viver? Pois ficou claro para mim que ela já havia conversado sobre isso com Amélia. Por qual motivo não falou comigo? Como poderia ser tão egoísta?
- AHHHHHHHHHH! – gritei puxando os lençóis da cama.
Atirei o abajur, nossas fotos, tudo que fui pegando arremessei em direção a parede. Aquela dor me cortava ao meio, alguém tirou meu coração com as próprias mãos. Anna correu até mim, acredito que preocupada com o barulho. Viu o estado do quarto. Eu me encolhi no canto, deixando meu corpo cair escorado a parede em meio aos cacos dos objetos que quebrei e aos meus pois eu estava estilhaçada por dentro. Como ela podia ter feito isso comigo?
- Eu sinto muito, amiga. – me consolou Anna, sentando ao meu lado. Colocando seus braços em volta de mim.
Naquele momento fiquei em dúvida se ela sentia muito pela tragédia. Ou se ela já sabia de algo que eu não sabia. A dúvida da morte de Rebeca me consumiu. Me afastei de Anna.
- Ela morreu? Me diz se ela morreu?
Fim do capítulo
Oiê. Voltei, não sei se para animar ou desanimar vocês. kkkk Para alguns esse momento é de festa, mas acredito que muitra coisa ainda pode acontecer. E aí? Algum palpite?
Se forem bonzinhos eu volto com a continuação amanhã. Beijosss
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lay colombo
Em: 06/12/2021
Mulher vc não ouse matar a Rebeca, jamais vou te perdoar
Resposta do autor:
Vou desconsiderar a ameça. lkkk
Gee
Em: 30/11/2021
Ta aí uma coisa que já ta me agoniando, atualizar a página a cada 10 minutos e vossa senhoria não ter postado o capítulo!
Judia menos pelo amor da Deusa. Posta logo Maktube tem criança chorando aqui desesperada!
Resposta do autor:
Ahhh! Desculpa por isso. rs
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Gee
Em: 29/11/2021
Pelo amor de Deus mulher tu me posta o capítulo logo se não tenho uma coisa.
Acredito que Rebeca não tenha conversado nada com ninguém pois não passou pela cabeça dela que algo do tipo poderia acontecer. Tenho quase certeza que Amélia sendo irmã dela conhece a Rebeca muito bem a ponto de saber que ela prefere que o filho viva, toda mãe é assim, em primeiro lugar o filho depois pensa nela. A Alice ta abalada pq obviamente é o amor da vida dela que está entre a vida e a morte, não acho que isso seja motivo pra brigas ou separação é uma coisa óbvia, entre salvar a mãe e o filho claro que a mãe vai dar prioridade ao filho.
Agora não mate a Rebeca, sou sua fã desde a história da Bella e da Larissa, perdi as contas de quantas vezes li sua história. Nos dê um susto de leve mas salve a mamãe e o bebê, sabemos que a vida não é justa mas diante de tanta coisa ruim um romance adoça nossa vida!
Tenho quase certeza que isso tem dedo do ex da Rebeca pelo melhor amigo ter ficado com a ex noiva.
Por favor poste a continuação logo, não vou conseguir trabalhar e nem escrever minha história só pensando no desfecho dessa situação! Não seja malvada please
Resposta do autor:
Espero não ter sido responsável por nenhuma morte na vida real. kk
Amando as suas suposições.
Obrigada por comentar. Beijos
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Marta Andrade dos Santos
Em: 28/11/2021
Oxente faz isso não continua ai marreu ou não morreu.
Resposta do autor:
a essa altura já leu. kkk
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paulaOliveira
Em: 28/11/2021
O mesmo motoqueiro que parou no sinal com a Alice.. Esses tiros não eram para o Pedro né, mas já foi tarde tbm.
Rebeca tomou uma decisão sem a Alice, isso vai acabar abalando a relação das duas.
Volta logo autora, e salva a Becca, não permita que ela morra, Alice não vai aguentar.
Resposta do autor:
Ainda bem que tudo se resolveu. Quanto as cirscuntâncias do crime no decorrer da história vamos descobrir.
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Baiana
Em: 28/11/2021
Essa morte de Pedro não está com cara de assalto que deu errado,parece mais um crime premeditado,e não duvido nada que o pai esteja por trás disso.
Rapaz,esse final aí deu uma dor no coração,ao sugerir inúmeras possibilidades para a fala de Anna,mas como sei que a Rebeca é de Alice e vice versa,ela sairá com vida e com o bebê nos braços,desse hospital. E por favor,não demore para atualizar o capítulo,nem que seja um só,para vermos a felicidade da Alice com a recuperação da Rebeca.
Resposta do autor:
Adoro tuas conspirações. Bora montar uma história juntas? kk
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Mille
Em: 28/11/2021
Olá autora
Mesmo chorando de alegria pela vitória ainda bem que li o capítulo hoje, pq seria uma choradeira maior.
Minha esperança que seja tudo um grande pesadelo e se for verdade que a Rebeca e o pequeno sobreviva ou só a Rebeca, o importante é a Becca não morrer.
A senhora foi malvada viu, balançando nossos nervos, volte e com notícias boas.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oiê, nem fui tão má assim. E no fim tudo da certo. beijosss
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SPINDOLA
Em: 28/11/2021
Cruellaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, volta aqui sua matadora de aluguel.
É meu aniversário e o presente que tu me dá é matar a Rebeca? Não acredito que será capaz de cometer tamanha atrocidade, senão acabou a história se tu matar a morena delicia, sem falar na relação das duas que com certeza ficará abalada com a decisão que a Beca tomou sozinha, sobre quem salvar se der merda.
Afinal que amor é esse que a Beca diz sentir pela loirinha? Alice sempre fez e se sujeitou a tudo por ela e recebe o que em troca, a impressão que dá é nada.
Espero que a Beca se salve, mas depois desta sacanagem dela com a loirinha com a tal decisão tomada de forma unilateral, tomara que role uma separaçãozinha, mas que a morena sofra e rale muito pra reconquistar a Alice.
Resposta do autor:
Ouço os gritos de medo e revolta.kkk
Vou nem dizer parabéns atrasado, pois de dei no dia. rs
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Acarolinnerj
Em: 27/11/2021
Meu Deus!!!!
Como assim autora?
Quando vc disse que o próximo capítulo seria um " Aguenta Coração" Eu não imaginei essa Tragédia....
Gente Eu não aceito a Beka morrer...
Pelo amor de Deus volta logo...
Como vou dormir sem saber o desenrolar dessa história?
Sacanagem sua Autora, Duas tragédia no msm dia!!!!
Já não basta o Flamengo perder... ????????????
Resposta do autor:
Ninguém imaginou a tragédia que estava por vir.
Sinto muito pela derrota do Mengão. rsrs
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preguicella
Em: 27/11/2021
Pqp, que desgraceira toda foi essa?!
Mulher, vc não ouse mexer com meu casal favorito!
Rebeca tomou uma decisão que pode abalar o fantástico mundo que ela e Alice criaram!
Volta correndo com boas notícias!
Resposta do autor:
eitaaa, ameaça. Adoro. kkk
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