Capitulo 75
Capítulo 75º
Alice
Alguns dias se passaram desde a inauguração da boate que por sinal foi um sucesso. Anna e eu não poderíamos estar mais felizes. Claro que o fato de termos feito as pazes com as namoradas ajudou bastante nessa felicidade toda. Minha amiga tirou o atraso dos dias que passou sem sex* e fez questão de deixar isso bem claro.
Mas também a questão do segredo de Carmem ter sido revelado e as meninas saberem de toda a verdade as uniu ainda mais. Rebeca e Amélia tem passado mais tempo com a mãe, isso me agrada de uma forma que nem consigo explicar.
Sei que a relação entre Rebeca e Carmem ficou bem abalada depois de tudo que aconteceu sobre Nina ser a verdadeira mãe de Rebeca. Mas perceber que o amor das duas falou mais alto me deixa feliz, afinal quanto mais amor melhor. Hoje é quarta à noite e Anna e eu estamos tentando organizar as coisas do quarto do bebê enquanto Rebeca e Tália estão no nosso quarto. Como não trouxemos nenhum dos móveis da cobertura, o que restou foram apenas nossas coisas pessoais. O alívio de ver a obra terminada e nossa casa ganhando vida mesmo com tantas caixas espalhadas não tem preço.
- Eu espero de coração que essa seja sua última mudança. Caso contrário encerro aqui nossa amizade. – reclamou Anna enquanto me ajudava a desembalar algumas caixas.
- Eu significo algo para você? Me troca assim por nada.
- Uma mudança não é uma coisa que posso chamar de nada. Poderia estar gastando meu tempo trans*ndo. Mas aí você me aluga, sua namorada aluga a minha arrumando aquele monte de sapatos. E eu fico como? O dia inteiro cuidando de ursos. – resmungou. – Para que tanto urso de pelúcia afinal? E se essa criança tiver rinite?
- Garota, você é um saco. Ia até buscar uma cerveja para ti, mas no momento você não merece. – revirei os olhos, ela atirou uma girafa em mim.
- Nem precisa me dar, posso muito bem ir buscar. Como forma de pagamento pelo meu trabalho. – piscou e saiu sorrindo.
- Você não desembalou nem uma caixa completa. – gritei só que nem conseguia escutar mais seus passos.
Continuei meu trabalho para tentar organizar todas as coisas das muitas caixas espalhadas pelo quarto de paredes em um tom de verde clarinho, as prateleiras brancas já estavam quase todas com os enfeites que compramos. Agora abri uma das bolsas com as roupinhas dele sempre que as olho consigo imaginar a carinha do neném usando-as. Sei que vai ser a coisa mais fofa do mundo. A ansiedade para a chegada dele tem me consumido. Não só a mim, mas acredito que tanto a minha família quanto a de Rebeca está ansiosa.
- Você sempre viaja quando está no quarto dele. – comentou Rebeca que caminhou vagarosamente até a cadeira próxima ao berço. Ela sentou com dificuldade, a barriga cada dia estava maior.
- Claro que viajo. Não vejo a hora de tê-lo correndo por essa casa e deixando a gente louca com medo que quebre algo e se machuque. – sorri ficando de joelhos em sua frente. Acariciei a barriga sentindo o neném mexer.
- Ele anda bem inquieto. Mas me tranquilizo em saber que leva um tempo até que ele comece a dar os primeiros passos. – falou fazendo uma careta de dor. - Acho que está ansioso para sair. – forçou um sorriso. – Você sabe que precisamos marcar a conversa com o Pedro.
- Sei sim. Pode fazer isso e me avisar quando o encontro vai acontecer.
- Eu sei que não é algo fácil para você, mas já passa da hora de acertarmos as coisas. – acariciou meu rosto.
- Amor, não tenho problema nenhum com o Pedro, já ele tem comigo e sempre fez questão de deixar isso claro. Depois de tudo que aconteceu com o seu pai, e da conversa que a Carmem teve com ele, acredito que tenha ajudado a colocar um pouco de discernimento na cabeça dele. Não adianta insistir em nos separar, eu não te largo nunca mais.
- Ótimo. Não tenho intenção de te deixar livre do meu amor. – beijou levemente meus lábios.
Não demorou e escutamos um barulho vindo do quarto ao lado. Anna e Tália estavam se agarrando. Rebeca revirou os olhos, mas claramente se divertia com o fogo das duas.
- Será que somos tão escandalosas assim? – indagou com ar de riso.
- Você sim, quando está goz*ndo. – provoquei.
- Claro, apenas eu que grito, não é? – revidou mordendo meu lábio durante o beijo. – Não acho certo elas inaugurarem a casa antes de nós. – falou pensativa.
- Concordo. Que tal acabar com a festinha? – me pus de pé.
- Não. Vamos deixa-las. Não quero criar uma inimiga. Anna com certeza nos mataria. – completou rindo.
- Concordo.
Continuamos organizando as coisas no quarto. Passava das dez quando paramos para comer pizza. Sentamos na parte externa da casa, a noite estava fresca, o céu exibia uma lua linda com muitas estrelas. Rebeca estava com as pernas em cima das minhas, saboreava um pedaço de pizza como se fosse a coisa mais gostosa do mundo. Soltando um gemido enquanto morde de forma gulosa a massa e o recheio.
- Depois que eu expulsar essa coisinha de dentro de mim vou precisar de muita dieta para correr atrás do prejuízo.
- Amiga, relaxa. Seu corpo está ótimo. Fora que você vai perder muitas noites de sono levantando para trocar fraldas sujas. Então já vai servir como exercício físico.
- Concordo com Tália. Você continua a mulher mais linda do mundo. – fiz carinho em seu braço.
- Você é suspeita para falar, já que me ama. Não vou correr o risco de você encontrar uma novinha com o corpo sarado e me largar. – falou rindo, mas eu sei que aquilo era de fato um medo dela.
Em algumas das nossas conversas antes de dormir Rebeca me confessou suas inseguranças com o seu corpo, alegando todas as mudanças que estão ocorrendo com ele. A verdade é que para mim ela ficou ainda mais linda grávida. Tento sempre deixa isso mais claro possível para que ela não se sinta insegura com isso.
- Meu amor, você deixa qualquer novinha no chinelo. – afirmei e ela sorriu me fitando.
- Espero que continue pensando assim quando eu estiver pior do que estou hoje.
- Mas você está maravilhosa. – afirmei sustentando seu olhar no meu. – E vai continuar sendo. – tomei seus lábios em um beijo leve.
- A casa ficou perfeita. – Anna mudou de assunto. – Mas quero mesmo é saber quando podemos nos mudar para a cobertura.
Essa era uma novidade, como decidimos mudar mesmo para a casa. Já havíamos conversado sobre deixar as meninas morarem na cobertura de Rebeca, assim elas economizariam uma grana que poderia ser usada para outra coisa. Fora que com elas morando lá não nos preocuparíamos em vender ou alugar. Fizemos apenas o acordo para que tudo que precisasse de reparo seria por conta delas.
- Amanhã se quiserem. Já dei a chave a Tália. Só precisam ir limpar.
- Ótimo, agora é sua vez de retribuir minhas ajudas nas suas mudanças. – Anna me fitou com ar de riso.
- Você não faz nada de graça, né? – indaguei fingindo indignação.
- Sim. Sexo. – com essa resposta arrancou gargalhadas de nós três.
Passava das doze horas quando Anna e Tália se despediram de nós na porta de entrada. Rebeca bocejou apoiando a cabeça no meu ombro enquanto caminhávamos em direção ao quarto principal.
- Queria não precisar de um banho. – reclamou tirando seu vestido.
- Pode dormir assim se estiver muito cansada. – tranquilizei-a.
- Amor, você não pode incentivar a ficar descuidada. Me diz uma única vez que eu não tenha dormido ao seu lado toda cheirosa e bem cuidada. – fez bico.
- Vida, eu sei que você sempre toma seu banho relaxante, depois passa aquele óleo corporal que deixa o quarto e os lençóis com o cheiro delicioso dele. Mas hoje está tarde, você claramente está cansada. Não vejo problema em dormir uma noite sem tomar banho. – agarrei sua cintura. Deixei meu nariz deslizar na curva do seu pescoço. O cheiro ali era delicioso. – Fora que você está super cheirosa.
- Não estou nada. Só fala isso para me agradar. E já está aí com coragem de ir para o banho. – apontou a toalha no meu ombro.
- Então que tal a gente dormir sem banho hoje? Nós duas.
- Tudo bem. Mas só hoje. – completou com um sorriso e beijou levemente meus lábios.
Com nosso acordo firmado, Rebeca deitou ao meu lado depois de fechar as cortinas do quarto. Dizendo que precisava dormir pelo menos até as nove da manhã. Ela estava mesmo cansada, afinal em menos de dez minutos já estava adormecida enquanto usava meu braço de travesseiro.
Admirei-a por longos minutos. Ainda me pego questionando como uma mulher pode ser tão linda quanto ela. Seus longos cílios, os traços delicados do rosto, o desenho perfeito da boca. Silenciosamente peço a Deus que o neném tenha os traços dela. Não que se ele vier parecido com Pedro eu não o amaria. Mas a beleza de Rebeca me impressiona e acredito que o neném terá o mesmo poder sobre mim.
Primeira manhã na casa nova. Me virei na cama e minha linda namorada continuava adormecida. A respiração pesada, demonstrava um sono tranquilo. Fui para o banheiro e fiz minha higiene matinal. Sai do quarto com cuidado para não a acordar, deixaria que dormisse até que se sentisse descansada de verdade. Nossa rotina tem sido puxada nos últimos dias.
- Bom dia Terê. – abracei a senhora que assustada pulou levando as mãos ao peito.
- Alice, qualquer dia desses você me mata. – falava com a voz nervosa. – Onde já se viu chegar de fininho desse jeito. Se eu morrer venho te assombrar todos os dias da sua vida.
- Calma. Não pensei que você fosse tão vingativa. – me sentei na bancada.
- Experimenta me matar, para você vê. – me desafiou. – Adoraria saber cadê minhas coisas da cozinha.
- Na cobertura. Não trouxemos nada.
- Ótimo, agora preciso de panelas novas. E um mapa. – afirmou coçando a toca que usava nos cabelos.
- Mapa? Para que você quer um mapa Terê?
- Para saber onde fica cada coisa nessa mansão. Estou há duas horas procurando o açúcar.
- Ah! Talvez não tenhamos ainda. Você precisa ir ao mercado.
- Ótimo. Vocês pretendem comer o que de café da manhã? Água quente ou fria? Já que é a única coisa que temos aqui.
- Pensei que você poderia ir dar uma furtada na geladeira da mamãe. – falei rindo já sabendo a resposta dela.
- Menina, cria juízo. Tem uma criança a caminho. É esse tipo de exemplo que quer dar para o seu filho?
- Ele não é meu filho. É filho da Rebeca com o Pedro. – insisti nas provocações.
- Está repreendido. O neném é seu também, se a Dona Rebeca escuta você falar isso vai te colocar para dormir na casinha do cachorro.
- Mas nem temos cachorro. – falei segurando o riso.
- Ela arranja. Você sabe bem que a Dona Rebeca é brava, e sempre tem solução para tudo. Capaz dela aparecer na porta e conseguir em um passe de mágica que apareça comida nessa casa. – a mulher insistia.
- Está dizendo que a Dona Rebeca é uma bruxa? – Tereza arregalou os olhos abismada.
- Está louca? Deus me livre de dizer uma coisa dessas daquela mulher maravilhosa.
- Sabe o que eu acho?
- O quê?
- Que você é puxa saco da Rebeca.
- E eu acho que você deveria deixar de me amolar nessa cozinha e ir no mercado comprar coisas para cá.
- Tudo bem. Eu vou, você tem o percurso que eu vou levar para chegar lá para me mandar a lista das coisas pelo WhatsApp.
- Nem inventa moda. Você sabe que eu não sei usar esses troços de tecnologia. E estou sem celular ainda. – afirmou com pesar.
Há alguns dias ela foi assaltada enquanto ia lá para casa trabalhar. Desde então tenho mandado o motorista ir busca-la em sua casa. Já havia falado com Rebeca sobre dar um celular novo a ela, mas na correria acabei ficando sem tempo de comprar.
- Tudo bem. Então vamos fazer assim. Você deixa tudo aí e vem comigo.
- E se dona Rebeca acordar?
- A dona Rebeca, está muito cansada de ontem. Ela vai aproveitar para dormir. Aposto que a gente sai e volta e ela nem vai notar que saímos.
- E se ela sentir alguma coisa? – aquela pergunta me pegou de um jeito assustador.
- Posso pedir para Maria vir aqui em trinta minutos. O que me diz? – a senhora de cabelos ralos e roupas humildes me olhou curiosa. Tirou a toca dos cabelos.
- Mas vamos voltar logo. Me preocupo com ela. – apontou em direção ao quarto.
- Falando assim eu vou pensar que você gosta mais dela do que de mim. – falei segurando-a pelos ombros.
- Não me faça perguntas se não vai gostar da resposta. – me respondeu risonha.
Saímos do condomínio com o motorista ocupando a direção do carro. O percurso até o supermercado não foi longo. Tereza empurrava um carrinho enquanto eu ia com outro já quase cheio. Na verdade, decidi que além de comprar lá para casa, iria dar algumas coisas a ela também, claro sem ela saber. Afinal grande parte das coisas que tinha no meu carrinho eu acabei colocando no que ela empurrava, mas tentando deixar que ela não desconfiasse de nada.
Passamos quase uma hora comprando tudo. Fomos para o caixa e eu fiz questão que ela passe as compras dela primeiro.
- É tudo junto? – a moça do caixa perguntou.
- Não. – respondi.
- Sim. – Terê respondeu e em seguida me fitou.
- Essas que você já passou vão para uma casa diferente.
- Deu mil e quinhentos reais. – a moça falou para Tereza que me olhou sem entender nada e com certeza se questionando com pagaria por aquele valor.
- Aqui o cartão. – estiquei a mão para ela.
O valor foi debitado e assim as compras lá de casa começaram a ser passadas. Paguei tudo novamente e saímos empurrando o carrinho em direção a saída.
- O que significa isso?
- Compras. – afirmei me fazendo de desentendida.
- Eu sei, quero saber por que mandou colocar separado. Por acaso você tem duas famílias agora? Se for esse o caso me inclui fora dessa enrascada. Dona Rebeca acaba conosco. – desatei a rir, e o motorista que a essa altura ajudava a colocar as coisas no carro tentava manter a pose séria.
- Terê, eu não tenho duas famílias. As coisas são suas. Mas estou começando a achar que você gosta mais da Dona Rebeca do que de mim. – falei imitando sua voz sempre que falava no nome de Rebeca.
- Menina, Alice. Isso deu muito caro. Não tenho como te pagar esse dinheiro de volta.
- Ninguém aqui falou em devolver dinheiro. Estou apenas te mimando. Mesmo sabendo que você prefere mimar a Rebeca. – revirei os olhos.
- Prefiro mesmo. Aquela mulher é linda.
- Antônio, me leva embora e vamos deixar essa tiete da Rebeca aqui. – o homem me sorriu. – Acho que ela está apaixonada pela minha mulher. Aí. – reclamei quando ela apertou minha orelha.
- Me respeita. Amo vocês duas. – me abraçou. – Obrigada pelo que fez hoje. Você tem um coração de ouro.
- Não precisa agradecer. Basta continuar cuidando tão bem da gente. Principalmente da Rebeca.
- Nem precisa pedir.
Me deu um sorriso sincero e eu senti meu coração aquecer. Criei um laço muito bom com Tereza desde que Maria, sua irmã e governanta das minhas mães, nos apresentou. A intimidade com ela foi algo natural. E como é bem notório, Rebeca conquistou o coração da senhora. Rebeca é mais comportada perto da mulher, sempre educada, a trata bem. Já comigo a história é outra, e nossas brincadeiras na frente da minha namorada constrangem Tereza de uma forma que deixa tudo ainda mais engraçado.
Levamos alguns minutos até chegarmos em casa. Como prometido Maria foi mesmo olhar se estava tudo bem com Rebeca. Encontramos a mulher na saída da casa. As duas irmãs começaram a conversar. Claro que Terê fez questão de contar sobre o que eu fiz, e Maria me sorriu orgulhosa da minha atitude.
Enquanto Tereza organizava as coisas na cozinha eu fui verificar meus e-mails. Aproveitei para estudar algumas coisas da faculdade, já que decidi me dar o luxo de faltar hoje. Passava das dez quando senti as mãos de Rebeca em meus ombros. Seu cheiro delicioso invadiu as minhas narinas. Acariciei sua pele macia.
- Bom dia, amor.
- Bom dia, meu anjo. Dormiu bem?
- Divinamente bem, como há muito não conseguia. – afirmou. – O que deu na Terê hoje? Ela está super animada na cozinha. – questionou puxando a cadeira e sentando ao meu lado. Estávamos na mesma mesa da noite anterior.
- Fomos as compras. E eu acabei comprando coisas para ela. Acho que foi isso.
- Sério? Que maravilha.
- Mas começo a pensar que não deveria, afinal ela me deixou comer pizza congelada. Mas já está trazendo seu café. – comentei vendo-a aparecer na varanda com a bandeja repleta de coisas.
- Ela precisa se alimentar direito. Está comendo por dois. – afirmou sem se importar com minha implicância.
- Eu estou em fase de crescimento. – respondi indignada.
- Desde quando solitária precisa de fase de crescimento? Seu problema é verme. – Rebeca me olhou gargalhando.
- Vai deixar que ela fale comigo desse jeito? – questionei.
- Não vou me envolver em briga de vocês duas. Até por que eu tomaria um lado.
- Claro o meu. – afirmei.
- Deixa ela sonhar. – Terê piscou o olho para Rebeca que apenas sorriu quando a mulher passou por nós e sumiu rumo à sala.
- Abusada. – comentei meneando a cabeça enquanto sorria.
- Pensei que ia para a aula. – mudou de assunto enquanto tomava um gole do suco de laranja.
- Achei melhor não. Estou cansada também. Fora que aqui ainda tem muita coisa para arrumar. Só não comecei a organizar antes por medo de fazer barulho e te despertar.
- Hum! Tudo bem. Obrigada pelo cuidado. – tocou seus lábios nos meus. – Pode voltar a estudar, vou terminar meu café enquanto resolvo algumas coisas da empresa.
Estudar perto de Rebeca era impossível. Meus olhos se prendiam facilmente em sua face concentrada diante do computador, observo completamente em êxtase quando ela morde a perna dos óculos, mania que tem quando está pensando em algo importante.
- Me olhando assim você não vai conseguir estudar. – falou sem tirar seus olhos da tela.
- Não tenho culpa se você me enfeitiça. – baixei a tela do meu notebook. – Essa boca linda é tentadora demais, e já ficou muito tempo longe da minha. – inclinei meu corpo em sua direção.
- É mesmo?
- Sim. Então vem aqui e mata a minha sede do seu beijo.
Rebeca sorriu de forma linda, mordendo o lábio inferior no final do sorriso. Aquele simples gesto me arrancou um suspiro. Seus olhos pareciam ainda mais verdes está manhã. Com calma seus dedos invadiram os meus cabelos, segurando com firmeza minha nuca e me inclinando ainda mais me sua direção. O contato de nossas línguas me causou um arrepio na pele. Era maravilhoso beijá-la, parecia que aquele era o único beijo que provei em toda minha vida. Quando nos separamos ela deixou a testa próxima a minha.
- Parece que sempre que te beijo é como se fosse a primeira vez. – confessou de olhos fechados.
- Eu sei. Me sinto assim também. Todos os dias ao seu lado são únicos e isso me deixa ainda mais certa do que quero para o resto da minha vida.
- É mesmo? E o que você quer?
- Isso. – beijei sua boca de novo. - Mais disso, mais de nós todos os dias. – afirmei acariciando seu rosto. – Eu te amo.
- Eu também te amo.
Infelizmente precisamos voltar aos nossos deveres. Pouco mais de uma da tarde Terê nos chamou para almoçar. Rebeca estava deitada enquanto eu tentava terminar de organizar nosso closet.
- Por mim chamamos alguém que possa organizar da forma correta.
- Você adora gastar dinheiro, não é?
- Eu adoro gastar dinheiro por querer ajuda para organizar esse monte de roupa cara que são suas? – ela prendeu o riso revirando na cama.
- O almoço está pronto.
- Ótimo, esse cheiro delicioso está me matando. – Rebeca falou se pondo de pé e esquecendo nosso assunto anterior.
Almoçamos em um clima descontraído, fizemos questão que Terê comesse conosco na mesa. Claro que só conseguimos esse feito com muita insistência de Rebeca. A conversa entre nós três fluía de forma leve. Após o almoço Rebeca decidiu descansar. Eu acabei lingando para Anna e fomos tentar resolver algumas questões da boate que eram possíveis de serem resolvidas pelo telefone.
- Tô pensando em ir ao shopping está afim? – me indagou ao final da ligação.
- Acho que sim. Preciso mesmo comprar umas coisas.
- Se for para o neném me avisa que eu retiro o convite agora. – resmungou Anna.
- Não é para o bebê. – tranquilizei-a.
- Ótimo. Te espero no estacionamento daqui uma hora.
- Certo.
Encerrei a ligação e subi as escadas em direção ao quarto principal. Rebeca abriu os olhos assim que sentiu minha presença. Se esticou preguiçosamente na cama. Em seguida falou:
- Vai sair? – indagou com a voz rouca ao me ver trocar de roupa.
- Sim. Vou ao shopping com Anna. Pretendo comprar o celular para dar de presente a Terê.
- Está mesmo tentando comprar o amor dela? – me provocou em tom travesso.
- Isso. Quem sabe eu passo a ser a preferida dela nessa casa. – ela gargalhou. – Na verdade, se ela te ama e cuida de você eu sou ainda mais grata do que se fizesse isso comigo. Você é tudo para mim. – falei de forma sincera e Rebeca me fitou com os olhos marejados.
- Você é tão perfeita que parece um sonho.
- O melhor deles, sem dúvida alguma.
- Pronto, conseguiu acabar o momento fofo. – falou isso se pondo de pé. – Acho que vou na casa das suas mães, tenho algumas coisas para ver com Larissa.
- Tudo bem. Depois que eu sair do shopping passo lá e podemos jantar com elas.
- Você percebe que está se convidando para jantar? – me fitou com ar de riso.
- Aquela é minha casa.
- Não. Essa é sua casa. – enlaçou minha cintura. – Lá foi apenas o lugar que você viveu antes de encontrar o amor da sua vida e decidir dividir uma vida com ele.
- Está me dizendo que você é o amor da minha vida?
- Não sou?
- Sim. E se existirem outras vidas eu vou continuar te amando em todas elas. – beijei seus lábios.
- Eu espero que seja dessa forma. – comentou sorrindo. – Agora me deixa tomar banho. E cuidado no shopping.
- Pode deixar. Até mais tarde.
- Até.
Peguei minhas chaves e sai. Dirigi até o shopping e no estacionamento encontrei Anna que me esperava ao lado do carro. Assim que me viu abriu um sorriso e seguimos as compras.
- Olha que lindo esse. – me mostrou um chapeuzinho para bebê.
- Você disse que se eu viesse comprar coisas pra o neném iria me deixar em casa. Mas fica me mostrando tudo de criança.
- Mas não estou te mandando comprar, vou dar de presente. O que acha desse azul? – me mostrou outro. – E de for um de cada cor? É melhor né?
- Anna, nenéns crescem rápido sabia? Essa coisinha minúscula só vai ser usada algumas vezes.
- Então compro um para cada idade. Assim ele sempre vai usar um presente que a tia Anna deu.
Eu gargalhei da atitude dela. No final ela já carregava mais sacolas do que eu. E todas eram de lojas infantis. Mesmo com minhas implicâncias ela não se importava.
- Agora entendo o vício de vocês em comprar coisas de criança. – sorriu olhando as mãos.
- Eu falei, você não me deu ouvidos. Agora vamos que eu preciso comprar o celular de Tereza.
- Vai fazer alguma pegadinha?
- Lógico.
Sorri já imaginando meu plano macabro. Quando terminamos as compras me despedi de Anna no estacionamento e segui para casa. Avisei a Rebeca que ia passar em casa antes de ir para as minhas mães.
- Terê? – falei ainda da porta. A casa estava silenciosa. Deduzi assim que ela já deveria ter saído. Deixei minhas compras e segui para a casa das minhas mães.
Assim que atravessei a porta de entrada escutei vozes vindas da sala. Qual não foi minha surpresa ao encontrar tia Iara, Bianca, as minhas mães e Rebeca em um papo animado.
- Boa noite, filha.
- Oi, mammy. – beijei seu rosto. – O papo aqui está bom.
- Sim. Deveria ter vindo antes. – tia Iara concordou e eu cumprimentei todas com beijos no rosto e em seguida me sentei ao lado de Rebeca.
- Como foi no shopping?
- Normal. Mas só para avisar a Anna deu uma de louca e comprou muitas coisas para o neném. – Rebeca sorriu.
- Ela não foi a única. – apontou algumas sacolas em um canto da sala.
- Quem?
- Culpada. – a mammy ergueu a mão. – Acho que estou com saudades de ter um bebê nessa casa. – comentou rindo.
- Podemos providenciar isso. – a mamma sorriu maliciosa e passou levemente a mão nas pernas da mammy.
- Eu sei que podemos, mas prefiro cuidar do meu netinho. – beijou seus lábios.
- O que não vai faltar é avós para esse menino. – Bianca disse rindo.
- E tias. – tia Iara completou.
- Sou grata por isso. – Rebeca sorriu emocionada. – E vamos mudar de assunto, caso contrário vou começar a chorar.
- Não chora meu amor. – beijei seus lábios. – Mas já que é para mudar de assunto, cadê os pestinhas?
- Saíram para o cinema com uns amigos. – Rebeca me fitou assim que a mamma respondeu. Sabíamos bem que não é apenas alguns amigos, possivelmente os dois saíram e casal.
- A gente cria os filhos, a casa vive cheia, mas aí eles crescem e vamos ficando sozinhas de novo. – a mammy comentou.
- Sei bem o que é isso. O Cadu está muito bem casado. Apesar de não saber muito bem como aquele relacionamento dos três funciona.
- Meu amor, você não precisa entender. Só respeitar.
Nesse momento eu arregalei os olhos. Não fazia a menor ideia de que as duas estavam juntas. Só então notei com mais atenção a proximidade delas, os carinhos nas mãos. Não quis ser indelicada e perguntar quando aquilo aconteceu. O que importava para mim era simplesmente ver minha tia feliz, e claramente as duas estão. A noite seguiu em meio a conversas e risadas. É maravilhoso ver o entrosamento de Rebeca com as minhas mães, parece até que se conhecem de longa data. O jantar foi servido as oito, as nove já estávamos no carro indo para casa.
- Quando aquilo aconteceu? – indaguei querendo saber a fofoca.
- Não faço ideia. Mas aparentemente estão mesmo namorando. Adorei ver que sua tia conseguiu seguir em frente depois do embuste do George.
- Eu também fiquei. Só não imaginei que ela fosse namorar a Bia.
- Ninguém manda no coração. Afinal se eu pudesse teria escolhido alguém da minha idade, e não uma pirralha. – provocou com ar de riso.
- Mas essa pirralha aqui, te ama como ninguém nunca amou. E nem estou falando do sex*. – ela suspirou. Certeza que a mente foi pensar safadeza.
Assim que chegamos em casa contei meu plano sobre como daria o presente a Tereza. Rebeca riu já imaginando o que a mulher vai dizer. Tomamos banho juntas e em seguida adormecemos. Acordamos cedo para se arrumar, Rebeca para o trabalho e eu para a aula, afinal tenho que continuar minha vida acadêmica.
- Bom dia, Terê. – Rebeca falou sentando-se.
- Bom dia, Dona Rebeca. Dormiu bem?
- Muito bem.
- Graças a Deus. E você, menina. O gato comeu sua língua?
- Não Terê, foi uma gata. – notei Rebeca corar. Tereza apenas meneou a cabeça negando minha resposta.
- Guarde suas aventuras para o quarto. – disse servindo suco para nós.
- Amor, acredita que a Terê pensou que eu tenho duas casas. Ela acha que eu tenho duas mulheres.
- Sério? O que você faria se isso fosse verdade, Terê? – indagou para a mulher.
- A Dona Rebeca, eu ia ajudar a senhora esconder o corpo da amante. Por que sei que ia matar ela. – Rebeca gargalhou com a resposta da mulher.
- Bom saber que me ajudaria.
- Agora você fica aí desconfiando que eu tenho uma amante. Mas quem recebeu flores e um presente foi você. – provoquei.
- Deixa de besteira.
- Estou falando sério, quando chegamos ontem da casa da mamãe. Tinha uma caixa na porta com flores e um bilhete.
- Deve ser da sua amante. – respondeu rápida. – Faz tempo que eu não namoro. – suspirou.
- Pois eu acho que o motorista do vizinho está interessando em você. A caixa está ali em cima. – apontei a direção. – E as flores coloquei naquele vaso, não ia deixar morrer.
- Oiá. Num é que é no meu nome. Eu não vou abrir isso não. Vai que é uma bomba. – deixou a caixa em cima da bancada. Rebeca segurava o riso.
- Se fosse uma bomba já teria explodido. Acho que deveria abrir. Vai que é um presente caro, pela caixa parece ser.
Incerta se deveria abrir, Tereza olhava de mim para Rebeca, depois para a caixa a sua frente.
- Abre, Terê. – incentivou Rebeca.
A mulher abriu e ficou vermelha quando viu a linda camisola de seda.
- Olha ela, recebendo presente sexy.
- Larga de bobagem, isso né para mim não.
- Claro que é. Olha isso: “Para Terezinha com amor e carinho.” – ela me fitava duvidando que era aquilo mesmo que estava escrito. – Tem mais uma coisa aqui. – apontei para a caixa.
- Mais?
- Sim. Olha o que é. – incentivei.
Tereza pegou a caixa menor nas mãos e com cuidado rasgou o papel. Sua boca abriu e fechou diversas vezes quando viu o aparelho.
- Não acredito. Quem me deu isso?
- Fomos nós. A camisola foi apenas uma brincadeira. – a senhora me fitou.
- Menina Alice. – me abraçou chorando e agradecendo pelo presente.
Aquela simples ação tornou meu dia tão mais leve. Ver que uma coisa que para mim é tão comum para ela fez toda a diferença. Afinal se tivesse sido eu a perder o celular teria comprado outro no mesmo dia, mas Tereza tinha outras responsabilidades. Saí de casa com o coração em festa e assim iniciei meu corrido dia.
Fim do capítulo
Volteiiii. E com a Alice mimando a Terê. Rebeca tem o dom de conquistar todo mundo.
A vida aqui tá bem corrida e estou sem tempo e inspiração para escrever. Triste drama da autora. Mas vou postanto os que já tenho prontos. VOu responder os comentários assim que tiver um tempinho.
Beijos e bom final de semana. Amanhã volto com mais um.
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lay colombo
Em: 06/12/2021
Alice é muito nenê cara, não dá, apaixonada nessa guria. Embora meu verdadeiro Mozão seja a Beca kkkkkkk
Resposta do autor:
kkk. Quase um trisal ai. kkk
Adoro.
Baiana
Em: 28/11/2021
Sabia que a cobertura ia sobrar para as duas ninfomaníacas kkkk
A Alice é Larissa todinha no modo de agir,na facilidade para conquistar as pessoas,o bebê tem muita sorte em tê-la como mãe.
A Iara apareceu,acho que tenho um crush nela...
Resposta do autor:
kkkk. Ninfomaníacas foi ótimo.
Concordo plenamente. Alice é uma cópia da mãe.
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Mille
Em: 27/11/2021
Alice se mostrando brincalhona assim que a Larrisa.
Bom tudo muito lindo momentos de alegria para todas.
E já estou ansiosa pela chegada do herdeiro, esse garoto vai ter um monte de gente babando nele.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Gente babando a cria é que não vai faltar. Até imagino uma cena bem Rei leão. kkk
beijos
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preguicella
Em: 27/11/2021
Alice é perfeita demais! Quase um anjo! haha
Voltaaa
Resposta do autor:
Alice um anjo? Será? kkk
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SPINDOLA
Em: 27/11/2021
Boa tarde, Cruellita sem tempo, kkkk.
Adorei o capítulo iti malia só love só love, e os momentos engraçados da loirinha com a Terê.
Capítulo gostoso de ler, mas ficou faltando a verdadeira comemoração da inauguração da boate, que maldade, não teve nenhum amorzinho dotoso pra coroar a noite, que canguinha você em Cruellzinha, kkkk.
Bjs
Resposta do autor:
Oiê. Voltei viu. kkk
Alice e Rebeca não conseguem inaugurar nada. kk O quarto foi as meninas, o escritório a sogra.
kkk
beijos
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paulaOliveira
Em: 27/11/2021
Alice e Terê juntas é muita comédia kkkk
Adoro o jeito humilde da Alice e da Becca, amo as duas S2.
Volta logo autora e traga extras kkk
Resposta do autor:
Mulherr não tô com tempo nem para escrever o normal, que dirá os extras. Sossega esse fogo por capítulo extra. kk
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