• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • Um Novo Começo: O Despertar de Alice
  • Capitulo 74

Info

Membros ativos: 9524
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Thalita31

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Amanhã, talvez…
    Amanhã, talvez…
    Por Nadine Helgenberger
  • Almost
    Almost Unintentionally
    Por mabi

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Um Novo Começo: O Despertar de Alice por maktube

Ver comentários: 7

Ver lista de capítulos

Palavras: 4470
Acessos: 2846   |  Postado em: 23/11/2021

Capitulo 74

 

Capítulo 74º

Alice

            Acordei na manhã de sábado, o tão esperado dia da inauguração da boate. Meus nervos estão à flor da pele não só pela abertura oficial, mas também por continuar brigada com Rebeca, na verdade, por ela continuar me castigando por não contar o que aconteceu. Nem mesmo o sex* maravilhoso que fizemos foi capaz de apagar o erro idiota que eu cometi. Como castigo continuamos dormindo em quartos separados.

            Na frente dos outros ela faz questão de disfarçar que estamos brigadas. As únicas pessoas que sabem são as mais próximas a nós, no caso Anna e Tália. Nem as minhas mães sabem de nada. Acordei cedo e sai assim que tomei café. Rebeca ainda dormia, segundo o que Terê me disse. E ainda completou dizendo que eu deveria tomar jeito na vida ou ia continuar de castigo. Dei um longo suspiro e me despedi da mulher com um beijo estalado em seu rosto em troca ganhei um afago nos cabelos. Coloquei café no meu copo térmico, pois preciso de toda fonte de energia que eu encontrar afinal o dia vai ser longo.

            Cheguei à boate e Anna já me esperava. A cara de sono entregava a irritação por continuar dormindo no sofá. Ela tomava um energético escorada a porta do carro. Me avistou e ficou ereta.

- Bora acordar? – estendeu o energético.

- Estou tentando. – mostrei o café. – Como foi sua noite?

- Vou comprar uma cama, não aguento mais dormir no sofá.

- Pensei que não aguentaria dois dias. – respondi enquanto subíamos os primeiros lances da escada de fora.

- Nem eu. Mas prometi guardar segredo. Me lembra de nunca mais prometer nada a ninguém.

- Pode deixar. – respondi rindo. – As bebidas já estão gelando? Afinal sabemos bem que uma cerveja gelada sempre é perdição e convite para tomar outras.

- Tudo certo. Para hoje só falta mesmo confirmar as presenças Vips. Mas já vi que nas redes sociais só se fala na nossa inauguração. Vamos ter casa cheia.

- Tomara.

            Iniciamos nossos trabalhos do dia. Acabamos almoçando por aqui mesmo, inclusive pedi comida para todo mundo que estava ali conosco desde cedo. Passava das quatro horas quando Rebeca me ligou.

- Oi, amor. – sim, continuamos brigadas, mas não consigo ser indiferente com ela.

- Oi. Só para confirmar nosso horário com o maquiador e o cabeleireiro.  

- Claro, já estamos terminando aqui. Daqui a pouco estou em casa.

- Certo. Beijos.

- Beijo.

- “Oi, amor.” – Anna imitou minha voz. – Detesto o quanto você é cadelinha. Tem é que ficar brigada mesmo, Tália e eu estamos quase sem nos falar.

- Rebeca não é assim. Não quer deixar transparecer que não estamos bem.

- Então vão fingir muito amor hoje?

- Sim. Exatamente. Ainda mais que minhas mães estarão aqui. Uma hora ela vai perceber que é bobagem essa atitude dela.

- Se você pensa assim. – deu de ombros. – Eu continuo achando que foi sacanagem dela em te dar uma ótima trans* e depois te colocar para fora do quarto. – completou segurando o riso.

- Será que podemos não falar sobre isso? – ela apenas concordou. E iniciamos nossos trabalhos do dia.

            As cinco em ponto dirigia tranquila até em casa. Abri a porta e de cara já vi uma moça sentada no sofá. Ela me olhou de cima a baixo me analisando. Tinha um ar meio gótico, roupas pretas, muitos piercings no rosto e tatuagens.

- Olá. – falei intrigada pela forma que me olhava.

- Olá. Sou Megan, a moça da maquiagem. – sorriu mostrando sua maleta.

- Prazer, eu sou Alice. Rebeca não veio recebê-la?

- Segundo a sua funcionária ela está no banho. – respondeu.

- Ah! Claro. Então fique à vontade. Acredito que ela deve estar acabando. Quer uma água?

- Já estou levando. – Terê falou da cozinha.

- Ótimo. Se me dá licença preciso de um banho também.

- Até já.          

            Segui pelo corredor e abri a porta do quarto. Rebeca estava vestindo apenas um roupão. Me fitou pelo espelho, dando um sorriso singelo. Eu sei que ela está detestando esse clima entre nós tanto quanto eu estou. Mas aparentemente não quer dar o braço a torcer. Parece uma criança contrariada.

- Chegou agora?

- Sim, acabei de entrar. A Megan da maquiagem já está te esperando na sala.

- Já estou indo. Pensei que íamos fazer primeiro o cabelo, mas o cara atrasou.

- Percebi. Eu vou tomar banho. – respondi indo para o banheiro.

- Alice. – me chamou.

- Oi.

- Está tudo certo para hoje?

- Espero que sim. – respondi com ansiedade.

            Ela deu dois passos em minha direção. Buscou minhas mãos com as dela. Segurou meus dedos nos seus. Fitou meus olhos e da forma mais doce falou:

- Você se dedicou muito para que isso acontecesse. Então confie que vai ser o maior sucesso. Pois eu acredito nisso. – passou a ponta dos dedos em meu rosto.

- Obrigada. É muito importante te ouvir falar assim. – sorri me sentindo um pouco mais tranquila.

- Não precisa agradecer, só estou dizendo a verdade. Agora vai tomar banho. – beijou meu rosto e saiu do quarto.

            Eu suspirei. Desejosa que o beijo tivesse sido um pouco mais para a esquerda. Anna tem razão eu sou muito cadelinha de Rebeca. Sorri do meu pensamento e fui para o banho. Alguns minutos depois escutei algumas vozes vindas da sala. Percebi que Tália e Anna já haviam chegado. Combinamos de sair todas daqui, e isso resultou nas duas vindo se arrumar conosco. Vesti um roupão igual ao que Rebeca usava. Separei minha roupa em cima da cama ao lado da dela e fui para a sala.

- Olha quem saiu da toca. – Anna comentou fazendo todos se virarem para me olhar.

            A tal Megan se perdeu no que fazia enquanto me fitava curiosa. Rebeca percebeu o olhar da moça e logo fechou a cara revirando os olhos já irritada. Tudo que eu não precisava era outra confusão sem nem ter arrumado a última que causei. Me sentei ao lado de Anna puxando as pontas do roupão para evitar que minhas pernas ficassem de fora.

- Ela ia te comer. – sussurrou.

- A Rebeca? Com certeza ia me matar. – falei com ar de riso.

- Não estou falando da Rebeca, a maquiadora. – apontou com a cabeça e a moça continuava me olhando. – Vai ser bem divertido ver vocês fingindo que estão de boas hoje, com o tanto de mulher que vai ter naquela boate.

- Mas nós estamos bem. – afirmei.

- Sei. – deu de ombros. – Vocês querem enganar a quem?

- Já disse, as coisas estão bem. Ela que não deixa o orgulho de lado. Mas sei que está quase cedendo.

- Adoro o quanto você é positiva. – falou rindo.

- Você é chata. – revirei os olhos.

- Sou realista. Apenas isso.

            Não quis mais insistir no assunto. Sei que no fundo Anna tem razão sobre essa situação toda, mas não vou dizer isso a ela. Afinal ficaria se achando à sabe tudo e ela já é insuportável demais. Continuamos nossa preparação para a festa. Passava das oito quando entrei no quarto depois de fazer o cabelo e a maquiagem.

            Girei a maçaneta e assim que adentrei paralisei com a imagem que vi. Rebeca usava um vestido cinza escuro, com as mangas caídas nos ombros. Os cabelos presos em um lindo coque no topo da cabeça. Me perdi em pensamentos admirando o quanto ela parecia tão perfeita.

- Você está bem? – questionou me fitando enquanto colocava seus brincos.

- S-sim. Estou. – sai do meu transe.

- Sua admiradora já foi? – indagou com a sobrancelha erguida.

- Quem? – questionei confusa.

- A maquiadora. Não vai dizer que não notou os olhares dela.

- Ah! Ela. Notei, mas não dou muita importância. Deveria que só tenho olhos para você. – caminhei em sua direção. – Você está linda. – afirmei parando em sua frente.

            Ela sorriu corando levemente, desviou seus olhos do meu timidamente. Eu sei, na verdade, eu sinto que ela está prestes a desistir dessa situação boba. Segurei sua mão passando o meu polegar sobre sua pele macia.

- Eu tenho a mulher mais linda do mundo ao meu lado. – afirmei segurando seu queixo, fazendo-a me olhar.

- Amor, para com isso. Está me deixando sem graça.

- Amor? Já sou seu amor de novo? – ela revirou os olhos com ar de riso.

- Você nunca deixou de ser. Só estava brava.

- Estava? – senti uma pontinha de esperança de deixar aquilo para trás.

- Sim. Hoje a noite é sobre você e o seu sucesso. – afirmou sorrindo. – Então vamos esquecer o que aconteceu.

- Graças a Deus! Não aguento mais ficar sem te beijar. – enlacei sua cintura.

- Não podemos. – fugiu do meu beijo. – Estamos prontas, e atrasadas. Prometo que quando voltarmos para casa vamos matar essa saudade.

            Senti aquela sensação maravilhosa me preencher. Concordei com ela e fui me vestir. Passava das nove quando saímos de casa. Anna e Tália nos acompanharam na limosine. O restante do pessoal ia nos encontrar lá. Na avenida já era possível ver a fila se formar do lado de fora do prédio. A entrada estava linda, as cores haviam combinado perfeitamente com as luzes e o nome que brilhava no topo.

- Eu disse que ia ser lotação. – Anna falou empolgada.

            Eu não consegui falar nada, senti apenas um misto de sensações invadir meu corpo e um imenso frio barriga, minhas mãos suadas deslizavam na mão de Rebeca. Fixei meus olhos no pessoal que parecia aguardar ansiosamente pela abertura. Minha namorada me olhou, segurando firme minha mão e falou sussurrando:

- Vai dá tudo certo. – de alguma forma aquilo me acalmou, era como se eu soubesse que iria mesmo dar tudo certo aquela noite só pelo simples fato de ser ela dizendo.

            Sem conseguir responder apenas abri um largo sorriso para ela que me retribuiu com a mesma empolgação. Quando o motorista abriu a porta para que saíssemos foi possível ouvir as vozes empolgadas do lado de fora. O homem me estendeu sua mão, eu prontamente a segurei e logo respirei o ar frio da noite. Ajudei Rebeca sair em seguida, assim que se pôs ao meu lado, segurou meu braço com delicadeza.

- Enfim vamos conhecer o bebezinho de vocês. E que nome perfeito. The Valley. Adorei. – Tália falou segurando a mão de Anna, aparentemente Rebeca não era a única que havia esquecido a briga.

- Obrigada. – sorri gentil.

- Estão preparadas? – questionou Anna já dando um passo.

            Cumprimentamos algumas pessoas pelo caminho. Até que chegamos à entrada. Havia uma parede feita especialmente para que as pessoas pudessem tirar fotos. Alguns repórteres já nos esperavam. Fizemos algumas poses, Anna e eu demos algumas entrevistas. Enquanto Tália e Rebeca nos esperavam, admiradas e orgulhosas pelo nosso sucesso.

- Elas esqueceram até a raiva. – Anna disse para mim quando ficamos lado a lado para mais uma foto.

- Ainda bem, você para de dormir no sofá e eu posso dormir na minha cama. – sorrimos divertidas.

- Mas para isso eu preciso evitar todos os ex-contatinhos que estarão aqui hoje.

- Esse sem dúvida é um problema, você ficou com metade da cidade.

- Falado assim você me ofende. – fingiu ficar irritada. – Peguei a cidade inteira. – completou rindo.      

            Logo nos juntamos a nossas namoradas. Passamos pelos seguranças e saímos direto no primeiro ambiente. O bar fica bem no meio do local, deixando livre apenas a pista de dança. As luzes coloridas dão um ar animado. Em cada uma das laterais há uma escada que leva para as partes do primeiro andar. Camarotes separados, seis para ser mais exata, cada um com seu próprio bar e garçons.

            Aos poucos as pessoas foram passando por nós em direção a pista de dança. A alguns metros Barbara terminava de organizar seus equipamentos. De onde estava nos viu entrar, acenou com a cabeça retribui o gesto. E mesmo que Rebeca estivesse admirada pelo lugar, não deixou de perceber a atenção da Dj em nossa direção.

- Ficou incrível. – Tália disse sorrindo.

- Deu uma trabalheira, mas valeu a pena cada hora de dedicação. – Anna sorriu para a namorada.

- E onde vamos ficar? – Rebeca indagou segurando minha mão.

- Essa é a melhor parte. – Anna sorriu. – Temos um lugar especial para os nossos convidados.

- Interessante. – Responderam juntas.

            Seguimos para o segundo andar. Aquele era um camarote reservado para nossos convidados, Anna fez questão de termos um espaço apenas nosso, os sofás eram da mesma cor dos lá debaixo. A única diferença era que de onde estamos tenho acesso ao escritório. Esse camarote é de fato exclusivamente nosso. Tália admirou o local assim como Rebeca.

- Isso é incrível. – disse ao meu ouvido apertou levemente minha cintura.

- Nem acredito que esse dia chegou. – sorri para ela.

- Estou orgulhosa de você. – afirmou me fitando, senti minhas perna fraquejarem. Ela estava de volta e isso me abala demais. – Eu te amo.

- Eu também te amo. – sorri.

- Que a festa comece. – Anna nos interrompeu me entregando uma taça com champanhe.

            Iniciamos uma conversa animada. Aos poucos o restante do pessoal foi chegando. Minhas mães junto do tio Isaac e da tia Milena, seguidos por Letícia, Amélia e junto delas Carmem. Era maravilhoso dividir esse momento tão importante para nós com as pessoas que amamos.

- Parabéns, filha. Esse lugar já é um sucesso. – falou me abraçando.

- Obrigada, mamma. – sorri me deixando ser abraçada.

- Estamos muito orgulhosas de você.

- Só dela? – Anna indagou fazendo bico.

- De você também, nunca pensei que pudesse ser tão responsável. – a mammy completou e todos riram.

            O show de Barbara começou e prendemos nossa atenção para o palco principal. Rebeca estava na minha frente, minhas mãos em sua barriga. Vez ou outra sentia o bebê se mexer. Isso me assusta, pois sei que daqui a alguns dias ele vai sair dali. Ainda precisamos ter a tal conversa com o Pedro. Agora não tenho mais a boate como desculpa.

- Ela é boa. – Rebeca comentou me tirando do meu momento de reflexão.

- Sim. É. – afirmei.

- Só não entendo como ela não se manca que você namora. – reclamou e eu sorri.

- Ela também namora.

- Namora? – virou-se o suficiente para me olhar.

- Sim, com a irmã do Rick.

- Sério?

- Sim. Então não precisa se preocupar, esse é apenas o jeito dela.

- Sei. – deu o assunto por encerrado.

            Me diverti observando Letícia tentar dançar acompanhando a minha mãe, Anna e a tia Mile. Não era segredo para ninguém que a dona Isabella adora uma festinha. E a minha amiga adora aproveitar para dançar com ela.

- Desisto, elas são incansáveis. – sentou-se ao nosso lado.

- Imagina ela na cama.

- Mamma! – repreendi. E todas riram do meu desespero. – Se tem algo que eu não preciso ter na mente é vocês duas trans*ndo. – revirei os olhos.

- Até parece que não faz isso.

- Faço, mas não preciso dizer. – me defendi.

- Por falar em mães que trans*m, onde está a nossa? – Amélia questionou para Rebeca.

            Letícia me encarou prendendo o riso. Sei que ela lembrou de quando saímos juntas e Carmem literalmente passou o rodo em todas as mulheres da boate. Possivelmente deve ter saído de perto de nós para fazer o mesmo.

- Deve ter ido ao banheiro. – ela falou acariciando o pescoço de Amélia. Que logo voltou sua atenção a ela.

- Se foi ela está demorando. – Rebeca disse preocupada. – Acho melhor ir atrás dela, vai que aconteceu alguma coisa. – disse já ficando de pé. Letícia me deu um olhar como se me mandasse fazer algo.

- Eu vou. Fica aqui. Você está cansada. – segurei seu braço.

- Tá. – respondeu voltando para o lugar.

            Passei entre as pessoas em direção aos banheiros, mas nem sinal de Carmem. Resolvi voltar para onde estavam. A música animava a galera o que dificultou minha volta. Alguns minutos depois consegui subir as escadas.

- Nenhum sinal dela. – falei cansada.

- Demorou.

- Quase não consigo passar pela pista.

- Alice se importa de ir comigo ao banheiro? – Letícia me questionou parando a nossa frente.

- Eu acabei de vir de lá. – falei ainda tentando controlar a respiração.

- Por favor? – insistiu.

- Tudo bem.

            Ela segurou minha mão e saiu me arrastando para longe.

- Ei! Devagar.

- Carmem está se agarrando com uma mulher na pista de dança.

- Ótimo, as meninas podem ver.

- Exatamente. Acha que é uma boa ideia que ela saia do armário aqui?

- Não.

- Então me ajuda a encontrá-la.

- Olha, não vou me meter em confusão por conta dela de novo. Rebeca hoje que veio deixar de lado aquela nossa saída. – reclamei. – Estou dormindo no quarto de hóspedes.

- Vocês me parecem bem. – afirmou.

- Hoje. Só por conta da inauguração.

- Ali está ela. – apontou na direção da mulher.

            Carmem literalmente dançava colada a uma garota. Letícia andou apressada até as duas.

- Carmem, acho melhor ir com calma. Por pouco as meninas não te viram.

- Que vejam. – falou em se importar. – Não vou mais me esconder. – afirmou. – Chega disso.

- O que está acontecendo aqui? – Rebeca indagou atrás de mim.

            Juro que senti minha alma sair do corpo. Nunca pensei que ela viesse atrás de nós. As mãos na cintura e uma cara nada amigável em direção a mãe dela. Carmem soltou a moça e foi em direção a ela.

- Aqui não. – Letícia ponderou. – Tem muitas pessoas olhando. – virei e de fato alguns olhares já acompanhavam a cena.

- Meu escritório. É melhor irmos para lá.

- Ótimo. – Carmem concordou.

            Caminhamos de volta ao nosso camarote. Amélia foi chamada para ir até o escritório conosco. Anna me fitou já imaginando do que se tratava, eu apenas acenei que era de fato aquilo que ela pensava. Abri a porta e deixei que elas passassem. O clima não era o dos melhores.

- Acho melhor deixar elas conversarem. – falei.

- Não. Você fica. Afinal a minha filha te castigou por dias por uma coisa que nós fizemos. – Carmem afirmou.

- Vocês fizeram, como assim? – Rebeca olhou da mãe para mim.

- Sua raiva por ela ter vindo para a boate e ter chegado bêbada em casa.

- Sim. Como você sabe disso? Por acaso anda falando da nossa vida para ela? – me fitou irritada.

- Não! Claro que não. – me defendi.

- Naquela noite nós estávamos juntas.

- Vocês? – Amélia indagou.

- Sim. Nós. – Letícia tomou a frente. – Eu não tive um chamado no hospital.

- Você mentiu?

- Não foi uma mentira, apenas quis ajudar a sua mãe.

- Ajudar a minha mãe a mentir? – Rebeca falou magoada. Sei que ela ainda não tinha superado a mentira sobre quem era sua mãe biológia.

- Vocês precisam se acalmar. – Carmem indagou. – As meninas só queriam me dar uma noite divertida, na qual eu pudesse ser o meu verdadeiro eu.

- Verdadeiro eu? Mamãe do que a senhora está falando?

- A verdade é que fomos para uma boate gay.

- Essa história só fica melhor. – Rebeca falou irritada, ficou de costas para nós.

- A verdade é que eu sou lésbica.

- Lésbica? Isso só pode ser uma brincadeira de mal gosto. – Amélia completou incrédula.

- Quem dera fosse uma brincadeira. Mas é apenas a verdade. Eu gosto de mulher tanto quanto vocês gostam.

- Isso é loucura. Como ficou tanto tempo casada com aquele homem preconceituoso?

- Por medo. Mas isso acabou, eu não preciso mais me esconder. Essa é a verdade. E peço que não briguem com as meninas. – segurou minha mão e a de Letícia. – Elas só queriam me ajudar. Vocês encontraram dois tesouros. – sorriu para nós.

- Como não nos contou isso antes? Como teve coragem de contar para elas antes? – Rebeca indagou.

- Ela não contou nada. Eu descobri. – parei sem saber se deveria contar sobre Maria.

- Descobriu que eu amo Maria. – Carmem falou.

- Maria? Tipo a tia Maria, sua melhor amiga e cunhada? – Amélia indagou confusa.

- Sim.

- Essa história só piora. – sacudiu a cabeça.

- Eu preciso ir para casa. – Rebeca indagou indo até a porta.

- Não. Ninguém sai dessa sala até que eu conte tudo. Chega de segredos. – afirmou.

- Vamos deixa-las sozinhas. – Letícia me levou para fora da sala.

- O que aconteceu? – Anna indagou assim que me avistou.

- A merd* foi jogada no ventilador.

- Ótimo, agora posso contar a Tália a verdade. – deu as costas indo em direção a namorada.

- Era tudo que ela queria. – a médica falou. – Não se preocupa, elas vão entender o que fizemos. – segurou meu ombro.

- Tomara que esteja certa. Caso contrário vou continuar dormindo no quarto de hóspedes.

            Sentei ao lado das minhas mães, segurei o copo que a tia Milena me estendeu. Enquanto bebia devagar, meus olhos não desgrudavam da porta do escritório. Detestei que a verdade tenha vindo à tona daquela forma. Anna e Tália conversavam mais afastadas, acredito que a essa altura minha amiga tenha conseguido a carta de absorção de dormir no sofá. Vi as duas darem um longo beijo, ela sorriu para mim piscando o olho alegre.

            Espero que esse seja o meu fim também. Conto com a possibilidade de Rebeca simplesmente perceba que tudo que fiz foi para ajudar Carmem. Respondia as pessoas no automático sem conseguir compreender o que de fato perguntavam. Meus olhos continuavam vidrados na porta.

            Longos minutos se passaram até que Amélia saiu junto de Carmem. Me pus de pé esperando que Rebeca aparecesse, mas nada dela. Caminhei até as duas.

- Ela está te esperando. – Carmem falou tocando meu ombro.

            Eu congelei. O que significava aquilo? Por qual motivo ela precisava falar comigo sozinha? Deveria ter voltado com as duas e seguirmos a noite nos divertindo como todos faziam. Dei um passo, depois o outro. Me senti caminhando em direção a forca. Até o barulho da porta foi quase aquele de filme de terror.

            Rebeca estava parada, observando a pista pela grande janela. Uma das mãos na cintura e a outra acariciando a barriga. Quando ela percebeu que não estava sozinha se virou em minha direção. Esticou sua mão, para que eu fosse até seu lado.

            Segurei incerta do que fazia. Mas ela me parecia calma, constatar isso me acalmou. Senti sua mão quente na minha. Fiquei ao seu lado, assim permanecemos em silêncio alguns minutos.

- É impressionante o que vocês fizeram aqui. – sua voz cortou o ambiente. – Casa cheia.

- Sim. – sorri orgulhosa. Ver as pessoas lá embaixo me deu uma sensação maravilhosa de dever cumprido.

- Quando eu penso que já vi tudo em você, sempre me surpreendo. – afirmou me olhando fixamente. – E cada coisa que conheço me faz te amar mais. – acariciou meu rosto. – Você é incrível, com um coração enorme. Sei que o que fez foi para ajudar a não termos outra confusão na família.

- Eu só...- ela colocou o polegar no meu dedo.

- Entendo seus motivos. Acho nobre da sua parte ter tentado ajudar a minha mãe, aliás as minhas mães. – afirmou sorrindo. – Ainda soa estranho dizer isso. Mas juro que vou me acostumar em algum momento, não posso deixar de lado todo o amor e cuidado que Carmem teve comigo, durante toda minha vida. Assim como não posso deixar de aproveitar o tempo perdido com Nina. Tudo ficará mais fácil apenas se eu resolver amá-las. As duas, sem distinção. Sei que não são perfeitas, andam longe disso. Mas sei que me amam. Assim como você me ama, e ama a minha família. Afinal dormiu longe de mim todos esses dias e não me contou o que aconteceu. Isso se chama lealdade. Entretanto, quero que fique claro. – segurou minha cintura. – Que se você mentir para mim mais uma vez, eu te mato. – sorriu ao terminar a frase.

- Sem mentiras. – prometi.

- E nem omissões. – diminuiu o espaço entre nós.

- Muito menos omissões. – ela abriu um sorriso.

- Eu quero tanto casar com você.

- Podemos resolver isso.

- Não podemos, o neném vai nascer. Ainda não nos mudamos, não dou conta de um casamento as pressas.

- Minha avó pode organizar, fora que sua sogrinha vai adorar também. Mas concordo em esperar.

- Por mim tudo bem. Enquanto isso, quero saber se as pessoas podem nos ver.

- Nem ver, muito menos ouvir. – afirmei com um sorriso malicioso.

- Ótimo. Estou louca de saudades. – tomou meus lábios em um beijo apaixonado.

            As mãos delas invadiam meu cabelo sem pedir licença. Acariciando minha nuca, enquanto eu sentia sua língua deslizando na minha, me causando arrepios e arrancando suspiros.

- Eu te amo, Alice.

- Eu também te amo muito. – respondi fitando seus olhos.

- Achei vocês! – Anna falou já um tanto animada. – Eu fui perdoada. E posso trans*r. – comentou rindo. – Graças a saída triunfal da sua mãe do armário. – disse rindo. – Agora será que podemos voltar para a festa? O pessoal já notou a demora de vocês.

- Podemos continuar em casa. O que me diz? – indaguei para Rebeca.

- Tudo bem.

            Voltamos para junto dos outros e assim encerramos a noite. Nos divertimos, eu claro que consegui relaxar quando Rebeca soube de toda a verdade. Todos ali pareciam imensamente felizes e realizados. Mas posso garantir que a mais feliz sou eu, tenho uma namorada maravilhosa, uma família que me apoia, uma amiga que entra em qualquer coisa comigo e me defende sempre que preciso, e agora um negócio que aparentemente vai ser um sucesso. Sorri satisfeita, agradecendo ao universo por toda a sorte que eu tenho.

 

           

           

Fim do capítulo

Notas finais:

Voltei. E eu sei tô sumida. Mas minha rotina está bem puxada. rsrs

Tô sem conseguir tempo para escrever. Mas juro que vou tentar voltar mais vezes.

Obrigada por todos os acessos. E as meninas que voltaram para moíta fiquem a vontade para sair. kkk

Beijos.

E aí, dois capítulos hoje?


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 77 - Capitulo 74:
paulaOliveira
paulaOliveira

Em: 27/11/2021

Bela inauguração e até que fim a Carmen saiu desse armário. O escritório deveria ter sido inaugurado tbm! kkk

Finalzinho de gravidez da Becca, não vejo a hora da Alice ficar babando no bebê S2.
Resposta do autor:

kkkk. Carmem saiu com grande estilo e até inagurando o escritório da nora.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Baiana
Baiana

Em: 26/11/2021

Não disse que a verdade viria a tona na festa? E tudo se resolveu maravilhosamente bem. Senti falta da Iara nessa inauguração.

Quem será que vai ser o par da Carmem? Ou ela vai ficar solta na pista pegando geral e recuperando o tempo perdido?


Resposta do autor:

Oiê. acreditoq que a Carmem vai adorar se divertir um tempo, afinal viveu uma vida dupla por longos anos. Mas vamos esperar que ela encontre um amor.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Acarolinnerj
Acarolinnerj

Em: 24/11/2021

2 capítulos? 

Só se for agora!!


Resposta do autor:

Amo a ansiedade de vcs por mais capítulos. kk

Responder

[Faça o login para poder comentar]

FENOVAIS
FENOVAIS

Em: 24/11/2021

Voltei! E vamos de opinião pessoal (leia com voz de unicórnio manso, por favorzinho): essa Rebeca ciumenta e com doses irregulares de possessividade deixa-me irritado e decepcionado. Particularmente é muito perigoso este tipo de comportamento, na vida real virá abusivo em um piscar de olhos.

Como uma pessoa quase desprovida de ciúmes e guiada pela racionalidade, eu fico de cabelo em pé quando vejo comportamentos assim. 

Espero de verdade que vossa senhoria possa voltar a minha personagem favorita de volta a razão (carinha de gatos de botas para você). 

E te espero no próximo capítulo. 

 


Resposta do autor:

Li tudo com voz de unicornio. kkkk

Partilho do mesmo sentimento de não ter ciúmes. Sou completamente de boas, e acredito muito que uma pessoa só fica com você até o dia que quiser. Fora que ciúme só desgasta.

Obrigada por comentar.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

preguicella
preguicella

Em: 23/11/2021

Só acho que ficou faltando inaugurar esse escritório com essa parede de vidro que ninguém de fora vê nada! haha

Voltaaaaaa
Resposta do autor:

kkkk. Doida por uma putaria.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

SPINDOLA
SPINDOLA

Em: 23/11/2021

Boa noite, Cruellita sumida de mi corazon.

Que bela inauguração hein, bombástica, kkkk, com direito a sogrita fatal saindo do armário, gosteiiiiii.

Confesso que não foi só a Alice que ficou num cagaço com a reação da mamãe dragão, kkkk, fiquei esperando as baforadas de fogo, kkkk, a lorinha treme nas bases em todos os sentidos com a Bequinha, kkk, oooo mulher brava gente, mas um pedaço de mau caminho, ou melhor, um caminho inteiro de perdição.

Pode soltar o próximo com direito a comemoração do sucesso da boate, quero muito fuego pra matar a saudade.

Bjs


Resposta do autor:

Oiiiê.

Rebeca tem parentesco com o Rambo. kkk

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Mille
Mille

Em: 23/11/2021

Oi autora 

Chegou para nos alegrar e se vier dois será alegria em dobro kk

Carmem abriu a porta do armário foi boa com a noras.

E parece que bombou a boate de inauguração. 

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Eu amo alegrar vocês. rs

Carmem saiu com tudo para abraçar o vale.

 obrigada por comentar.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web