CAPÍTULO 19 – Estreitando os laços
No hospital Sandra aproveitou a ausência de seu marido para ter uma conversa com Amy.
-- Filha, estou preocupada com você. Sei que você está traumatizada com o acidente, está com dores, mas, seu olhar está tão triste, minha querida... Não permitiu que Esther a visitasse, tanto amor que você disse ter por ela, para mim ela se declarou a você... Por que vocês não conversam e resolvem esse mal-entendido, ela me disse que foi uma bobagem o motivo da discussão de vocês...
-- Bobagem? Mãe, eu flagrei a Esther na cama dela com outra irmã da fraternidade!
Sandra arregalou os olhos, incrédula sobre o que acabara de ouvir. Antes de falar alguma coisa, Amy prosseguiu contando o que acontecera, bem como as hipóteses que Laurel fez na sua visita, deixando Sandra angustiada, por ver a semelhança na sua história com Carmem no que diz respeito ao jogo de intrigas para as separarem. No entanto, o que mais a angustiou foi o nome de Ellen, lembrou-se do encontro com ela na suíte do seu hotel, quando lhe fizera um cheque a fim de executar o plano para separar Amy e Esther.
-- Filha, eu temo que a teoria de Laurel esteja certa, e mais ainda, tenho culpa nisso.
-- O quê? Como assim, mãe?
Muito envergonhada Sandra narrou o que se passara no encontro com Ellen, revelando a intenção da irmã gama destituir Esther do cargo usando a relação dela com Amy para isso. A filha ficou sem ação, com os olhos marejados, balançava a cabeça negativamente, mostrando sua indignação com a atitude da mãe.
-- Mãe, como a senhora pôde fazer isso? Que tipo de amor a senhora tem por mim? Julgava que a senhora tivesse mais caráter! A senhora tem noção que a senhora financiou meu acidente? É! Eu saí transtornada de casa depois de ver minha namorada nua abraçada com outra, por isso perdi o controle da direção...
-- Amy, não é justo você atribuir a mim essa culpa! Não faça isso comigo, filha! Fiquei perdida ao ver a minha história se repetir com você, quando me falou sobre amar uma Gama-Tau, não queria que você sofresse o que eu sofri, por isso achei que isso era o certo a fazer.
-- Como assim sua história se repetir? Do que a senhora está falando?
-- Amy, não é o momento de termos essa conversa, escute-me! O mais importante é você se entender com Esther, não perca tempo se deixando envolver por intrigas de pessoas que querem separar vocês...
-- Pessoas como você, não é mesmo mãe?
-- Amy, estou arrependida, minha filha, acredite em mim. Perdoe-me, pedirei perdão à Esther também.
-- Mãe, sai daqui, por favor, não estou suportando olhar para a senhora...
-- Amy...
-- Saia! -- gritou Amy.
Ouvindo as vozes exaltadas, Peter entrou rapidamente no quarto encontrando sua mulher em lágrimas. Exortou Amy.
-- O que é isso, Amy? Como você grita assim com sua mãe?
-- Conta pra ele, mãe, que a senhora é a culpada desse acidente... Conta seus segredinhos aí e seus métodos de suborno.
-- Do que ela está falando, Sandra?
Sandra não conseguia falar, soluçava enquanto Amy insistia.
-- Fala, mãe!
Notando o clima extremamente pesado no quarto, Peter retirou Sandra de lá, trouxe-lhe um copo de água. Aos poucos sua mulher foi se acalmando, explicando a revolta de sua filha.
-- Sandra, como você se prestou a esse papel? Olha as consequências disso!
-- Eu sei, estou dilacerada por dentro... Não posso apagar o que fiz, mas vou tentar ao menos sanar o que pode ser sanado. Fique com Amy, vou falar com Esther.
Sandra saiu em direção à mansão Gama-Tau, na esperança que Esther tivesse mais complacência do que sua filha e não a odiasse pelo que tinha feito. Na mansão, foi recebida por Rebeca que, notando sua expressão angustiada, logo a levou para a biblioteca deixando as meninas que estavam no térreo da casa apreensivas, temendo que o abatimento da mãe de Amy fosse consequência de alguma piora no seu quadro de saúde.
-- O que houve Sandra? Posso ajudar? -- perguntou Rebeca.
-- Espero que sim, Rebeca. Cometi um erro gravíssimo que quase me custou a vida de minha filha...
Rebeca segurou as mãos geladas de Sandra, encorajando-a a contar o que se passara. Sandra foi narrando os fatos sob o olhar atento de Rebeca, ao final foram interrompidas por Esther ansiosa.
-- Aconteceu alguma coisa com Amy? Desculpe-me, Rebeca, falaram que Sandra estava aqui...
-- Calma, Esther. Sandra veio falar sobre outra coisa, que lhe interessa, sente-se aqui.
Sandra já começou a falar com Esther pedindo perdão, as lágrimas voltaram a molhar seu rosto, então Rebeca interrompeu, contando a versão do que houve, despertando mais uma vez a fúria da morena.
-- Agora eu mato essa Ellen!
-- Esther, acalme-se! Porque se você insistir em agredir fisicamente Ellen, você será expulsa da fraternidade antes de terminar essa investigação.
-- Sandra, não preciso perdoar você, afinal de contas você estava tentando proteger sua filha de mim. Minha intenção era mesmo magoar Amy para me vingar de você, infelizmente teve o azar de conhecer a vagabunda da Ellen pra envenenar mais ainda você... Posso te pedir uma coisa?
-- Claro, Esther, o que você quiser.
-- Conte à Amy isso que você nos contou, para que ela acredite que foi de fato uma armação, não estou suportando ficar longe de sua filha...
-- Já contei, Esther. Nesse momento minha filha me odeia, me expulsou do quarto do hospital com razão.
-- Acalme-se, Amy tem um coração enorme e te ama, ela vai entender e te perdoar, dê um tempo a ela. Foi importante você nos contar isso, Sandra, assim podemos concluir essa investigação. Ellen será banida da Gama-Tau, mas por enquanto, Esther não fale nada com nenhuma irmã, ainda preciso manter Ellen aqui sob minha vigilância, acredito que ela esteja envolvida com a Lesbos, preciso confirmar essa suspeita -- comentou Rebeca.
-- Ela vai concorrer à presidência da fraternidade Rebeca, e com o dinheiro que ela tem agora, vai usá-lo para conquistar os votos das mais vulneráveis. E se de fato ela estiver envolvida com a Lesbos, terá mais dinheiro de Michelle para isso.
-- Quero dar corda para ela se enforcar, Esther. É hora de matar dois coelhos com uma cajadada só. Quero usar Ellen para chegar à Lesbos e desmascarar Michelle de uma vez por todas.
Sandra não entendia do que estavam falando, mas interrompeu.
-- Não tenho noção do que vocês estão falando, mas podem contar comigo e com Peter no que precisarem para desmascarar Michelle.
Esther seguiu para o hospital com Sandra, não podia passar mais um minuto sem ver Amy, e se ficasse em casa vendo Ellen, temia não se conter em surrá-la mais uma vez. Diante da porta do quarto de Amy, Sandra se despediu de Esther, pedindo que ela intercedesse para que a filha a perdoasse. Sem pestanejar, a morena tranquilizou Sandra, garantindo que atenderia seu pedido. Ao entrar no quarto, Esther logo cumprimentou seu tio, que gentilmente saiu, deixando-as a sós.
-- Você quer que eu saia também? -- perguntou Esther desconfiada.
Amy meneou a cabeça e disse baixo:
-- Não.
-- Como você está se sentindo?
-- Bem, obrigada.
-- Hum... Amy... Eu não... Deus como isso é difícil!
-- O quê?
-- Mostrar meus sentimentos... Nunca fiz isso, mas não aguento mais. Amy, não tive culpa do que você viu, devo ter sido drogada pela Vanessa, a Ellen certamente está por trás disso, acredita em mim...
-- Esther...
-- Amy eu sei que sou uma grossa, estúpida, já te magoei muito, mas te prometo que vai ser diferente, já tive muitas mulheres, mas não te trairia... Juro que aquilo foi uma armação, só acordei no dia seguinte, vim pra cá assim que soube do seu acidente, nem soube do que você tinha visto, fiquei desesperada porque você não quis me ver...
-- Cala a boca, por favor!
A morena se assustou com a reação da loirinha, o coração ficou apertado, temendo que ela a expulsasse dali, até Amy falar mansamente:
-- Cala essa boca e vem aqui me dar um beijo...
Esther abriu um sorriso emocionado, e abraçou Amy imediatamente, não escondendo as lágrimas de alegria por estar ali abraçada a ela.
-- Meu amor... Senti tanto sua falta, quis morrer quando vi aquela mulher nua na sua cama, tenho dor no peito quando me lembro disso...
-- Então não lembra, minha loirinha...
-- Deixa eu te perguntar uma coisa?
- Qualquer coisa, linda...
-- O recado que você mandou pela minha mãe... Qual foi mesmo?
Esther ficou tímida, baixou a cabeça e disse baixinho:
-- Ai, Amy...
-- Fala!
-- Que eu te amo, muito.
Amy sorriu emocionada, e continuou perguntando:
-- E o que você está fazendo aí parada? Por que não me beijou ainda?
Esther beijou seus lábios suavemente, como se quisesse beijar a alma de sua namorada. Um beijo cheio de ternura, livre de sentimentos densos como vingança e medo. Entregaram-se num beijo demorado e apaixonado, ficaram por minutos com as testas unidas sentindo somente a respiração uma da outra, trocando palavras de amor quase como sussurros.
Esther colocou Amy a par da situação na Gama-Tau, que perdera seu cargo de presidente, o que deixou a loirinha muito preocupada. Durante toda a conversa, trocaram carícias, sorrisos, até Esther pedir a Amy que relevasse o que Sandra havia feito.
-- Esther, não dá! Foi muito grave o que minha mãe fez.
-- Eu sei, mas olha, ela foi à fraternidade para esclarecer, está disposta a nos ajudar contra Michelle. Antes ela queria nos separar, agora faz de tudo pra que fiquemos juntas, você não acha isso mostra o quanto ela está arrependida?
-- Sim... Mas, não estou entendendo, o que minha mãe tem haver com Michelle?
-- Bem, esse assunto fica pra outra hora... Quero matar minha saudade dos seus beijos agora...
Esther disfarçou a mudança de assunto enchendo Amy de beijos até ser interrompida por Peter.
-- Queridas, desculpe interromper, mas, Esther, está tarde, o hospital tem regras... Amanhã você volta para ver a Amy...
-- Sr. Anderson, eu durmo com a Amy, pode ir pro hotel com sua mulher, vocês estão cansados. Pode deixar, eu cuido dessa loirinha.
-- Deixa, pai... Mas antes, chame a mamãe aqui.
Sandra entrou no quarto com os olhos inchados, nariz vermelho, constrangida diante de sua família. Amy então se dirigiu à sua mãe dizendo:
-- Ai, Sra. Anderson, tira essa cara de cachorro pidão vai... Não vou esquecer tão cedo o que a senhora fez... Vai ficar de castigo uns dias... Mas Esther que foi tomada por um espírito de generosidade, acho que a droga mexeu demais com ela... -- sorriram -- Ela me convenceu que a senhora está arrependida, vou te dar uma colher de chá, mas... Ainda temos muito que conversar!
Sandra beijou a testa de Amy enxugando suas lágrimas, agradeceu a Esther, e se despediram. Atendendo ao pedido de ambas, Esther ficou para dormir com Amy no hospital.
-- Amy... esse quarto tem tranca?
-- O que você está pensando em fazer, Esther Gonçalez? Estamos em um hospital...
-- Ah, mas é que você está tão sexy com essa camisolinha, e esses arranhões no rosto... -- gargalharam.
-- Sei... Estou sexy e daí?
-- E daí que dizem que faz bem para pacientes acamados uma dosezinha de prazer! Estou louca para administrar essa terapia em você...
Sem o menor pudor, Esther posicionou sua mão por baixo do lençol do leito de Amy, subindo-a entre as pernas da loirinha, tocando seu sex*, enquanto beijava o pescoço de Amy delicadamente:
-- Esther pode entrar... Alguém... e... Ai, meu Deus...
Os movimentos dos dedos de Esther no sex* de Amy a deixaram completamente louca de tesão, seu sex* já estava encharcado quando pediu:
-- Ai, Esther... Para... Não... não para... Ai, meu amor, para... não, não para, continua!
A morena se divertia com a reação de sua namorada, com a face ruborizada, Amy mordia os lábios ao ouvir passos perto da porta do seu quarto. Uma enfermeira entrou de surpresa, pareceu ignorar as expressões suspeitas das moças. Esther de pé ao lado do leito ainda com uma das mãos entre as pernas de Amy, e esta por sua vez disfarçando a excitação e prendendo o riso enquanto a enfermeira de idade administrava uma medicação. Caíram na gargalhada imediatamente após a saída da senhora do quarto.
-- Você é louca! -- exclamou Amy.
-- Garanto que, com meu tratamento, amanhã mesmo você sai dessa cama...
Sorriram juntas, acomodaram-se no leito de Amy abraçadas e dormiram tranquilas.
Acordaram com a chegada dos pais de Amy, que já traziam boas notícias dadas pelo médico que tratava de sua filha. Ele relatou a evolução do quadro da loirinha, e que provavelmente em dois dias, no máximo, ela sairia do hospital.
-- Preciso ir minha linda, tenho aulas importantes hoje, não posso faltar -- avisou Esther.
-- Tudo bem, meu amor, volta bem rápido?
-- O mais rápido que eu puder.
Esther beijou então a face de Amy e saiu do quarto sendo acompanhada por seu tio, que lhe pediu:
-- Esther, Sandra me contou sobre a conversa de vocês, será que você pode almoçar comigo? Tenho tantas coisas que quero... Saber de você, falar para você.
-- Claro Sr. Anderson. Próximo ao campus tem um restaurante, podemos nos encontrar lá hoje.
-- Obrigado, estarei lá ao meio-dia.
Na mansão Gama-Tau, Ellen já iniciara sua campanha para presidente da fraternidade, concedia favores às meninas que apresentavam dificuldades com os trabalhos acadêmicos, não só pagava aulas particulares para as que pediam como se oferecia para obter as provas com antecedência. Rebeca e Meredith percebiam a movimentação estranha na casa, especialmente porque os quartos de Vanessa e Ellen estavam sendo bastante visitados pelas outras irmãs, mas como planejado, queriam que a ambiciosa Ellen cavasse sua própria expulsão da Gama-Tau, e assim fizeram vista grossa para o que estava acontecendo.
As meninas continuavam alertas sobre o perigo da Lesbos, não se via mais as garotas quentes de Prescott nas festas do campus. Rebeca e Meredith continuavam suas investigações, foram informadas sobre a existência de uma agente disfarçada no campus que se infiltrara para observar qualquer tipo de comportamento estranho nas meninas que estavam listadas como alvo da Lesbos.
Pontualmente, ao meio-dia, Peter já estava no restaurante que Esther marcou o almoço, ansioso por finalmente conversar com ela na condição de tio. Com um pequeno atraso, a morena enfim chegou ao local, experimentando a mesma ansiedade de sobrinha.
-- Desculpe-me o atraso Sr. Anderson.
-- Sem problemas, minha querida, sente-se, por favor.
Como o cavalheiro que era, Peter levantou-se e puxou a cadeira para a sobrinha sentar-se, deixando Esther sem graça, uma vez que nunca fora tratada assim.
-- Esther, você não imagina a surpresa que foi para mim quando Sandra me revelou que a filha de William estava viva. Durante algum tempo, procurei por pistas suas, já que existia a possibilidade de você não estar no carro na hora do acidente, por que não encontraram nenhum corpo de criança nos destroços.
-- Passei um bom tempo em um orfanato, Sr. Anderson, fui encontrada por um padre que cuidava de crianças órfãs na casa paroquial. Meu avô só conseguiu me encontrar graças a uma foto que foi publicada em um jornal com todas as crianças do orfanato na festa de ação de graças. Ele me reconheceu quando viu, por sorte ou destino, ele estava na cidade para visitar o túmulo de minha avó, estava completando 10 anos de sua morte.
Durante toda conversa, Peter olhava com carinho para Esther, compadecendo-se do quão sofrida foi a sua vida, ficando órfã tão cedo, passando por todo tipo de dificuldade e cultivando uma imensa mágoa pelos Anderson.
-- Olhando para você, é impossível não lembrar-se de Carmem, você se parece muito com ela, mas, os seus olhos são do Will... Sinto saudades do meu irmão, como foi duro receber a notícia de sua morte.
-- Vocês eram muito próximos?
-- Sim éramos. Mas o período turbulento que ele atravessou desde que descobriu sua existência, infelizmente não estive ao lado dele. Eu estava fazendo mestrado em Oxford, o apoiei o quanto pude, cheguei a dar do meu próprio dinheiro a ele para que ele cuidasse de você, já que meus pais prenderam o dinheiro dele, até tio Joseph ajudá-lo também.
-- Lembro muito pouco do tio Joseph, nos vimos poucas vezes, mas lembro-me que era carinhoso comigo, brincalhão, e sua casa era linda, com um jardim maravilhoso, meu pai e eu moramos com ele um tempo.
-- Uma bela propriedade mesmo, que, aliás... Bem isso é outra coisa, depois falamos disso. Você lembra alguma coisa do acidente, minha querida?
-- Sim, Sr. Anderson, estávamos indo para uma fazenda do tio Joseph, quando um carro veio em nossa direção de frente. Para evitar bater, meu pai jogou o carro para fora da pista, mas não teve controle e aí o carro virou várias vezes. Papai conseguiu sair do carro e me tirar de lá, mas quando voltou para tirar o tio Joseph, o carro explodiu...
Peter emocionou-se ao lembrar-se do irmão e das circunstâncias do acidente, e revelou:
-- Esther, meus pais arrependeram-se muito do que fizeram ao meu irmão, ele morreu magoado, rompido com eles, lamentaram muito você ter morrido no acidente, ao menos seria uma parte de Will conosco.
Esther ficou pensativa, mexendo com os talheres, e perguntou:
-- Então o senhor acha que eles iam gostar de saber que sobrevivi ao acidente? Iam querer me conhecer?
-- Claro que sim minha querida!
Planejaram uma viagem a Nova Iorque tão logo Amy se recuperasse e as coisas na fraternidade se acalmassem, a fim de apresentá-la aos seus avós paternos. Mas Esther ainda tinha dúvidas em relação ao passado de seus pais, por isso perguntou:
-- Meu pai era tão apaixonado por Sandra, como ele reagiu ao namoro de vocês?
-- Na verdade, Will só soube depois de Sandra e eu estarmos juntos há um tempo, já estava arrependido pelo que tinha feito a Carmem e Sandra, as pessoas que o envenenaram ainda mais como a Carol, já tinha provado que não era de confiança. A princípio se surpreendeu, mas depois aceitou, pediu perdão a Sandra e nos desejou toda felicidade, logo que te encontrou, a primeira pessoa pra quem ele ligou foi para Sandra... falando também da morte de Carmem.
-- Sandra me disse que Michelle o ajudou a encontrar-me, que tipo de relação ele tinha com ela?
-- Sobre isso não sei muito, Sandra também me perguntou acerca disso. Na época do episódio que separou sua mãe e Sandra, lembro-me de ter visto Will encontrar-se com Michelle algumas vezes pelo campus, até pensei que existisse algum envolvimento amoroso entre eles, mas Will negou quando perguntei.
-- Isso é muito estranho, Michelle está envolvida com minha vida, mesmo antes de meu nascimento... Como vou conseguir me livrar dela?
-- Do que você está falando, minha querida?
Muito constrangida, mas experimentando o sentimento de estar diante de um parente próximo, Esther revelou sua relação com Michelle, excluindo detalhes mais sórdidos, despertando uma revolta e indignação do seu tio:
-- Mas isso é absurdo, Esther! Não pode continuar! Você não precisa passar por isso! Minha querida, você tem a herança do seu pai, por favor, deixe que eu cuido disso, eu mesmo procurarei Michelle para saudar essa dívida. E quanto ao seu avô, mesmo que você não queira, vou conseguir o greencard pra ele, sem discussões mocinha! Você não vai mais encontrar-se uma única vez com essa louca!
-- Ela é muito perigosa, Sr. Anderson... Pode se vingar em Amy...
-- Ela que ouse chegar perto de vocês... E, por favor, me chame de tio...
Sem graça com um sorriso tímido, Esther balançou a cabeça:
-- Sim tio.
Conversaram ainda sobre detalhes da herança e dos aspectos legais para que Esther assumisse o que era seu. Ainda ficou acordado que o Sr. Antônio passaria algumas semanas no México até que tudo estivesse legalizado. Isso foi um alívio para Esther, uma vez que ela temia que Michelle usasse a segurança de seu avô para ameaçá-la de alguma forma. Peter foi mais um a se propor a ajudar no que fosse preciso para desmascarar Michelle, usaria de sua influência para colher informações sobre ela e seu marido Aaron Roberts. Ao se despedir da sobrinha, Peter fez uma última pergunta:
-- Querida, você lembra que tipo de carro veio na direção de vocês? Se era um carro pequeno, um ônibus?
-- Sim, tio, tenho pesadelos até hoje com ele... Era um caminhão de carga, buzinava alto... Invadiu a contramão da pista em alta velocidade.
-- Eu não sabia desse fato querida, a perícia constatou que Will desviou de algo por isso perdeu o controle, mas ninguém poderia saber desse caminhão na pista... Muito estranho.
Esther não conseguiu captar o que seu tio achava estranho naquele fato, o trauma do acidente, apesar de já completar dez anos do ocorrido, ainda era presente na vida da morena, mas nunca viu qualquer estranheza no que testemunhara. Seguiu para casa de seu avô a fim de contar-lhe as novidades e planejar sua viagem ao México.
O Sr. Antônio expressava um profundo alívio ao ver na face da neta esperança, amor e alegria, não via mais seu olhar nublado ou a angústia de sentimentos danosos como revolta e vingança. Pela primeira vez, via Esther falar de planos para o futuro, planos que não envolviam ferir ninguém, e sim fazer Amy feliz, conhecer e se reconciliar com a família de seu pai. Depois de falar sobre toda conversa com Sandra e Peter Anderson e sobre a necessidade da viagem ao México, Esther ouviu de seu avô o que não esperava:
-- Não quero esse passe livre para esse país chica...
-- Mas abuelo, como assim? Prefere viver ilegalmente aqui?
-- Não ñina... Volto para o México e ficarei por lá, quero terminar meus dias na minha vila. Você não precisa mais dos meus cuidados e da minha proteção, seu coração está pronto para ser feliz. Você agora tem uma família, estou aliviado porque agora sim você é uma mulher inteira, e não aquela menina despedaçada pela tragédia que sua vida se tornou...
-- No abuelo! O senhor é minha família, preciso do senhor perto de mim!
-- Não minha preciosa, não precisa. Você pode me visitar sempre que quiser, não podia ir antes porque você estava perdida... Agora, você se encontrou, ou melhor, o amor encontrou você. Finalmente estou em paz, quero voltar para minha vila.
Mesmo não concordando, Esther não podia ser egoísta, teve que aceitar a decisão de seu avô, que abriu mão de sua vida, de sua terra para cuidar melhor dela. Antes de voltar para o hospital e rever Amy, o Sr. Antônio surpreendeu sua neta mais uma vez.
-- Ah! Sabe quem me visitou esses dias?
-- Quem, abuelo?
-- Padre Jacob. Veio a uma reunião da diocese, e passou por aqui para me visitar e trazer uma coisa sua que encontrou quando fez a reforma da casa paroquial que se tornou um orfanato de vez.
-- Nossa que saudades dele, devia ter me ligado abuelo... Mas o senhor disse uma coisa minha? O que é?
-- Vou buscar.
O avô de Esther voltou com um embrulho pequeno e entregou à neta que abriu ansiosa enquanto Sr. Antônio explicava:
-- O padre Jacob disse que encontrou você com isso aí pendurado no pescoço, era a única coisa que você tinha, estava no meio de coisas velhas das crianças que hoje são adultas como você, mas na arrumação depois da reforma encontrou e lembrou-se imediatamente de você com ela.
- Oh meu Deus! Minha câmera fotográfica! Nossa, nem lembrava dela! Foi presente do tio Joseph, ele me deu antes da nossa viagem, me dizia que eu tinha os olhos ávidos como os do meu pai, que eles captariam boas fotos... Nossa! Até tirei algumas fotos no caminho... Será que ainda presta?
-- Quem sabe... Por que você não passa em uma loja e tenta revelar esse filme? São boas lembranças nessa nova fase de sua vida...
-- Farei isso abuelo!
Ansiosa, Esther parou em uma loja especializada para revelar o filme antigo daquela parte de seu passado. Aguardou impaciente por uma hora para um resultado pouco animador, o funcionário informou que fizera de tudo para salvar o máximo, mas o filme estava bastante danificado, somente quatro ou cinco fotos puderam ser reveladas, com muitas imperfeições, mas para Esther era uma boa notícia, uma vez que as fotos salvas eram de seu pai, seu tio Joseph, tiradas em uma lanchonete na estrada a caminho da fazenda no dia do acidente. Correu para o hospital para mostrar a novidade ao seu tio Peter.
Fim do capítulo
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