Não estávamos muito ligadas ao tempo, pois nos deixava mais aflita. Penélope estava feliz pelo nascimento da filha mas também preocupada por ter vindo tão cedo e era muito pequena.

- Senhoras!

- Susto da porr*!  - o médico veio do nada e quando chamou já estava a um passo de nós.

- Desculpa, não foi minha intenção te assustar. Sra. Penélope, o parto a pesar de prematuro correu bem, sua esposa está descansado e sua bebê precisará ficar uns dias sobe os cuidados do hospital.  - diz o médico concentrado em suas anotações.

- Eu posso ver as duas ? - pergunta a loira.

- A sua filha sim. Já a Sra. Juliana continua desacordada, mas esta liberada para visita. Mas alguma dúvida ?

- Sabe mais ou menos quanto tempo a bebê pode ficar aqui ?  - questiona Penélope.

- Bom, ela nasceu de vinte seis semanas então, depende da força da sua pequena para que possamos estipular um prazo, pois tudo pode acontecer. - diz o médico num suspiro.

- Mas tudo vai dar certo não é doutor ? - cutucando o médico com o cotovelo, ele me olha sem entender mas logo percebe a mãe aflita.

- Vai sim, e faremos nosso melhor.

Depois de mais algumas instruções nós seguimos para ver a pequena Clara.

- Meu Deus... E-ela tão pequena, Mirian.  - Penélope olha emocionada para a bebê que parecia tranquila com ambas as mãos próxima a cabeça.

- É sim, acho que cabe na palma da minha mão.  - levo um tapa porem sorrio ao ver a loira suspirar e limpar suas lagrimas.

Ficamos ainda por um tempo admirando a Clara, para depois seguimos para o quarto encontrando uma Juliana agitada tentando sair da cama.

- Meu amor, para onde você vai ? Precisa descansar!  - diz Penélope ao correr e por sua esposa novamente na cama.

- M-minha... Filha onde ela esta ? - Juliana suspira sentindo um incômodo, e aguarda a resposta da sua mulher.

- Ela esta bem, é linda tão pequena... Nossa menina.  - Juliana chora ao ouvir o relato da esposa sentindo um beijo dado em sua testa.

- Eu posso vê-la ? - questiona sentindo os braços da esposa em seu ombro.

- Creio que sim. Vou ver com a enfermeira, já volto. - Penélope sai deixando as duas no quarto.

- Como você esta se sentindo ? - questiono ao me aproximar de Juliana.

- Cortada, e com muita dor. - suspira ao olhar para morena.

- Porque você esta aqui ?

- Sua mulher me arrastou e me vez ver seu parto.  - despejo de vez ouvindo um leve sorriso da mais nova.

- E você não desmaiou ?

- Por pouco não.  - sorrio para a mulher que tem sua atenção roubada ao ver a porta se abrir dando passagem ao pequeno berço.

Juliana ficou muito emocionada ao ver sua filha. Mesmo com medo, ela ficou feliz ao ver sua bebê viva mesmo sabendo que iria enfrentar uma longa recuperação.

Deixando as mulheres no hospital, eu decidir seguir para casa. Meu dia foi muito agitado, por isso resolvi não dar mais espaço para que novas coisas acontecerem.

Chegando em casa contei o ocorrido as mulheres da minha vida que prometeram no dia seguinte seguir até o hospital, e meus amigos que decidiram que também seguiriam juntos.

~*~

Os dias se passaram e a pequena Clara se recuperava bem, chegando a ganhar seu Kg para a alegria de todos, pois estávamos revezando para ficar com a jovem gravida que se manteve firme junto a Penélope na recuperação do seu bebê, e se continuasse no mesmo ritmo a pequena Clara conheceria sua casa bem mais cedo do que o esperado.

Por esses dias eu percebia Mainha um pouco distante e até nervosa quando conversava comigo, fora os cochichos com minha esposa e meus amigos, que paravam a conversa quando eu aparecia no local. Achava estranho porem resolvi aguarda a mulher mais velha me falar do que se tratava.

Estava em casa, para ser mais específica, eu estava na cozinha tentando fazer uma receita que vi na internet e mesmo desprovida de qualidades na culinária eu resolvi me arriscar.

De pé em um banco, eu tentava alcançar uma panela que estava no fundo do armário, e foi quando minha mãe apareceu na cozinha.

- Mirian a gente precisa conversar. - diz a mais velha um pouco nervosa vendo sua filha tentar pegar a panela.

- Tem que ser agora ? - questiono sem tirar minha atenção da tarefa.

- Sim Mirian, deixa isso para depois. - continua Renata perdendo a paciência.

- Mais eu estou ocupada Mainha, poder ser mais tar... - ela no me deixou terminar e jogou a "bomba" em meu colo.

- Eu tô gravida! - dispara a mais velha.

Dona Renata ao falar, cobre os olhos com as mãos mas logo os abri ao ouvir um barulho alto que depois percebeu ser a sua filha que tinha caído do banco, trazendo consigo algumas panelas que caíram sobre sua cabeça.

- Meu deus Mirian!  - dona Renata corre para ajudar sua filha.

- A senhora tá gravida? Como isso aconteceu ?  - a voz da minha mãe ainda ecoava em minha cabeça.

- Quer mesmo que eu te conte ? - a mais velha se ergue cruzando os braços.

- Deus é mais! Deixa pra lá... Eu vou ter um irmão(a)  - olho para minha mãe que parece emocionada e concorda com um aceno.

- Quanto tempo ?  - ainda sentindo dor na cabeça por conta de uma bela panela de pressão que bateu na mesma, eu me levanto arrumando a bagunça.

- Vai completar dois meses. - diz sorridente.

- Parabéns Mainha. Sabe que sempre vou esta aqui para te ajudar não é ? - abraço a mais velha que suspira de alivio.

- Graças a Deus, eu pensei que iria enlouquecer.  - revela a mais velha.

- Por isso estava tão estranha esses dias ?  - questiono ao limpar suas lagrimas.

- Sim, não sabia qual seria sua reação. Não deixei nem o António vir por esses dias.

- Ah, então era por isso que ele tinha sumido?  - sorrio vendo a mais velha retribuir.

- Eu te amo Mainha, independente de qualquer coisa, eu sempre estarei ao seu lado.  - beijo sua testa sentindo seus braços tão conhecidos prenderem minha cintura.

- Agora me ajuda com isso,  a senhora sabe que sou péssima na cozinha.  - ela concorda e logo me ajuda.

O que eu poderia fazer ? Ela é minha mãe, adulta, dona do seu nariz e as vezes até do meu, é o tipo de mãe que se eu matasse, ela me ajudaria a esconder o corpo. E fora que eu vou ter um irmão(a), não tenho do que ficar brava, somente agradecer por ter uma familia maravilhosa que a cada dia crescia mais. 

Fim do capítulo