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  • AINDA SEI, Ã? AMOR
  • CAPÍTULO 18: DESENCONTROS

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AINDA SEI, Ã? AMOR por contosdamel

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Palavras: 4612
Acessos: 1123   |  Postado em: 30/11/2021

CAPÍTULO 18: DESENCONTROS

Olivia voltou para o Rio e isso despertou um assunto tenso entre Suzana e eu.

 

-- Amor eu também preciso voltar para o Rio, o Vitor está segurando minha barra por lá, mas já demorei muito mais tempo do que podia.

 

-- Mas eu não te dei alta ainda!

 

-- Minha Bela, eu sei que é horrível ficarmos separadas por menos tempo que seja, mas pensa que daqui a alguns meses estaremos juntinhas para sempre, casadas na cidade maravilhosa!

 

-- Como assim na cidade maravilhosa?

 

-- Rio de Janeiro amor, onde vamos morar depois de casadas!

 

-- E quando decidimos isso? Não me lembro de termos conversado sobre isso.

 

-- Mas, eu pensei que isso fosse óbvio Bela. Você viu o trabalho que desenvolvo lá, não posso morar em outro lugar que não seja o Rio!

 

-- E o meu trabalho é menos importante do que o seu?

 

-- Claro que não meu amor! Você pode trabalhar comigo lá!

 

-- Ah você quer que eu desenvolva uma das pesquisas mais avançadas da medicina neurológica, a pesquisa de uma ganhadora de um Nobel, em um ambulatório de uma comunidade carente? Você não pode estar falando sério meu amor!

 

-- Você fala com tanto desprezo... Acha que a medicina que faço não é importante? Só o que tem valor é o que é digno de um Nobel, acaso também acha que Camila era uma médica melhor do que eu?

 

-- Ah não Suzana, de novo se comparando a Camila? Por favor, pára com isso!

 

-- Esqueci que a finada é incomparável...

 

-- Suzana eu achei que isso era assunto superado, pra que essa ironia?

 

-- Pelo jeito não superamos por que me vejo obrigada a traçar comparações, uma vez que quando Camila precisou ir embora você foi com ela para o outro lado do mundo, e se recusa a morar comigo no Rio a pouco mais de uma hora de avião daqui!

 

-- Suzana não seja injusta! A situação era completamente diferente, nada me prendia ao Brasil.

 

-- E o amor que sente por mim não é suficiente para te desprender desse emprego, dessa pesquisa?

 

-- Suzana, eu não acredito que você está colocando as coisas nesse patamar. É isso que você quer? Que nosso casamento represente eu abandonar minha carreira? Tudo que construí até hoje? Minha reputação, minha pesquisa, a docência, minha credibilidade no mundo acadêmico?

 

-- Não estou te pedindo para abandonar sua carreira, estou pedindo para você colocá-la em segundo plano e priorizar agora nosso amor.

 

-- Por que eu tenho que colocar alguma coisa em segundo plano? Por que eu não posso me casar com você, viver nosso amor e junto com isso minha realização profissional?

 

-- Poder você pode meu amor, mas não pode fazer isso no Rio?

 

 

-- Por que minha vida é aqui meu amor! Meu emprego é aqui, é nesse hospital que tenho minha equipe, como farei isso no Rio?

 

-- Pensei que sua vida fosse ao meu lado...

 

-- E é meu amor! Mas eu não posso e não quero largar minha carreira, eu não estaria completa... Não é justo, eu tenho responsabilidades com a pesquisa de Camila.

 

-- Ah Isabela! Camila está morta! Estou viva aqui na sua frente te oferecendo um futuro de amor ao meu lado, uma família, uma vida juntas e você está presa a uma responsabilidade com sua falecida mulher?

 

-- Suzana não se trata só disso, essa pesquisa também é minha! O reconhecimento da minha medicina está nela, meu nome no meio acadêmico desde a minha residência é por causa dessa pesquisa, agora você me pede que eu jogue tudo pro alto?

 

-- Isabela, eu não sou mais uma adolescente, daqui a alguns meses faço quarenta anos, tenho uma doença auto-imune que pode destruir minha saúde facilmente, sem contar um chip no meu cérebro que pode de repente alertar que outra bomba relógio me coloque no coma de novo na melhor das hipóteses. Eu quero ter filhos com você, acordar com você todos os dias, ter você ao meu lado para rir das bobagens da minha sobrinha e dividir com você os meus planos para a comunidade, para o hospital... Eu sonhei com isso minha vida toda desde que te conheci, não quero mais perder tempo com um casamento à distância, morando metade da semana aqui e a outra no Rio, se você não é capaz de entender isso, acho que deveríamos repensar nosso casamento.

 

                  As palavras de Suzana carregadas de emoção, fez eu me sentir uma megera workaholic, mas abandonar minha carreira era inconcebível para mim mesmo que isso representasse o fim de meus planos de casamento com Suzana.

 

-- Você está voltando atrás no pedido de casamento?

 

-- Não, por que isso é tudo que eu mais quero. Estou te dizendo que a escolha é sua, a minha já fiz, quero ficar com você pra sempre, mas no Rio, não posso ficar aqui.

 

-- Você escutou o que acabou de falar? Você escolheu por nós duas onde devemos viver depois de casadas, não acha que deveria ser uma escolha nossa? Eu posso abrir mão de minha carreira e você não pode abrir mão de seu projeto de caridade? Algo que você poderia coordenar à distância, fazer visitas agendadas as quais eu poderia ir com você...

 

-- Bela eu passei boa parte da minha vida longe do meu irmão, hoje ele é toda minha família, e prometi criar Vitória com ele, não vou me afastar deles.

 

-- E a família que planejamos?

 

-- Eu quero, muito, mas não vou abrir mão da que eu tenho hoje.

 

                  Suzana deixou a sala depois dessa declaração incisiva me deixando sem chão, com a dura responsabilidade de decidir entre felicidade com a mulher que eu amava ou a ascensão previsível da minha carreira. De certa forma, a revelação de Suzana sobre os seus planos para nosso casamento me surpreendeu.

 

                  Completamente perdida, saí em direção à varanda como se a lua fosse me dar alguma resposta, quando Virginia entrou em casa e me perguntou:

 

-- Aconteceu alguma coisa com a Suzana? Encontrei-a na pracinha do condomínio fumando. Nem sabia que ela fumava, isso não está no prontuário dela.

 

-- Ah ótimo, como se não bastasse todas as complicações da saúde dela, ela ainda me arruma mais fatores de risco.

 

-- Vocês brigaram?

 

-- Discutimos. A Suzana quer, ou melhor, a Suzana decidiu que depois do casamento moraremos no Rio e se ofendeu por que questionei, e não aceitei, agora pediu que eu repensasse o casamento.

 

-- Nossa, por que essa atitude tão infantil?

 

-- Não sei, não conversamos sobre isso antes, me surpreendeu essa decisão, essa postura intransigente dela. O natural não seria que sentássemos e decidíssemos juntas como um casal?

 

-- Lógico. Mas, ela te deu alguma explicação?

 

-- Ela disse que não quer ficar longe do projeto social dela, que quer ficar perto da família. Virginia se eu fizer a vontade dela eu me anulo como profissional! Estou tão magoada por essa atitude egoísta dela.

 

-- Eu entendo. Mas, sabe de uma coisa Isa? Acho que também posso entender Suzana.

 

-- Então me explica por que estou morrendo de medo de perdê-la por não conseguir entender essa atitude dela.

 

-- Isa a Suzana quer uma vida sossegada com você, depois de tanto tempo esperando você, ela quer uma família, e com sua dedicação à pesquisa, ao trabalho demanda muito tempo e ela deseja outro futuro para vocês.

 

-- E o que eu desejo? Virginia eu batalhei muito para chegar aonde cheguei. Eu sou responsável pela pesquisa que foi a vida de Camila, eu não vou ignorar isso porque Suzana que uma vida pacata no país das maravilhas!

 

-- Isa eu acho que o problema é que você e Suzana estão em momentos diferentes de vida, querem coisas divergentes, se quiserem ficar juntas, alguém vai ter que ceder.

 

-- Eu não vou ceder.

 

-- Cabeça dura como as duas são acho que o mais sensato é que as duas cedam um pouco.

 

-- Nesse momento estou tão decepcionada Virginia, eu prometi nunca traçar comparações entre ela e Camila, mas é nessas horas que fico imaginando que isso seria o tipo de atitude que ela nunca tomaria.

 

-- Não entre nessa de comparar, isso não vai ajudar em nada. A sua história com Suzana é completamente diferente do que foi a história com Camila.

 

-- Não ouso comparar, mas Suzana o faz, vez por outra ela traz isso à tona, não percebe que se fere e me fere também. Virginia não sei o que fazer, a amo, quero uma vida com ela, mas não estou pronta para abrir mão de minha vida profissional por causa dela, acho que isso uma hora repercutirá em nosso casamento, minha frustração, e se eu me arrepender de ter abandonado minha carreira, que é parte de mim? Culparei Suzana e isso poderá desgastará nossa relação, sei disso.

 

-- Concordo com você. E então, como você vai resolver isso?

 

-- O que você sugere?

 

-- Larga ela e casa comigo.

 

                  Arregalei os olhos e por pouco não caí da cadeira que estava sentada, quando Virginia caiu na gargalhada.

 

-- Você é boba mesmo! Estou te zuando manézona!

 

-- Ow pirralha! Cadê o respeito? Antes era doutora, chefinha, agora é manézona?

 

-- Como dizem por aí, intimidade é uma bosta!

 

                  Gargalhamos.

 

-- Falando sério Isa, não há outra maneira de resolver que não seja conversando. Proponha um meio termo, sei lá, quem sabe vocês poderiam manter duas casas, uma no Rio e outra aqui, passariam uma semana em cada cidade, assim nem você, nem ela abandonariam nada.

 

-- Duvido que Suzana aceite isso.

 

-- Não acha que vale a pena a tentativa? Estamos falando do seu casamento, da mulher que você ama.

 

                  Virginia tinha razão, eu precisava conversar mais uma vez com Suzana, e juntas, como um casal decidirmos nosso futuro. Esperei ela voltar, e quase meia-noite Suzana entrou no quarto, caminhando direto para o closet. Sem qualquer explicação a vi preparar suas malas, indignada perguntei:

 

-- Para que essas malas Suzana?

 

-- Amanhã cedo parto para o Rio.

 

-- Como assim amanhã? Suzana nós temos uma questão importante para resolver, você não pode simplesmente virar as costas e deixar esse problema sem solução!

 

-- Você tem uma questão para resolver, a escolha é sua.

 

-- Como você pode ser tão egoísta e infantil? Meu amor não estou te reconhecendo.

 

-- Bela... Eu só estou cansada de lutar, esperei você todo esse tempo, te amando, planejando nossa vida juntas, e nos meus planos não cabem esse mundo da medicina experimental porque isso exige praticamente todo seu tempo. Isa eu quero dividir tudo com você, eu não faço parte desse mundo que é da Camila!

 

-- Su! Meu amor, não é o mundo de Camila!

 

-- É sim, é o que aproximou, uniu, consolidou vocês!

 

-- Eu não preciso da medicina ou da pesquisa pra me unir a você, o amor que sinto por você é o suficiente pra ficar do seu lado pro resto de nossas vidas.

 

-- Quando vejo você tão envolvida com seu trabalho, com os pacientes de Camila, sinto como se ela ainda estivesse viva, ao seu lado, e eu sendo a paciente moribunda que ela salvou.

 

-- Meu amor, de certa forma o conhecimento, a experiência dela está ao meu lado para que eu continue ajudando outras pessoas como ela ajudou, inclusive você. Mas, você não é só minha paciente agora, você é a mulher com quem eu quero ficar pra sempre, como você sempre sonhou, como nós merecemos.

 

-- Você não sabe como é competir com a memória de uma pessoa como Camila a qual nem raiva posso ter porque ela salvou minha vida.

 

-- Su, você não tem que competir com Camila, nem com ninguém. Sou sua agora, e serei pra sempre.

 

                  Abracei Suzana jogando as roupas que ela segurava no chão:

 

-- E você não vai voltar pro Rio antes que eu te libere para isso.

 

                  Suzana ficou mais alguns dias comigo, e foram suficientes para conversarmos e discutirmos muito sobre nosso futuro, nosso casamento. A princípio, Suzana aceitou a idéia de mantermos duas casas, desde que, fosse temporário, até que eu pudesse preparar outra equipe para desenvolver o mesmo trabalho no Rio, ao menos ganhei tempo para provar-lhe que estando juntas esses contratempos não impediriam nossa felicidade.

 

                  No entanto, uma semana depois o retorno de Suzana foi inevitável, a presença dela era imprescindível em decisões nos negócios.

 

-- Então nos vemos no final de semana? – Perguntei.

 

-- Claro que sim meu amor, vou aproveitar para ver algumas questões sobre nosso casamento, Buffet, lugar essas coisas, concordamos que a cerimônia simbólica seja lá não é?

 

-- Ahan. Amor, outra coisa que precisamos definir.

 

-- O que?

 

-- A Pietra, ela fará de tudo para nos separar, e não fico à vontade sabendo que ela está lá trabalhando com você.

 

-- Meu amor não posso demiti-la, ela largou o emprego dela daqui quando ofereci um emprego para ela lá.

 

-- E aí vocês voltaram a namorar, e você veio fazer a cirurgia, Virginia descobriu a armação dela, eu não deixei que ela te visse, ela voltou para o Rio com o Vitor, você pode imaginar o ódio que ela está de mim?

 

                  Suzana sorriu da minha cara de pavor.

 

-- Está com medo dela?

 

-- Essa mulher é louca! Nunca me dei bem com paciente psiquiátrico, lembra que apanhei de um na residência?

 

-- Lembro! – Suzana sorriu.- Vou dar um jeito nisso, Pietra é especialista em fisiologia do esporte, ela não está à vontade no hospital, aceitou a oferta só para ficar perto de mim, vou conversar com um empresário que patrocina a equipe de vôlei do Rio de Janeiro, Pietra sempre quis voltar para esse time.

 

-- Faça isso o mais rápido possível, de preferência antes do fim de semana, quero evitar encontros desagradáveis com ela.

                  Separar-me de Suzana, apesar de ser por poucos dias parecia insuportável. Passávamos o dia juntas por telefonemas, mensagens de texto, mas a saudade era gigantesca e desproporcional ao tempo que estávamos separadas. Os dias demoravam a passar, mesmo que eu o ocupasse com mil tarefas. A semana avançou e minha ansiedade para visitar minha noiva no Rio se transformara em contagem regressiva empolgada, contrastando com o desânimo de Virginia.

 

-- Que carinha é essa Virginia?

 

-- Acabei de falar com Olivia, ela não poderá vir essa final de semana...

 

-- E por que você não vai ao Rio?

 

-- Os ensaios clínicos para a revista Internacional de neurociências precisam que ser enviados até segunda-feira, vou passar o final de semana finalizando-os, Olivia viria para me ajudar,e assim terminaria mais rápido pra namorarmos um pouquinho.

 

-- Falta muito?

 

-- Mais ou menos...

 

-- Então, vá pegar seu laptop, vamos terminá-los agora e você vem comigo para o Rio amanhã!

 

                  Ver o sorriso de Virginia me deixou dividida, feliz por contribuir para a felicidade dela e uma pontinha de ciúmes por saber que aquele sorriso tinha nova dona, minha amiga Olivia. Desviei meu pensamento confuso para ajudar no encontro das minhas duas melhores amigas e no dia seguinte parti com Virginia para o Rio, surpreender nossas respectivas noiva e namorada.

 

                  Virginia e eu nos separamos ainda no aeroporto, ela seguiu para casa de Olivia e eu para o lado oposto da cidade à procura de Suzana. Dona Lúcia abriu a porta pálida:

 

-- Menina! Que surpresa! Mas você não chegaria só amanhã?

 

-- Resolvi tudo antes, e vim fazer uma surpresa para Suzana, ela está?

 

-- Ai meu Deus, doutora Suzana me fez mil recomendações sobre o que cozinhar e eu não preparei nada!

 

-- Ei mulher calma! Eu vim de surpresa, vá para cozinha seguir as orientações de Suzana porque estou morrendo de saudades da sua comida! Ela está em casa?

 

-- Não, mas deve chegar logo, a menina Vitória está esperando por ela para ir à uma festinha da escola dela.

 

-- Vou levar minhas coisas para o quarto dela e esperá-la.

 

                  Estava me acomodando no quarto de Suzana quando aquele pinguinho de gente, que mais parecia a miniatura de minha noiva entrou no quarto faceira:

 

-- Oi!

 

-- Oi Vitória! Tudo bem com você?

 

-- Tudo. É verdade que você vai casar com minha tia?

 

-- É sim, ela te falou?

 

-- Falou sim, e meu pai também me explicou.

 

-- E você está feliz por isso?

 

                  Abaixei-me para ficar da sua altura buscando uma aproximação dela.

 

-- Não sei.

 

-- Olha só, eu gosto muito da sua tia Suzana, e quando nos casarmos, você ganhará outra tia, eu! Não gosta de ganhar outra tia pra cuidar de você? Levar pra passear, dar presente, ensinar sua dever da escola?

 

-- Eu não gosto de você, não quero que você seja minha tia!

 

                  A honestidade infantil sempre me assustou, e tal declaração vinda da quase filha de minha noiva me apavorou.

 

-- Mas por que não Vitoria? Eu gosto muito de você, e gosto muito de sua tia também!

 

-- Não gosto de você, por que você vai levar minha tia pra morar longe de mim! A tia Pietra me contou!

 

                  O simples fato de ouvir o nome de Pietra já me deu calafrios, supondo que ela seria capaz de usar o amor de Suzana pela sobrinha como arma para acabar meu casamento com ela.

 

-- Não Vitória, não farei isso, quem te falou isso está enganada.

 

                  Para me aproximar da menina que caminhava para trás em direção à porta segurei seu braço, arisca, ela puxou com toda força que tinha, para não machucá-la soltei-a o que fez com ela caísse no chão dizendo:

 

-- Não, me solta!

 

                  Assustada com a reação dela, e tentando ajudá-la a levantar segurei-a pelos braços quando Pietra entrou no quarto dando início a um escândalo, tomando a menina em seus braços:

 

-- O que é isso Isabela? Que tipo de pessoa é você? Não está vendo que é só uma criança? Fique longe dela!

 

-- Você está louca Pietra! Estava só ajudando a menina a levantar, ela caiu no chão.

 

-- Caiu, ou você empurrou? Ela te empurrou Vic?

 

                  A menina se recostou no ombro de Pietra, evidenciando seu apego, o que me deixou desesperada, mas nada respondeu, visivelmente assustada.

 

-- Está querendo punir a menina porque ela não gosta de você não é?

 

-- Cala essa boca Pietra!

 

                   Não me contive e berrei, aumentando a tensão da cena, no exato momento em que Suzana entrou no quarto:

 

-- Bela?! Mas o que está acontecendo aqui? Por que Vitória está chorando?

 

-- Pergunte a sua noiva! Cheguei aqui e ela estava agredindo sua sobrinha, a menina está assustada coitada se eu não tivesse chegado...

 

-- Pietra cala essa boca! Isso é mentira Suzana! – Berrei.

 

-- Isabela contenha-se! Você não vê que esses gritos estão assustando a criança?

 

                  Suzana me repreendeu com veemência, pegando a sobrinha dos braços de Pietra retirando a menina do quarto dizendo:

 

-- Fique aqui, não quero ouvir mais nenhum grito nessa casa, volto já para conversarmos.

 

                  Sentei na cama arrasada com a forma como Suzana me olhou e me tratou, o ar de vitória estampado no rosto de Pietra era o mínimo que eu tive que suportar naquele momento.

 

-- Você achava mesmo que ia se livrar de mim tão fácil? – Pietra perguntou com ar superior.

 

-- Como você pode ser tão doente? Usando uma criança com suas mentiras e seu jogo sujo! Você acha que Suzana vai acreditar em você?

 

-- Eu não preciso que ela acredite, só preciso que Vitoria acredite no que eu digo, isso será suficiente para Suzana perceber que você não é mulher para ela.

 

-- Pietra você precisa de tratamento, eu vou afastar você da vida de Suzana e da Vitória.

 

-- Jura? Como? Por que Vitoria é muito apegada a mim, enquanto você quase matou a tia dela em um procedimento desnecessário eu estava aqui do lado dela, cuidando dela por que o pai estava ocupado demais tratando dos negócios da irmã.

 

-- Como você pode? Aproveitou-se de um momento desses para fazer a cabeça de uma criança contra mim com mentiras! Você me enoja.

 

-- Acorda Isabela! Eu conheço essa menina desde que ela nasceu, não precisei fazer a cabeça dela, só disse a verdade, não é isso que você quer? Que Suzana more com você em Campinas?

 

-- Nós já resolvemos essa questão, mas isso não te interessa. Eu não vou deixar você colocar seu veneno entre nós, minha relação com Suzana é muito mais forte do que suas intervenções inescrupulosas!

 

-- Boa sorte meu bem, no final vamos ver quem será a titia querida da Vitória.

 

                  O sorriso sarcástico de Pietra me tirou do sério, levantei da cama num impulso e parti para cima de Pietra disposta a tirar com as unhas aquela expressão de vitória do rosto dela, quando Suzana voltou ao quarto:

 

-- Isabela chega!

 

                  Senti-me em uma grande piada cósmica onde tudo que acontecia competia contra mim. Paralisei com a ordem de Suzana e imediatamente me aproximei dela no intuito de me explicar:

 

-- Meu amor foi um mal entendido...

 

-- Isabela basta. Pietra você pode nos dar licença?

 

                  Pietra saiu do quarto esbanjando a convicção de que seu objetivo fora alcançado.

 

-- Su eu juro que não fiz nada para machucar a Vitoria...

 

-- Isabela, por favor, não tenho tempo para conversar agora, tenho que levar minha sobrinha para uma festinha da escola, ela vai apresentar um número de ballet que passou a semana ensaiando, adivinha com quem? Com a Pietra.

 

-- O que?

 

-- É Isa, com a Pietra, a Vitória adora a Pietra, você tem certeza que quer bater de frente com ela na frente da menina?

 

-- Mas Suzana, eu não fiz nada! A Pietra entrou aqui fazendo escândalo!

 

-- A gente vai conversar com calma quando eu voltar, agora preciso ir.

 

-- Mas, você vai assim? Eu cheguei pra te fazer uma surpresa e você sequer vai me dar um beijo?

 

                  Suzana se aproximou me dando um beijo seco e rápido.

 

-- Suzana?!

 

-- Isa estou com pressa.

 

-- Espera, primeiro me responde o que Pietra faz aqui no seu apartamento com tanta intimidade assim, entrando direto no seu quarto?

 

-- Ah não Isa, crise de ciúmes agora não!

 

-- Suzana o nosso combinado era de você demiti-la, arranjar outro emprego para ela e afastar essa louca de nossas vidas, eu cheguei aqui faz menos de duas horas e ela já conseguiu instalar esse clima entre nós!

 

-- Isabela você ouviu quando eu disse que ela ensaiou com a Vitória? Ela fez isso por que eu estava ocupada demais com os preparativos de nosso casamento!

 

-- Suzana eu não acredito que vocês vão juntas como um casalzinho ver a sobrinha numa apresentação escolar!

 

-- Não, eu vou, ela vai ver a apresentação de minha sobrinha e só.

 

-- Não mesmo! Eu vou com você!

 

-- Não você não vai! Já basta de discussões, berros na frente da Vitória por hoje! Você vai ficar aqui me esperando, quando eu voltar nós conversamos.

 

-- Suzana não venha me ditar ordens eu vou!

 

-- Isabela Bitencourt não seja infantil! E vou ditar ordens sim, por que você é minha mulher e está privada da razão há pelo menos meia hora, agora não discuta comigo!

 

                  Suzana me deixou no quarto batendo forte a porta. Engoli as palavras e a raiva de menina contrariada que acabara de ficar de castigo. Minha raiva só aumentava relembrando as palavras de Pietra e concluindo que ela obtivera a primeira vitória na sua promessa de me separar de Suzana.

 

                  No início da noite Suzana retornou, encontrou-me dormindo, acordei com um beijo na face, seu cheiro e o calor de seus lábios me despertaram.

 

-- Já voltei. Deixei a Vitória com o pai dela, dona Lúcia preparou seu frango com quiabo, ela caprichou, vamos jantar?

 

-- Suzana nós precisamos conversar.

 

-- Precisamos sim, mas antes vem cá me dar um beijo.

 

                  Dessa vez Suzana beijou-me com o carinho e a saudade que eu esperava.

 

-- Su, eu não agredi a Vitória, juro que não, eu só segurei-a para conversarmos, fiquei apavorada, ela me disse que não gostava de mim, e falou da “tia Pietra”, eu sei o quanto você ama sua sobrinha, imaginei mil hipóteses de como Pietra usaria isso contra mim e me desesperei, mas, não a machuquei eu juro!

 

-- Ei Bela, é claro que você não a machucou! Eu nunca acreditaria em um absurdo desses.

 

-- Mas, você gritou comigo, e ainda saiu com a Pietra...

 

-- Meu amor, eu gritei com você por que você estava berrando, Vitória estava assustada, você estava descontrolada. Saí com Pietra por que já estava combinado, você queria mesmo que eu deixasse minha sobrinha sozinha com essa louca?

 

-- Ela está fazendo a cabeça da Vitória contra mim Su, você não pode permitir isso.

 

-- Estou cuidando disso, próxima semana tenho a resposta da Federação Brasileira de Vôlei, e então Pietra vai embora e nos deixará em paz.

 

-- Você vai conseguir um emprego pra ela na seleção brasileira? Ela não merece!

 

-- Meu amor, tem que ser uma oferta irrecusável pra Pietra sair de nossas vidas. Além do mais, ela é uma fisioterapeuta esportista muito competente e experiente, digna desse cargo e seu ego não permitiria dizer não a esse tipo de proposta.

 

-- E como a gente resolve o fato de sua sobrinha me odiar?

 

-- Criança não odeia ninguém Bela. Ela só está com medo de perder a tia predileta dela, eu sou o referencial materno dela meu amor, e confia na Pietra, então acreditou fácil no que ela disse.

 

-- Vaca, ai que vontade de estapear a cara daquela vagabunda!

 

-- Ah ótimo minha mulher violenta! Isso é tudo que Pietra precisa pra fazer sua caveira pra uma criança de cinco anos que se assusta até com gritos.

 

-- Não é justo sabia? Essa mulher ser premiada por agir assim sem o menor escrúpulo.

 

-- Não veja como premiação, veja como exílio. Agora vamos parar com essa discussão, porque estou morrendo de saudades de minha noiva, vou tirar esse bico com muito beijo.

 

                  Suzana colocou seu corpo sobre o meu, me arrancando um beijo molhado e avassalador adiando nosso jantar indeterminadamente.

Fim do capítulo


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Comentários para 18 - CAPÍTULO 18: DESENCONTROS:
Lea
Lea

Em: 18/12/2021

Ainda não consigo ver esse casamento se consolidando!

#saudadesdacamila

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 08/12/2021

Haja inteligência emocional. Será que a bela tem?

Responder

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NúbiaM
NúbiaM

Em: 30/11/2021

Putz! A Suzana é uma autoritária!

Ela pode usar a Camila em comparações infundadas, mantém contato com Pietra após saber de suas armações, e pior, junto à sobrinha.

Querer que a Isa abandone sua vida em função da sua!

Não houve a preocupação quanto a influência negativa sobre a menina, era óbvio que ela faria isto.

A Isa deve mandar a Suzana às favas!

E ainda tem uma noite de amor!? Vai para casa sem explicações!

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