Menines,
Mais um capítulo para animar esse restinho de domingo.
Uma boa semana para todes!
PS Qual o palpite de vocês? Teremos baby na área?
Bjs
Z
Capitulo 21
"COMO A GOTA DE ORVALHO NA FLOR DO CERRADO
Quando é primavera"[1]
- Enfim, em casa! É nessa hora que eu te coloco no colo para entrarmos? - Perguntou, Amanda.
- Mô, se você ainda tiver disposição para isso, eu vou te aplaudir de pé. Mas, sim. É nesse momento que você deve me levar nos braços para entrar em nosso lar, até porque eu jamais conseguiria te por nos meus braços, minha gigante favorita!
Amanda abriu a porta e rapidamente colocou sua mulher nos braços e entrou na residência do casal.
- Como você fez isso, amor? Minhas coisas estão aqui! - Constatou emocionada.
- Tive ajuda dos meus sogros, da minha cunhada e de nosso best.
Elas estavam cansadas, mas muito felizes com o novo capítulo de suas histórias que começava a ser escrito. Pediram o jantar pois, além da exaustão causada pela viagem, não havia nada em casa para comer. Optaram por sanduiche com batata frita e, enquanto se alimentavam, olhavam as fotos que tiraram no pequeno visor da câmera digital.
- Vamos escolher as melhores para mandar revelar para enchermos essa casa de porta retratos!
- Mô, quero uma bem linda pra colocar no n-o-s-s-o quarto. Adoro dizer n-o-s-s-o quarto, n-o-s-s-a casa. - Falou realçando os pronomes possessivos.
Depois que comeram, tomaram banho juntas e foram para cama para o descanso que seus corpos já estavam implorando. Dormiram rapidamente, abraçadas como sempre.
Na manhã seguinte, iniciariam a vida de casadas de forma plena, real e concreta. Ainda teriam uma semana de folga de seus respectivos trabalhos que usariam para organizar a casa e preparar suas novas rotinas. Marília também precisava entregar as chaves do flat em que viveu desde que chegou à Palmas.
Marília acordou primeiro e correu na padaria para comprar algumas coisas para o primeiro café da manhã em sua nova casa ao lado da esposa. Providenciou pães, suco natural de laranja, algumas frutas, queijos e roubou umas flores do jardim de uma casa de sua rua. Fez um café bem forte e arrumou tudo em uma bandeja e levou para o quarto onde Amanda ainda dormia. Colocou a bandeja que tinha nas mãos sobre a cômoda que ficava do lado oposto ao da cama e sorriu olhando aquela mulher dormindo de bruços. Como podia ser tão linda? Deitou ao lado de Amanda e, beijando cada centímetro daquele corpo perfeito, sussurrou em seu ouvido:
- Acorda dorminhoca. Nosso café vai esfriar.
Amanda sorriu antes mesmo de abrir os olhos e puxou a esposa para um abraço cheio de amor. Enfiou a cabeça no pescoço de Marília e deu um cheiro demorado.
- Bom dia, minha vida! Me fala que eu não estou sonhando.
- Se você estiver sonhando eu também estou. E posso te afirmar que o sonho é bom. Bom não, ótimo! Agora senta pra comer um pouquinho.
Fizeram o desjejum em meio a beijos e declarações de amor.
- Mô, preciso ir na imobiliária devolver as chaves do flat. Você vai comigo?
- Você quer minha companhia ou quer uma motorista?
Marília revirou os olhos e respondeu fazendo cara de séria para depois gargalhar da pergunta da mulher:
- Eu quero a companhia de uma motorista gostosona.
Quando elas saíram de casa quando já passava das 11 horas. Resolveram a burocracia referente ao flat e depois foram almoçar em um restaurante japonês perto da Praça dos Girassóis. Fizeram o pedido e Amanda, com todo o cuidado, perguntou à esposa sobre a família que queriam formar.
- Vida, depois que você disse que quer ter uma família comigo eu não consigo parar de pensar sobre isso. Eu sei que a gente acabou de voltar da lua de mel, mas eu queria saber se eu posso marcar uma consulta com a médica especialista em reprodução humana.
Marília olhou para a mulher e demorou um pouco para responder. Ela realmente não esperava que Amanda fosse falar tão cedo sobre o assunto.
- Não quero te pressionar, se você achar que ainda é cedo, a gente espera mais.
- Não estou me sentindo pressionada. Não é isso. É que realmente eu não esperava. Mas pode marcar sim. Se ela pudesse nos atender antes de voltarmos a trabalhar, seria excelente. O que você acha?
- Tem certeza?
- Tenho sim. Pode ligar pra ela.
À tarde, Amanda ligou para a Dra. Renata e marcou uma consulta para dali a dois dias. A ansiedade das mulheres era palpável. No dia da consulta, chegaram antes da hora marcada. Queriam conversar com a médica sobre a real possibilidade de Amanda gestar uma criança a partir de um óvulo de Marília.
A médica explicou que existe a possibilidade de se implantar os óvulos fecundados de Marília no útero de Amanda. O fato da impossibilidade de a defensora engravidar devido à histerectomia a que foi submetida há alguns anos, reforça ainda mais a possibilidade de uso da técnica de útero de substituição, conhecida popularmente por barriga de aluguel.
Ela expôs como seria o tratamento. Primeiro teriam que sincronizar os ciclos de ambas para que o útero de Amanda estivesse pronto para receber os embriões na mesma época em que os óvulos de Marília estariam prontos para serem inseminados. Dra. Renata falou sobre a escolha do doador e sugeriu que optassem por um homem que tivesse traços parecidos com os de Amanda para que a criança tivesse semelhanças com as duas mães. Marília pensou no cunhado, mas decidiu falar com Amanda quando estivessem em casa.
As mulheres ouviram atentamente todas orientações, saíram do consultório com uma lista de exames para fazer e cheias de esperanças de que, em breve, a família aumentaria.
- Mô, estava lendo sobre o reconhecimento da dupla maternidade no direito brasileiro. Você sabe que o tema ainda é novo e não temos quase nada a respeito? Para a lei, a mãe biológica é a quem gera a criança, mas se for feito um exame de DNA, a mãe biológica é quem doou o material genético. Muito louco, né?
- E como vai ficar o registro de nascimento de nossos filhos? Ou filhas?
- O ideal é que tivesse nossos nomes sem que eu precisasse adotá-los.
- Que absurdo você precisar adotar seus próprios filhos! - Falou demonstrando sua indignação
- Também acho, Mô. Eu realmente não sei como teremos que fazer, não é minha área, mas tem advogados que militam nesse segmento em outros Estados. Eu vou tentar conversar com eles. Nem que a gente tenha que lutar uma guerra, isso não vai atrapalhar nosso sonho.
Deram as mãos selando o início de uma nova fase em suas vidas.
Nas semanas que se seguiram fizeram, ambas, uma bateria de exames e retornaram ao consultório da Dra. Renata para saber se estavam bem para iniciar os procedimentos para a fertilização in vitro.
- Os exames estão excelentes! Se vocês quiserem podemos começar o tratamento.
As mulheres se olharam e Marília se adiantou a dizer que poderiam começar o quanto antes. Amanda apertou sua mão e deu um beijo carinhoso em seus dedos.
Dra. Renata explicou que o tratamento das duas seria diferente. Marília tomaria injeções na barriga durante dez dias a fim de estimular a produção de óvulos e Amanda tomaria hormônio via oral, pelo mesmo período, para preparar o útero para receber os embriões. Durante o uso das injeções, seria feito acompanhamento através de ultrassonografias a cada três dias. Quando os óvulos estiverem no tamanho adequado, Marília tomará um outro hormônio e a esposa também mudará a medicação e, em trinta e seis horas, será feita a punção para a retirada dos óvulos que serão fertilizados e implantados no útero da Amanda.
- E quando a gente sabe que deu tudo certo? - Marília perguntou
- Depois de doze dias da implantação dos embriões vocês vão fazer um exame de laboratório.
- E as chances de termos êxito na primeira tentativa?
- As chances são de cinquenta por cento. Se tivermos sorte, teremos óvulos congelados para outra tentativa que pode ser feita no próximo ciclo da Amanda. Vocês decidiram sobre o esperma? Vai ser de doador anônimo ou de alguém escolhido por vocês?
- Nós pensamos no meu irmão. Eu e ele somos muito parecidos fisicamente e ele ficou feliz em poder nos ajudar a realizar nosso sonho. - Amanda falou emocionada.
- Vou passar as orientações para a coleta do sêmen que deverá ser feita na clínica no mesmo dia da punção dos óvulos da Marília.
Saíram de lá com tudo acertado e começariam as aplicações de hormônio na semana seguinte.
Amanda fez questão de aplicar as injeções em Marília que precisavam ser ministradas exatamente no mesmo horário, todos os dias. Fez o que pode para que o incômodo fosse o menor possível. Os hormônios deixaram Marília com o humor muito alterado: chorava por tudo e ficou muito irritada também, além de se sentir inchada devido a retenção de líquidos causada pela medicação.
Quando os exames mostraram que os óvulos estavam prontos para a coleta, os medicamentos das duas mulheres foram mudados e a punção foi marcada. Amanda ligou para o irmão que já estava de sobreaviso para viajar até Palmas.
Para a realização da punção, Marília precisou ser sedada. Amanda acompanhou o procedimento e ficou o tempo inteiro segurando na mão da esposa, como fizera quando se conheceram, mas não foi a anestesista dessa vez.
Tudo correu bem e Dra. Renata informou que conseguiram coletar quinze óvulos! Em cinco dias, dois embriões seriam transferidos para o útero de Amanda e o restante seria congelado para uma segunda tentativa, se necessário, ou para uma gravidez futura.
Marília passou a tarde dormindo em uma rede no quarto, enquanto os irmãos ficaram deitados na cama do casal assistindo tv.
- Meu irmão, eu não sei como agradecer sua generosidade. Nós nunca teríamos filhos tão lindos sem sua ajuda,
- Você fala isso porque sou a sua cara! Mas tenho que concordar com você. Meus sobrinhos serão as crianças mais lindas do mundo até porque minha cunhadinha é uma perfeição.
Amanda jogou uma almofada no irmão que estava rindo de sua cara de falsa indignação.
- Ela é perfeita mesmo. Fiquei encantada desde o primeiro momento em que a vi no hospital. Ela estava com medo, tão frágil e linda. - Suspirou.
- Nunca te vi tão apaixonada! Se alguém me dissesse que um dia você iria engravidar, eu jamais acreditaria. Isso só pode ser amor e daqueles de filme de sessão da tarde.
Otávio ficou o resto da semana com a irmã e a cunhada o que ajudou o tempo a passar um pouco mais rápido. Elas estavam muito ansiosas para finalizar o processo de fertilização.
No dia da transferência dos embriões, elas acordaram cedo e se dirigiram à clínica onde a Dra. Renata as aguardava. O procedimento foi simples e rápido. A especialista chamou Marília para acompanhar. Ela se paramentou e ficou ao lado de Amanda durante todo o tempo, intercalando beijos na testa e carinhos apaixonados. Nos dias que se seguiram o casal procurou manter o foco na rotina de trabalho para tentar controlar a agonia da espera pela data que seria feito o teste que confirmaria a gravidez.
[1] Semente Nativa, Natiruts
Fim do capítulo
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