— Ela está morta? —  Pergunto rezando com todas as forças para ouvir um não. 

— Não, mas está muito fraca, perdeu muito sangue. 

— Chame Jack, agora! —  Ben gritava. 

— Tem muitas árvores aqui Senhor, ele não conseguiria…

— Mande ele dar a volta. —  Digo. 

— Emma? 

— Do outro lado é uma colina bem aberta o helicóptero poderá passar, conheço o caminho. Rápido, carreguem Savannah. 

Entro na caverna e vejo uma estrutura pegando fogo, entro a esquerda em um dos túneis, passei muito tempo aqui quando era criança, obrigada pai por ser um aventureiro. Observo Ben e outro agente carregarem Savannah, ela está cada vez mais pálida, acelero meus passos e entro em uma sequência de túneis, até que vejo a saída. 

— Por aqui. 

Conseguimos atravessar as passagens estreitas, do outro lado uma forte luz nos espera, dois helicópteros sobrevoam a área, de um deles saltam médicos que no mesmo instante imobilizam o corpo de Savannah, segundos depois ela já se encontra no helicóptero que some na escuridão da noite. Voltamos para o helicóptero de Jack, ele parece aliviado ao nos ver, todos começam a comemorar o resgate de Savannah, mas ainda não consigo me livrar da imagem de seu corpo sangrando e sua pele atingindo um grau alarmante de brancura. 

— Você foi incrível Emma, graças a você Savannah está salva. —  Não esboço reação. —  Emma? 

— Eu não sei o que consegui salvar Savannah ou um cadáver. —  deixo as lágrimas caírem e sou confortada pelo abraço de Ben. 

— Ela ficará bem, conheço aquela cabeça dura e sei que ela não se deixará vencer. 

— Estou com muito medo. 

— Não tenha medo, tenha fé! 

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Assim que cheguei ao hospital corri pelos mesmos corredores da última vez, eu estava igualmente molhada, me sentindo perdida e desesperada. Era como voltar no tempo, Savannah está ferida e inconsciente, eu estava lá mais uma vez suplicando para que ela não morresse, sentindo cada segundo pesar sobre meu corpo, sentindo o desespero quase me roubar o ar. Quando me deparei com aquela mesma sala de espera notei que algo havia mudado, na primeira vez Savannah era uma desconhecida, agora ela era simplesmente a mulher que amo, a razão da minha vida. Dome está a minha espera, sentada na mesma poltrona da primeira vez esperando por notícias. 

— Emma — Ela me abraça forte. Tilly surge logo em seguida. 

— Bom trabalho Emma, você a encontrou. 

— Como ela está? 

— Ainda não temos notícias e irá demorar até que alguém fale conosco, Paige está com ela. 

— Venha, vamos até à enfermeira você está sangrando. — Dome segura em minha mão. 

Penélope cuida dos meus machucados, tenho pequenos cortes no rosto e nos braços, minhas roupas molhadas me fazem tremer de frio e sinto os sintomas de um forte resfriado. Fico na enfermaria até que Dome me traga roupas secas, minha cabeça está dando pontadas fortes, meus olhos mal se mantêm abertos, mas me recuso a dormir, tudo que preciso nesse momento é ter notícias de Savannah. 

Devidamente vestida volto a sala de espera já se passaram cinco horas desde que Savannah entrou na sala de cirurgia, segundo Penélope ela está passando por uma operação delicada, Paige é a responsável, todos estamos apreensivos, não sabendo o que esperar. Tilly permanece conosco. O silêncio reina, nem o bom humor de Dome parece querer aparecer, ela está calada e apreensiva, peço um remédio para Penélope minha cabeça dói muito, minha visão fica meio turva, mas tento me manter acordada. Somos surpreendidas por Amélia e Frena, às duas quebram o silêncio com perguntas. 

— Como Savannah está? —  Amélia indaga. 

— Ainda não sabemos, ela está passando por uma cirurgia agora. — Respondo, Frena passa um braço por sobre meus ombros. 

— Você está muito quente, Emma. —  ela diz 

— Estou bem.

— Não, você está queimando de febre. 

— Penélope. —  Tilly chama. 

— O que houve? 

— Emma está ardendo em febre. 

— Já disse que estou bem! 

— Não, você não está! Venha, vamos novamente para a enfermaria, você precisa descansar. 

— Ficarei aqui! 

— Emma Clark, vá descansar agora mesmo! —  Amélia diz. 

— Não! Estou bem! —  me levanto e sinto tudo girar, me apoio na poltrona e sou amparada por Frena. 

— Emma? — Desmaio. 

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Um Bip irritante soa em minha mente, estou com sede e sinto meu corpo dolorido, meus olhos pesados vão se abrindo lentamente, ao focar no teto branco ouço uma pequena movimentação, a cabeleira de Dome surge no meu campo de visão e um sorriso estampa seu rosto. 

— Bom dia bela adormecida. — Ela diz. 

— Oi! Estou com cede. —  Dome pega um copo e enche com água. 

— Penélope disse que você pediria isso. — ela me ajuda a segurar o copo. —  Devagar Mana, devagar. — Tomo mais alguns goles. —  Como se sente? 

— Um pouco dolorida. Como está Savannah? 

— Viva. — Paige diz entrando no quarto. —  Sua Savannah está viva, ela é uma guerreira! —  Um sorriso atravessa meu rosto, sento na cama ficando de pé em seguida. 

— Quero vê-la! 

— Oh! Emma você está pelada! —  Dome cobre o rosto, a fina camisola do hospital não cobre muita coisa. 

— Onde estão minhas roupas? Dome pegue para mim. 

— Hey, Hey! Emma calma! — Paige diz — Você não pode ver Savannah ainda, ela está na UTI ela perdeu muito sangue e.. —  Paige para. 

— E? 

— Ela está em coma. 

— Ela já acordou uma vez, ela irá acordar novamente. 

— Emma, dessa vez é mais complicado,  temo que seja irreversível. 

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Vinte quatro meses depois. 

Realizo um lenta caminhada pelos corredores, esse é meu caminho diário, vinte quatro meses, esse é o tempo que dura o coma de Savannah,  vinte quatro longos meses sem ver o verde dos seus olhos.

 Temo tanto não vê-lo mais. Em minhas mãos livros novos, um MP4 para que Savannah ouça suas músicas e um resumo do estado atual de Dome, ela está grávida, 7 meses. Quando Paige teve dificuldades de engravidar Dome se pôs à disposição, menos de um ano de casamento e elas já teriam um bebê. O casamento foi belíssimo, mesmo com a ausência de Savannah tentei me manter animada, era o dia de Dome e Paige, elas estavam tão felizes. 

— Bom dia Emma. — Bennett está finalizando os exercícios de Savannah. 

— Olá. Como ela está se comportando hoje? 

— Bem, ela é uma ótima paciente. Agora preciso ir. — Ele beija meu rosto. — Até amanhã, Savannah. 

Ficamos sozinhas, deixo os livros sobre a mesa ao lado da cama, me aproximo de Savannah e beijo seus lábios. 

— Bom dia amor. Adivinha quem está desejando comer chocolate com molho de tomate? —  Exatamente, Dominique. Ela está na fase dos gases também, Paige está se mostrando tão paciente e forte. Aquele cheiro é horrível. — Acaricio seu rosto. — Você está muito bonita hoje, que garota de sorte eu sou. 

— Olá Emma. — Paige e Tilly entram no quarto. 

— Oi, pessoal. Savannah parece melhor hoje. 

—   precisamos conversar. — Tilly diz, ela e Paige estão estranhas. —  Emma, ela não está evoluindo e não irá evoluir. 

 —  O que quer dizer?

— Emma, nós devemos desligar os aparelhos, ela não irá acordar. 

O que se faz quando se perde tudo? Não existe uma saída para isso, para o inevitável, mas eu fugiria dele, eu não me conformaria com o que elas estavam dizendo, eu sei que ela acordará, eu sinto. 

Fim do capítulo