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Fronteiras por millah

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Palavras: 4396
Acessos: 597   |  Postado em: 27/11/2021

Capitulo 27 Ela tentou

 

Ela nunca seria capaz de entender a mecânica de toda essa sociedade que ela simplesmente discordava. Ela era a dona do morro porque todos acreditavam no ser maligno que ela criou e muito bem interpretava eu ate entendia todo o medo, a mulher era quase uma psicopata. Ela não sente nada! Nada!!Russo caiu no chão como um saco podre de batata e ver ela agir como se não fosse grande coisa me fez confusa em tudo que estávamos nos esforçando para dar certo. Marga é uma mulher forte, convicta de suas ideias, inteligente e habilidosa e eu poderia continuar por horas para defini-la se não fosse seus defeitos inegáveis. Maldosa, problemática e cruel eram apenas algumas mas poderia ser uma lista interminável.eu deveria ser uma vagabunda besta demais que ainda acreditava que ela poderia mudar.

Errada como sempre.

Cheguei ao posto e Esteban me olhou surpreso.

--pensei que tiraria um tempinho para descansar. Pelo menos almoçar. –dissera ele me seguindo.

--não eu preciso ficar aqui.

--o que aconteceu?

--tudo!!!russo também estava infectado.

--estava? Agora não mais?

--ele se matou enforcado só que..

--minha nossa.

--Marga e minha mãe terminaram o serviço. Ele tava péssimo e acredite se quiser, ele estava na mesma situação de Rita com uma mordida no tornozelo. Ele passou por tudo sozinho talvez para Rita acreditar que poderia voltar para casa e tudo ficaria bem...mas agora ele ta sendo queimado por Marga la encima do morro.

--acho...prudente.

--não do jeito que ela queria. Ela arrastou ele como se estivesse arrastando um saco de batatas pesadíssimo. Ia queima-lo na frente de casa.

--Mari, Marga já fez muitas coisas, viveu muitas coisas..o que é terrível para nós para ela é mais um dia no parquinho.

--não passe pano para ela. É terrível de qualquer maneira.

--eu sei,não muda muita coisa mas deveria parar de bater de frente com ela.

--e abaixar a cabeça? De jeito nenhum. Ela tem que entender que não é mais uma pirâmide em que ela se coloca no alto e domina todo o resto. A gente ta preso aqui no morro esperando tudo melhorar,esperando que tudo der certo para os nossos contaminados..temos que mudar.

--então temos que trabalhar. Pelo menos para manter as coisas no eixo.

--com toda certeza. Por isso quero testar a cirurgia.

Esteban me olhou surpreendido mas acenou e fomos nos preparar. Arrumamos a sala de cirurgia e a noticia de que tínhamos uma esperança para todos do estagio dois foi animadora para os que aceitaram participar do teste cirúrgico. Seria um grande passo para apenas dois mas Esteban me ensinou tudo que sabia sobre e mesmo não tendo a pratica e ainda uma aversão a sangue eu ia auxilia-lo. Levaria duas horas ate três se tudo desse certo e minhas expectativas estavam la encima. Tinha que dar certo e ia dar.

Aquela mesa cirúrgica logo estaria ocupada pelo primeiro paciente e quando vi Esteban abrindo a porta trazendo-o todo meu nervosismo se aprofundou dentro de mim.ele trouxera o paciente mais jovem daquela sala.

--tem que ser logo ele?—perguntei apreensiva vendo o menininho entrar numa cadeira de rodas.

--ele foi o único que insistiu. Ninguém tem certeza se vai dar certo Mari.

--e ele é só uma criança.se der errado..

--eu quero.—disse ele insistente falando com um pouco de dificuldade.

Tínhamos que concordar ele estava sendo corajoso com seus dez anos e tínhamos que aceitar a nossa coragem para aquela cirurgia valendo tanto para todos. Tinha que dar certo.

Esteban fora frio para começar os primeiros procedimentos. Os cortes precisos me faziam assisti-lo atenta e a cada instrumento cirúrgico que passava a ele para a retirada me traziam para a conclusão que Esteban tinha uma pratica além do que eu imaginava.

--trabalhou em muitos hospitais??—perguntei baixinho.

--fui do exercito. Costurei na guerra do Iraque no meio de tiroteios, bombas..o que você imaginar eu já fiz dez vezes. Você assim como eu tem um dom. Tudo que estuda você aprende de primeira e isso na medicina é muito bom.sua ideia da cirurgia tem cerca de noventa e cinco porcento de probabilidade de dar certo.

--tenho certeza que foi um bom medico no exercito do que um bom soldado.

--(rs) desculpe por te largar la dentro com Rita..eu nunca tinha visto sintomas tão estranhos. Apenas nos filmes. Nunca atirei em ninguém nem entrei em confronto.eu só me esforçava para esquecer tudo que acontecia ao meu redor para sempre focar nos meus pacientes. Por isso vou fazer de tudo para ajudar o garoto aqui.

Finalmente uma luz naquelas palavras para diminuir toda a tensão que sentíamos porem vi o garoto abrindo os olhos e tomei um susto.

--resistência a anestesia.

--aplique mais uma dose. Como não temos uma maquina robótica própria para esta operação não podemos vacilar. Os tumores estão no pulmão esquerdo e o afastamento das costelas e o corte lateral de quinze centímetros devem funcionar para a retirada dos tumores. Temos que ser rápidos, o posto do jeito que esta pode piorar o seu estado de infecção.

Esteban e eu começamos a remoção porem a temperatura do garoto estava se intensificando mais e os bips que marcavam sua frequência cardíaca estava aumentando e depois da segunda dosagem de anestesia ele deveria estar apagado mas suava e sua cabeça começava a mexer lentamente.

--concentre-se Mari.

--tem alguma coisa errada.

--não tem, continue.

Fiz a retirada de um dos tumores e para nossa sorte ele estava fechado e duro não havia eclodido. Porem faltava outro e isso me fez tremer. Esteban conferiu o garoto e viu que ele ainda resistia a anestesia e quando seu braço segurou o meu ele foi rápido em pega-lo e segura-lo na mesa.

Esteban estava surpreso e assustado. Aquele movimento inusitado não era normal. Ele deveria estar apagado.

Eu não podia perder o garoto por isso acelerei em minha busca pelo próximo tumor mas os bips chamaram minha atenção. Ele estava reagindo e acordando como se o corpo dele estivesse reagindo contra a retirada. Ele tossiu e sua mascara de respiração ficou vermelha com o sangue que saíra de sua boca e Esteban fora rápido para retirá-la de sua boca e todo aquele sangue fora cuspido.

--rapido Mari.ele esta aquecendo demais.

--o que?

Não adiantava me apressar o corpo dele iniciou uma convulsão e seu peito parecia prestes a explodir foi quando vi algo entrar e destruir suas veias e ir subindo por baixo de todo o tecido e músculos fazendo seu pescoço crescer e sua cabeça remexer.

--não,não,não não!!!—era o parasita e me desesperei quando ele simplesmente parou.

--Mari,rápido me ajude.—Esteban tentou ajudar o garoto aplicando adrenalina mas ele não se mexia mais e eu sabia como isso acabava por isso segurando meu choro de decepção eu o puxei da sala.

--o que esta fazendo?!!não podemos deixa-lo!!

Tranquei a porta vendo pela janelinha os bips se transformar em um agudo som da morte.

--o corpo dele reagiu a nossa retirada. Não dá pra tirar essas coisas sem fazer elas eclodirem.

--tiramos um dos ovos podemos fazer de novo!

 --não!!!a anestesia foi o primeiro sinal..com o ritmo desacelerado o corpo quando se abriu não tinha febre, mas o remédio no sangue deixou um alerta. Quando abrimos o pulmão a febre foi o ativador, o corpo precisava acordar e a temperatura elevada só antecipou que o ovo chocasse procurando o cérebro para se alojar..

--do que você ta falando!!?—perguntou ele enquanto eu procurei avistar dali o outro ovo e este também se abriu mas o parasita morreu assim que saiu do ovo.qualquer mudança de temperatura eles eclodiam..que merd*.

--..a gente matou esse menino.—falei certa disso.

--não a gente não matou ele Mari, não pense assim!

--ele ta morto!

De repente o barulho do bip único e demorado e logo depois o agudo novamente.

Eu sentia todo um vazio dentro de mim. Nossa única esperança foi transformada em mais uma morte e a prova disso foi ver o garoto levantando e arrancando todos os fios e a gritar vindo com toda sua força ate a porta. Ele nem se importava com o peito aberto onde seus órgãos e costelas estavam tão expostos e a única preocupação dele era querer nos atacar. A porta estava trancada mas eu o ouvia arranhar a porta e esmurra-la com toda sua força.

--eu não entendo..como é possível!!?ele estava bem!!—trancamos a porta enquanto ele gritava la dentro.

--aqueles do estagio dois que não conseguem suportar os ovos morrem pela fragilidade dos pulmões, o estagio três, se transformam assim que eles eclodem do corpo.eu vi aquela coisa sair e sumir dentro dele..o motivo para queimar os mortos pelo estagio dois é o fato de que os ovos ainda eclodem depois da morte do individuo e de alguma forma conseguem reanimar os corpos tomando o controle deles para infectar a cada mordida.eu não sei.—ele gritou e mais alguns golpes na porta me fizeram afastar mesmo sem vontade alguma de continuar a tentar entender aquela merd* que tinha acontecido.

--tinha um cara la no necrotério ha dias! Se fosse isso ele já tinha levantado.

--ele morreu no estagio dois e os tumores cresceram no corpo dele depois de morto. E de dois ovos um dele tinha eclodido e foi parar no cérebro. Como se fosse uma droga de verdade absoluta.  Dois ovos por corpo! Caso um não funcione aja outro para contaminar o corpo esteja vivo ou morto. Talvez o motivo para eles não retornarem ainda seja bem simples..rigor mortis. Logo após a morte o corpo entra em estado de rigor mortis onde os músculos do corpo endurecem. Isso demora umas quatro a oito horas para acontecer e dar inicio. A atividade cerebral não impede que o fenômeno aconteça, pois ele esta ligado as células musculares.

--rigor mortis??isso dura no máximo três dias..

--talvez o processo de amadurecimento dos ovos demore para a eclosão com o esfriamento do corpo depois da morte e com o rigor mortis tudo dificulta. Quando esses miseráveis percebem a mudança ou sinal de morte nos infectados eles resolvem eclodir se estiverem prontos para não perder o corpo. Caso contrario eles esperam.Teremos que nos livrar de todos que morrerem o mais rápido possível. Senão todos vão voltar de qualquer jeito..

As pancadas que aquele menino fazia na porta levaram o que ainda restava em mim, a pouca vontade em falar de como seu sorriso se transformou naquela boca cheia de dentes prontos para arrancar um pedaço meu. Eu só queria ir embora e ao mesmo tempo eu sabia o que encontraria la fora.

--a família dele esta ai fora Mari.

--eu não me importo.

--Mari não é culpa sua! Estamos tentando salvar essas pessoas e infelizmente ele morreu..

--exatamente Esteban.ele morreu!eu não sou medica e não é porque sei de algumas coisas que posso treinar com essas pessoas!

--você sabe mais dessa doença do que qualquer outra pessoa.

--Roberta sabia bem!!e ela cagou pra tudo isso e agora entendo porque. Ninguém ta pronto pra essa merd*!!

Suspirei e retirei aquelas roupas do posto e deixei o posto furiosa comigo mesma. Talvez eu fosse uma idiota brincando de medica quando na verdade não conseguia salvar ninguém. Se não fosse pelas anotações de Roberta eu não saberia de nada. Uma inútil que achou que tudo ficaria bem. Eu jurei que conseguiria mas não deu.eu não podia.

Assim que passei pelo portão do posto a mãe e pai e irmã daquele garoto me barrou.eu estava quase chorando e ela desesperada por noticias.

--doutora, meu filhinho. Como ele esta? Ele ficou bem?—desesperada por noticias ela me perguntou.

--ele insistiu tanto doutora.—o pai dele estava desesperado.

--não sou doutora. Não me chama assim.—falei quase tendo uma crise dentro de mim.

--ele confia em você Mari.a gente também.—a mãe me seguia assim como o pai e como eu poderia dizer que ele havia morrido??!

--diz logo pra mim,diz que ele ta bem...diz pra mim doutora..diz pra mim Mari.—eu não conseguia falar sob o olhar dela que a cada pedido perdia um pedaço de sua alma.—Mari..

--o que você fez com meu filho??!—o homem que a acompanhava me segurou pelos braços e me apertou.—o que aconteceu com ele??!!—gritou ele furioso sobre mim enquanto eu tentava me soltar mas ele fez o favor de me jogar ao chão.

--você matou meu filho doutora?!?!matou ele?!?!—perguntou a mãe aos berros.

Me levantei com minhas mãos ardendo e toda suja de areia mas toda aquela dor nada se comparava a daquela mulher berrando e chorando me perguntando aquilo.

--eu tentei salva-lo..só isso.—respondi quase sem forças prestes a chorar.

--você salvou tantos porque não ele também??!!por que tinha que errar logo com meu filho?!?!

--são casos diferentes.—respondi inutilmente.

--ele era só uma criança moça! Uma criança!!—os gritos dela me atormentavam.

--quanto tempo vai demorar para o restante morrer também? Por que não nos contam nada dessa doença!!??

Não demorou para as palavras dela serem ouvidas por mais gente e minha crucificação estava próxima de acontecer.eu tava péssima e nada ia trazer de volta aquela criança.eu a matei. Eles estavam certos de me julgar e bater.

--CHEGA!!!!---gritou Marga passando pelo casal e vindo para meu lado para minha surpresa.eu já tava chorando e ela ainda vinha furiosa.—se vão culpar ela vão ter que culpar a mim também. Fui eu quem a colocou no posto.

Um silencio tomou a rua e algumas pessoas que assistiam e apoiavam toda aquela falta de informação ate seguiram seu caminho para não se comprometer com Marga. Ela assustava qualquer um e agora ela exibia a todos e bem alto o frasco contendo o parasita.

--foi por isso que não os contei e acredite minha senhora é melhor assim.

Assim que ela terminou ela me puxou pelo pulso e seguimos para sua casa. Lá, o seu bar foi nosso destino do qual ela me fez sentar em um dos bancos e me serviu um copo de alguma de suas bebidas caras. O copo cheio não me animava mas ela o colocou na minha mão e o guiou a minha boca.

--bebe. Tudo!

Ela controlou meu virar do copo levantando ele apressando meus goles e só parou quando viu o copo seco. Tossi com toda aquela ardência na minha garganta mas eu não ligava. Aquele sentimento não ia passar e a vontade de chorar e sumir do mundo só aumentava.

--eu não posso deixar você sozinha um minuto né.—ela pegou de um balde de gelo alguns cubos e envolveu em um pano e o colocou nas minhas mãos.

O gelo aliviou a ardência mas todas aquelas palavras estavam na minha cabeça inclusive a visão do que tinha se tornado aquele garoto. Que a mãe dele não o visse.eu suportaria todos os xingamentos possíveis para não fazê-la ver ele dentro daquela sala.

--agora você tem dois problemas. Posso cuidar deles.—a voz da Marga era calma como sempre mas sem um pingo de emoção. Ela ainda tratava tudo tão mecânico, tão normal e conseguia me enjoar.

--era nossa única esperança e ele morreu por minha causa.se eu tivesse sido um pouco mais rápida quem sabe, pudesse ser diferente.

--nunca saberemos...mas sabendo do que aconteceu, o que vai fazer com os contaminados do estagio dois e três? Se eles não podem ser salvos..vai deixa-los morrer??

Marga me impressionava e conseguiu erguer meu olhar a ela da pior maneira possível.eu a olhei perplexa achando em seu olhar tão delineado uma certeza do que queria.

--me deixa cuidar deles.—pediu ela com sua voz tão sedutora como se não estivesse pedindo pela vida daquelas pessoas.

--não me peça permissão para isso.

--você é a doutora não é?

Aquilo foi um insulto e olhar ela quase me implorar para mata-los só me encheu de fúria e nisso não controlei minha vontade de dar um tapa nela. Minha mão bateu na cara dela com vontade e ela segurou firme meu pulso, tão forte que me impediu de fugir dela e do seu olhar furioso.

--me larga!—gritei tentando me soltar mas ela tinha força que me fez parecer uma criança.

--alguém tem que fazer Mari e pelo visto não vai ser você a corajosa que vai olhar nos olhos deles e terminar este ciclo.

--olho para eles todo santo dia tentando fazer cada um acreditar que poderiam sobreviver! eu não vou ver você matar cada um deles agora!—puxei meu braço e consegui solta-lo mas ela se ergueu me olhando com aqueles olhos desafiadores.

--se não tem jeito, não posso deixar que sofram mais do que já estão.

--não faça isso.

Ela caminhou em direção a porta e mesmo com meus passos a segui-la ela não parou.

--Marga.—tentei segurar seu braço mas ela o puxou e pelo visto estava irredutível a sua ideia. Por isso avancei a sua frente e nem mesmo comigo ali ela parou e nem mudou de direção. Nem mesmo quando corri me colocando grudada a porta para impedi-la de sair e ficou nítido cara a cara com ela que ela ia me matar junto com eles.

--eu te imploro, não faz isso, por favor. A gente pode achar um jeito.

--esse é o jeito.—ela me puxou da porta para abrir seu caminho mas me agarrei em suas costas enquanto ela se movia tentando se livrar de mim.

Meus braços abarcaram seu tronco e ela soltou um rugido raivoso.

--me solta!!

--por favor Marga.eu to te pedindo, não faz isso..

--SAI!!!

--PARA!!

Ela conseguiu me soltar dela e saiu. Ela já tinha visto minhas lagrimas tempo demais implorando algo a ela.

Corri para meu quarto.eu não queria mais ver Marga pelo resto da minha vida se possível mas pela janela a vi sair de casa e me lançar um olhar. Ela não estava furiosa nem nada só tinha a conclusão de que eu jamais teria sua coragem.

Ela não ia matá-los, ia livrar cada um deles de morrer igual aquele garoto e ainda conscientes do que eram. Me doía, enchia meu peito com uma nova crise ao ver que todo trabalho não me levou a lugar nenhum além de ser a culpada de mais covas. Ela sequer me ouviu, eu chorei como uma miserável mas era a verdade que eu não queria acreditar, eu não podia salva-los. Ninguém podia.

O morro silenciou,eu não conseguia ouvir uma voz sequer, um choro ou um grito de tristeza, parecia que ninguém existia depois da saída de Marga. Apenas o som do mundo novo além dos portões que muito parecia fruto da minha imaginação. Me fez me sentir presa naquele momento, presa com minha angustia por saber o que ela deveria estar fazendo esse exato momento.me doía,me fazia me sentir uma vagabunda por tantos dias ter lutado para achar uma chance e tudo estava terminando desse jeito.

O resto daquele dia eu não sai do quarto, não comi, eu não queria nada além de ficar sentada naquele cantinho do quarto onde só abrigava eu e mais nada.

De repente, minha porta foi escancarada quebrando meu silencio senão também ela com a entrada de Lina.

--é sério que você vai ficar aqui isolada??amanha é um novo dia e a gente precisa de você la fora.

--ainda não amanheceu então me deixa em paz.

--em paz?(rs)

Eu vi Lina vindo pra mim e aquele sorrisinho dela já me alertava. Ela veio com tudo e me pegou pelo braço e me ergueu. sim, ela me ergueu me colocando no ombro com facilidade e mesmo que eu lutasse ela nunca ia me soltar já que minha bunda tava bem perto da cara dela.

--toda essa tristeza não combina com você sabia?—disse ela e parei de tentar me soltar. Lina nunca esteve tão certa.

--eu não servi pra nada no posto.—falei e ela me colocou no chão.

--você fez mais do que qualquer um naquele posto de merd* e antes disso você sorria e se divertia e agora..entendo que Marga te colocou lá por ser inteligente e saber de toda essa parada dessa doença maldita mas..pra mim o importante antes de tudo é você. Eles estão sugando tudo de você e agora que Marga..cuidou do resto do serviço e botou Esteban para cuidar dos contaminados do primeiro estagio acho bom usar esse tempo para descansar...sinto sua falta se divertindo comigo.

--foram os únicos que restaram??

--por favor..esquece isso uma pouco.

--me responde!

--....foram.vi ela reunindo umas minas e levando elas ao posto. E é melhor assim.ela cuida de tudo e voce preserva o resto da sua saúde mental.

--..e aqui se encerra minha vida de medica pelo visto.

--prefiro você e sua carreira de jogadora de play!

--eu não quero descer e ver Marga.

--vocês brigaram? De novo??

--ela me irrita! Sequer me ouviu..é como se cada decisão minha fosse piada para ela.

--ela sabe bem o que faz só que..cuida disso mais tempo do que você. Teve um tempo no comecinho que quando alguém morria pelo morro Marga passava a noite acordada, as vezes rondava o morro como um fantasma. Outras ela só descia e se vingava. Acho que com o tempo ela soube lidar muito mais do que eu com a morte.

--pois espero que ela sinta a mesma angustia que eu estou sentindo. Que ela sinta tudo isso antes de virar pra mim e dizer que a única escolha é a morte.

Lina me deixou no meu canto e era melhor assim porem minha mãe foi a próxima visita.

--sei que não quer ver ninguém...Marga me contou tudo. Ela assim como você esta triste pelo destino destas pessoas.

--eu duvido.

--pode ter cuidado dessas pessoas mas foi ela quem as matou.

--Ela esta carregando o peso dessa escolha com você Mari.

--não, eu implorei para ela não fazer e mesmo assim..

--tinha que ser feito! Você é uma garota boa demais não vê certas coisas. Por isso sente tanto, mas ela..Marga sente diferente, do jeito dela mas sente! Espero que ela não fique bêbada naquele bar.

Minha mãe me deu boa noite e saiu do meu quarto e pensar que Marga pudesse estar passando por algum tipo de dor de cabeça pelas mortes pra mim era inacreditável. Ela era a mulher mais fria que conhecia e com toda certeza estaria bebendo para não me dar satisfações.

Eu não queria saber, eu ia dormir e fim de papo.eu não queria saber de nada dela, nem me preocupar com ela.

arrrggr!!eu ia dormir e nada mais!!

Me acordei no meio da madrugada com umas batidas na porta. Já passava das quatro e o silencio repentino atrás daquela porta e de quem batia tirou meu sono e me fez levantar e abrir a porta.

Dei de cara com Marga.

--vem aqui.—ela falou com um tom mais rouco que o normal e mesmo que ela tenha me pedido algo simples e ate bem educado é claro não me movi ate entender que ela realmente se importava com isto e me puxar para fora do quarto e me recostar na parede no corredor foi sua vontade. O cheiro dela era de pura bebida e perfume.

--eu só queria dizer que...eu sei o que eu fiz com todos eles.eu sei! Também era importante pra mim. Você entende isso né? e-eu..não queria fazer mas tive..

Ela estava tão próxima a mim e era tão estranho ver ela tentar me convencer de seus sentimentos. Tanto que me prendia entre a parede e ela e aquela pressão me inquietava. Ela sabia que minha primeira reação seria esta a da total descrença e agora aquela importância dela de me fazer crer que realmente ela tinha sentido toda a angustia daquele momento e para mim observar cada detalhe dela era o suficiente para mim.

Era difícil, pois Marga nem bêbada demonstrava algo além daquelas palavras. Ela somente esperava por uma resposta minha com seus olhos focados na minha boca e mesmo que ela tentasse disfarçar me olhando fundo nos olhos ela estava conseguindo me deixar nervosa. Eu queria chorar ou bater nela sei la. Eu só me lembrava do tanto que a segurei para não partir e matar aquelas pessoas e não adiantou em nada. Eu não respondi porque não tinha mais nada a dizer diante daquela surpresa da madrugada. Mais uma vez eu a subestimei.

--só não me deixa pirar com isso ok? Não fica com raiva de mim.

Marga se apoiou a parede e com a outra mão pegou meu queixo erguendo meu olhar a ela. Sei que eu podia ouvir meu coração palpitar desesperado e esperava que ela não o pudesse ouvi-lo porque ele estava insano dentro do meu peito,e o jeito que meu corpo travou com ela vindo a mim me deixou com medo de mais uma crise.

Faltou ar dentro de mim porque esse era o efeito de seus olhos que tomava de mim toda minha atenção. Era por eles que eu conseguia desbravar o que ela sentia. Pelo menos um pouco. Eles se tornavam marcantes, tão felinos e cheios de desejos e agora cheios de perdão quando ela moveu a cabeça para me beijar e tudo que fiz foi me afundar mais na parede quase enfartando mas não tinha escapatória.

--Mari!!!—minha mãe chamou do andar abaixo e virei meu rosto no mesmo instante que senti a boca dela tocar minha bochecha ao invés da boca. Ela quase me beijou. Foi por muito pouco que quase morri ao pensar que minha mãe pudesse nos encontrar e por ela ter ousado tentar me beijar. Foi loucura o suficiente para saber que se ela tivesse conseguido eu não resistiria. Não a sua boca que tanto arrepiou minha pele.

 --sim mãe!!—gritei com minha voz a falhar mas sendo uma libertação daquela hipnose.

--ajuda a Marga a chegar no quarto.

--..ok.—com minha confirmação Marga pousou sua cabeça no meu ombro. Uma prova de que não haveria mais uma tentativa pois eu já havia escolhido o que ia fazer com ela.—anda eu te levo para o quarto.

Ela não me esperou e entrou no quarto sozinha com a cara mais feia que já vi.

Minha mãe logo apareceu e estava exausta.

--acordei com as minas batendo na porta trazendo ela. Me disseram que só não quebrou todo o bar porque a trouxeram logo. Ela foi para o quarto?

--sim. Ela deve ta..um pouco aborrecida.—falei tentando esconder minha ansiedade. Era tão estranho, eu ainda sentia a boca dela na minha bochecha.

--um pouco?(rs) deixa comigo, vá dormir de novo.eu cuido dela.

Direcionei meus passos para meu quarto e vi minha mãe entrar no de Marga.de fato ela cuidaria dela porque depois dessa eu estava sem condições.

Fim do capítulo


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Comentários para 27 - Capitulo 27 Ela tentou :
Lea
Lea

Em: 21/05/2022

Tudo saiu do controle! Realmente TUDO!

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