CAPÍTULO 13: O DIÁRIO
Foi folheando algumas páginas, nas quais Carmem Gonçalez narrava seus sonhos, falava sobre a saudade de sua mãe, da ligação com seu pai, as expectativas sobre a universidade e o motivo de ter escolhido a Gama-Tau como fraternidade. Esther sentia-se mais próxima de sua mãe lendo aquilo. A jovem se transportou imaginando-a escrevendo aquelas folhas, queria lembrar da voz dela, mas não conseguia... foi buscando nas páginas a época que sua mãe namorava Sandra, até enfim encontrar:
-- Estou ansiosa. Enfim foi deliberada a tarefa para o ingresso na Gama-Tau. Confesso que não sei ainda como fazer para seduzir uma mulher, ainda mais Sandra Davis... hoje a vi na biblioteca, é uma moça linda, muito popular também. Tem olhos ávidos por novidades, e tem uma alegria de viver incontestável. Acredito que logo mais terei oportunidade de encontrá-la, acabei descobrindo por alguns colegas que os estudantes se reúnem no Prescott’s, um bar tradicional aqui próximo ao campus, Sandra Davis me aguarde...
Esther continuou lendo, curiosa porque dessa vez ia conhecer a versão daquele encontro através de sua mãe.
-- Sandra Davis é de fato linda! E que sensação incrível foi tê-la em meus braços... nunca imaginei o quão intenso é tocar, beijar uma mulher. Como imaginei os olhos ávidos da Beta-Lo contribuíram para o sucesso do meu plano. Instiguei o quanto pude a loirinha, nos meus gestos, atitudes e olhares no bar. Senti-me vigiada todo o tempo, confesso que em alguns momentos fiquei tímida. Acabei me comportando como os rapazes ali, bebendo e jogando... Mas estava totalmente atraída pela atenção de Sandra para mim. Arrisquei um momento a sós com ela indo até o banheiro, e para minha satisfação ela me seguiu... me comia com os olhos, não foi sacrifício algum roubar-lhe um beijo, na verdade teria feito o mesmo se não houvesse um objetivo implícito. Não sei o que se passa comigo, mas meu corpo pede Sandra. Desde o beijo não consigo tirá-la do pensamento...
O sentimento de Esther era indescritível, adiantou algumas páginas nas quais sua mãe narrava com detalhes cada roupa usada por Sandra quando a via, cada gesto, cada olhar. Pôde acompanhar o sentimento de Carmem para a outra crescendo, a narração da sua entrada para a Gama-Tau era fato coadjuvante. O mais importante para sua mãe era estar mais perto de Sandra. Estava descobrindo com ela o que era o amor.
-- Descobri uma cabana abandonada perto da estufa do curso de biologia. Amanhã farei uma surpresa para minha loirinha, será nosso recanto secreto. Sandra é a pessoa mais doce, pura e forte que conheço. Sinto-me a pessoa mais feliz e completa ao seu lado, quero apresentá-la ao papa no feriado de ação de graças.
O diário era recheado de declarações de amor de Carmem para Sandra. A descrição da primeira noite de amor do casal chegou a emocionar Esther, que nem via o tempo passar naquela leitura. Foi surpreendida por Amy que apertava e coçava os olhos de sono, interrogando a morena sobre o porquê ela não estar dormindo.
-- Perdi o sono, minha linda... não queria te acordar e vim pra cá –- Esther escondeu o diário por baixo de suas pernas.
-- Mas devia ter me acordado, faríamos algo mais interessante para atrair seu sono...
Amy destilava malícia em suas palavras, foi se aproximando da morena sentando-se com as pernas abertas envolvendo-as no corpo de Esther. A essa altura, a morena já estava convicta de que não conseguiria mais ler nada do diário aquela noite, não resistia às investidas de sua loirinha. Segurou com firmeza os quadris de Amy e a beijou intensamente, fazendo o desejo surgir em profusão no corpo de ambas. A boca de Esther descia pelos seios de Amy enquanto esta enleava seus dedos nos cabelos da morena. Esther deslizava suas mãos pelas coxas e bumbum de Amy despertando arrepios.
Sentiu a umidade invadir a calcinha de sua escolhida, era o sinal que precisava para abrir espaço com seus dedos no sex* de Amy ensopado. Abriu um sorriso de satisfação quando a sua loirinha gem*u e começou a mexer seus quadris intensificando a penetração dos dedos de sua amada. Os movimentos ditavam o prazer que se desenhava na face de ambas. Sequer lembraram-se de que estavam fazendo amor ali na sacada da casa. Qualquer pessoa que passasse pelas ruas das fraternidades aquela hora, testemunharia a cena de sex* explícito do casal.
Esther não ouviu seu celular tocar, totalmente absorta na paixão por Amy, como também não viu o Mercedes de Michelle estacionado do outro lado da rua. A maquiavélica mulher irritada pela morena não atender as ligações foi pessoalmente à mansão e só aí entendeu o motivo de ter tido suas ligações ignoradas. O ódio era visível em seus olhos, que encheram-se de lágrimas de um sentimento amargo e perigoso. Ficou ali por minutos, nutrindo aquele ódio ao ver no rosto do jovem casal o prazer pleno, o gozo evidente. Em seguida arrancou com seu carro maquinando como se vingaria de Esther e agora seu mais novo alvo de maldade: Amy Anderson.
O dia amanheceu e atarefada como estava com os preparativos para receber as visitas na fraternidade, Esther acordou cedo, colocou o diário na sua bolsa a fim de continuar a leitura durante o dia. Despertou Amy com um beijo, depois de se arrumarem, desceram juntas para a cozinha da casa. Continuaram no clima de romance enquanto tomavam café juntas. Durante o dia, Esther se dividiu entre as obrigações da fraternidade e da universidade com a atenção a sua amada, entretanto, guardava a ansiedade em prosseguir com a leitura do diário. Aproveitou a falta de um dos professores e se retirou para um dos jardins do campus mais afastados, aconchegou-se no gramado e continuou a folhear o diário de sua mãe.
-- As coisas estão ficando difíceis para mim e para minha loirinha. Seu noivo William Anderson, assim como os pais de Sandra, estão pressionando para marcar a data do casamento. Revelar nossa relação agora terá consequências drásticas, temo por minha bela. Nossos encontros estão cada vez mais complicados. Minha irmã guia, Rebeca, parece ter percebido algo, e tem dificultado minhas saídas da fraternidade, me enchendo de obrigações. A presidente de nossa fraternidade, Michelle, tem sido bastante atenciosa comigo, tem se revelado uma boa amiga, quem sabe posso contar com ela para ajudar a mim e à Sandra no que nos espera no futuro próximo.
Após ler tal trecho, Esther ficou em choque, pensando: "Não pode ser... é muita coincidência de nomes... seria uma grande brincadeira do destino comigo... Michelle antiga presidente da Gama-Tau? Oh não, eu saberia se ela fosse, estaria na galeria da fraternidade... já Rebeca... será Rebeca Travis?"
Prosseguiu então a leitura.
-- O noivo de Sandra reagiu muito mal ao fim do noivado. Apesar de não ter revelado os motivos, Sandra teme que ele tente nos prejudicar. Rebeca cada vez mais me sufoca! Oh Deus ela me odeia! Ontem abri meu coração para Michelle, que agora é nossa grande cúmplice, ela é amiga de William, se necessário intervirá a nosso favor. Quero passar o resto da minha vida com minha loirinha, é o amor da minha vida, nada vai nos separar!
Esther ficou extremamente perturbada com a coincidência de nomes. Interrogava-se se seria mesmo possível se tratar da mesma Michelle. Se assim o fosse, algo de muito errado havia naquela história da separação de Sandra e sua mãe, pois onde tinha o dedo de Michelle, existia também maldade. Nisso ela tinha experiência própria. Enquanto se perdia em deduções, seu celular tocou, era a própria, Michelle Roberts.
- Isso é jeito de atender meu telefonema? Acaso ainda não aprendeu a lição sobre como deve me tratar? -- disse Michelle.
-- Desculpe-me, pois não, Michelle.
-- Quero ver você hoje, e aproveita para levar esse ferro velho que você chama de transporte da minha garagem.
-- Estou cheia de compromissos hoje Michelle...
-- Não me interessam seus compromissos, Esther. Trate de aparecer na hora de sempre, ou se prepare para sofrer as consequências...
Cada vez mais, Esther tinha consciência que não suportaria essa situação com Michelle por mais tempo. Sua vida atingira o momento de decisões cruciais, seu passado ressurgia com todas as lacunas a serem preenchidas e mentiras a serem desvendadas; seu futuro se desenhava como uma grande incógnita, porque seu presente se definia como um emaranhado de fios soltos e dúvidas sobre si mesma e sobre seus sentimentos. Libertar-se de Michelle era uma necessidade urgente.
Saiu apressada para encontrar Rachel e Laurel na mansão a fim de tratar dos preparativos para receber Rebeca Travis e a representante nacional da fraternidade. Aproveitou enquanto mexia nos arquivos da Gama-Tau para procurar alguma presidente com nome Michelle. Ficou ainda mais intrigada ao constatar que entre os anos 1985 e 1986, simplesmente não constava nenhuma presidente de fraternidade.
Tentou se esquivar de Amy para não ser obrigada a dizer aonde iria à noite, mas foi inútil. A loirinha a aguardava em seu quarto e tão logo a morena entrou, Amy já se jogou nos seus braços arrancando-lhe um beijo apaixonado.
-- Amy... Você não tinha um aula no laboratório essa hora?
-- Não resisti de saudades de você. Vim mais cedo, estava chata demais a aula.
-- Minha linda, você não pode fazer isso. Nós não podemos ter faltas não justificadas no nosso histórico escolar...
-- Tá, tudo bem... Mas já que estou aqui...
Amy foi dizendo isso, descendo com sua mão por dentro da calça de Esther, que fechava os olhos sem nada conseguir dizer, muito menos conseguir fugir daquele prazer. Michelle ia ter que esperar...
Amaram-se com intimidade, já conheciam cada ponto sensível do corpo da outra. Entre gemidos, sorrisos expressando prazer óbvio. Meio desconfiada, Esther foi se levantando da cama enquanto Amy parecia cochilar abraçada a sua cintura.
-- Meu bem aonde você vai?
-- Ah... Preciso resolver umas coisas da fraternidade minha linda, tentarei voltar logo.
-- Quer ir no meu carro?
-- Ah não... Vou pegar minha moto...
Só depois de dizer isso Esther percebeu que falara demais, uma vez que Amy sabia que sua moto estava na casa de Michelle.
-- Então as coisas da fraternidade serão resolvidas com aquela mulher agora?
-- Amy, minha linda, desculpe-me, não disse a verdade para não chatear você. Mas eu tenho obrigações com essa mulher. Além do mais, preciso pegar minha moto.
-- Não entendo essas obrigações... Isso tem que acabar, Esther! Não vou tolerar isso!
Amy demonstrava uma revolta não só motivada por ciúme, era algo mais profundo. A própria Esther percebeu o tom exasperado da loirinha que pela primeira vez se impunha deliberadamente no relacionamento delas. A morena então tentou ponderar:
-- Amy, isso vai acabar. Me dá mais um tempinho pra tentar resolver as coisas do meu jeito, ok?
A morena se despediu com um selinho, deixando-a emburrada na cama e seguiu par a casa de praia de Michelle Roberts. Naquela noite, mais do que cumprir obrigações, Esther queria sondar acerca da possível passagem daquela mulher pela presidência da Gama-Tau.
Michele, como sempre, reclamou do atraso de Esther, que por sua vez nem se deu ao trabalho de se desculpar. Enquanto a Sra. Roberts se servia no bar, Esther disparou:
-- Michelle, você estudou em Prescott, certo?
--Sim, por quê?
-- Pertenceu a alguma fraternidade?
Michelle parou o olhar, tomou mais um gole de sua bebida, e numa tentativa de cessar aquele assunto retrucou:
-- O que deu em você hoje? Puxando conversa comigo, querendo saber do meu passado? Acaso pensa que te chamo aqui para conversar? Para isso pago meu analista, com você o assunto é outro...
Dizendo isso, foi se aproximando da morena, exigindo seu beijo. Esther conhecia muito bem Michelle, fugir de perguntas era o mesmo que confessar que o assunto era proibido. Convencida de que Michelle escondia algo, Esther tratou de usar de suas armas de sedução para embriagá-la na tentativa de arrancar algumas informações. Serviu doses generosas da bebida preferida daquela mulher: whisky, enquanto se despia e dançava sensualmente diante de Michelle.
Excitada pela situação, Michelle não percebeu as segundas intenções da morena. Ingeria as doses inteiras da bebida num gole único, cheirando as roupas que Esther se desfazia e as atirava no rosto dela. Esther, certa que já tinha domínio da situação, sentou-se no colo de Michelle segurando uma garrafa de whisky e foi despejando na boca da mesma enquanto mordia os seus lábios, levando aquela mulher à loucura.
Em poucos minutos, Michelle já não tinha domínio sobre alguns gestos, sorria sem motivos, enquanto Esther se esquivava das investidas dela. Por vezes a morena permitia que ela a beijasse, ou a tocasse, até segurar seus braços e roçar sua língua pelas orelhas de Michelle sussurrou:
-- Então você foi uma Gama-Tau como eu é?
-- Eu sempre te disse que nós somos iguais em muitas coisas minha morena... -- Michelle dizia ofegante tomada de tesão e sob efeito do álcool.
-- Agora entendo porque você dizia isso... Mas por que você nunca me disse que foi presidente da Gama-Tau?
-- Porque essa fraternidade de merd*... nunca me deu o que eu queria e precisava...
-- Ah é? O que você precisava e queria, hein?
-- Dar vazão aos meus desejos mais profundos e secretos, satisfazer meu corpo... E isso encontrei de outra forma. Então, saí da Gama-Tau.
-- Encontrou outra forma?
-- Sim... Tão eficiente que até hoje usufruo dos seus benefícios...
-- Benefícios? Do que você está falando?
Esther instigava Michelle movimentando-se sobre ela e falava de uma maneira extremamente sexy junto ao ouvido da Sra. Roberts.
-- Sim, morena, benefícios. Aprendi muito, lá sim aprendi sobre poder, domínio, tudo que a Gama-Tau se vangloria de ter no lema, e na prática não dá nada...
-- Lá? Onde você aprendeu tanto? Como posso aprender? Você pode me ensinar?
-- Eu posso lhe ensinar qualquer coisa, ruiva. Mas você tem que me provar que merece... Aí sim te apresento à sociedade...
-- Sociedade?
-- É, sociedade secreta. Agora chega de papo... Me faça goz*r...
Esther sabia que não conseguiria mais informações do que aquilo naquela noite. Michelle já se complicava pronunciando as palavras, mas definitivamente não se submeteria a ela. Tratou então de oferecer mais bebida à Michelle, enquanto brincava com os seios dela, massageava o clit*ris daquela mulher que agora para ela era cheia de mistério.
Como Esther planejava, Michelle não resistiu a tanto álcool. Depois de deixar escapar uma série de palavras sem sentido, e a gestos perdidos, Sra. Roberts caiu no sono nos braços da morena. Sem qualquer peso na consciência, a jovem a deixou dormindo na poltrona, vestiu-se, pegou sua moto e retornou à Gama-Tau.
Fim do capítulo
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