Capitulo 31
“Você está com frio pequena Emma? ”
Essa frase esteve em minha mente nas últimas horas, eu não conseguia entender de onde esse envelope havia surgido ou o que essas palavras queriam dizer exatamente.
Primeiramente pensei ser de Frena, mas a caligrafia não é dela, depois pensei se tratar de uma das brincadeiras de Dome, mas não faz o menor sentido. Talvez seja de alguém da Floricultura de Amsterdã.
Quem poderia ser? Quanto mais eu pensava menos sentido fazia.
Observo as horas, já passam das 2:00 da manhã. Encaro o lado vazio da cama, o cheiro de Savannah permanece no travesseiro, todo o ambiente me lembra ela. Travei uma guerra interna durante toda a noite, queria tanto saber o que ela havia feito nesses dois meses, mas não me atrevi a perguntar aos demais.
Levanto, ando pelo quarto. Sinto-me sufocada por tantas lembranças, penso em tomar um banho, mas mudo de ideia assim que encaro a banheira, meu corpo se aquece só de lembrar do que Savannah e eu fizemos. Que inferno! Por que você me trouxe de volta tão rápido Jennie?
Vou até à cozinha, tomo um copo de leite. Ando de um lado para o outro. Será que ela ainda tem o mesmo número? Ela me atenderia? Será que ela sente minha falta?
— Você parece uma alma atormentada. — meu coração quase sai pela boca.
— Dome! Você quer me matar, é isso?
— Não tenho culpa se sua cabeça está nas nuvens, mana.
— O que está fazendo acordada a essa hora?
— Eu ia fazer a mesma pergunta. No meu caso acordei porque geralmente Paige e eu fazemos amor a essa hora e como ela está no plantão precisei procurar outra atividade. Enquanto a você?
— Você poderia me poupar dos detalhes da sua vida sexual. Estou apenas sem sono.
— Por um minuto pensei que estivesse sofrendo de saudades da Owens. — Dome diz enquanto enche seu copo com suco.
— Já superei.
— Sério? Não foi o que pareceu. Conheço você, sei que está louca para saber sobre ela.
— Não estou!
— Humm… Então você não quer saber que ela esteve internada recentemente?
— O quê? Como assim internada? Ela está bem?
— Achei que não quisesse saber.
— Dome!
— Ok… Ela recuperou a memória totalmente, lembrou como a filha foi assassinada. Realizou buscas na floresta e encontrou três crianças dentro de uma árvore, ela conseguiu salvar a vida de uma delas, porém, parou no hospital devido ao choque emocional que sofreu, Paige diz que o corpo e a mente dela estão frágeis, ela precisa se cuidar.
— Ela ainda está em San Francisco?
— Não, voltou com a esposa para Los Angeles hoje.
— Ela sabia que estava chegando?
— Sim.
— Pelo visto ela não quer me ver.
— Não diga o que você não sabe irmãzinha, nem tudo aquilo que parece é.
— Você se tornou a advogada de defesa dela?
— Não, só estou tentando abrir os olhos de vocês duas. Agora se me permite irei dormir. Você devia fazer o mesmo.
— Irei daqui a pouco. — Dome se vai e mais uma vez fico perdida em minha própria confusão. Ela está frágil, deve estar sofrendo com as lembranças do assassinato de Emy. Será que Sylvie está dando o apoio necessário? Elas estão encarando essa dor juntas? Chega Emma! Chega!
Vou até à garagem encaro o saco vermelho, passo minhas mãos por sua superfície lisa, avisto o par de luvas pretas, me dirijo até elas. Encaro o saco novamente e coloco as luvas. Dou o primeiro soco, depois outro e outro, até que perco a conta.
Ataco todas as minhas frustrações, olho para frente imagino meus golpes atingindo Larry e Sylvie. Não sei exatamente como se bate nessa coisa, mas deixo meus instintos me guiarem, meus braços já começam a reclamar, porém, sigo batendo forte, até que minhas forças se vão.
Volto para o quarto, tomo um banho e caio na cama, meu corpo se entrega ao sono.
— Você está com frio pequena Emma? — O som é como um sussurro.
— Não. — Respondo assustada.
— Você está com frio?
Sinto meu corpo ser molhado, depois reconheço o cheiro, é gasolina.
Meu corpo está em chamas, o calor é tão real, está ficando tão quente.
— Não! — Acordo com o coração acelerado. Meu rosto suado.
— Emma o que houve? — Dome surge.
— Tive um pesadelo horrível.
— Tudo bem foi só um pesadelo. — Ela me abraça.
— Dome, como foi mesmo que a filha da Savannah morreu?
— Por que quer saber?
— Curiosidade.
— Ela foi queimada viva.
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— Ben?
— Sim, Savannah?
— Quero um agente cuidado da segurança de Emma Clark dia e noite.
— Por qual razão?
— Sem perguntas, apenas mande Jerry ficar de olho nela. Quero saber de tudo, absolutamente tudo que ela faz. Entendeu?
— Sim, mas…
— Depois explicou, por hora faça o que eu disse.
— Ok. — Ele desliga.
Estou exausta, não consegui dormir um segundo sequer depois que assisti aquele vídeo. Dennes tentará pegar Emma, mas não agora, seria muito arriscado até mesmo para ele.
Erick certamente não é o tipo que mete os pés pelas mãos, é frio e calculista.
Preciso manter a calma, não posso agir por impulso, é isso que ele quer. Preciso pensar bem no meu próximo passo.
Não se desespere Owens! Droga! Emma, você não deveria ter voltado da Holanda agora.
Espera! Como Dennes sabe onde encontrar Emma? O pensamento me atinge como um soco.
Eu não tive contato com ela, nem mesmo sabia que ela estava voltando, até Dome comentar no hospital. Então, como ele pode saber? Uma viagem para fora do país a essa altura seria muito perigoso, ele não poderia chegar perto e conseguir essas informações por si mesmo. Sendo assim como ele sabe que ela retornou ao os Estados Unidos?
Minha cabeça está perto do colapso, tenho mais peças no tabuleiro agora. Ele não pode saber de tudo, ele não pode estar em todos os lugares. Ele precisaria de um informante, de um… O CÚMPLICE.
CLARO! Erick Dennes tem um espião! Quem? Filho da mãe, desgraçado! Ele está sempre um passo à frente. Como poderei combater aquilo que não vejo? Tudo que for dito por mim, chegará aos ouvidos de Dennes. Pense Savannah, pense…
— Tudo aquilo que for dito!
Fim do capítulo
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