CAPÍTULO 9: INQUIETUDE
O retorno à Campinas foi regado de um sentimento de inquietação que tirou minha paz durante dias. O pensamento em Suzana sempre me fazia tirar a carteira de habilitação dela da minha bolsa, e olhar para aquela foto sem graça injusta com a beleza dela como toda foto de documento, e me lembrar da sua expressão ao dizer que eu não enxergava o óbvio. O que seria o óbvio que minha intransigência não permitia que eu enxergasse?
Voltei ao hospital visivelmente cansada, o que logicamente não passou despercebido por Virginia.
-- Bom dia doutora! Nossa a senhora não sabe quanta falta fez!
-- Bom dia Virginia. – Respondi apática.
-- Dias difíceis? A senhora parece exausta.
-- É... Foram dias cheios...
-- Então vou cuidar para que ninguém a importune sem necessidade.
-- Obrigada doutora Virginia, mas... É melhor que eu ocupe minha cabeça com trabalho...
-- Já que é assim... Tenho um relatório do trabalho do grupo enquanto a senhora esteve fora... As consultas de reavaliação já começam amanhã, temos a agenda lotada até o final do mês.
-- Conseguiram contatar todos os pacientes?
-- Sim, todos.
-- Inclusive a doutora Suzana?
-- Bem, ela não, por que a senhora me disse por telefone que faria isso...
-- Ah... Verdade... Vou tentar providenciar então...
Virginia sem dúvida era a pesquisadora mais empolgada que conheci apesar de afobada e efusiva a considerava uma das promissoras entre as residentes, às vezes sua bajulação comigo me incomodava, mas naquele momento, era exatamente do que eu precisava, sentia-me sozinha depois da briga com Bernardo.
Depois dos atendimentos, no final do dia, quando me preparava para voltar para casa, pensando que a solidão traria mais uma vez o pensamento em Suzana, Virginia me procurou no consultório, com o seu sorriso e vivacidade típicos:
-- Missão cumprida doutora! Vai poder descansar finalmente.
-- Pois é... Vou para casa...
Apertei os olhos com uma expressão de insatisfação. Astuta e atenta como era, Virginia propôs:
-- O dia foi puxado, acho que merecemos uma bebida, aceita dar uma esticada?
Não pensei duas vezes, levantei-me da cadeira, peguei minha bolsa, joguei o jaleco sobre a poltrona e disse:
-- Já é!
Virginia me guiou, novata na cidade, mas nem parecia. Levou-me para um bar afastado do centro, com decoração rústica, cheia de elementos artesanais, e trilha sonora de Zeca Balero dando ao lugar um clima alternativo e novo para mim. A morena me trouxe uma caneca de chopp, e convidou-me para um brinde:
-- À deliciosa liberdade de beber no meio da semana...
Consenti o brinde, sorri e sorvi um gole da bebida, deixando o colarinho do chopp nos meus lábios, sem a menor timidez e com a sensualidade implícita, Virginia desenhou meus lábios com seus dedos livrando-os do bigode branco de espuma. Arrepiei. Como se ignorasse o clima íntimo do gesto, Virginia me encarou com ar inocente e perguntou:
-- Aqui tem uns bolinhos de bacalhau deliciosos, você gosta?
-- Ahan.
Com as bochechas quentes ainda sob efeito do toque de Virginia nos meus lábios disfarcei sorvendo mais um gole da cerveja. Chegaram os bolinhos, e muitos outros chopps, e a cada tulipa Virginia me parecia mais interessante com seu jeito devotado de me tratar, entretanto, um comentário fez com que meu pensamento mais constante voltasse.
-- Gente estou com muita fome... Até parece que tenho um monte de vermes dentro de mim!
Virginia disse lambendo os dedos depois de comer o último bolinho de bacalhau do prato, tal visão me pareceu a mais sensual de todas, o mais surreal foi ver na jovem morena a imagem de Suzana, sorvi o resto da cerveja nervosa, enquanto o cantor tocava:
Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela"
Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo
Do juízo final... (2x)
Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido!
(Flor da pele – Zeca Balero)
A boca de Virginia tornou-se irresistível para mim, tanto que cheguei a lamber meus lábios salivando de desejo por beijá-la ali mesmo, enquanto ela inocentemente pegava mais bebida para mim. Contemplei seu andar, sua cintura fina, seu bumbum empinado e seu rebol*do envolvente com a malícia jorrando pelos meus olhos.
-- Aí doutora... Mandaram um bilhetinho pra você...
-- Pra mim? Quem?
-- Aquela caminhoneira ali no balcão...
-- Aquela de boné com um cigarro na boca? Tem certeza que não é um homem?
Falei impulsivamente arrancando uma gargalhada de Virginia.
-- Pois é doutora, a senhora tem tudo pra voltar de Scania pra casa hoje.
Gargalhou mais uma vez, ficando ainda mais linda.
-- Não vai ler o bilhete? Estou curiosa.
Abri o papel dobrado no qual estava escrito: “Larga essa menina e vem ficar com uma mulher de verdade”. Balancei a cabeça negativamente enquanto Virginia perguntava ansiosa:
-- Não vai me dizer?
Tentei esconder o papel, mas Virginia surrupiou das minhas mãos e sorriu quando leu.
-- Ela acha que ela é a mulher de verdade? Vamos ver...
Virginia abriu os botões da camisa justa que vestia expondo um decote avantajado dos seus seios firmes, aproximou sua cadeira da minha deixando o decote na altura dos meus olhos, contornou minha boca com seus dedos lambendo-os em seguida, mordeu o lábio inferior configurando sua sensualidade em um atentado à sensatez, no palco o cantor entoava:
Rapte-me camaleoa
Adapte-me a uma cama boa
Capte-me uma mensagem à toa
De um quasar pulsando lôa
Interestelar canoa
Leitos perfeitos
Seus peitos direitos
Me olham assim
Fino menino me inclino
Pro lado do sim
Rapte-me
Me adapte-me
Me capte-me
It's up to me
Coração
Ser querer ser
Merecer ser
Um camaleão
Rapte-me camaleoa
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas
(Rapte-me camaleoa – Caetano Veloso)
Não fugir do olhar deliciosamente sexy de Virginia, estava hipnotizada pela energia de seu corpo, pelos “seus peitos direitos me olhando” e eu ali, “fino menino me inclinando pro lado do sim” aproximei-me de sua boca, disposta a invadi-la com minha língua, respirando ofegante, quando Virginia segurou meu queixo sussurrando:
-- Acho que a menina aqui desbancou o macho do balcão... Ela se mandou doutora.
Visivelmente desconcertada, nervosa, levantei-me da mesa e saí do bar. Fui seguida por Virginia que perguntou:
-- Está se sentindo mal doutora? Aconteceu alguma coisa?
Andei de um lado para outro tentando voltar ao meu centro, mas Virginia me inquietava, ainda mais com Suzana no pensamento.
-- Estou agitada, estava sufocando lá dentro.
Respondi tentando me acalmar da excitação que me tomava quando Virginia se aproximou, segurou-me pela mão e me levou até o meu carro, pegou as chaves do bolso do meu casaco entrou sentando-se no banco do motorista e disse:
-- Venha, vou te acalmar Isabela.
O convite mais que tentador tinha também o tom doce da voz de Virginia me chamando pelo nome, ao invés do “doutora” do “senhora”. Entrei desconfiada, ansiosa. Virginia afastou o carro para trás do bar, e quando pensei que ela me agarraria e trans*ríamos ali mesmo no meu carro, ela puxou um saquinho de ervas do bolso, habilidosamente arrumou um montinho num papel fino, acendeu o baseado tragou e passou pra mim.
Há muito tempo não tragava, a primeira vez foi na faculdade com Bernardo e Olivia quando estávamos na faculdade, depois da prova final de clínica médica, comemoramos “queimando” o gabarito da prova usando-o para enrolar a maconha. Mas naquela noite, no estado que eu estava não recusaria qualquer oferta de Virginia.
Ao final das tragadas, eu ria mais do que criança em sorveteria. Virginia viajava nas filosofias arrancando ainda mais minhas risadas. Saímos do carro, deitamos na grama e as nuvens que se formavam no céu ganharam novas formas na nossa viagem. Não lembro ao certo como voltamos para casa, só me lembro de acordar na minha sala com pratos espalhados pelo chão, pacotes de biscoitos vazios, e ao meu lado, Virginia dormindo agarrada com uma almofada, e seus cachos cobrindo metade do seu rosto.
Ela estava linda, parecia um anjo dormindo com aqueles cachinhos na face. Acomodei-a melhor no sofá, lhe trouxe um cobertor e fui dormir com o cheiro dela em mim, mas no criado mudo, deixei lá, a carteira de habilitação de Suzana como se inconscientemente quisesse ela comigo na cama.
Acordei cedo, mas Virginia acordou ainda mais. Encontrei-a na cozinha com seu sorriso típico apesar da aparência de ressaca.
-- Bom dia doutora... Estou procurando algo para preparar café-da-manhã, mas acho que nossa larica esvaziou sua dispensa... Sobrou meio copo de suco, duas torradas, uma fatia de presunto, um iogurte...
Sorri e respondi:
-- Sobrou muita coisa então, por que ainda nem fiz as compras do mês...
-- Então vamos dividir nosso banquete e correr pro hospital por que estamos atrasadas.
-- Pra quê essa pressa menina? Você está com sua chefe!
-- É verdade... Mas temos muito trabalho, hoje começam as consultas de reavaliação.
-- Vou ligar para Elisa pedir que Lucas atenda com os residentes e atendo as consultas da tarde e você me acompanhará.
-- Eu acompanhar suas consultas? Ai que poder!
Sorri com a empolgação da morena que gentilmente me servia o que encontrou na minha cozinha. A vivacidade, a juventude de Virginia me faziam muito bem, além de ser prazerosa a idéia de ter uma pupila como ela, apaixonada pela pesquisa e de uma sensibilidade e inteligência incríveis.
A farra com Virginia dissipou um pouco o peso de meus pensamentos desde meu encontro com Suzana e a briga com Bernardo. As consultas ocorreram tranquilamente e tive uma boa surpresa com a atuação de Virginia, que além de envolvida com a pesquisa, era uma excelente médica.
A semana chegou ao fim, Bernardo voltou do Rio, mas o clima entre nós não melhorou, o que obviamente me deixava triste. Minha melhor companhia passou a ser Virginia, seu bom astral sempre me arrancava preocupações, dava leveza aos meus dias.
-- Então doutora? Planos para a sexta? – Perguntou Virginia enquanto caminhávamos pelo corredor.
-- Fazer compras no supermercado! Minha dispensa está vazia!
-- Programa interessantíssimo heim...
Virginia ironizou mexendo nos bolsos do jaleco procurando o celular que tocava.
-- Oi Pietra... Cara como assim? Agora vou ter que chamar um chaveiro pra fazer outra chave pra mim? Putz...
Desligou o telefone em meio a xingamentos à prima.
-- O que houve Virginia?
-- A Pietra viajou e levou minhas chaves por engano, resultado: estou sem chave para entrar em casa, tenho que procurar um chaveiro ainda... Ai que saco!
-- Perto do supermercado que vou tem um quiosque de um chaveiro, quer ir?
-- Claro! Ai você é meu anjo Isa!
Virginia não só aceitou minha carona, como fez as compras comigo, qualquer lugar para ela era cenário de boas risadas.
-- Isa... Preciso ir com o chaveiro agora, muito obrigada pela carona e pela companhia...
-- Espera, eu te levo em casa...
-- Ah não, já te incomodei demais, pode deixar, pego um táxi.
-- Deixa de bobeira menina, quero mesmo é ajuda pra carregar as sacolas!
Virginia gargalhou, seguimos para o prédio dela, esperamos por horas o chaveiro aparecer, a noite avançava e o cansaço nos abateu e o estresse subiu à cabeça de Virginia depois de uma sequência de palavrões:
-- Já chega! Vou pra um hotel e a Pietra vai pagar a conta!
-- Calma guria... Vamos lá pra casa, tem um cantinho pra você... Amanhã arranjamos outro chaveiro.
Meio emburrada como nunca vi, Virginia entrou no carro e a levei para minha casa.
-- Tome um banho, relaxe, vou te emprestar uma roupa leve e preparar algo para comermos.
Minhas habilidades na cozinha evoluíram da capacidade de ligar para um delivery para aquecer comida pronta no microondas. Virginia saiu do banho renovada, usando o vestido que lhe emprestei, com aqueles cachinhos molhados e com seu sorriso contagiante me surpreendeu preparando a mesa.
-- Não acredito que minha chefe, meu ídolo está cozinhando pra mim!
-- Não exagera Virginia, tirar o plástico e ligar o microondas não é cozinhar...
Virginia saboreou aquela lasanha à bolonhesa como se fosse um prato do chef mais conceituado, emendamos um papo animado sobre as aventuras dela na faculdade e ela acabou revelando para minha surpresa que nunca esteve com uma mulher.
-- Como assim? Você não é...
-- Lésbica?
-- Sim...
-- Não, quer dizer, não sei... O que você acha?
-- Meu gaydar nunca foi muito apurado Virginia, mas eu entendi que você fosse pelo seu comportamento no bar... Aliás, pelo bar que você me levou...
-- Sou simpatizante, convivi e convivo muito com gays e lésbicas, mas, nunca tive uma experiência homossexu*l*.
-- Tem vontade? Curiosidade?
-- Isa tenho a cabeça muito aberta, no dia que eu tiver vontade, curiosidade, desejo nada vai me impedir de ceder.
-- Então mesmo convivendo nesse universo nunca teve esse desejo?
-- Uma vez, uma jogadora do time que a Pietra treinava me assediou sabe...
-- Era bonita?
-- Sim, era linda, mas... Sabe o que é irresistível para mim?
-- O quê?
-- Conteúdo... Inteligência pra mim é afrodisíaco e essa jogadora... Falava “pobrema”, não rolou.
Gargalhei com a careta engraçada que Virginia fez. Assistimos a um filme, e quando me dei conta, Virginia já dormia com a cabeça recostada no meu ombro, sentir aqueles cachos em minha face, a maciez e o perfume de sua pele tão perto de mim, misturado à fantasia de ser alvo do desejo dela, de ser a sua primeira mulher despertou um desejo escondido em mim. Afastei-me bruscamente como se isso também pudesse afastar meu pensamento, acabei acordando-a.
-- Ai que susto Isa! Aconteceu alguma coisa?
-- Não, não... Só ia levantar para preparar o quarto para você...
-- Eu estava roncando não é?
-- Não... Desculpa ter te acordado...
-- Ah dormir é fácil... Não se preocupe.
Levei-a até o quarto de hóspedes, desejei boa noite e fui para meu quarto me censurando por não conseguir tirar os olhos das coxas de Virginia. Banho frio: era disso que eu precisava! A noite dava indícios que não seria nem um pouco tranqüila para mim, ao sair do banho, procurei a carteira de habilitação de Suzana e viajei nas lembranças de nosso último beijo.
*********
Suzana me pegou por trás, inclinou meu corpo para frente deixando meu bumbum pressionar seu sex*, puxou-me pelos cabelos apertando meu corpo contra o seu deslizando sua língua por minhas costas, nuca, pescoço, mordendo, ch*pando arrancando meus gemid*s:
-- Su... Suzana... Vai... Entra em mim...
-- Isa? Isabela? Doutora Isabela!!!
Acordei suada, sem os lençóis que me cobriam, expondo meus seios pelo decote da camisola de seda e com Virginia sentada ao meu lado na cama com os olhos esbugalhados.
-- Virginia? O que faz aqui?
-- Ouvi você falando... Não era bem falando... Enfim, achei que você estivesse com pesadelos...
Pela primeira vez vi a jovem residente sem graça, desviando o olhar dos meus seios, procurando as palavras para explicar sua presença ali. Não era só ela que estava constrangida, imaginei o que eu poderia estar falando quando lembrei o que estava sonhando.
-- Ah desculpa ter te acordado mais uma vez Virginia...
Virginia olhou para os lados sem graça e viu no criado mudo o documento de Suzana, apertou os olhos e perguntou:
-- Essa é Suzana? Ué... O que a carta de habilitação dela faz aqui?
Senti-me como adolescente flagrada pelos pais com o boletim com notas vermelhas.
-- Pois é... Achei no hospital que minha amiga estava internada, e não consegui devolver...
-- A Suzana trabalha no hospital que sua amiga estava?
-- Na verdade, ela é a dona...
-- Nossa... Que poderosa... Pelo menos assim a gente já sabe como encontrá-la para marcar a consulta não é?
-- Ahan
Falei sem graça puxando o lençol a fim de me cobrir.
-- Parece que seu encontro com ela despertou... Seus sonhos...
Ruborizei notando que Virginia se divertia com minha timidez repentina.
-- Você está proibida de repetir o que ouviu de mim enquanto eu dormia!
Virginia gargalhou, colocou as mãos na cintura e disse:
-- Doutora Isabela! Não conhecia seu lado ditador!
Joguei um travesseiro em sua direção e Virginia deixou o quarto fugindo dos meus ataques.
Virginia saiu cedo, deixando um bilhete de agradecimento pela acolhida. Passei meu sábado na chácara da família de Camila, o vô Elias a cada dia se debilitava mais, mas se recusava a se internar. Senti muita falta da companhia de Bernardo, os domingos sem ele eram insuportáveis, dei o braço a torcer e o procurei.
-- Ora se não é a Isabela cara de remela batendo à minha porta!
Abraçou-me como sempre, me dando a sensação de alívio que estava tudo bem entre nós.
-- Um de nós tinha que dar o primeiro passo...
Comentei batendo no seu peito.
-- Ainda bem que foi você... Assim poupa meu discurso de cão arrependido.
-- Ei! Não vou fazer discurso de cadela arrependida não!
-- Ah não? Assim a reconciliação não tem emoção... Droga!
Sorri agarrando-o pela cintura, beliscando sua barriga.
-- Então, falou com a Olivia hoje? – Perguntei.
-- Sim, ela vai para casa amanhã. Quando voltei de lá ela já estava bem melhor.
-- Assim que acabarem as consultas de reavaliação do neurochip volto ao Rio para visitá-la...
Bernardo apertou os olhos, silenciou por alguns segundos, mas eu sabia que ele segurava a língua para não fazer um comentário maldoso.
-- Aaah eu vou falar! Não agüento! Você vai usar a coitada da Olivia pra justificar suas idas ao Rio agora?
-- Bernardo Luís você andou bebendo xampu de novo? Desde quando preciso usar a Olivia pra alguma coisa?
-- Ai Isabela pode parar ta! Aquela biscate foi visitar a Olivia sabia?
-- A Suzana?
-- Tá vendo? Você também a acha uma biscate!
Balancei a cabeça negativamente e perguntei ansiosa:
-- Olivia não comentou nada comigo... Quando ela foi?
-- Não comentou por que eu não deixei que ela entrasse... Ela foi no dia que você foi embora, com a história mentirosa da carteira de habilitação dela...
-- Mentirosa por quê?
-- Ai meu Deus, devia ter adivinhado... Você não devolveu o documento daquela vadia?
-- Eu não a encontrei...
-- Isabela! O hospital é dela! Acha que ninguém entregaria?
Desconfiada olhei para o chão como se ali eu encontrasse algo para contra argumentar as indagações de Bernardo.
-- Isabela escute bem o conselho que vou te dar de graça: Suzana não é mulher para você, ela não é mulher de uma só, ela não vai te dar a vida que Camila te deu, não vai te fazer feliz como você merece... É da índole dela, seduzir, atrair... Mulheres assim não conseguem ser fiéis por muito tempo.
- Bernardo você está sabendo alguma coisa que eu não sei?
-- Sei o óbvio... Que você fica nas mãos dela quando a vê e isso é um perigo se tratando de você e Suzana.
Fiquei pensativa enquanto Bernardo mudava de assunto. O simples fato de falar em Suzana já me deixava atordoada, e saber que ela de alguma forma me procurou no hospital me inquietou ainda mais. Os dias se passaram, as consultas de reavaliação estavam concluídas e todas as tentativas de contatar Suzana foram em vão.
Virginia entrou em minha sala no final do expediente encontrando-me exausta:
-- Que cara doutora! Tudo isso é cansaço?
-- E a velhice chegando... Minha coluna não é mais a mesma...
Apertei meus dedos na altura do pescoço evidenciando as dores musculares que sentia quando Virginia se ofereceu:
-- Quer uma massagem?
Consenti e com as mãos de Virginia massageando minhas costas relaxei, fechei os olhos quando a porta do meu consultório se abriu: Suzana.
Fim do capítulo
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