CAPÍTULO 9: O DIA SEGUINTE
Não viram o dia amanhecer naquele subterrâneo quase sem luz, exceto pela fresta de sol adentrando pela janela na lateral do depósito, encoberta por algumas pilhas de caixas. O ruído de vozes se aproximando pelos corredores despertou Amy que mal podia acreditar na visão que tinha sob si mesma: o corpo moreno impecável de Esther, aquela aparência tranqüila de seu sono nem de longe lembrava a misteriosa e poderosa presidente da Gama-Tau. Beijou aquela face serena, inspirando o perfume cítrico suave que exalava, sussurrando perto de seu ouvido:
-Esther? Acorde...Esther?
Ao ver o rosto de Amy ali tão próximo do seu, sorriu, e beijou seus lábios com doçura:
-Bom dia loirinha...
-Loirinha? – Amy fez cara emburrada, quase que decepcionada.
-Oh! Desculpe-me...bom dia AMY!
Amy sorriu satisfeita, e roubou um beijo dos lábios carnudos de Esther, que correspondeu sem reservas.
-Precisamos arrumar um jeito de sair daqui Esther...ouvi vozes, certamente alguém virá aqui...
-Isso é fácil minha querida...basta eu ligar para Rachel e...
-Ligar para Rachel? De onde?
-Ops...
Esther sorriu escondendo o rosto no pescoço de Amy e respondeu quase cochichando qual criança entrega uma travessura:
-Do meu celular que está ali em baixo da poltrona...desliguei ontem...
-Não acredito! Esther!
-Ah Amy não podia perder a oportunidade de ficar a sós com você...assim...
-Mas tinha que ser assim?
-Ah...não vai brigar comigo por favor! O importante é que nos entendemos não é?
Amy sorriu em sinal de concordância, mas seguiu apressando-se para sair dali, a contragosto de Esther que parecia não querer que aquele momento acabasse tão cedo. Depois de devidamente vestidas, Esther ligou para Rachel, que nem pareceu se surpreender com o sumiço da amiga, em pouco tempo apareceu no depósito do Windson acompanhada de um funcionário.
Rachel não disfarçava a aprovação ao ver as duas juntas, visivelmente felizes, mas compartilhava com Esther uma preocupação, e ainda temia o plano de vingança da amiga contra Amy, tinha dúvidas a cerca da real intenção de Esther em se aproximar novamente de Amy naquela circunstância. Saíram juntas em direção a casa da fraternidade, sem trocarem uma palavra, mas a troca de olhares entre Amy e Esther era carregada de encantamento, isso despertava sorrisos silenciosos em Rachel, apesar de toda apreensão.
De volta à fraternidade, Rachel falou a amiga, num tom preocupado:
-Eu detesto ser estraga prazer, mas eu preciso conversar com você, e é urgente.
Esther reconhecia perfeitamente o tom apreensivo da amiga e dos seus motivos pra isso, apenas balançou a cabeça positivamente, e comunicou a Amy:
-Preciso conversar algumas coisas com Rachel, vá se trocar...depois vou no seu quarto...almoça comigo?
-Tudo bem, te espero...almoço sim.
Trocaram um selinho carinhoso e um afago delicado no rosto, Amy seguiu para seu quarto, enquanto Rachel e Esther foram à biblioteca, trancaram a porta, sem muito rodeio, Rachel indagou:
-O que está acontecendo de verdade Esther?
-Não sei Rachel...
-Não sabe? É bom que você saiba, porque ontem Amy estava com um namorado no baile, sumiu e aparece hoje de manhã com você, e ambas com esse olhar apaixonado...não preciso te dizer que Michelle procurou você a noite toda não é?
-Imagino...
-O que você está fazendo com ela? Ainda com seu plano de vingança?
-Não sei Rachel...já disse que não sei! Estou confusa!
-Esther, você sabe que está apaixonada pela Amy! Esqueça essa vingança amiga...
-Não posso Rachel...não posso! Minha vida toda esperei por esse momento de vingar o que Carol Anderson fez a minha mãe, e não posso desistir! Qualquer sentimento que eu tenha por Amy, terei que esquecer...
-Não é possível que você seja tão cabeça dura assim Esther! Você vai magoar de uma maneira definitiva a primeira pessoa que você gosta de verdade, por causa de um sentimento mesquinho, um objetivo de vida sem sentido!
-Rachel você nunca vai entender... todas as dificuldades que minha mãe passou e eu conseqüentemente, todo sofrimento dela, foi culpa da mãe de Amy! Não posso esquecer isso assim!
-Pode! Pode porque amor vence qualquer outro tipo de sentimento...
-Que exagero...amor? Só o que tenho por essa novata é uma atração forte...
-Atração? Ora não me vem com essa Esther! Conheço você muito bem...
-Ah Rachel! Além de tudo...você sabe que Michelle tem poder sobre mim...
-Pois é...ainda tem essa mulher na sua vida, com essa relação doente...Esther, nunca vi nos seus olhos um brilho como esse que vi hoje de manhã...você chega dos encontros com Michelle sem energia, sem vida...ela te suga o que você tem de bom amiga...eu não sei que tipo de relacionamento vocês tem, mas não pode ser normal, será que você não vê que isso te faz mal?
-Eu tenho uma dívida com Michelle, é mais um fardo conseqüente do que Carol Anderson fez a minha mãe e a mim...
-Ai amiga...você está centralizando sua vida em um sentimento tão...cruel, amargo...Esther, desiste disso...se livre dessa mulher, viva esse amor com a Amy...
-Rachel por favor...
Esther não tinha mais o que argumentar a conversa com a amiga parecia tê-la retirado bruscamente de um êxtase de bem-estar que ela desfrutava depois de se entregar a Amy, no fundo sentia um grande desejo de seguir o conselho de Rachel, mas algo maior pra ela lhe prendia, soava como um carma a ser pago, mas naquele momento desejou fugir disso, lembrando do olhar de Amy para ela no seu despertar.
Amy ao contrário de Esther, estava leve, sentia dentro de si uma felicidade inédita, acordou ao lado da mesma Esther que lhe pedira para ser só dela, não viu aqueles olhos castanhos nublarem ao amanhecer, ao invés disso, viu doçura, encantamento. Tomou banho ainda se deliciando do restinho do perfume de Esther no seu corpo, lembrando de cada momento com a morena, o sorriso vinha fácil. Logo ao sair do banho recebeu um telefonema de Philip, havia se esquecido completamente do amigo, ao se dar conta, já atendeu o celular com um pedido sincero de desculpas:
-Perdão amigo! Eu sei que mereço todo seu xingamento, pode descarregar!
-Amy? Está louca menina? Eu é que te devo desculpas...tranquei vocês no porão e esqueci do tempo na companhia de John só hoje pela manhã lembrei de destrancar vocês...mas quando fui lá...vi uma cena muito bonitinha...vocês duas dormindo abraçadas...achei melhor não interromper...
-Ai Philip! Parece que nosso plano deu certo afinal...
-Muito certo linda! Estou voltando para Los Angeles, arrasado fisicamente se é que você pode me entender... – Gargalhou alto – Mas valeu muito a pena...
-Eu nunca poderia imaginar...logo o John?
-Não duvide do meu gaydar nunca mais... – Gargalhou mais uma vez.
– Mas me diga, como você está?
-Muito bem amigo...esperando Esther para almoçarmos juntas...acho que estamos NAMORANDO Philip!
-Amy...fico muito feliz por você, mas preciso te alertar sobre uma coisa que ouvi por acaso ontem no estacionamento...
-O que? Quem falou? – Amy perguntou num tom angustiado.
-Uma discussão entre o casal Richards...o ricaço gritava com a perua algo sobre uma amantezinha...
-Mas o que isso tem haver comigo e Esther?
-Por que pelo que entendi, ele se referia a Esther como amante, ele estava brigando com a mulher porque ela passou boa parte da festa procurando por Esther, que ele ia tomar providências definitivas se ela não cumprisse um tal acordo...
Amy emudeceu por alguns segundos, sentiu um calafrio percorrendo sua espinha, lembrou na conversa que ouvira outro dia entre as duas no auditório, e concluiu que Michelle Roberts era uma ameaça poderosa contra sua felicidade com Esther.
-Amy? Você está aí ainda?
-Desculpe, sim, estou Philip...obrigada por me dizer isso, vou conversar com Esther sobre isso...
-Não amiga...não agora...deixa que ela te fale algo, que ela confie em você, ou ela pode pensar que você anda bisbilhotando a vida dela...enfim...
-Você tem razão amigo...muito obrigada por tudo viu?
-Precisando de mim, basta ligar você sabe que venho no mesmo
instante!
Amy sentia que era sincero o compromisso de Philip em ajudá-la a qualquer momento, finalizou a conversa tão logo ouviu batidas na porta de seu quarto, sentiu o coração acelerar, um tremor subindo por suas pernas e sabia, era Esther à sua porta. Apressou-se em abrir a porta e ver aquela morena estonteante parada diante dela com um sorriso absolutamente fascinante, nas suas mãos, dois capacetes:
-Vamos?
Amy apenas balançou a cabeça positivamente retribuindo o sorriso com o mesmo brilho no olhar, não resistiu à expressão de felicidade da morena, beijou-lhe suavemente os lábios, fazendo Esther ficar corada com o gesto de delicadeza extremamente carinhoso. Desceram as escadas trocando olhares de encantamento, no térreo da mansão, as demais irmãs da fraternidade pareceram calar qualquer assunto ao avistarem a presidente da Gama Tau com sua escolhida descerem juntas os degraus numa atmosfera de casal apaixonado, ver Esther com aquele aspecto era inédito, para as veteranas, Esther sempre se apresentou como uma mulher enigmática, autoritária, todas conheciam seu hábito de seduzir meninas vulneráveis no campus, assim como deixar muitas apaixonadas, até mesmo dentro da fraternidade, mas nunca souberam de algum tipo de relacionamento mais sério da morena.
Rachel foi mais uma das meninas a se surpreender com a disposição da amiga em se mostrar tão transparente diante das irmãs acerca dos sentimentos dela por Amy, não escondeu sua satisfação com isso, torcendo interiormente para que a amiga esquecesse enfim o tal plano ardiloso de vingança e se entregasse nesse relacionamento. Laurel por outro lado demonstrava preocupação, temia que a presidente da fraternidade magoasse mais uma vez a loirinha a qual a ruiva nutria tanto carinho e amizade. Mas quem mais ficou visivelmente perturbada com a aparição do casal foi sem dúvida Ellen.
Ellen parecia soltar faíscas de raiva pelo olhar, apertou com força o taco de sinuca que segurava, olhava fixamente pra Amy e Esther como se desejasse só pela força da mente derrubá-las dos degraus. Ao contrário da platéia da mansão Gama-Tau, o casal ignorou todos os olhares, saíram pela entrada principal, montaram na motocicleta da morena, Amy com a postura de namorada de Esther, abraçou-a pela cintura forte, mas carinhosamente, a morena deslizou as mãos pelos braços de Amy envoltos nela como se aprovasse o gesto da loirinha.
Chegaram na marina da cidade, Amy logo avistou o barco de Esther, cenário da noite de amor que resultou na manhã de decepção, quando Esther a abandonou lá, sentiu um frio na espinha ao lembrar do episódio, Esther pareceu entender a expressão de receio de Amy, segurou sua mão e disse mansamente:
-Não se preocupe, vamos pra um lugar especial hoje e lá não tem táxi...logo não posso te deixar lá...
A morena disse isso num tom jocoso, despertando um sorriso tímido da novata. Embarcaram e alguns minutos depois Esther recebeu a entrega de um restaurante, guardou tudo na cabine e em pouco tempo estavam em alto mar, Esther mantinha o tom de mistério acerca do destino final delas, mas Amy não estava preocupada, via nos olhos da morena uma paixão sincera, abraçou-a por trás enquanto Esther conduzia a embarcação, se deliciando no cheiro da nuca morena desnuda por um rabo de cavalo, a loirinha roçava o nariz e a boca ali provocando arrepios na pele macia de Esther.
Navegaram por cerca de meia hora, chegando numa ilha completamente deserta. Um cenário deslumbrante que deixou Amy sem voz, Esther sorriu e dessa vez foi ela a abraçar a loirinha, recostando seu queixo nos ombros de Amy cochichando no seu ouvido:
-Hoje, essa ilha é nossa...
Amy suspirou, girou seu pescoço a fim de alcançar os lábios de Esther, trocando um beijo apaixonado, cheio de desejo. No convés do barco, Esther serviu o almoço encomendado, dedicando uma atenção absoluta a Amy, que a essa altura estava inevitavelmente rendida ao clima romântico que Esther preparou.
Depois do almoço, Esther conduziu Amy até a praia, caminharam de mãos dadas, naquele momento só existiam elas duas no mundo, Esther não cansava de se desdobrar em cuidados com a loirinha, que olhava para ela como se estivesse diante de uma nova mulher, mas com o mesmo encanto misterioso. Conversaram amenidades, Esther tinha mil histórias engraçadas à contar das meninas da fraternidade, Amy se divertia com a descontração da morena, os risos só paravam para dar espaço a troca de carinhos, testemunhada apenas pelo cenário paradisíaco.
Sentadas na praia, viram o sol se escondendo, se amaram ali mesmo sem pressa, sem medos. Andaram juntas até o mar, e se deixaram ser banhadas naquela água que parecia acompanhar os movimentos de ambas se tocando com volúpia. Finalmente voltaram ao barco quando a noite se aproximava, antes de zarpar, Esther pediu que Amy sentasse ali mesmo no convés, e em segundos surgiu com um violão, sentou-se em frente a loirinha, que nesse momento já escancarava um sorriso iluminado pela lua na sua pele ruborizada pelo sol do dia. Esther apenas sorriu, e anunciou:
-Escutei essa música e achei que ela expressa o que quero dizer...como sou desajeitada com diálogos...acho que isso você percebeu...então...presta atenção ta?
I don't know but
I think I may be
Fallin' for you
Dropping so quickly
Maybe I should
Keep this to myself
Waiting 'til I
Know you better
Eu não sei mas
Talvez eu esteja
Me apaixonando por você
tão rapidamente
Que talvez eu deva
Guardar isso para mim
Esperar até conhecê-lo melhor
I am trying not to tell you
But I want to
I'm scared of what you'll say
So I'm hiding what I'm feeling
But I'm tired of
Holding this inside my head
Estou tentando
Não contar pra você
Mas eu quero
Estou com medo do que irá dizer
Então escondo
O que estou sentindo
Mas estou cansada de
Segurar isso dentro da minha cabeça
I've been spending all my time
Just thinking 'bout you
I don't know what to do
I think I'm fallin' for you
I've been waiting all my life
And now I found you
I don't know what to do
I think I'm fallin' for you
I'm fallin' for you
Eu tenho passado todo o meu tempo
Somente pensando em você
Eu não sei o que fazer
Acho que estou me apaixonando por você
A minha vida inteira eu esperei
E agora que te encontrei
Não sei o que fazer
Acho que estou me apaixonando por você
Estou me apaixonando por você
As I'm standing here
And you hold my hand
Pull me towards you
And we start to dance
All around us
I see nobody
Here in silence
It's just you and me
Enquanto estou aqui
E você segura a minha mão
Me puxa para perto de você
E começamos a dançar
Tudo à nossa volta
Eu não vejo ninguém
Aqui neste silêncio
Somos só você e eu
*Fallin’ for You ( me apaixonando por você) – Colbie Caillat
Amy completamente emocionada com o gesto de Esther, permitiu que os olhos marejados soltassem uma lágrima de puro encantamento. Não teve outra forma de agradecer senão um beijo apaixonado e inteiro. Zarparam da ilha com a noite enfim exposta, Amy protegia sua amada do frio com um casaco e a abraçando forte. Quando finalmente atracaram no cais a atmosfera de magia deu sinais de estar chegando ao fim, tão logo o sinal do celular foi captado o aparelho da morena começou a tocar insistentemente. Esther se afastou de Amy para atender, com uma expressão tensa:
-Oi, o celular estava desacarregado...não, nem vi que estava sem bateria...agora? Não...não precisa vir me buscar! Eu vou, chego aí em meia hora. É, preciso tomar banho, me vestir...ora por favor! Chego o mais rápido que puder.
Desligou o telefone irritada, e aqueles olhos antes tão radiantes de felicidade, agora evidenciavam uma tristeza dilacerante. Amy conteve sua vontade de perguntar quem estava ao telefone com ela para deixá-la naquele estado, mas lembrou-se do conselho de Philip sobre respeitar o tempo de Esther em se abrir com ela, assim ela confiaria mais. Entretanto, os o olhar de Amy era de interrogação, o que motivou Esther a se pronunciar:
-Precisamos ir Amy, preciso resolver algumas coisas urgentes,
desculpe-me...vamos? Vou te deixar na fraternidade.
-Aconteceu alguma coisa Esther? Você parece nervosa...
-Nada não...vamos? Estou com um pouco de pressa.
Esther já possuía no tom de voz aquela aspereza que tanto machucava Amy, isso apressou a loirinha, que foi recolhendo seus pertences pelo barco enquanto Esther caminhava pelo pier até a motocicleta estacionada. Fizeram todo o percurso num silêncio absoluto até de gestos, o contrário do trajeto de ida. Amy desceu da moto na frente da mansão Gama-Tau, olhou para Esther que fugia do olhar da loirinha, nem retirou o capacete, levantou um pouco apenas para falar:
-Guarde esse outro capacete, depois pego com você...
-Esther...eu vou te esperar voltar para...
-Não, não me espere por favor, não sei que horas volto ok? Até mais.
Ajeitou o capacete, deu partida na moto deixando Amy atonita, mais que isso, temerosa de que mais uma vez fora usada pela presidente da Gama-Tau, ao mesmo tempo os momentos que passara com Esther naquela tarde revelaram um lado sensível incapaz de repetir o que fizera outras vezes. Subiu as escadas da mansão numa confusão de pensamentos, ignorou a presença e os olhares das irmãs da fraternidade de especulavam o motivo de Amy voltar sozinha para casa.
Esther pilotou sua moto com o pensamento perdido, no seu corpo ainda a lembrança do cheiro doce de Amy, mas a angústia de seguir ao encontro do que ela considerava obrigação incontestável, na verdade, um fardo na sua vida. Poucos minutos depois, ela estava diante de uma luxuosa casa de praia, com espaçosas janelas de vidros no segundo andar, uma varanda ampla que acolhia confortáveis cadeiras para tomar sol, em pé na varanda, estava uma bela mulher, vestida num hobby transparente, tecido tão leve, que esvoaçava expondo a lingerie branca inegavelmente sensual.
A tal mulher, observou Esther adentrar pelo portão e estacionar a moto na frente da garagem enquanto degustava sua taça de champagne. Sem muita pressa, Esther entrou na mansão, colocando o capacete em qualquer lugar, até notar a presença da sedutora mulher descer as escadas de degraus encarpetados, e com tom ríspido abordou a morena:
-Qual parte do “quero ver você agora” você não entendeu?
-Michelle, por favor...estou cansada, vim o mais rápido que pude...
Michelle Roberts, aproximou-se de Esther que sequer tinha disposição de encarar aquela beldade, mas esta, não se importou com a frieza da morena, com todo domínio e empáfia que lhes eram tão peculiares, foi despindo Esther, praticamente rasgava suas roupas, arranhando suas costas e braços. Esther não esboçava reação alguma, depois de totalmente despida diante de Michelle, simplesmente abriu os braços e disse com tom de revolta:
-Pronto...use logo o que você quer.
A frase da morena despertou a fúria da senhora Roberts, que não tardou demonstrar isso, deferindo na face de Esther um sonoro tapa, deixando as marcas de seus dedos no rosto profundamente magoado da presidente da Gama-Tau. A revolta entretanto, não adormeceu, ajeitou seus cabelos que caíam sobre os olhos e desafiou Michelle mais uma vez:
-Então hoje vai ser no estilo sádico? Onde estão seus brinquedinhos?
Ao ouvir isso Michelle fez menção de repetir a agressão, mas o olhar fixo de Esther sem manifestar qualquer medo a tal gesto pareceu intimidar aquela dura mulher, que parou a mão no ar, ao invés de um tapa, entrelaçou seus dedos nos cabelos de Esther, puxando-a com força para perto de seu corpo, conduziu a mão de Esther para dentro de sua calcinha e cheia de desejo ordenou:
-Sua vadiazinha...me coma agora!
Esther sabia que não tinha escolha, mas encheu seus movimentos de agressividade, empurrou Michelle contra a parede, levantou uma das pernas da senhora Roberts, e penetrou com força dois dedos no sex* de Michelle, fazendo questão de aranhar a cavidade daquela mulher com suas unhas, desejava machucá-la, estava tomada de sadismo, e esse sentimento regeu aquele ato, o que não evitou que Michelle goz*sse nas mãos da morena.
Contrariada por ter dado prazer a aquela ardilosa mulher, Esther se afastou bruscamente, catando suas roupas pelo chão, pensando talvez em encontrar pelo chão um resto qualquer de dignidade para voltar pra mansão Gama-Tau, quando fora mais uma vez abordada por Michelle, que lhe agarrara por trás, apertando seus seios com violência, com uma mão desceu até o sex* de Esther e disse de maneira autoritária como sempre:
-Agora você vai dar pra mim sua cadela!
Esther tentou se defender, mas era inútil diante de Michelle Roberts, esta, jogou a morena nos degraus das escadas, e movimentou-se sobre a morena penetrando hora, dois, hora três dedos, com as unhas afiadas, despertando gemidos de dor de Esther, tal som parecia excitá-la ainda mais, a morena por sua vez, derramava lágrimas, desejando mais do que nunca livrar-se de seu passado, de seu carma, ou sua missão de vingança.
Michelle levantou-se daqueles degraus, encarando Esther com ares de interrogação, mais que isso demonstrava raiva.
-O que está acontecendo heim? Até parece que estava sendo torturada...
-Já está satisfeita Michelle? – Esther perguntou enquanto mais uma vez recolhia suas roupas.
-Eu te fiz uma pergunta!
-Estou cansada Michelle...
-Você chega aqui fedendo a praia...não usou os cremes e perfumes que lhe dei? Dei para você usar comigo, já lhe avisei que não quero esse cheiro de latina...
-Chega Michelle!
-Quem você pensa que é pra gritar comigo sua vadia?
Nesse momento Michelle segurou firme os braços de Esther, cravando suas unhas a tal ponto que ao tentar desvencilhar seus braços das unhas de Michelle, a morena viu o sangue escorrer em um arranhão no seu braço esquerdo. Observou o arranhão, recolheu rapidamente as roupas, e saiu em direção ao banheiro do térreo da mansão, não queria chorar, demonstrar fraqueza na frente de Michelle. Diante do espelho do banheiro se olhava perguntando-se sobre o caminho que escolhera pra sua vida, chorou copiosamente enquanto se lavava...vestiu-se enfim e voltou para sala, encontrando Michelle, vestida na mesma lingerie sensual segurando outra taça de champagne.
-Você não vai a lugar nenhum...não te dispensei ainda, esse noite você dorme aqui.
-Não, estou indo embora.
-Não é um pedido Esther, não me irrite!
-Não é uma resposta, é um comunicado, estou indo embora.
-Seu ataquezinho vai lhe custar caro...pode esperar...
A morena estremeceu com a ameaça daquela mulher que soltava faíscas de raiva pelo olhar, mas mesmo assim não perdia o ar dominador. Mesmo temendo a retaliação, pegou seu capacete e bateu a porta da mansão, experimentando junto com esse temor, a mesma sensação que sempre lhe tomava depois de encontrar-se com Michelle: humilhação, revolta, angústia.
Fim do capítulo
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