Capitulo 25
Uma semana se passou desde minha decisão, deixei que Jennie resolvesse tudo, não estava com cabeça para resolver detalhes, tudo que queria era partir o mais breve possível. Não tenho a ilusão de que a Holanda não me fará esquecer Savannah, mas sei manterá minha mente ocupada, e talvez essa mudança brusca de cenário amenize minimamente a sensação de vazio constante.
— Emma?
— Estou aqui Jennie. — Digo saindo da estufa.
— Veja, já efetuei as reservas, você poderá ir para Holanda daqui a oito dias.
— Ótimo!
— Acertei sua estadia em um ótimo hotel, tem tanta coisa maravilhosa para conhecer.
— Obrigada Jennie.
— Quando voltará?
— Não sei, talvez passe bastante tempo, sempre gostei da Holanda.
— Está fugindo de algo? — Jennie me encara.
— De tudo. — Somos interrompidas pelo toque do meu celular. — Com licença. — Volto para a estufa. — Alô?
— Emma Clark? — Uma voz feminina pergunta.
— Sim?
— Aqui é do hospital de San Francisco. — Meu coração dispara no mesmo instante. — Sua irmã Dominique Clark sofreu um acidente.
— Como?
— Ela foi atropelada. A senhora poderia se dirigir até o hospital?
— Estou indo agora mesmo.
Pego minha bolsa e explicou a situação para Jennie, assim que entro no carro acelero o máximo que posso. Dome andava extremamente deprimida, Paige não atendia seus telefonemas, não respondia suas mensagens, barrou a entrada dela, no prédio onde mora e não permitiu que Dome chegasse nem perto do seu consultório. Minha pobre irmã andava triste pelos cantos nem mesmo Jimmy e Ellen conseguiram anima-la, nossa semana foi cheia de lamentações e Rock roll.
Chego no hospital, me identifico na recepção e sou encaminhada até a emergência, entro as pressas no local, tenho medo do estado em que Dome se encontra, mas respiro fundo e sigo.
Para minha surpresa ela está aparentemente inteira, seus olhos estão fechados e assim que me aproximo ela começa a dar suspiros de dor. — Ahhh… Está doendo tanto, tanto… Não posso mais aguentar. — Dome fala dramaticamente. — Céus, céus… Como doe…
— Dome?
— Ohhh… que dor… Que… — Dome abre seus olhos e ao me ver parece desapontada. — Ah, é você?!
— Dome o que aconteceu? Pensei que estivesse em estado grave.
— Bem, não é exatamente grave. No entanto, Paige não precisa saber disso.
— Dome! Não acredito que está fazendo essa cena ridícula apenas para ver Paige.
— Essa é a única maneira del… — Dome para de falar e começa a gem*r de dor — Ohh… Emma, não chore, seja forte.
— Dome, fiquei tão preocupada quando soube que estava aqui. — Paige se joga em cima de Dominique.
— Emma de quem é essa voz? Não consigo ver direito.
— E Paige, Dominique. — Digo tentando segurar uma gargalhada.
— Paige? Meu grande amor está aqui? — Reviro os olhos enquanto Dome segura as mãos de Paige que a essa altura está aos prantos.
— Sim, meu amor, estou aqui. Dome, por favor perdoe-me.
— Paige, eu que peço seu perdão, jamais planejei magoar você, acredite em mim.
— Eu acredito.
Paige beija Dome, a qual corresponde de modo rápido, rápido demais para alguém que está sofrendo dores horríveis, quando às duas começam a perder a compostura sinto que devo interromper.
— Pessoal… Pessoal. — Elas continuam aos beijos. — Pesso…
— O que está havendo aqui? — Um Senhor vestido em um impecável jaleco branco pergunta. Paige se afasta de Dome no mesmo instante.
— Papa?
— Paige? O que você pensa que está fazendo?
— Eu, eu…
— Ela estava apenas prestando socorro a minha irmã. — Digo.
— Ora, minha jovem estou velha demais para cair nessa. — Ele diz e me sinto envergonhada. — Essa é sua postura de médica? Ficar aos beijos com seus… suas pacientes?
— Perdão, Papa. — Paige mantém seus olhos baixos.
— E ainda por cima está beijando uma maluca!
— Ei. Pega leve vovô.
— Dome! — Paige lança um olhar reprovador para ela. — Papa, peço que me perdoe, mas é que essa mulher está gravemente ferida e nós temos um relacionamento, não consegui me conter ao vê-la sofrer.
— Gravemente ferida? Relacionamento? Então essa é a garota da qual nos falou? — Ele começa a rir.
— Papa?
— Paige, ela não está gravemente ferida, só tem alguns arranhões.
— Não está?
— Ela está perfeitamente bem.
— Não acredito que mentiu novamente para mim Dominique! — Paige está vermelha de raiva.
— Esse era o único jeito de fazer você me ouvir. Você não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens e não posso chegar perto do seu prédio. A única maneira foi entrar no hospital, sabia que se eu me machucasse você cuidaria de mim e me ouviria. — Minha irmã aprendeu mesmo o quão louco pode ser o amor.
— Você foi realmente atropelada? — Dome iria responder, mas foi interrompida pelo médico mais velho.
— Posso garantir que ela foi atropelada. Bem, ela se jogou contra meu carro.
— Você se jogou contra o carro do meu pai?
— Ele é seu pai?
— Antônio Miller, é um prazer finalmente conhece-la, Dominique. — Ele diz. — Paige querida, eu vi essa mulher tentar entrar neste hospital de todas as maneiras possíveis e quando ela chegou ao ponto máximo da loucura de se machucar para poder ser atendida achei que tinha um motivo realmente forte, eu a trouxe desacordada para a emergência, ela teve sorte por não ter acontecido algo realmente grave.
Minha filha, agora que sei por qual razão ela fez tudo isso devo dizer que acredito que ela realmente a ama e se você deixa-a escapar estará sendo uma tola.
— Eu… eu…
— Perdoe essa mulher. — Paige encara Dome que no momento olha para seu próprio colo.
— Tem razão Papa, eu seria uma tola se deixasse alguém como Dome escapar. — Paige segura o rosto do Dome entre as mãos e planta um suave beijo em seus lábios. — Eu te amo Dome Clark. — O sorriso que aparece no rosto de Dome é impossível de ser descrito.
— Papa Miller, eu gostaria de pedir a mão de sua filha em casamento. — Paige e eu levamos as mãos a boca chocadas com a atitude de Dome.
— E toda sua. — Antônio responde com um largo sorriso.
Dome e Paige se abraçam e trocam rápidos beijos, mas a farra não dura muito, Dome precisou fazer alguns exames e Paige tinha outros pacientes, os quais ficaram sabendo do seu noivado e lhe parabenizaram. Dome sairia no dia seguinte, então pude voltar ao trabalho na parte de tarde.
— Como Dominique está? — Jennie pergunta aflita.
— Noiva!
— Noiva?
— Coisas da Dome, Jennie, coisas da Dome. — Isso foi suficiente para conter a curiosidade dela.
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— Sentirei sua falta. — Dome dizia ao me abraçar, Paige, Tilly, Penélope, Jimmy e Tom me abraçaram em seguida.
— Também sentirei a falta de todos. — Estávamos no aeroporto, meu voo sairia em alguns minutos.
— Não coma muito daquelas salsichas e nem fiquei viciada em cerveja. — Tom diz.
— Tentarei me controlar, mas para todos os efeitos estou indo para Holanda e não para a Alemanha. — Digo e todos rimos.
— Emma, podemos falar um minuto? — Tilly pergunta.
— Claro. — Nos afastamos um pouco do restante do grupo. — Algum problema? — Pergunto.
— E sobre Savannah. — Só de ouvir esse nome uma grande dor atravessa meu peito. — Ela está…
— Eu não quero saber Tilly! — Ela suspira decepcionada.
— Emma, ouça.
— Não! Estou tentando esquecer, por favor respeite minha decisão. — Ok.
O número do meu voo começa a ser chamado, me despeço de todos mais uma vez e sigo para o portão de embarque, realizo o procedimento padrão e minutos depois já estou acomodada confortavelmente na primeira classe, teria longas horas de viagem pela frente.
Li um livro, ouvi algumas músicas, dormi, li novamente, comi uma coisa ou outra e mais uma vez cai no sono. Quando abri os olhos já estava em solo holandês.
Desembarquei e assim que sai do aeroporto sofri com a queda de temperatura, peguei um táxi o qual me deixou no Hotel Tulip Inn Amsterdam West, um quase 5 estrelas, Jennie sabia ser uma boa amiga quando queria. Fiz o registo de entrada e finalmente me instalei no quarto.
Amsterdã estava sobre a influência do fuso horário europeu criando a diferença de duas horas do horário de San Francisco, nada mal.
Como dormi bastante no avião e ainda é fim de tarde resolvi conhecer um pouco as proximidades do hotel, tomo um banho rápido e me agasalho como posso, essa época do ano é bem fria. Saio pelas ruas próximas ao hotel, não precisei andar muito para encontrar um café, era um lugar aconchegante e uma bela torta chamou minha atenção, sentei na única mesa vazia do lugar e fui rapidamente atendida, pedi a torna e um café, eu precisava me aquecer. Observo a paisagem, as pessoas e o ar agradável dessa parte da cidade. Amsterdã continua linda.
— Pardon. — Meus pensamentos são interrompidos por uma mulher alta e de olhos muito azuis, ela tem cabelos ruivos e pequenas sardas, é muito bonita. — Mogen we de tafel delen? — Ela diz.
— Ham… Me desculpe, eu… eu… não falo seu idioma. — Digo completamente atrapalhada.
— Turista?
— Sim. — Sorrio sem graça.
— Pedi para me sentar com você, todas as outras mesas estão ocupadas e bem cheguei aqui primeiro e sai para cumprimentar um amigo no balcão.
— Desculpe. — Digo ficando de pé.
— Não precisa ir embora, só precisamos dividir a mesa, se não se importar.
— Ham… Ok. — Não parecia muito comum fazer isso, mas não aceitar seria grosseria.
— Sou Frena Joep, mas você pode me chamar Fren.
— Emma Clark, você pode me chamar Emma. — Digo e ela ri.
— Welcome to Amsterdam Emma.
— Dank u.
— Achei que não falasse holandês.
— Arrisco algumas palavras.
— Je bent erg mooi — Ela diz de forma charmosa e fico vermelha. Acredito que gostarei de Amsterdã.
* Je bent erg mooi- Você é muito bonita.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 20/11/2021
Aí Emma já chegou arrasando kkkk
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