Capitulo 24
Sai daquele hospital como uma condenada à morte, bem eu não estava mesmo me sentindo viva naquele momento, um grande buraco foi aberto em mim, todas as minhas energias foram sugadas, tudo que sobrou foi a dor e a certeza de que eu nunca mais veria Savannah.
Não sabia aonde ir, não queria voltar para casa haviam lembranças demais lá. Entrei no carro e segui rumo a uma direção qualquer, eu só queria chorar até não aguentar mais, eu queria esquecer toda aquela angustia e sofrimento, não aguentaria imaginar Savannah simplesmente partindo, indo embora com outra pessoa.
Parei em um posto de gasolina e enchi o tanque, dirigi por horas entrando e saindo das ruas de San Francisco, quando senti que não teria mais forças para me manter acordada resolvi voltar para casa, já era quase fim de tarde quando retornei, assim que abri a porta vi Dome, ela estava andando de um lado para o outro sua expressão preocupada.
— Onde você estava? Quer me matar de preocupação? — Ela segura em meus braços com força. — Responda! Onde você estava?
— Eu estava por aí, eu estava em todos os lugares e em lugar nenhum.
— Por que não atende o telefone?
— Dome, por favor me deixe sozinha.
— Emma, eu sei que está sendo difícil, mas você precisa ser forte e…
— Não, você não sabe o quão é difícil, eu torço para que você nunca precise saber.
— Hey, vem cá. — Dome me puxa até o sofá, põe uma almofada no colo e sinaliza para que me junte a ela, deito no sofá e apoio a cabeça no colo de Dome. — Sei que está doendo, mas passará. — Começo a chorar e soluços escapam da minha garganta.
— Nunca irá passar, Dome.
— Vamos ter paciência, ok? Um dia de cada vez.
Acabo dormindo no colo de Dome, meu corpo é finalmente vencido pelo cansaço e me deixo ir de encontro ao sono, peço por um branco total em minha mente sem imagens ou qualquer lembrança, rogo apenas pelo silêncio.
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— Emma, acorde. — Ouço a voz de Dome.
— Humm… Mais cinco minutos.
— Fale isso para Jennie ela está ligando a cada dois minutos.
— Jennie?
— Sim, ela… — Dome é interrompida pelo toque do telefone. — Alô… Sim, ela já acordou… Jennie acalme-se… Não seja histérica… Não, não chore… Sei que suas pernas estão enormes… Não, eu não quis dizer enormes desse jeito… Jennie! Passarei para Emma — Dome me entrega o telefone. — Eu não aguento todos esses hormônios. — Sim, Jennie… Ok, ok… estarei aí as em alguns minutos… Não, não penso que esteja terrivelmente gorda… Sim, direi a Dome, ok… ok… Já estou indo.-desligo-Jennie deseja vê-la Dome. — O que ela quer? — Castiga-la com seus hormônios. — Não sei como aguenta. Desde que ela engravidou ficou ainda mais dramática. — Preciso correr. — Você está bem? — Ficarei em algum momento.
A pergunta de Dome me fez lembrar dos últimos acontecimentos, ainda está doendo e sei que doerá por muito tempo, mas preciso aprender a conviver com isso, apenas um dia de cada vez. Subo as escadas e paro diante da porta do quarto que dividia com Savannah um dia atrás. Respiro fundo e abro a porta, me preparando para encarar todas as suas coisas, porém ao observar o local vejo que elas não estão mais lá.
— Tilly levou as coisas de Savannah ontem a noite enquanto você dormia. — Dome diz, não havia notado sua presença.
— Paige deu notícias?
— Ela foi para Los Angeles no primeiro voo de hoje.
— Não esperava que fosse tão rápido.
— Ela se foi assim como chegou, de repente. Aprendemos a seguir sem ela. — Dome me abraça pela cintura tentando me passar segurança.
— Tomarei banho, antes que Jennie ligue novamente. — Digo me afastando do abraço.
— Bem, se serve de consolo Jimmy também anda nervoso, um assistente histérico não é muito diferente de uma grávida cheia de hormônios. — Acabo rindo, acredito ser meu primeiro sorriso depois de tudo.
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— Graças aos céus. Emma, o que você tem contra chegar na hora? — Jennie diz exasperada.
— Desculpe, tive um dia difícil.
— Bem, tenho uma novidade que certamente fará você se animar. Temos alguém querendo investir em nossa floricultura na Holanda.
— Que ótimo. — Digo sem a menor animação.
— Emma, você tem noção do que isso significa?
— Que é um ótimo negócio.
— Não é apenas um bom negócio, teremos lucros incríveis e seu trabalho será finalmente conhecido em outros países.
— Estou ciente disso Jennie.
— Então, porque não parece feliz?
— Eu não sei se serei capaz de ser feliz novamente algum dia. Vou para o laboratório.
— Emma?
— Agora não Jennie, por favor, agora não.
Passei todo o dia no laboratório, não sai nem mesmo para almoçar, não sentia fome, na verdade, eu não sentia nada. Por vezes meus pensamentos iam parar em Savannah, bem todos os segundos desde dia foram pensando nela, por mais que tentasse me concentrar em qualquer outra coisa eu acabava pensando nela. Meu coração se dividia entre tristeza, raiva e culpa. Sentia raiva por ela ter me deixado e me sentia culpada por não entender a promessa que ela fez a filha, por horas me tornava egoísta, cheguei a pesquisar voos disponíveis para Los Angeles, me imaginei trazendo Savannah de volta, mas sabia que quebraria algo entre ela e a lembrança de Emy, e não tinha esse direito.
Respirei fundo e tentei me conformar, mesmo que meu coração se apertasse com minha decisão de esquecer, não existia outra solução.
Já se passava das 20:00 quando voltei para casa, assim que entrei ouvi vozes exaltadas. Ao me aproximar notei que Paige discutia com Dome.
— Encontrei Chris e ele me pediu para agradece-la por convencer seu atual marido á procura-lo no dia do casamento. — Ah, droga!
— Posso explicar. — Dome dizia.
— Você vai me explicar como planejou me envergonhar na frente de todas aquelas pessoas? Fui uma grande piada, não é?
— Paige, não, não… Eu não pedi para ele aparecer no dia do casamento, eu jamais faria isso com você.
— Então como você explica toda aquela cena Dominique?
— Ele simplesmente apareceu, eu já tinha perdido todas as esperanças de impedir o casamento.
— MENTIROSA! TUDO QUE SAI DA SUA BOCA SÃO MENTIRAS.
— Paige, por favor me ouça.
— Não, eu nunca mais quero ver você Dome!
— Não diga isso, vamos conversar.
— Acabou Dominique, acabou! — Paige vem em direção a porta, eu não sabia o que fazer, me vi totalmente sem graça parada na porta ouvindo a conversa das duas. — Você sabia? — Paige pergunta.
— Paige…
— Não precisa dizer mais nada. Vocês duas são completamente malucas. — Paige passa por mim, Dome vem logo atrás, mas seguro em seu braço impedindo que ela vá atrás dela.
— Solte-me!
— Deixe ela se acalmar Dome, ela não ouvirá você nesse estado.
Dome volta para sala e se joga no sofá, fecho a porta atrás de mim, mas antes que me afaste ouço a campainha.
— Paige.-! Antes que eu abra Dome se põe em minha frente, mas para nossa total decepção é Michael.
— Boa noite garotas. — Ele entra sem ser convidado, em suas mãos como sempre um boque de rosas vermelhas.
— Era só o que faltava! — Dome diz.
— O que faz aqui?
— Ora, é assim que você recebe seu noivo?
— Você não é mais meu noivo, aliás não sei como ainda tem coragem de aparecer aqui.
— Emma, eu resolvi esquecer tudo. Resolvi perdoar você, fingiremos que nada daquilo aconteceu.
— Você só pode está de brincadeira com a porr* da minha cara.
— Eu te amo Emma, fiquei sabendo que aquela mulher partiu hoje. Se ela realmente amasse você teria permanecido ao seu lado.
— Ela só foi embora por sua causa, se não tivesse procurado Nancy, Savannah certamente estaria aqui.
— Não seja tola! Ela seria encontrada cedo ou tarde pela esposa. Sua querida ex namorada resgatou os documentos, usou os cartões de crédito, isso com certeza não passou despercebido. Quando procurei por ela na internet acabei vendo uma matéria que falava do seu desaparecimento. Você ignorou todos os sinais de que ela poderia ter alguém, assim com ela.
Mas, eu como um bom cidadão americano entrei em contato com a pobre esposa da Senhora Savannah Owens, passei seu endereço e veja só. Ela agora está com quem de fato ama. — A frieza com que Michael fala essas palavras, é assustadora.
— Você é um homem doente. — Dome se manifesta.
— E você pequena Dome? Humm… Vejo que doutora saiu daqui um pouco descontrolada. Não seria por ela ter conversado com Chris, seria? Não me diga que ele procurou mesmo por ela?
— Do que está falando?
— Veja que coincidência. Chris e eu estudamos juntos, éramos bem amigos, nos encontramos um dia desses e ele me contou que é gay, falou ter deixando um importante médica no altar. Quando perguntei se era a graciosa Dra. Paige Morello eis que veio a confirmação, Chris contou que seu atual marido. — Michael começa a rir.-Desculpem, eu não consigo lidar com essas bichas. Continuando, o marido de Chirs, Mark contou que recebeu conselhos de um anjo ruivo o qual deduzi ser você Dome. Então, aconselhei Chris a procurar sua ex noiva e contar como você o havia ajudado e veja só, ela procurou mesmo a Doutora, mas pelo visto ela não gostou muito de saber o que você fez, não é Dominique?
— EU VOU MATAR VOCÊ, SEU DESGRAÇADO! — Dome parte para cima de Michael, mas a seguro pela cintura.
— Michael, sai daqui agora!
— Isso significa que você não vai querer voltar para mim, meu amor? — Ele diz cheio de ironia.
— Sua ideia nunca foi que voltássemos, você só veio aqui avaliar o estrago que causou.
— De fato Emma, no fim das contas você pagou caro por me deixar pela aquela lésbica esquisita e agora levou um pé na bunda também.
— Emma me solte, deixe eu quebrar a cara desse desgraçado!
— Dome, fique calma.
— Solte ela Emma, veja eu foi ficar de joelhos para você poder me dar um soco pequena Dome. Venha, venha — Michael chama por Dome, ela consegue se livrar do meu agarre e para em frente a ele.- Bata bem aqui. — Ele se abaixa e aponta o queixo com o dedo.
— Acho melhor bater aqui primeiro. — Dome dá uma joelhada entre as pernas de Michael, ele cai dando um forte grito de dor, para minha surpresa Dome também lhe dá um soco que quebrou possivelmente seu nariz. Ele cai para frente e Dome segura na cola de sua camisa, ela começa a arrasta-lo para fora, mal posso crer em meus olhos, Michael gem* enquanto tropeça em seus próprios pés, assim que eles atravessam a porta Dome o solta — Agradeça por eu não bater mais em você seu verme. Mais uma coisa você fica horrível de usando Listras. — A porta bate fortemente, Dome sobe para seu quarto e fico feito uma tonta no meio da sala, ainda tentando processar o que aconteceu.
Meu celular começa a tocar, começo a revirar a bolsa até encontra-lo.
— Jennie?
— Emma, você não vai acreditar. O representante que lhe falei ligou, ele gostaria de mostrar as instalações da loja em Amsterdam.
— Isso é ótimo Jennie, mas não estou entendendo todo esse entusiasmo.
— E muito simples você irá para a Holanda.
— Não, não e não.
— Emma, estou grávida de 7 meses, não posso viajar para outro país.
— Podemos mandar um representante.
— Não é a mesma coisa Emma, pense em tudo que podemos ganhar e você não tira férias faz três anos.
— Eu não tiraria férias viajando a trabalho Jennie.
— Pense.
— Eu já pen…
— PENSE! — Ela desliga na minha cara.
— Hormônios. — Me jogo em cima do sofá, a ideia de uma viagem é tentadora, mas, ao mesmo tempo, cansativa.
Vou para o banho, passo quase uma hora na banheira, uma ideia martelando em minha mente, a ideia de como Savannah está ou o que ela está fazendo. Penso em todos os acontecimentos da noite, mas algo se destaca, martelando meus pensamentos.
Michael estava certo ao dizer que eu poderia ter encontrado respostas sobre Savannah se tivesse simplesmente procurado, mas de certa forma eu me neguei a isso, acreditei que ela era apenas minha, algo que encontrei e se tornou meu, sei que é um pensamento egoísta, mas me deixei dominar por ele.
Peguei o computador, abri em um site de pesquisa e digitei Savannah Owens, vários links surgem na tela.
POLICIAL DESAPARECE APÓS ACIDENTE DE CARRO.
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ESPOSA DIZ NÃO ENTENDER O MOTIVO DO DESAPARECIMENTO.
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CASO DENNES: JONH DENNES É MORTO DURANTE TROCA DE TIROS COM AGENTES DO FBI, ERICK DENNES JURA VINGANÇA CONTRA AGENTE EM TRIBUNAL.
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ERICK DENNES FOGE DO PRESÍDIO DE SEGURANÇA MÁXIMA.
Fotos e mais fotos de Savannah surgem, ela está sempre de óculos escuros, sua expressão é séria e ela exala poder. Savannah fez várias prisões importantes, é conhecida por lidar com psicopatas, definida como inteligente e excelente atiradora. De repente vejo uma atualização na página.
SAVANNAH OWENS É ENCONTRADA EM SAN FRANCSISO.
Uma foto surge em seguida, Savannah no aeroporto, ela está de mãos dadas com Nancy. Meu coração pulsa dolorosamente, ela está com outra pessoa, voltou para sua antiga vida. Um dia se passou e ela age como se nunca tivesse se separado. Será que se apaixonou novamente por ela? Fecho a imagem e desligo o computador, vou até à janela e observo o jardim, as lembranças ameaçam me fazer chorar, mas a imagem de Savannah de mãos dadas com a esposa me faz segurar as lágrimas. Sem pensar muito, pegou o telefone e disco o número de Jennie.
— Emma?
— Irei para a Holanda.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 19/11/2021
É Emma melhor partir mesmo. Aí Dome pai nesse filho da mãe escroto.
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