CAPÍTULO 4: O INGRESSO
Olhou por baixo dos lençóis e se viu vestida em um babydoll seu, estranhou uma vez que aquele quarto não era do alojamento onde estavam suas coisas. Segurando a cabeça como se temesse que ela se desprendesse do corpo, tamanha era a dor, esforçou-se para sair debaixo dos cobertores e pôs se de pé, apoiando-se na cabeceira da cama. Olhou pela janela e reconheceu a rua das fraternidades do campus por ela, caminhou até o banheiro e ingeriu com voracidade dois, três copos de água. Nada matava sua sede, jogou água no rosto e olhando-se no espelho viu uma mancha roxa no pescoço, imaginou o que havia acontecido no suposto encontro com Jonh, mas não conseguia lembrar absolutamente nada da noite que antecedeu aquela ressaca fenomenal que lhe atacara.
Andou pelo quarto tentando recobrar a memória, sem sucesso, curiosa sobre aquele recanto, abriu seu guarda-roupa e surpreendentemente reconheceu suas roupas ali guardadas. Abriu a porta e perambulou pelo corredor longo desconhecido, com várias portas, nas paredes quadros de fotos, e ao fundo o grande símbolo da Gama-Tau, teve certeza, cumprira a tarefa do recrutamento e estava enfim na fraternidade que escolhera, o que havia acontecido não sabia, mas saboreou um gosto de vitória sobre a petulância desafiadora de Esther que duvidou que a loirinha conseguisse tal ingresso.
Amy teve que sufocar o grito de susto quando sentiu no seu ombro uma mão lhe puxar:
-Ei loirinha calma...você está muito assustada!
Era Laurel, tapando a boca de Amy para evitar um escândalo.
-Laurel, o que aconteceu? Como eu vim parar aqui? E minhas coisas?
-Ei loirinha, calma, uma pergunta de cada vez, mas pra simplificar, seja bem vinda irmã, só o que você precisa saber é que você conseguiu ingressar na nossa fraternidade, além disso, outra hora eu te conto. Deixa eu ver seu quarto.
Laurel saiu puxando Amy pela mão, até seu novo quarto. Deu uma olhada em volta e soltou um comentário intrigante:
-É...pra ser o quarto da escolhida, até que está simples...
-Escolhida pra que?
Laurel lançou um sorriso misterioso, e mudou de assunto deixando Amy com mais interrogações.
-Então tá de ressaca?
-Nossa nem me fala...você sabe o que eu bebi?
-Sei, e tenho um remedinho que pode aliviar esses efeitos, vamos descer, te preparo, mas antes, vista-se melhor, tem gente que não vai gostar de você se exibindo assim na frente das outras...
-Quem?
A pergunta de Amy ficou mais uma vez no vácuo...Laurel a apressou, e a loirinha cheia de dúvidas seguiu as orientações da veterana, vestindo-se rapidamente para descer até a cozinha.
Sentada à mesa da cozinha espaçosa, Amy observava Laurel preparar um chá elaborado, na sua cabeça muitas interrogações, não se ouvia barulhos na casa, parecia que todas ainda sofriam os efeitos na noite de ritual misterioso. Apesar das perguntas insistentes de Amy sobre a noite passada, sobre sua completa falta de memória, e sobre ela ser a escolhida, a ruiva não se rendeu dessa vez aos pedidos da loirinha, mudava sempre de assunto sem dar qualquer resposta as indagações de Amy.
-Agora loirinha, se prepara porque em alguns dias você mudará seu conceito sobre festa...
-É? Por quê?
-Será a festa de bem-vindas às novas irmãs gama-tau, e minha querida, as nossas festas são as melhores!
-Quando será?
-No próximo final de semana, os preparativos já começaram...
Amy não podia disfarçar a ansiedade, agora dominando sua mente junto com as dezenas de perguntas que as perseguia desde que acordara ali. Aos poucos as demais irmãs da fraternidade surgiam na cozinha, servindo-se de alguma fruta na geladeira, outras experimentando o amargo café, enquanto Amy digeria aquele amontoado de ervas em uma grande xícara servida por Laurel. Todas que adentravam na cozinha se cumprimentavam com selinhos, exceto em Amy, que ficou decepcionada, a boca das irmãs gama-tau pareciam um convite ao beijo, associou que como era novata ainda não podia desfrutar desse privilégio.
-Ressaca violenta né novata?
A pergunta veio de uma garota sentada no balcão da pia, que se lambuzava com uma torrada encharcada de mel. A visão era sensualíssima, a pele clara, os olhos verdes, os cabelos eram claros, mas só com mechas douradas, o mel da torrada descia pelo decote da camisola de seda, aquele mel fora recolhido com o dedo indicador da beldade sendo levado a boca e ch*pado com lentidão. Por um instante Amy sentiu um frio na barriga, e quase não piscou até responder a pergunta:
-É, e pior que nem sei o que bebi pra estar assim.
-Esqueça, todas nós já passamos por isso, com esse treco aí – apontou pra caneca – logo você está recuperada.
Em um único pulo, aquela garota estonteante, saiu da bancada, passou perto de Laurel, cochichando algo que a ruiva parece não ter gostado, deixando o ambiente sob olhar atento de Amy que não demorou a perguntar:
-Quem é ela Laurel?
Laurel fez uma expressão pouco amável, e respondeu secamente:
-Ellen. Tá no terceiro ano.
-Bonita ela não é?
-Loirinha, fique longe dela, evita problemas pra todo mundo assim...
Amy não entendeu a colocação nem mesmo o tom da colega, continuava intrigada, terminou de ingerir aquele santo remédio que Laurel lhe preparara, e fez menção de levantar-se, quando sentiu uma mão quente, empurrando seu ombro para baixo, impedindo que ela se levantasse.
-Está com pressa novata?
Tomada por um calor que invadiu toda sua pele, Amy virou-se imediatamente ao ouvir a voz conhecida e arrogante de Esther.
-Não, não tenho pressa alguma... surpreendida por me ter que me aceitar aqui?
Esther sorriu ironicamente, como se não se afetasse com o tom arredio da novata, e respondeu encarando-a fixamente:
-Na verdade não...mas confesso que cheguei a torcer pra que você conseguisse.
-Torcer? Mas parecia exatamente o contrário... Por que você torceria pra que eu conseguisse?
- Pra te ter nas minhas mãos loirinha...
Esther abriu um sorriso vitorioso, saiu da cozinha distribuindo orientações para as demais meninas que estavam nos corredores, Amy não podia deixar de observar as curvas impecáveis da morena que estava vestida apenas com uma camiseta regata e uma calcinha boxe, as pernas pareciam esculpidas por alguma divindade, torneadas, brilhantes, a loirinha subiu seu olhar até aquele traseiro empinado, firme, apetitoso...enquanto Esther mexia nas suas madeixas revoltas, envolvendo-as entre as mãos, jogando-as para o lado, deixando seu pescoço a mostra, notou ainda nos seus braços arranhões, pareciam de unhas, voltou a memória a cena que Amy testemunhara noites atrás naquela cabana de madeira no jardim. Nesse momento foi consumida de um sentimento de ciúme inexplicável, pensando: Ela deve ter catado outra menininha, mas dessa vez a garota deixou marcas nela...
Desconheceu-se pensando tal coisa, mas não conseguia desviar os olhos de Esther, que com uma sensualidade arrebatadora sorria para outras meninas, traçando algum plano para a festa que aconteceria no final de semana seguinte.
-Amy? Alô? Loirinhaaaa
Laurel estalou os dedos na frente dos olhos da novata como se quisesse despertá-la de um estado hipnótico.
-Desculpa o que você disse?
-Amy eu perguntei se você estava se sentindo melhor.
-Ah sim, estou bem melhor, muito obrigada Laurel, seu remédio é santo mesmo...
-É mais um segredo da fraternidade irmã.
Enquanto continuava o papo ameno com Laurel, Amy viu Esther se afastando em direção as escadas, cochichou algo com Rachel e subiu em seguida. Rachel era segundo Laurel, uma espécie de secretária da presidente da fraternidade, braço direito de Esther, eram também as melhores amigas, parecia ser petulante como ela, mas era antes de tudo leal a Esther e a fraternidade. Em alguns minutos Rachel tratou de convocar as novatas para uma reunião na sala de estudos da casa, era necessário ditar algumas regras de convivência, distribuir tarefas para a organização da festa, além de informações pertinentes a normas específicas da Gama-Tau.
Depois do almoço, todas as novatas estavam reunidas no local marcado, em pé numa postura soberana em um jeans apertado com um top ousado coberto com um moletom no mesmo tom, a presidente da Gama-Tau, com os cabelos completamente presos, do seu lado sua fiel escudeira Rachel e foi ela quem começou a dissertar os motivos da reunião.
-Antes de mais nada, sejam todas bem-vindas novas irmãs gama!
Todas estão aqui por mérito próprio, e gostaríamos de parabenizá-las por isso. Mas toda fraternidade precisa de regras para manter a ordem, seus hábitos e lógico, ter seus benefícios para todos que a compõem. Vocês devem ter notado que seus pertences já estão colocados em seus quartos, foi uma gentileza nas nossas irmãs secundárias, assim chamamos as irmãs que estão aqui no segundo ano. A arrumação do quarto é tarefa de vocês, as dos demais cômodos, há uma escala que vocês receberão de Jordan, ela é a responsável por definir isso.
Apontou para uma negra espetacular, alta, cabelos muito cacheados soltos, olhos negros puxados, e um sorriso simplesmente incrível, seu corpo era magérrimo, tinha porte de modelo e em seguida continuou:
-A Gama-Tau tem um estatuto próprio o qual vocês devem segui-lo no que diz respeito à conduta dentro da universidade, na convivência com as irmãs, respeito à hierarquia, ascensão, tudo está detalhado lá, vocês estão recebendo uma cópia, mas, para ajudar nessa adaptação, cada uma de vocês terá nos primeiros meses uma irmã guia que ajudarão vocês no que vocês precisarem e vocês deverão mostrar sua gratidão com pequenos favores que elas requisitarem, isso faz parte da hierarquia.
O clima entre as novatas era de expectativa, nem se perguntavam mais sobre a noite anterior, toda aquela atmosfera tensa de cobrança e hostilidade da primeira reunião antes da tarefa de recrutamento se desfez, e pela primeira vez todas sentiram-se acolhidas e felizes por estar ali.
-As irmãs guias de quase todas são do terceiro ano, as terciárias, exceto por uma que foi a escolhida da presidente, e sobre ela algumas regras são específicas...mas isso vocês saberão com o tempo.
Amy sentiu seu corpo tremer, Laurel falara sobre uma escolhida, ela logo pensou nela mesma como escolhida de Esther, não sabia se ficava mais irritada por saber que estava mesmo nas mãos da morena, ou ansiosa pra estar nas mãos quentes dela em outro sentido. E nessa expectativa a loirinha ouviu a presidente tomar a palavra, e iniciar sua fala:
-Todas vocês ajudarão na preparação da festa, como não sabemos ainda o talento ou a aptidão de cada uma, deixaremos vocês a vontade para escolher qual equipe vocês irão se encaixar. Qualquer falha da festa tomarei como ofensa pessoal, porque temos a tradição de promover as melhores festas do campus, então pensem nessa responsabilidade.
Esther ainda deu algumas orientações acerca da festa a fantasia, tema escolhido para a festança, advertiu sobre a qualidade das comidas e bebidas, e em seguida anunciou o nome das respectivas irmãs guia de cada novata, não citando o nome de Amy, que logicamente ficou intrigada e mesmo temendo a resposta perguntou em bom tom:
-Quem será a minha irmã guia?
Esther sorriu, olhou para loirinha, e respondeu com sarcasmo:
-Não lhe parece óbvio?
-O que exatamente é óbvio?
-Você é a minha escolhida, te disse que você estava em minhas mãos...
Amy ficou sem graça, logicamente desconfiava que era ela essa tal escolhida, mas o olhar de Esther enquanto lhe dizia isso era quase indecente...ao mesmo tempo a novata estava ansiosa, curiosa, o que a aguardava nessa fraternidade tendo aquela morena petulante que tanto lhe provocava emoções contraditórias como sua guia? Que tipo de favores ela teria que prestar para “agradecer” suas orientações?
Enquanto ela se perdia divagando sobre tantas questões interiormente, não notou que ficara sozinha na sala com a presidente da Gama-Tau, que falava alguma coisa no celular:
“Desculpe-me mas hoje não posso, tenho afazeres, você sabe quais, essa semana é cheia de preparativos, preciso estar à frente de tudo... Sim eu sei que... não estou fugindo de minhas obrigações...mas...sei...tudo bem vou arranjar tempo, desculpe-me, certo, no mesmo lugar hoje a noite, beijo.”
A fala de Esther era tensa, podia-se notar que ela era interrompida todo tempo do outro lado da linha, mexia nos cabelos presos todo tempo, colocava a mão no bolso de trás da calça como se estivesse tensa com a conversa, nem notou o olhar atento de Amy para seus movimentos.
-Você costuma ouvir conversa dos outros? – Esther perguntou irritada.
-Não, não mesmo, desculpe-me, só estava esperando você desocupar para perguntar algumas coisas se você estiver disponível para mim.
Com um jeito manso de falar, até então inédito entre elas duas, Amy respondeu a Esther, que pareceu desarmar o olhar diante da cordialidade da novata.
-Tenho algum tempo para você sim. Pergunte-me o que quiser, dependendo do conteúdo respondo ou não.
-Primeiro, porque você...
-Espera novata, venha comigo, vamos ter essa conversa em outro lugar.
A morena saiu puxando a novata pela mão, tão macia e cheia de calor, que provocava um arrepio em Amy que subia por toda espinha dorsal, e mais que isso, sentia como se tivesse engolido borboletas quando Esther olhava por cima dos ombros a loirinha ruborizar subindo as escadas conduzida pela veterana. Chegaram ao quarto no terceiro andar, onde havia apenas um salão grande com um piano de cauda, um violão, equipamentos de som, algumas almofadas no chão, e dois grandes sofás de couro, perto de duas grandes janelas, uma bancada.
No final do corredor só uma porta, e foi em direção a essa porta que Esther levou Amy.
-Isso é um estúdio?
-Mais ou menos, um espaço para música, dança...
-As meninas tocam?
-Na verdade esse espaço é meu, os instrumentos, os equipamentos...esse andar todo da casa é para a presidente da Gama-Tau.
Esther respondia enquanto abria a porta do seu quarto, amplo, iluminação escassa, uma grande cama de casal coberta por lençóis de linho, perto da janela uma escrivaninha com um notebook ligado e alguns livros. A decoração tinha um tom carmim, contrastando com algumas paredes brancas, lateralmente uma entrada para o closet espaçoso e dentro dele a porta de acesso ao banheiro, nele uma banheira clássica. Cada peça tinha um bom gosto inegável, Amy observou tudo com atenção, sob o olhar também atento da dona daquele espaço.
-Gosta do que vê novata?
-Esse quarto deve ser o triplo do tamanho do meu...
-Você está reclamando do seu?
-Não,não, tem espaço suficiente para mim lá...
-Ah bom, porque se estivesse ia te chamar de mal agradecida, só você entre as novatas tem um quarto individual sabia?
-Sério?
-Sim...isso você tem graças a mim...só porque você é minha escolhida.
Amy balançou a cabeça positivamente como se já esperasse tal resposta. Esther então aproximou-se da loirinha, puxando-a até uma poltrona branca ,próxima a sua cama, pediu que ela sentasse, mas permaneceu de pé, de frente para Amy, como se estivesse pronta para ser interrogada.
-Pronto, agora você pode me perguntar o que quer.
Na altura que Amy estava, seus olhos viam por baixo do moletom o umbigo da morena em meio aquela barriga delineada, sexy, deliciosa. Olhou para aquela imagem sentindo seu corpo ser tomado com mais intensidade pelo arrepio que dessa vez vinha de suas entranhas. A morena pareceu notar o olhar de Amy em seu corpo, segurou no queixo da moça e o subiu desviando seu olhar para cima e indagou em um tom mais sarcástico:
-Perdeu alguma coisa aí meu bem?
-Desculpe-me, o que você falou?
-Nada esquece... – Esther sorriu virando de costas para Amy – Vai me perguntar o que afinal novata? Não tenho o dia todo!
-Ah...então, porque você me escolheu?
-Isso é fácil, pra te ter nas minhas mãos.
-Pra?
-Isso é fácil também, mas...ainda não é hora de você saber.
-O que eu terei que fazer por você?
-Quando eu precisar de algo, eu peço, não se preocupe, você terá muito o que fazer por mim.
O olhar da morena era malicioso, mas Amy não percebeu, Esther falava de costas, enquanto soltava seus cabelos, e se sentava à frente do notebook. A novata não conseguia tirar os olhos de cima de Esther, viu então a morena deixar tocar no seu PC uma música: Hush Hush – The Pussycat Dolls
Foi se desfazendo do moletom, expondo seu abdome perfeito e sua cintura provocante só com o top, em movimentos lentos, como se fizesse um stripper sensual. Olhou por cima dos ombros para Amy e disse:
-Vem tirar meus tênis...
A loirinha estranhou, mas, não questionou, para desamarrar os cadarços do tênis, foi obrigada a se abaixar diante de Esther, e foi assim obrigada a ouvir:
-Eu sabia que te veria aos meus pés novata...
Amy apertou os olhos numa expressão de ira, e soltou os pés da veterana com força, levantando-se imediatamente.
-Ei...não é assim que se faz um favor à sua guia...preciso de um banho...vou sair, prepara meu banho loirinha.
Contrariada Amy olhava para Esther, como se tivesse engolido um dicionário de desaforos para a morena.
-Eu não tenho o dia todo...use os sais de banho que estão no armário, e coloque pouca espuma.
Irritada, Amy entrou no banheiro pisando forte, resmungando algo inaudível, mas o suficiente para provocar risos em Esther, que estava visivelmente se divertindo com a situação. Abriu o armário lotado de cremes, sais, óleos, teve vontade de jogar tudo dentro da banheira de qualquer jeito, mas ao abrir o um dos recipientes foi tomada por uma sensação boa, era sua memória trazendo à tona aquele cheiro, de um momento que ela não sabia qual era, enquanto enchia a banheira, foi abrindo o vidro de shampoo, fechou os olhos e viajou naquele cheiro... era familiar, mas não identificava de onde.
Foi sentindo os cheiros, escolhendo alguns sais e preparando o tal banho para Esther, que surgiu à porta envolvida somente por uma toalha branca, os cabelos estavam presos de novo, mas dessa vez a nuca estava exposta, Amy quase parou de respirar diante daquela visão.
-Meu banho está pronto?
Ainda extasiada com a visão, Amy limitou-se a balançar a cabeça positivamente, enquanto Esther abaixava-se tocando a espuma que crescia na banheira. Olhou para trás como quem procurasse platéia, sedutoramente ergueu-se, deixando sua toalha cair, o queixo de Amy caiu junto...seu coração acelerou, quando a morena voltou-se em sua direção, exibindo seus seios volumosos, mas firmes, as curvas eram simplesmente uma afronta tamanha beleza, Esther sorriu maliciosa notando a perturbação que causou na novata:
-Parece que você acertou na escolha dos sais...
Entrou na banheira lentamente, mordeu o lábio inferior quando se acomodou no meio da espuma, se divertindo com a face ruborizada da loirinha que fez menção de sair do banheiro.
-Onde você pensa que vai? Não te dispensei ainda...
-Mas...você está tomando banho...pra que você precisa de mim ainda?
-Você está vendo aquela esponja ali? –Apontou para um conjunto de escovas e esponjas em cima do box.
-Sim... – Amy olhou desconfiada.
-Pegue então...preciso que você esfregue minhas costas.
Amy parecia travada, não tinha forças para mover as pernas, as sentia trêmulas, suas mãos suadas se escondiam no bolso da frente do short, mas, esforçou-se para seguir a ordem da sua irmã guia, pegou a esponja e com receio caminhou até a lateral da banheira, sentando-se diante das costas de Esther, que olhava por cima dos ombros.
-Estou esperando loirinha...
A novata contemplou as costas e a nuca de Esther com desejo, um desejo que ela sequer entendeu, deslizou a esponja por ela com movimentos suaves, quase que ritmados, acidentalmente seus dedos escapavam da esponja promovendo o contato com a pele de Esther, que se eriçava com tal gesto. Notou agora mais de perto, os arranhões nos seus braços e impulsivamente perguntou:
-As unhas são de uma irmã?
-Como?
-As marcas de unhas nos seus braços...
Esther olhou como se estivesse surpresa com a observação, mas não se intimidou.
-Ah...isso? Não lembro.
-Memória parece não ser uma característica da Gama-Tau não é?
-Por que você diz isso?
-Por que ninguém lembra do que aconteceu na noite de ontem, eu nem ao menos sei como foi o tal ritual, a última coisa que lembro é de descer escadas por um corredor frio, vendada.
-O ritual é secreto, como não sabíamos quem conseguiria cumprir as tarefas, servimos algo que promove digamos uma amnésia parcial...além de outros efeitos...
-Outros efeitos?
-É loirinha...deixa vir a tona desejos, instintos...isso é necessário para a realização do ritual.
-Então eu nunca vou me lembrar da noite de ontem?
-Há quem diga que as lembranças vem em sonho, mas nunca se tem a certeza se foi real ou não.
A conversa das duas transcorria em meio a praticamente uma massagem nas costas e ombros de Esther, que arqueava as costas e a cabeça para trás como se tentasse relaxar, mas isso não parecia ser a intenção de Amy, que em um desejo insano, queria tomar a boca carnuda e bem desenhada da morena em um beijo. Por várias vezes olhou para os lábios da veterana quando esta reclinava a cabeça na banheira, desviando imediatamente quando notava os olhos de Esther se abrindo.
-Loirinha, pega meu roupão, ali no cabide.
Amy já estava se acostumando em executar as ordens que Esther lhe ditava, especialmente porque não era difícil estar na presença daquela mulher que tanto lhe despertava reações contraditórias e inesperadas.
Levantou-se e pegou o roupão branco pendurado no cabide, posicionou-se ao lado da banheira com a peça aberta, preparada para vestir o corpo perfeito da morena. Com a sensualidade que lhe era peculiar, Esther levantou-se do meio daquela espuma, saiu da banheira e foi vestindo o roupão com a ajuda da novata que continuava lhe devorando com o olhar. A loirinha parecia aguardar novas ordens, ficou ali parada diante de Esther olhando ela caminhar para o closet.
-Esperando alguma coisa loirinha?
-Não...eu já posso sair?
-Você está me pedindo permissão?
-Não é que...
Esther sorriu divertida, notando que Amy estava irritada com ela mesma por adquirir tal postura de submissão. Olhava para o closet à procura de peças que lhe agradasse, mas não deixava de observar os movimentos de Amy agora atrás dela.
-Não vou mais precisar de você, vou me trocar e sair.
-Você tem algum compromisso?
- Você acha que lhe devo satisfações?
-Não é que...
Mais uma vez ela sentiu as palavras fugirem do sentido, Amy que sempre se gabou de seu poder de argumentação, diante de Esther se via sem defesas, qualquer momento com ela era imprevisível porque seu corpo, suas emoções pareciam não obedecer a uma lógica racional. Calou-se e simplesmente saiu do closet, mas com uma pontinha de curiosidade, misturada a ciúme, pois, lembrou-se da conversa que ouvira no telefone mais cedo. Quando saía do quarto ouviu a voz da morena:
-Loirinha, espera...
Caminhou até Amy, olhou profundamente para seus olhos verdes, e disse-lhe com um tom de autoridade:
-Como minha escolhida Amy, você tem que seguir algumas regras...você vai notar que as meninas costumam ficar muito íntimas umas das outras, mas você...
-Eu o que? –Amy lembrou-se imediatamente do cumprimento que vira mais cedo na cozinha entre as colegas.
-Você é intocável...
-Intocável? Como uma doente? – Perguntou indignada.
-Não...intocável como sagrada...só eu posso lhe...
Não concluiu o pensamento, aproximou-se dos lábios de Amy, depositando um selo molhado, quente, cheio de malícia. A novata sentiu uma explosão de tesão naquele gesto tão simples, mas ao mesmo tempo tão intenso, Esther não lhe tocara só os lábios com aquele ósculo, lhe despertara um vulcão de uma libido adormecida. Talvez por isso a loirinha tentou avançar mais na boca da veterana, sem sucesso, Esther a empurrou com delicadeza, mas firmemente, fechando seus lábios com o dedo indicador:
-Só eu posso lhe tocar...você só me toca, quando eu permitir, agora sim, você está dispensada.
Esther voltou para o closet fugindo do olhar indignado da novata, que se dividia pelo tesão despertado com o pequeno contato de lábios e a raiva de ter sido rejeitada. A morena por sua vez sentia por dentro seu corpo queimar, e saboreava a vitória de ter sua mais nova discípula completamente envolvida por sua sedução, não podia negar que se sentiu tentada várias vezes a invadir a boca de Amy com sua língua, e por último, teve que fazer um grande esforço para conter a investida da caloura, mas tinha ciência que assim se manteria no comando daquele joguinho.
Da janela de seu quarto, uma hora depois, Amy viu Esther subir em uma moto preta, o figurino que usava era de motoqueira, calça justa e casaco de couro preto, botas cano longo de salto e um capacete no cotovelo. Observou a morena se acomodar no veículo, ajeitar seus longos cabelos negros dentro do capacete, e antes que ela pudesse se esconder Esther olhou para cima, avistando Amy lhe fitando atenta, por alguns segundos seus olhares se cruzaram, até a caloura fechar as cortinas e iniciar uma sessão de autopunição interna por ter sido flagrada seguindo os passos da veterana que arrancava na sua moto para um destino desconhecido para Amy.
Fim do capítulo
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