Capitulo 71
Capítulo 71º
Rebeca
Era quase impossível esconder meu nível de felicidade depois da noite maravilhosa que tive com Alice. Mas preciso ao menos disfarçar na frente das minhas queridas sogras já que vou fazer compras com elas. Nem sei mais o que fazer com todas as coisas de criança que já comprei e Isabella sempre se empolga quando saímos juntas.
- Olha esse sapatinho. – Isabella falou empolgada olhando um sapato de uma marca caríssima.
- Não. Esse sapato custa quase o valor do seguro do meu carro.
- Não seja tola. Imagina os pesinhos dele aqui dentro.
- Amor, você sabe o quanto essas coisas ficam perdidas logo. – Larissa ponderou. – Os meninos cresciam demais a cada semana.
- Verdade. O Arthur perdia roupas quase todos os dias.
- Então nada de sapato caro. – falei brincando e elas riram.
- Mas e uma lingerie? Olha que linda. – mostrou com um sorriso que me deixou desconcertada. Parecia até que elas podiam ler minha mente suja e saber tudo o que eu fiz com a filhinha delas.
- Concordo. Alice vai adorar. – Larissa completou e eu juro que meu rosto queimou pela vergonha.
- Amor, você está deixando Rebeca envergonhada. – Isabella foi para o meu lado. – Acho que vou levar uma também. Quem sabe eu possa te surpreender hoje?
- Ótimo, isso não vai deixa-la mais envergonhada. Imaginar as mães da namorada trans*ndo. – Larissa brincou.
- Vamos. Vou experimentar uma e você a outra. – saiu me levando para os provadores.
De fato, a lingerie era linda demais e eu acabei comprando. Depois de algumas horas andando e entrando de loja em loja decidimos parar para almoçar. Estávamos em um papo animado até o nome de Pedro apareceu na tela do meu celular.
- Preciso atender. Já volto. – sai da mesa, apertei o botão verde. – O que você quer Pedro?
- Rebeca, não desliga. Acho que precisamos conversar.
- Não acredito que ainda tenhamos algo para falar até que o bebê nasça.
- Depois que Carmem falou comigo, percebi que não quero ser como o seu pai. Acredito que mereço mais uma chance para conversar com vocês. Alice e você. – respirou pesadamente.
- Alice?
- Sim. Eu consigo entender que a ama. E sei que ela ama nosso filho. Não posso lutar contra isso.
- Pedro, eu preciso conversar com ela, tem andado ocupada com as coisas da boate.
- Podemos deixar para a semana seguinte. Não me importo. Desde que essa conversa aconteça.
- Vou ver com ela e te aviso.
- Obrigado, Rebeca.
- Eu preciso ir agora.
Voltei para a mesa. Nenhuma das duas perguntou quem era na ligação e eu não fiz questão de contar. Precisaria conversar com Alice ainda, apesar de ter percebido que seja lá o que a minha mãe, digo a Carmem, falou com ele de alguma forma funcionou. Terminamos o almoço e Larissa me convenceu a dar uma passada na obra. Claro que isso significou que faremos mais mudanças e contamos que Alice não descubra isso, afinal ela não vê a hora da casa ficar pronta.
- Como não pensei em encontrar vocês aqui? – comentou Alice assim que nos viu.
- Oi filha! Viemos só dar uma olhadinha. – Larissa falou a abraçando.
- E a olhadinha custou algumas mudanças. – completei com ar de riso, sei que ela ia odiar isso. – Oi, baby. – beijei seus lábios.
- Não temos tempo para mudar mais nada. Daqui a pouco o neném nasce. – reclamou.
- As mudanças são coisas bobas e podemos resolver rapidinho. – deixei que esse impasse fosse resolvido por Larissa.
- Nem me olha. É tudo ideia dela. – Isabella tirou o corpo fora. – Que tal irmos lá para casa?
- Por mim tudo bem. – Alice concordou prontamente. – Você veio de carro? – indagou segurando minha mão.
- Não, suas mães me buscaram em casa.
- Então vamos.
Ela abriu a porta me dando passagem. Assim que entrei coloquei logo uma música para tocar baixinha. Pois eu precisava conversar o assunto delicado com ela.
- Como foi na boate? – indague curiosa.
- Você não vai acreditar que um cara me pediu suborno para nos liberar.
- Amor, que absurdo. Você pagou?
- Sim. Não tenho mais intenção de adiar a inauguração.
- Eu sei. Mas ao menos vocês conseguiram.
- Sim, conseguimos.
- Amor, o Pedro me ligou. – falei de uma vez só para não acabar desistindo.
- Claro, estava demorando. – respondeu com enfado.
- Pediu para conversar conosco.
- O que ele ainda pode querer depois de tudo que fez?
-Acredito que falar sobre o bebê. Mas isso é bom, ele te incluiu na conversa. Significa que está aberto a isso agora.
- Lógico que está, sabe que fez a maior merd* da vida dele.
- Mas promete que vamos tentar fazer isso dar certo?
- Juro que não entendo. Mas prometo que vou tentar ir desarmada. Mas só por vocês. – respondeu passando a mão na minha barriga. – Quando ele quer essa conversa?
- Falei que você está sem tempo por causa da inauguração da boate. Ele concordou que pode ser na semana seguinte.
- Tudo bem.
- Amor, eu sei que essa é uma situação chata. E o Pedro vacilou demais conosco. Mas ele é o pai do bebê.
- Eu sei. Não se preocupe. Vou continuar com a minha mente super aberta.
- Eu te amo demais. – segurou meu rosto com suas mãos.
- Eu também te amo.
Saímos do carro e logo Bernardo me abraçou. Alice saiu sendo arrastada por Arthur e sumiram escadas a cima.
- E aí, tudo certo? – indaguei para ele.
- Sim. Eu só preciso saber de uma coisa.
- Claro, basta perguntar. Se eu puder responder.
- Acho que você é completamente apta a responder. – ele arrumou os óculos no rosto. – Você namora a minha irmã.
- Sim.
- Mas está grávida de um cara. O que significa que você fez sex* com ele, mas se namora a minha irmã também faz sex* com ela.
- Bê, não estou entendendo aonde quer chegar.
- A minha teoria é de que você é bissexu*l*. Correto?
- Eu não...- me embananei pela pergunta um tanto direta do menino. – Eu já senti interesse por homens e por mulheres também. Mas não quer dizer que isso me torne apenas bissexu*l*. Acredito que eu gosto de pessoas. E no momento a sua irmã é essa pessoa. Nós nos amamos.
- Entendi. – ele me fitou curioso.
- O que está acontecendo?
- Você precisa prometer que vai ser nosso segredo.
- Prometo. – afirmei.
- O Arthur está namorando uma garota. Ela tem um irmão gêmeo e acho que eu estou gostando dele. – falou sério.
- Ele sabe disso?
- Sim. Já me disse que gosta de mim também. Como o Tutu tem que sair com a namorada, nós acabamos tendo que sair nós quatro juntos para nossos pais não desconfiarem. Isso nos aproximou. Outro dia no cinema ele segurou minha mão. Eu senti um friozinho na barriga como se estivesse descendo em uma montanha russa.
- Deveria conversar com as suas mães sobre isso.
- Não! – falou nervoso. – Não quero que a mammy surte com isso.
- Mas você nem sabe como ela vai reagir.
- Isso por que conhece apenas o lado amável dela. A mammy te adora. Mas se ela não te quisesse com a Alice. Você estava ferrada. – completou. – Me promete que não vai contar nada a elas.
- Prometo. Agora você precisa prometer que vai com calma com esses sentimentos, e que também vai me procurar sempre que algo acontecer.
- Combinado.
Ele me deu um abraço apertado e eu voltei para junto de Isabella, Alice e Larissa que conversavam na sala. Quando a noite deu os primeiros sinais o sono me atingiu. Também já era de se esperar pela quantidade de horas batendo perna no shopping.
Não sei se pelo sono ou apenas por medo de que algo acontecesse com o Bernardo depois da nossa conversa. Acabei contando a Alice sobre a curiosidade do irmão. Claro que fiz ela me prometer que não falaria nada para as mães pois assim o menino não confiaria mais em mim e isso sem dúvidas seria algo ainda pior.
Mal entramos em casa e eu fui direto para o banho e em seguida me deitei. Meus pés estavam inchados, meu corpo completamente cansado. Quando despertei não encontrei minha linda namorada ao meu lado. Fitei sua silhueta, ela estava olhando a rua pela janela. Fui até ela e chamei-a para deitar. Sei que tem tanta coisa acontecendo e isso tem tirado o sono dela.
De alguma forma que eu desconheço Alice acabou adormecendo antes de mim. Talvez fosse o carinho que fiz em seus cabelos. Gosto dessa ideia de que consigo acalmá-la. Mas acordar com o barulho irritante do celular já me faz acordar desesperada para cometer um crime.
- Desliga isso. – reclamei tentando cobrir meus ouvis para fazer o barulho diminuir.
- Não é o meu. – Alice respondeu e me entregou o aparelho.
- Espero que você esteja morrendo. Eu ainda nem acordei. – reclamei assim que apertei o botão verde.
- Nem adianta vir com mal humor. Quero vocês aqui. – Amélia disse animada.
- Amélia, eu nem sai da cama.
- Não me importa. Convidei todo mundo para vir almoçar aqui. Te dou uma hora. Beijos.
- Saco. – reclamei encerrando a ligação. – Amélia nos quer em sua casa para o almoço.
- Percebi.
- Odeio a minha irmã. – falei voltando a me deitar.
- Dorme mais um tempinho. Daqui a pouco vamos. – disse ela de forma doce
Quem disse que foi apenas um cochilo mentiu. Nos apagamos completamente. E só para variar acordamos mais uma vez com o barulho chato do celular. Dessa vez Alice atendeu.
- Ufa! – ouvi ela comentar ao desligar.. – Amor, precisamos ir. Sua irmã ligou de novo.
- Eu vou matar a Amélia. – reclamei indo em direção ao banheiro.
Depois que saímos de casa Amélia ainda me ligou duas vezes, mas eu escolhi não atender. Pois mandaria ela ir tomar em um lugar que não sei se Letícia já andou desfrutando. Alice parou o carro e correu para abrir a porta. Andar tem se tornado algo difícil a cada dia.
- Obrigada, amor. – beijei seu lábio.
- Disponha.
Caminhamos de mãos dadas até a porta de entrada. Alice tocou a campainha e logo Nina apareceu. A mulher nos fitou com um largo sorriso.
- Sua irmã estava prestes a ir te buscar. – comentou se aproximando. – Como estão?
- Bem. Eu sei que a Amélia é insuportável. Nós estamos bem. – sorri recebendo o abraço que ela prontamente veio me dar.
Alice sorriu satisfeita.
- Vamos entrar. – deu passagem.
A algazarra na piscina estava enorme. Minha mãe brincava com Elisa na água, a menina usava boias e um chapéu de sol. Foi impossível não pensar que daqui um tempo seremos nós com o bebê.
- Aí está você, Dona Redonda. – Amélia largo a churrasqueira e veio até mim.
- Juro que te dou um soco se continuar me chamando assim. – reclamei virando os olhos.
- Impossível acreditar que consiga me acertar um soco. Já uma barrigada. – provou novamente e Alice segurou o riso ao meu lado.
- É melhor você sair de perto de mim. – aconselhei a ela.
- Tudo bem, vou ver se Letícia precisa de ajuda. – beijou meu rosto e saiu.
- Eu te odeio. – falei fitando Amélia.
- Nada, você me ama. E vai me amar ainda mais quando descobrir que preparei um lugar especial para você. – segurou meu braço. – Olha isso.
Exibia uma daquelas cadeiras de massagens, estava embaixo de um guarda sol. Juro que até esqueci a vontade de afogar minha irmã na piscina.
- Tudo o que precisa fazer e deitar e relaxar. Prometo te trazer muitos drinks sem álcool.
- Por um segundo você me fez feliz. – ela sorriu. – Obrigada por se importar.
- Agradeça a mim. – Letícia falou sorrindo. – Sei bem como é essa reta final. E como sua irmã queria muito você aqui, eu consegui convencê-la a fazer esse mimo. – ficou ao lado de Amélia que apoiou a mão em sua cintura.
- Obrigada as duas. – sorri abraçando-as. – Agora se me dão licença eu vou relaxar. E quero meu drink. – falei para Amélia.
- Não pode dar um pouco de poder a ela. – reclamou, mas mantinha um sorriso divertido.
Alice
Não consegui conter a risada com as provocações de Amélia. E para evitar levar um soco achei melhor ir tentar ajudar Letícia.
- Quer ajuda?
- Sim. Pode virar a picanha? – me pediu e assim eu fiz. – Quem diria que elas conseguiriam estar todas no mesmo ambiente. – comentei olhando Nina e Carmem brincando com Elisa.
- Pois é. Nada que uma conversa e o perdão não resolvam.
- Fico feliz por elas, nem consigo me imaginar passar tanto tempo sem os meus pestinhas. – Letícia sorriu.
- Eu entendo. E já volto. – disse isso e caminhou até Amélia e Rebeca.
- Você deve mesmo amá-la. – Maria comentou se apoiando no balcão.
A mulher com seus pesados óculos fundo de garrafa me sorriu. Usava um chapéu que lhe cobria quase toda a face. Ela é um tanto magra com os cabelos longos e quase completamente brancos.
- Amo sim.
- Eu sei. Poucos passariam o que você vem passando ao lado dela. Cá para nós. – disse isso e se aproximou como se fosse me contar o segredo para a cura do câncer. – Se fosse um homem no seu lugar já havia pulado do barco no primeiro balanço das ondas.
- Ainda bem que eu não sou homem. – brinquei sorrindo.
- Um brinde a isso. – sorriu divertida erguendo a bebida que segurava. – Faz tempo que não vejo Nina tão feliz.
- Acho que as duas estão. – completei observando-as na água. – Ainda não acredito que elas pararam de se falar por conta daquele homem.
- Airton é um homem amargurado. Sempre visou o dinheiro do pai delas, nunca amou Carmem. E acredito que Carmem nunca tenha o amado.
- Como ela conseguiu viver todo esse tempo? Jamais me sujeitaria a viver algo desse tipo.
- As épocas são outras, querida. Muita coisa mudou. Veja aqui por exemplo. Na minha época mulheres nasciam para cuidar do lar e dos filhos. Jamais trabalhariam fora de casa. E nesse ambiente posso ver muitas mulheres que são donas de si. E escolhem e decidem o que querem e quando querem.
- Verdade.
- E outra. Imagina só se naquela época desse tanto de mulher poderia namorar outras mulheres assim, tão explicitamente. Tudo era feito de forma discreta. Escondida. Tive que me passar como amiga de Nina em tantas ocasiões. Até que começamos a ter voz. É importante sermos resistência. – afirmou pensativa.
- Concordo. – fitei a mulher que apenas forçou um sorriso como se tivesse presa nas lembranças de um passado um tanto obscuro e triste.
Nem consigo imaginar como seria viver dessa forma. Mas o que me inspira é saber que mesmo com tantos obstáculos as duas lutaram pelo amor que sentiam e jamais deixaram algo atrapalhar suas vidas.
- Está alugando minha nora? – Carmem falou se aproximando de nós.
- Nada disso, está me contando como era ser lésbica na época delas. – completei enquanto virava a carne.
- Tempos sombrios. Sei que ainda não chegamos na melhor fase, mas só de terem alguns direitos já é um avanço.
- Concordo. – falou Maria. – Bom, vou para a piscina, já que tem companhia. – saiu nos deixando sozinhas.
Carmem acompanhou o andar da cunhada e eu não pude deixar de reparar. Quando percebeu minha atenção presa nela tentou sorrir e bebeu um leve gole de sua bebida.
- Como está Rebeca?
- Bem, só com dificuldade para dormir, andar. – falei sorrindo.
- A pior fase sem dúvida alguma. E você?
- O que tem eu?
- Como está lidando com toda a agitação dos últimos tempos?
- Estou bem. – afirmei. – As coisas estão mais calmas.
- Pedro já deu o ar da graça?
- Sim.
- Imaginei. Acredito que tenha pensando bem sobre tudo. E eu espero que ele tenha entendido o que falei.
- Espera! A senhora falou com ele?
- Nada de senhora, menina. Apenas Carmem. E sim falei com ele. Já que ouvir apenas Rebeca não estava funcionando, eu resolvi tomar uma atitude e dar um choque de realidade para que acordasse do mundo que Airton o colocou.
- Espero que tenha funcionado. Já que vamos conversar com ele na semana que vem.
- As duas?
- Sim, ele insistiu que fosse assim.
- Então acredito que já tenha funcionado. – ela sorriu. Mas seus olhos ainda estavam em Maria que beijava Nina enquanto Elisa boiava na água com suas boias de borboleta rosa.
- Você gostava dela? – externalizei meu pensamento.
- Como?
- Desculpe, eu não tive intenção.
- Continuou sem entender. – Carmem insistiu.
- Olha, eu não pude deixar de reparar na forma que olhou para elas. Mais especificamente para a Maria.
- Ah! Isso. – a mulher buscou um dos bancos para sentar. Eu fingi que não esperava uma resposta. Mas estava curiosa. – Eu fui apaixonada por ela.
- Por todo esse tempo? – indaguei com surpresa.
- Sim. Por todo esse tempo. Mas elas são ótimas juntas. – falou com pesar.
- Alice, chega. Eu sei que prometi levar drinks para a Beck, mas ela está extrapolando. E é toda sua. – Amélia falou segurando meus ombros e me entregando o copo que segurava.
- Eu vou lá.
- Depois continuamos esse assunto. – Carmem me indagou. Eu acenei e sai o mais rápido que pude de perto das duas.
Aquela informação era uma bomba para mim. Imagina só se Rebeca descobre que a mãe é lésbica. Espera! Será que ela ficou com outras mulheres fora do casamento. Ah! Deus! Por que eu me meto nesses assuntos? Entreguei o copo a Rebeca que me fitou confusa.
- Você está bem?
- Sim. Sim. Super bem, nada de errado. – falei nervosa.
- Aconteceu alguma coisa com a mamãe?
- Não. Claro que não, sou sua namorada. Ela é mais velha. E eu...
- Amor, você não está falando coisa com coisa. Senta aqui. – bateu no espaço ao seu lado.
- Okay! – respirei fundo.
- Deveria beber alguma coisa, acho que você está muito estressada.
- Estou dirigindo.
- Posso fazer isso por você. Isso e outras coisas. – sussurrou de forma sedutora. Do outro lado da piscina Carmem nos fitava.
- Amor, sua mãe está nos olhando.
- Desde quando você ficou tão tímida? – indagou com ar de riso.
- Desde, desde, desde. Ah! Amor, não faz pergunta difícil. Acho que vou aceitar a sua ideia sobre beber. – falei me pondo de pé assim que vi Carmem caminhar em nossa direção.
Cruzamos nossos olhares quando passamos uma pela outra. Fui para a parte das bebidas e servir uma generosa dose de uísque. Virei o líquido todo de uma vez fazendo uma careta em seguida.
- Alguém começou a se animar. – Letícia falou empolgada.
- Pois é. – me servi novamente e bebi em seguida.
- Vai com calma. Aconteceu alguma coisa? – questionou me fitando.
Meus olhos me traíram e eu olhei para Carmem. Letícia seguiu meu olhar e percebeu que a mulher apesar de continuar falando com a filha não conseguia parar de observar o casal.
- Não. Não pode ser. – Letícia falou confusa.
- Sim. É.
- Não, não.
- Sim. Quer uma? – questionei sobre a bebida.
- Duas. – afirmou e bebeu em seguida.
- Como você descobriu?
- A forma que ela observa as duas.
- Droga! Ela vai acabar fazendo merd*.
- Não vamos deixar.
- Olha aquilo. – Carmem continuava vidrada no casal. – Não tem como ela controlar, imagina se nós podemos. – deu de ombros.
- Eu sei. E agora? – questionei para ela.
- Vamos conversar com ela.
- Conversar?
- Sim.
- O que estão fofocando? – Amélia questionou se aproximando. Trocamos um olhar.
- Nada. – respondemos juntas.
- Eu vou dar um mergulho. – falei indo para a piscina.
Senti meu corpo afundar na água. Nadei de uma ponta a outra já me sentindo um pouco melhor. Deixei meus pés tocarem o piso, ficando ereta na água. Nina me sorriu de onde estava. Elisa esticou os braços querendo atenção.
- Oi princesa. Você quer nadar? – me aproximei dela.
- Acho que isso foi um sim. – Nina riu quando ela balbuciou alguma coisa. – Toma, ela é toda sua. Você precisa ir treinando.
- Obrigada.
Elisa gargalhava batendo as mãos na água. Enquanto isso eu levo o pequeno corpo dela de um lado para o outro. Minha mente viajou para o dia que farei o mesmo com o nosso bebê. Com isso lembrei da possível conversa com Pedro e só de pensar nisso já fico ansiosa.
- Eu tenho um plano. – Letícia falou se sentando na borda da piscina.
- Um plano?
- Mama! – Elisa falou para a mulher.
- Sim, um plano. Vamos levar nossa querida sogra para conhecer alguém. – falou quando segurou Elisa.
- Como? Sem as meninas saberem?
- Sim. Seremos apenas nós duas e Carmem. As meninas não precisam saber aonde estamos levando-a.
- Isso não vai prestar.
- Vai sim. Podemos chamar Anna.
- Só se ela prometer guardar segredo.
- Ela vai. – Letícia afirmou.
- Quando vamos fazer isso?
- Algum dia no meio da semana. Vamos fazer Tália, Rebeca e Amélia irem jantar juntas. Deixamos Elisa com Nina e Maria. Levamos Carmem para um bar lgbt que eu conheço.
- Isso não vai prestar. – repeti.
- Vai sim. E nós vamos perguntar isso a ela hoje.
- Hoje?
- Sim. Agora. Carmem. Se importa de vir aqui? – gritou para a mulher que apenas acenou e se levantou.
- Rebeca dormiu. – comentou assim que mergulhou.
- Nós já sabemos o seu segredo. – a mulher me olhou assim que Letícia falou.
- Eu não contei nada. Você não é discreta. Estava literalmente babando na Maria. – me defendi. – Desculpa falar desse jeito.
- Tudo bem, o ditado é que quando o álcool entra a verdade sai. Talvez seja melhor eu parar de beber.
- SIM! – Letícia e eu falamos juntas.
- Entendi. Espero que as moças saibam guardar segredo.
- Sabemos. – Letícia tomou a frente. – Mas antes, precisamos saber se você já ficou com uma mulher.
- Não sejam tolas. – ela deu uma risada. – É claro que já estive com uma mulher. Como acha que suportei todos esses anos casada com aquele homem?
- Ótimo. Então nós vamos sair com você.
- Sair comigo?
- Sim. Vamos te ajudar a se divertir e quem sabe encontrar alguém. – afirmei e ela sorriu.
- Sem as minhas filhas saberem?
- Apesar de detestar mentir para a Rebeca, sim. Vai ser sem ela saber.
- E a Amélia?
- A mesma coisa. Quando e se você conhecer alguém, e estiver se sentindo segura para contar a elas você faz isso. Vai ser apenas a noite das meninas. O que me diz?
- Tudo bem. Quero ver o que vai acontecer.
- Então combinado. Agora ajam naturalmente pois Rebeca vem aí.
- O que estão fofocando? – questionou se agarrando a mim. Mas a barriga dela não permitia com facilidade.
- Sobre a inauguração da boate. – menti.
- Aposto que vai bombar.
Bombar mesmo vai ser a minha cabeça se esse plano de Letícia não der certo. Já me sinto tento que recompensar a Rebeca por algo que ela ainda nem sabe que vai ficar com raiva de mim. O jeito vai ser levar a Anna junto, já que todo mundo vai se dar mal, melhor que todas fiquem na merd* juntas. Amizade é sobre isso. E me perguntou se é tarde para desistir dessa ideia maluca, mas sei que Letícia e muito menos Carmem vão permitir que isso aconteça. O jeito é pagar para ver a desgraça acontecer.
Fim do capítulo
Paulaaaa. Olha eu aqui. kkk
Voltei gente. Com mais um capítulo. E aí, algum palpite sobre o que vai rolar nessa saída as escondidas???
Será que Rebeca vai descobrir? As norinhas estão dispostas a ajudar a sogra, Carmem a encontrar um amor e evitar uma confusão com a irmã.
Beijoss e boa leutura
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lay colombo
Em: 30/11/2021
Kkkkkkkk Alice se mete em cada uma
Resposta do autor:
bem isso. Encrenca é o sobrenome.
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paulaOliveira
Em: 15/11/2021
Quero deixar um recado para a barbara7
Amada, não tá gostando se retira, vai encher o saco de outro beleza? Seus comentários sem noção não farão falta e se tiver achando ruim faz um B.O.
E se não gostar do meu comentário me chama no @paula.oliveira94 vou adorar falar lá o que eu tive vontade de colocar aqui e não fiz por respeito a autora e ao site.
Chaaaaama
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barbara7
Em: 15/11/2021
Vamos dar uma movimentada, história está parada pulei quase todo o cap
Resposta do autor:
Tudo bem por mim você pular o capítulo. Mas não vou deixar de contar coisas importantes para a história apenas para dar emoção a coisas que podem separar as duas. O amor delas não é feito de brigas, a conversa e o dialógo, os momentos fofos juntas vai continuar acontecendo. E outra percebi que no capítulo anterior do super hot das duas. Vc nem apareceu para comentar o que achou. E ai vem me pedir para movimentar a história no capítulo seguinte? É simples. Não está satisfeita não lê simples assim. Ou se não gostou faça como faz quando gosta. Não comente.
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CatarinaAlvesP
Em: 15/11/2021
Acho que a tal dj e a namorada vai causar um ciuminhos na Rebeca hein...
é disso que a gente gosta hahahahaha
Resposta do autor:
Pq adoram as duas fazendo as pazes. kkkk
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Mille
Em: 15/11/2021
Oi autora
Hummmm isso tem cara que vai dar confusão. Se for dar zebra todas ficaram de castigo kkkk
Carmem merece sim ser feliz, e.eu pensando que a Letícia iria apresentar alguma colega dela, a ideia de levar a sogra para uma boate vai dar merda. Mais tudo é válido. Eles devem ter em mente um plano para agradar as irmãs.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Concordo com você. Carmem merece a chance de viver uma felicidade plena.
beijos
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preguicella
Em: 14/11/2021
Meu Deus! Isso não vai dar certo, não tem como, vai dar merda e só Jesus voltando pra desfazer a merda que vai dar! hahaha
Extra, extra, extraaaaaaa!
Resposta do autor:
Para de me cobrar extrasss. Vou te bater. kkkk
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paulaOliveira
Em: 14/11/2021
Se eu não cobro tu não aparece né kkkk
Carmem vai pro céu com ajuda das noras, quero só ver kkkkk
Resposta do autor:
Né?
kkkkkk
Quero só ver esse b.o das noras.
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