CAPÍTULO 3: COLORS VIP
De visual novo, e com a produção glamorosa e gay dos meus amigos, cheguei ao Colors ansiosa, de longe já vi Renato e Bernardo acenarem enlouquecidos no primeiro piso, subi ao encontro deles e a primeira coisa que ouvi deles foi um sonoro:
-- Uuaaau!
Ruborizada desejei ter um buraco para enfiar minha cabeça, quando meus amigos deixaram a purpurina voar, as plumas se espalharem com seus gestos efusivos e saltitantes:
-- Menina você está um espetáculo! - Renato disse me cercando, analisando-me dos pés a cabeça.
-- Amor a gente devia ganhar dinheiro com isso... A gente arrasou! – Bernardo falou me rodopiando.
-- Ok meninos, mas vocês podem parar com esses giros e gritinhos? Estão todos nos olhando...
Renato e Bernardo puxaram a cadeira para mim, pediram uma bebida colorida e pra abrir a noite propuseram um brinde:
-- À volta de Isa à vida! E ao nosso talento fenomenal de ressurreição!
Inevitável não sorrir com aqueles dois. Estava me sentindo bem com o novo visual, e o mais assustador para mim: estava gostando de ser paquerada, naquele espaço seleto, eu era alvo de olhares, cochichos, eu estava mesmo voltando à vida.
A música estava perfeita, o espaço vip do bar fazia jus ao título, as pessoas pareciam mesmo especiais, não só pela beleza, mas, principalmente pela energia que transmitiam gente bem resolvida e de bem com a vida, algo que perdi com a morte de minha mulher.
Definitivamente eu precisava beber para ficar à vontade naquela situação. O vestido leve que escolhi na altura dos joelhos, deixava minhas costas nuas, revelando a tatuagem que fiz um ano após meu casamento com Camila: uma borboleta com uma aliança envolta. E foi justamente a tatuagem que foi pretexto para aproximação de uma morena de lábios marcantes, que deslizou seu indicador pelas minhas costas despertando meu arrepio, em seguida disse:
-- Essa aliança não está impedindo que essa borboleta alce vôos mais altos?
Assustei-me com o gesto ousado, e ainda mais quando encarei o olhar que praticamente me despiu:
-- Oi? – Perguntei fingindo inocência.
-- Sua tatuagem...
-- Ah, sim... A tatuagem...
-- Como vai Bernardo?
A morena cumprimentou meu amigo educadamente.
-- Olá Valéria, tudo bem?
-- Não tão bem acompanhada como você, mas estou bem sim.
-- Ah... Deixe-me apresentar, esse é Renato meu marido, e essa é Isabela, minha melhor amiga.
A morena deu dois beijos de comadre em Renato, e em mim, o cumprimento não foi nada formal, os beijos foram lentos, nossas bochechas roçaram, o segundo beijo foi dado bem próximo ao canto de minha boca, o cumprimento deu-me tempo suficiente para sentir seu perfume adocicado, e a morena exibir bem à altura dos meus olhos seu decote.
-- Posso me sentar com vocês? As minhas amigas ainda não chegaram... – Perguntou Valéria.
-- Claro, fique à vontade Valéria. – Respondeu Bernardo.
-- Ai Bê, me chama só de Val, parece minha professora de cálculo me chamando de Valéria Maria...
Bernardo sorriu e balançou a cabeça positivamente. Val sentou-se ao meu lado, e todas as vezes que eu falava, girava seu corpo e me encarava fixamente, especialmente para minha boca, deixando-me tonta com o desejo impetrado naqueles olhos castanhos.
Falávamos amenidades, enquanto isso, eu investia nas bebidas exóticas sem me preocupar com o efeito que tanto álcool disfarçado faria quando eu levantasse dali. Quanto a Val, essa não perdia a oportunidade de me tocar “acidentalmente”, pouco falava sobre ela, sobre o que fazia, e Bernardo muito menos, fato que achei estranho, mas o que mais me incomodava era a ausência de Clara.
Em boa parte do tempo eu estava olhando em volta, buscando-a, um tanto frustrada por não encontrá-la, prosseguia com minha gincana alcoólica e de flerte. Renato percebeu minha inquietação e logo cochichou ao meu ouvido:
-- Ela deve está ocupada com pajeando a banda, já já ela aparece.
Piscou o olho cúmplice, e Val, continuava suas investidas, elogiando a cor do meu cabelo, e assim segurava algumas mechas flertando deliberadamente. Esquivava-me tímida, e quando eu atingi meu limite de desculpas para afastar ainda mais minha cadeira, Val pediu licença para falar com as amigas que acenavam para ela anunciando a chegada delas:
-- Eu vou, mas eu volto Isabela, até mais meninos.
Beijou mais uma vez meu rosto, bem próximo à minha boca. E foi nesse exato momento que Clara subia as escadas, olhando em minha direção.
Mesmo inocente, fiquei constrangida com o “flagrante”. Clara se aproximou da mesa, e com o olhar fixo nela, inevitável não perder o fôlego tamanha sua elegância e beleza. Clara usava uma saia justa acima do joelho, uma blusa de cetim com decote trespassado, botas cano longo de salto fino, ressaltavam seu charme natural. Não pude deixar de perceber a expressão de insatisfação de Clara ao observar Val se afastar de nossa mesa depois do cumprimento íntimo comigo.
A dona do Colors parou para cumprimentar alguns clientes no trajeto até nossa mesa. Eu estava ansiosa, e não desviei minha atenção dos movimentos de Clara por nenhum momento:
-- Ow Isa... A visão ta está boa daí? Ou precisa que nos afastemos um pouco do seu ângulo? – Disse Renato.
-- Han?
O casal sorriu da minha distração, e só então percebi o quanto eu estava deixando evidente minha ansiedade em encontrar Clara. Sorri sem graça, disfarcei minha timidez mexendo no meu copo sobre a mesa, quando Clara finalmente parou diante de nossa mesa:
-- Boa noite! Estão sendo bem atendidos?
-- Ah Clarinha! Pensei que não veríamos você essa noite! – Renato falou levantando-se, cumprimentando a amiga com um abraço carinhoso. – Menina você está um escândalo! Não está amor?
-- Está sim, aliás, estamos nesse momento cercados das mulheres mais lindas desse bar. – Bernardo respondeu olhando para mim.
-- Vocês são uns fofos, isso sim! Desculpem a demora, estava acertando detalhes do show, daqui a pouco está começando, as meninas estavam nervosas, convidei o diretor de uma gravadora que está lançando um selo meio alternativo, enfim, acho que elas tem tudo haver com o que ele está procurando.
-- Ai você está fazendo mesmo o que gosta agora não é Clarinha? – Perguntou Renato.
-- Sim meu amigo... Adoro esse meio, esses eventos... E aí, o que acharam do novo espaço?
-- Maravilhoso amiga parabéns. – Respondeu Renato.
-- E você Isa? O que achou? – Clara perguntou encarando-me pela primeira vez desde que chegou.
-- De muito bom gosto, muito agradável o clima, você acertou em tudo, parabéns.
Respondi visivelmente decepcionada pela pouca atenção que Clara me deu até então.
-- Obrigada, vocês são muito gentis. Obrigada também por terem aceitado o convite. Espero que gostem da banda. Divirtam-se.
Clara fez menção de se afastar, quando Bernardo perguntou:
-- Ué Clarinha! Eu pensei que você ia ficar aqui, assistir o show conosco!
-- Não posso Bernardo, preciso ajudar o Mateus com a organização da equipe... Sabem como é... Garçons, barman, recepcionistas... Perdoem-me.
Minha reação foi mais do que de insatisfação, fiquei furiosa, descontei minha fúria devorando o conteúdo da bebida do meu copo, despertando a preocupação de Bernardo:
-- Amiga estou feliz que você esteja se divertindo aí com seu coquetel colorido, mas vá devagar, isso não é refresco, assim você nem vai ver esse show...
-- Show? Estou me lixando pra esse show Bernardo, vocês não me produziram para que eu fosse a atração? Pois bem, chegou a hora.
-- Isabela Bittencourt! O que você acha que vai aprontar? – Bernardo perguntou em tom censor.
-- A primeira coisa é exibir toda essa produção por aí, vou circular!
-- Ai meu santo protetor da purpurina! Pelos óculos da Lady Gaga: criamos um monstro! – Bernardo falou em tom afetado, mas preocupado.
Chamei o garçom pedi outra dose de bebida, e levantei da mesa decidida a encerrar meu período de luto, e adotar o “to solteira e to na pista” como lema da noite. Mas como era de se esperar, uma hora tanta ingestão de álcool faria efeito... Percebi meu estado de embriaguez quando senti degraus naquela superfície plana antes da minha maratona alcoólica colorida. Tontura era pouco para descrever meu embarque no navio imaginário, por pouco não caí, sentei rapidamente ao me dar conta que não conseguiria dar mais um passo sem correr o risco de atropelar um garçom com uma bandeja lotada ou pior, ficar dependurada no primeiro piso.
-- Opa! Para tudo que eu quero descer! – Exclamei com dificuldades de emitir palavras compreensíveis.
Ouvi a gargalhada de Renato e Bernardo que aproximaram as suas cadeiras de mim:
-- Isa fique aqui pertinho de nós, ficará mais segura. – Renato falou acenando para o garçom.
-- Vamos cuidar de você... Nossa produção não pode ser ofuscada por um pileque.
Bernardo falou me servindo água, eu bem que tentei argumentar, mas estava mesmo muito tonta até para formular uma frase com o mínimo de sentido. Alguns minutos depois, e de quase um litro de água com gás, observei a luz do palco se acender e Clara entrando. Se era alucinação, fruto de minha embriaguez eu só saberia minutos depois quando ela se apresentou a platéia com um empolgado boa noite dos convidados.
--“Obrigada pela presença de todos, estou muito feliz de ver tantos amigos e clientes aqui. O Colors Bar’s inaugura hoje uma nova etapa, não só pelo lançamento de nossa área vip, mas pelo nosso calendário de eventos culturais que apresentaremos aqui, nossa proposta é eclética, portanto, em breve teremos inclusive um espaço dance que lançará e trará os melhores DJs do nosso circuito alternativo. E para abrir com chave de ouro essa nova era, escolhemos uma banda de vocais femininos que trará o melhor rock pop dos anos 80 e 90, além de suas próprias composições, prestigiem essas meninas por que em breve elas vão estourar! Com vocês: The Marys!”
A banda entrou no palco com o hit do Kid Abelha:
Vem amor que a hora é essa
Vê se entende a minha pressa
Não me diz que eu tô errado
Eu tô seco, eu tô molhado
Deixa as contas
que no fim das contas
O que interessa pra nós
É fazer amor de madrugada
Amor com jeito de virada
Larga logo desse espelho
Não reparou que eu tô até vermelho
Tá ficando tarde no meu edredon
Logo o sono bate
A canção animou o público, eu bem que tentei levantar, mas o máximo que consegui foi aplaudir a mensagem da letra da música, pareceu ser sugestiva para Val, que se aproximou por trás de mim, envolvendo seus braços em meu pescoço cochichando:
-- É uma boa sugestão para mais tarde não acha?
-- Han? - Perguntei fingindo inocência.
-- Fazer amor de madrugada...
-- Ah!
Desconversei, mas Valéria era a típica predadora, cercava a ‘‘presa” de todas as formas, ela roçava o nariz no meu pescoço, afastando os meus cabelos. Obviamente não fiquei imune a esses assédios, meu corpo respondia, estremecia, arrepiava, mas meu olhar buscava Clara, que mesmo entretida perto do palco olhava para cima fazendo expressão de poucos amigos ao ver Val perto de mim.
-- Vai ficar aqui sentada? Levanta Isa...
Bernardo e Renato interviram quando notaram o desconforto da situação, fiquei entre os dois, enquanto Valéria se aproximava da sacada, exibindo sua sensualidade em suas curvas bem definidas.
-- Isa... A Val não presta... É um arraso linda, mas não vale nada...
Bernardo falou sério enquanto me abraçava pela cintura, deixando evidente o quanto queria me deixar afastado da morena. Aos poucos minha tontura foi diminuindo à custa de litros de água com gás que Renato não cansava de me ofertar, mas inevitavelmente, e com muito receio, precisava ir ao banheiro. Val não estava mais conosco, mas sentia seu olhar me acompanhando enquanto ela se divertia com suas amigas perto do bar.
Banheiro feminino de balada LGBTQ é sinônimo de amasso, há quem diga que existe até fetiche, está sempre nas fantasias masculinas, mas o fato é que segui para lá com receio, há tempos que banheiro para mim tinha apenas sua função real, mas lembrei de quantas vezes usei o lugar para roubar beijos e carícias quentes de Camila, Suzana...
O universo lésbico se encontrava por ali, e eu me sentia uma estranha naquele mundo, entretanto, um desejo estranho tomava de conta de mim: eu queria aqueles beijos, aquela paixão, queria ser empurrada para dentro de um Box daqueles e ser devorada, tocada com voracidade... Aproximei-me do espelho, lavei minhas mãos, minha nuca, observando o reflexo de um casal trocando um beijo apaixonado. Confesso que um frio subiu pela minha espinha, senti meu corpo dando sinais que estava de fato voltando à vida.
Saí apressada do banheiro com uma pessoa apenas no pensamento: Clara. Para minha surpresa, a loira estava encostada na parede próxima à porta, mordeu os lábios me olhando dos pés a cabeça, nossos olhares se cruzaram por segundos, e ainda influenciada pelo desejo despertado com as cenas que assisti no banheiro usei uma força sobre humana para me conter em não avançar naquela boca sensual, mergulhar naqueles olhos cinza tão brilhantes de pura volúpia.
E quando o inevitável estava prestes a acontecer: nossas bocas se encontrarem em um beijo, a presença agora desagradável de Val se colocou entre nós:
-- Isa! Ora, você está aí... Achei você finalmente...
A expressão de Clara mudou completamente, afastou-se sem explicações, e quanto a Val, esta ignorou sem culpas o rompimento do clima entre eu e Clara.
-- Não perca tempo com a Clara minha querida, essa daí vai ser sempre apaixonada pela Roberta, basta que ela estale os dedos que a Clara volta correndo... Você merece uma mulher que se dê por inteiro a você...
Val segurou minha mão e me levou para perto do palco onde suas amigas estavam. Toda aquela movimentação me deixou tonta, perdida... Depois de um período de luto pela mulher mais perfeita a qual me mostrou o que é felicidade, encaro na mesma noite, duas mulheres espetaculares no quesito beleza e sensualidade, e as opiniões sobre elas me deixavam confusa. Comecei a acreditar que toda a produção de nova mulher encabeçada pelos meus amigos foi muito precoce, eu não estava preparada para a instabilidade, os jogos de flerte nesse cenário lésbico.
Apesar da vontade inexplicável de encontrar Clara naquela pequena multidão, mesmo estando ao lado de Valéria, a sensatez falou mais alto, aproveitei a ida da morena ao bar e me esquivando entre as pessoas consegui sair do bar. Respirei fundo como se fosse algo impossível dentro do Colors. Saquei o celular para avisar aos meninos que estava indo para casa mais cedo, quando ouvi uma voz familiar falando ao celular:
-- “Não me ligue mais, esqueça que eu existo, acabou Roberta!”
A voz suave de Clara estava praticamente irreconhecível. Ela gritava com fúria. Aproximei-me dela que até então não tinha notado minha presença.
-- Clara, está tudo bem?
A loira estava visivelmente tensa, com expressão de angústia.
-- Sim está... E você o que faz aqui fora? Já está de saída?
-- Na verdade sim... Estou indo.
-- A Valéria conseguiu rápido essa noite...
-- Como? Não entendi.
-- Geralmente ela cerca a noite toda antes de...
-- Espera aí! O que você está pensando de mim?
Minha indignação chamou a atenção de Clara.
-- É que eu pensei que... Você estava de saída com ela... Vi vocês...
-- Você não viu nada... Talvez por que você mal tenha prestado atenção em mim nessa noite, me emperiquitei toda pra noite vip do seu bar por que você me convidou e você mal me olhou!
-- Você está louca? Não tem como não prestar atenção numa mulher com você Isabela! Devorei você a noite toda com meu olhar!
-- Han?
Nem deu tempo eu me refazer da declaração de Clara, a loira me empurrou contra a parede do beco, já que o Colors ficava numa esquina. Segurou-me pela cintura, e respirou ofegante perto dos meus lábios. Meu corpo estremecia, olhei para a boca de Clara sentindo seu hálito quente e doce e avancei nela faminta. Clara afastou seu rosto com um sorriso malicioso, apertou suas mãos na minha cintura, subindo com uma delas pelo meu pescoço e nuca, depositando sua boca na minha bochecha roçando seus lábios. A carícia foi suficiente não só por me acender, como também foi responsável por me deixar meu sex* molhado. Tentei mais uma, duas vezes roubar seu beijo, mas Clara tinha o domínio completo sobre mim, provocou-me com sua respiração acelerada emitindo sons sensuais próximo ao meu ouvido. Minha pele eriçada parecia sinalizar o meu desejo incontrolável de ter Clara dentro de mim.
Bruscamente a loira afastou-se, puxou minha mão e me levou até uma porta estreita no beco, que dava acesso a um lance de escadas. Conduziu-me por cada degrau com ares de mistério até chegarmos ao primeiro andar, onde um estúdio com poucos móveis desarrumados estavam dispostos. Minha curiosidade em saber que lugar era aquele não teve espaço, por que Clara não me deu tempo para perguntas, mais uma vez empurrou-me contra a parede, dessa vez de costas, deslizando suas mãos por minhas pernas, continuando a roçar seus lábios e nariz por minha nuca e pescoço. Com uma das mãos arranhou minha perna e com a outra puxou minha cabeça para trás pelos meus cabelos arrancando meu gemido.
Nem notei em que momento Clara subiu meu vestido, mas em pouco tempo minha calcinha estava no chão, e Clara investiu no meu sex* encharcado, massageando meu clit*ris deixando-me com as pernas sem forças, dobrei os joelhos, tamanho era o prazer que os dedos de Clara me davam. Sentindo a minha excitação ao máximo, Clara voltou meu corpo deixando-o mais uma vez de frente para ela, e seu sorriso chegava a ofender tamanha era a malícia em seus lábios. Encaixou uma de suas pernas entre as minhas, a umidade já era abundante ali, e isso pareceu lhe adiantar o gozo... Clara fechou os olhos numa expressão de prazer quando notou nas suas pernas o líquido que saía do meu sex* escorrer. Movimentou sua perna me suspendendo, apertando minha coxa levemente erguida, ela parecia prorrogar as sensações de prazer do meu corpo, e se deliciava com isso. Quando ousei gem*r mais alto, Clara cravou suas unhas em minha coxa e com a outra mão envolveu seus dedos em meus cabelos e invadiu minha boca com sua língua, culminando meu gozo no calor de seus lábios ch*pando minha língua com voracidade.
Com nossas bocas unidas, sedentas por beijos quentes, minhas mãos procuravam o corpo de Clara com avidez, perdemos nossas peças de roupa uma a uma, o desejo parecia ter nascido há anos, contradizendo a lógica uma vez que nos conhecíamos há apenas três dias. Clara me levou até as almofadas que cercavam um colchão, e dessa vez sem pressa, me deitou e beijou cada pedaço da minha pele, intercalando com lábios e língua, desde meus pés até meu pescoço. Incrivelmente, aquelas carícias delicadas aumentavam minha excitação como se Clara lesse o que meu corpo pedia.
Sim eu estava viva, Clara me provou isso em cada carícia em cada beijo, e foi o corpo dela que me acolheu com o coração acelerado depois de me proporcionar o orgasmo que iniciara o fim do luto do meu corpo. Abraçada a ela delicie-me com o perfume de sua pele enquanto ela acariciava meus cabelos espalhados pelo seu colo desnudo.
-- Então você se emperiquitou toda pra mim?
Clara falou divertida enquanto eu ruborizava.
-- Você nem imagina a maratona de produção que aqueles dois me fizeram passar...
-- Maratona?
-- Compras, manicure, depiladora, cabeleleiro...
-- Nossa tudo isso? Bicha tem cada uma né...
-- Por que você diz isso?
Clara ergueu minha cabeça e me encarou dizendo:
-- Por que eu me encantei por você desde que meus olhos encontraram você... Qualquer produção é coadjuvante em você.
-- Quer dizer que todo empenho e uma fatura quilométrica do cartão de crédito foi em vão?
Brinquei franzindo a testa arrancando um sorriso lindo de Clara.
-- Na verdade sim, por que toda sua produção está aí no chão do loft...
Sorrimos olhando o cenário.
-- Então... Você tem o que posso chamar de “matadouro” aqui vizinho ao seu bar?
-- Nossaaa... Doutora Isabela! Que coisa mais deselegante de se dizer!
-- Pois é os meninos esqueceram-se de produzir também a elegância nos comentários... O limite do cartão de crédito estourou naquela sandália ali...
Apontei para minha sandália de salto perto da porta. Clara sorriu apertando minha bochecha.
-- Respondendo à sua pergunta maldosa, não, eu não tenho um matadouro vizinho ao meu bar não... Está pensando o que? Embriago, drogo as mulheres no meu bar e as arrasto para cá? Isso parece mais coisa da Valéria, não sou desse tipo...
-- Certamente que não. Você não precisa de nada mais do que esse sorriso para arrastar qualquer mulher para o lugar que você quiser...
Dessa vez foi Clara a corar a face.
-- Esse loft como você pode perceber ainda está em construção. Voltei de Londres meio... Vamos dizer descapitalizada, aluguei meu apartamento, e para economizar com gasolina e tudo mais, resolvi me mudar para cá, fica perto do trabalho, me estresso menos com trânsito...
-- Então foi um bom negócio...
Não consegui esconder o tom irônico do meu comentário considerando meu olhar analítico em volta.
-- Ei! Não olha com desdém assim não! Vai ficar bem legal quando estiver pronto. Estou decorando do meu jeito, aos poucos, por que a grana está curta.
Sorri fingindo dúvida sobre acreditar nos seus planos.
-- Vou fazer uma aposta com você: daqui a seis meses você volta aqui. Se esse estúdio não estiver transformado no espaço mais charmoso que você já viu, você pode pedir o que quiser de mim que eu farei.
-- E se estiver?
-- Aí então, você fará o que eu quiser.
Pensei por alguns segundos e respondi estendendo a mão:
-- Fechado!
Selamos a aposta com um aperto de mão,
-- Posso te perguntar uma coisa? –Indaguei.
-- Pode.
-- Antes de subirmos, você estava discutindo no telefone com sua ex?
-- É... Estava.
A resposta sucinta de Clara trouxe o silêncio incômodo ao ambiente. Não ousei perguntar mais nada, na verdade, arrependi-me de quebrar o clima ameno instalado entre nós depois de um sex* libertador para mim. O silêncio só foi quebrado com a campainha do meu celular, havia esquecido completamente de avisar meu paradeiro a Bernardo e Renato. Economizei nas palavras poupando a sessão de gritinhos do outro lado da linha.
-- Você precisa voltar ao bar?
-- Não... Eu não vim com eles... Vim sozinha. E você? Tem que voltar?
-- Deveria, mas não quero sair do seu lado...
-- Que pena...
-- Pena? Por quê? Quer sair?
-- Não... É que pensei que você poderia ao invés de ficar ao meu lado... Ficar por baixo de mim...
Falei isso acariciando seus seios com o dorso de minha mão notando sua pele alva eriçar.
-- Então você gosta de ficar por cima?
Clara perguntou segurando-me pelo bumbum, enquanto eu roçava meu sex* no dela.
-- Por cima... Por trás, por dentro...
Mordi os lábios com ar de riso malicioso, refletindo a expressão de Clara que deixava escapar gemidos enquanto eu remexia meus quadris sobre o sex* dela. Encaixei-me entre suas pernas, requebrando lentamente minha cintura sentindo a umidade emanando da cavidade quente e pulsante de Clara.
-- Então vem... E entra em mim vai...
Clara sussurrou ofegante, Ergui uma de suas pernas e deslizei dois dedos dentro da vagin* de Clara mantendo o polegar massageando seu clit*ris em estocadas lentas que aumentaram gradualmente em força e velocidade. Clara arqueou seu tronco, suas pernas se contraíam e seus gemidos aumentaram o volume:
-- Vai vaaai... Não pára...
Excitada pelas reações do seu corpo, intensifiquei meus movimentos, introduzindo mais dedos, explorando os pontos sensíveis daquele corpo delicioso e novo para mim. Senti o gozo de Clara escorrer por minha mão, isso me deu um prazer que eu nem sabia ser capaz de sentir se não fosse com Camila.
Conhecer outra mulher depois de sete anos amando a mesma mulher era excitante e desafiador. Tocar outro corpo me deu uma sensação de renovação que era totalmente estranha para mim. Acordei com Clara ao meu lado quando o sol adentrou pelas frestas das persianas recém colocadas, e esse foi o momento mais surreal da minha história recente.
Olhei em volta: roupas espalhadas em um espaço sem romantismo e vazio, ao meu lado uma mulher linda, nua, mas desconhecida para mim. O que eu tinha feito afinal? Podia até me refugiar na desculpa do excesso de álcool, mas seria hipocrisia. Fiz tudo conscientemente e inconseqüentemente também. A palavra era essa: inconseqüência. Deixando-me levar pelos apelos do corpo, pela carência, pelo clima de sedução descompensado de uma noite apenas, não soube lidar com meu despreparo para recomeçar minha vida social e sentimental. Inconsequente com meus sentimentos, com meu corpo, com minha história. A sensação que tive foi que a verdadeira Isabela foi apenas expectadora de uma noite de sex* casual de outra Isabela desconhecida. Naquele amontoado de almofadas no chão, vi duas mulheres desconhecidas.
Atordoada, levantei-me catando minhas peças de roupa pelo chão. Agindo mais uma vez como uma cafajeste, na linguagem dos meus amigos gays, como uma predadora que só busca sex* pelo sex*, saí do loft de Clara sem avisar nada, clandestina, coberta de vergonha, a repulsa por minha própria imagem era tanta, que sequer no retrovisor do carro eu tive coragem de me encarar.
Entrar no meu apartamento foi um choque. Voltar suja ao meu mundo de lembranças com Camila fez eu me sentir a mais promíscua das mulheres. Devo ter demorado mais de uma hora em um banho que não foi capaz de minimizar a sujeira que impregnava minha consciência. A ressaca não era só física, era principalmente moral. Chorei como há muito tempo não chorava. Minha sessão de auto-martírio só acabou quando meu celular tocou, para coroar minha punição interior, era Márcia, mãe de Camila.
-- Isa desculpe-me ligar tão cedo... Tentei falar com você ontem, mas estava desligado seu celular.
-- Oi Márcia, imagina... Já estou acordada faz tempo, aconteceu alguma coisa?
-- Não minha querida, nada de novo, só estou ligando por que... Bem, você deve estar lembrada com certeza, do dia de hoje... Coloquei o nome de Camila nas intenções da missa das 17h aqui na Capela perto da chácara, se você quiser vir...
Procurei o calendário na escrivaninha e ao constatar a data, senti mais um golpe no meu flagelo: era aniversário de Camila, quando ela completaria 40 anos.
-- Claro que estou lembrada Márcia, eu vou sim.
Fim do capítulo
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