Uma coisa sobre  Dome. Ela nunca, nunca mesmo volta em uma decisão, por essa razão não tentei convence-la a não ir ao casamento, é evidente que eu temia   alguma atitude impensada dela, mas, no fundo, só queria acreditar que ela estava apenas gastando sua última ficha. Antes de entrarmos no carro perguntei porque ela estava fazendo aquilo, ela apenas sorriu e disse que o jogo só acaba quando termina.
— Muito bem! Segurem-se que a noite promete — Tilly diz ao entrar no carro e assumir o volante.
— Está tentando ser otimista — pergunto ignorando sua animação.
— Penso que será uma noite interessante.
Dome, Savannah, Tilly e eu, vamos no meu carro, Penélope vai com Tom, os dois estão naquela fase melosa do início de namoro. 

Em cerca de 25 minutos paramos diante de enormes portões, a casa parecia mais um palácio. Foi necessário esperar até recebemos autorização para entrar, cinco minutos depois estávamos em nossos devidos lugares aguardado a cerimônia.

 O ambiente consistia em cadeiras brancas enfileiradas, em imenso jardim, onde foi construído um lindo altar, as cores se resumiam em branco, vermelho e delicadas flores amareladas.
— A decoração está impecável. — Diz Penélope certa hora.
— Realmente, muito delicada e graciosa, como Paige. — Tilly opina.
— Gostei das flores.- Savannah entra na conversa.
— Adorei a qualidade da bebida. Aliás, preciso de outra.- Dome se levanta, mas antes que se afaste, seguro em seu braço forçando-a sentar.- Emma, o que pensa que está fazendo?

— Você não vai beber Dominique, fique exatamente onde está até que esse casamento termine!  Estamos entendidas? — Encaro Dome com seriedade, ela apenas resmunga.
— Muito bem! Mama Emma. — Savannah sussurra para que apenas eu ouça. Quando estou prestes a responder, sou interrompida.
— Savannah? — Sarah surge de algum canto, vestida no melhor estilo "me coma agora." Envolvendo Savannah em um abraço forte.
— Olá Sarah. — Savannah desfaz o abraço, mas deixa a mão em sua cintura.

— Vejo que realmente se recuperou. Como vai à memória? — Que pergunta mais idiota, reviro os olhos.
— Sem grandes novidades.
— Sinto muito, espero que recupere logo. —  ela pousa sua mão no ombro de Savannah.
— Obrigada, aliás obrigada por tudo, principalmente por seus cuidados. 
— Não precisa agradecer, não foi nenhum sacrifício dar banho em você. — Sarah pisca para Savannah e se retira, seus quadris balançando sensualmente.
— Moça adorável essa.- Dome comenta.
— E uma excelente profissional.- Savannah comenta.
— Você está muito calada, Emma. — Dome provoca.
— Não tenho nada a dizer. — Meu tom é frio.
— Por que está brava? — Savannah indaga.
— Não estou brava!
— Está sim! — Dome fala, ela está sentada na fileira atrás ao lado de Tilly.
— Fique quieta,  Dominique!
— Acredito que Emma está com ciúmes.
— Ciúmes de quê?- Savannah pergunta, o divertimento presente em sua voz.
— Ora, de...- Graças aos céus Dome é interrompida por uma pequena movimentação próxima ao altar.
Um homem alto de cabelos amarelados, vestido em um lindo terno se posiciona próximo ao púlpito, ele é bonito, ao seu lado outro homem de cabelos negros e barrigudo  veste um terno semelhante, mulheres com vestidos combinando também se posicionam, de repente todos os convidados começam a fazer silêncio, a clássica música de entrada começa a ser ouvida. Uma menininha vem com uma pequena cesta cheia de pétalas de flores,  as quais joga sobre o tapete vermelho, seu vestido é de um branco reluzente, assim como o da noiva.

 Paige, está linda, realmente linda, seu vestido é composto por acabamentos em renda, ele não tem mangas, suas camadas caem suavemente soltando logo abaixo de sua cintura, olho rapidamente para Dome, ela parece hipnotizada com a cena, seus olhos presos em Paige como se ela fosse a coisa mais bonita que ela já viu. 
Paige atravessa o tapete vermelho, em seu rosto um sorriso radiante, o qual perde um pouco do brilho ao avistar Dome, porém ela segue, firme com aparente certeza de sua escolha, talvez as esperanças de Dome tenham finalmente se findado depois disso.
— Senhoras e Senhores. — Um juiz começa a dizer assim que os noivos se encontram. — Estamos aqui reunidos para ver esses dois corações apaixonados oficializarem seu amor. Hoje eles irão unir-se, tornando-se apenas um. Ambos terão que ser verdadeiros, companheiros e compreensivos com as limitações do outro. E se algum dos presentes tem algo contra essa união… — Dome não faça nada, por favor não faça nada... imploro baixinho. — Fale agora ou se cale para sempre. 
— Eu tenho!-  Penso em desmaiar nesse momento, mas felizmente percebo a tempo que não se trata de Dome, não foi ela quem  interrompeu o casamento. Todos, absolutamente todos os presentes se viram em direção da voz, então um homem negro, alto, musculoso e extremamente bonito se aproxima dos noivos, seus olhos carregam tristeza, dor e raiva.
— Qual razão você apresenta para a não realização desse casamento? — O juiz pergunta.
— Eu amo o noivo e sei que ele também me ama! — Um murmurinho toma conta do ambiente, Paige tem os olhos arregalados e a boca aberta, aliás estamos todos com essa expressão.— Chris, sei que não é fácil para você admitir o que sente, para mim também foi difícil no começo, mas agora eu não quero mais fugir disso. Por favor, venha comigo, vamos finalmente viver o que temos sem nos importarmos com os outros.

— Chris, do que ele está falando? — Paige pergunta atordoada.
— Paige... — Chris começa, mas as palavras parecem não querer sair de sua boca.
— Chris? — Ela diz segurando em suas mãos.
— Ouça Chris, essa é sua última oportunidade se não vier comigo agora, nunca mais existirá um "nós" novamente.- O homem diz.
— Paige, me desculpe, me desculpe mesmo. — Chris solta as mãos de Paige e segue em direção ao homem, os dois se abraçam e saem em disparada segundos depois.
O silêncio reina absoluto no local, Paige continua parada no mesmo lugar como se estivesse petrificada, todos estão desnorteados, ninguém diz nenhuma palavra, só ficamos ali totalmente perdidos. Até, que Dome se levanta. A cena parece ser em câmera lenta, ela vai até Paige, sussurra algo para ela e estende uma das mãos, Paige a olha nos olhos e segura a mão que Dome lhe estende, a seguir começam a andar em direção a saída e momentos depois somem entre os carros estacionados.

— Alguém pode me explicar o que aconteceu? — Pergunto ainda abobalhada.
— Sua irmã levou a noiva, no fim das contas ela roubou a noiva! — Savannah tem um sorriso genuíno nos lábios.
—  Bem, ninguém pode chamar essa noite de previsível. — Tilly diz bem-humorada.
— O que faremos agora? — Penélope pergunta.
— Bem, já que estamos todos tão bem arrumados vamos sair para dançar. — Tom diz animado. — Conheço um lugar ótimo.
— Por mim tudo bem. — Tilly aceita prontamente.
— Acredito que precisamos disso após tantas surpresas. O que me diz Emma?- Savannah pergunta.
— Vamos nessa!

************************************************************************************************************************************************************

 A expressão "beber todas" nunca fez tanto sentido para mim como naquele momento, Tom nos levou para um Pub extremamente agradável, eles mesclavam músicas atuais e os grandes sucessos dos anos 80 e 90, bebi várias coisas das quais não me lembro o nome, graças a Savannah não fiquei completamente bêbada, ainda restava pequena parte consciente em mim.

 Tom, por outro lado, mal se segurava em pé, Penélope se divertia com os tropeços do namorado na pequena pista de dança improvisada. Tilly estava conversando com um homem de cabelos ruivos a mais de uma hora, ela foi pedir algumas bebidas no balcão e por lá ficou. Savannah está ao meu lado, ela ri do desempenho de Tom e Penélope que apesar dos tropeços encantam o público.
— Do que está rindo? Eles dançam bem. — Digo tomando mais um gole da minha bebida, enquanto ligo para Dome pela milésima vez.
— Eles parecem dois malucos. — Ela enquanto pega o copo que estou prestes a virar na boca.  — Emma, pare de ligar para Dome!
— Estou preocupada.
— Não há razões para isso, sua irmã sabe o que está fazendo. — Savannah diz ficando de pé.- — Venha, venha dançar comigo. — Sua mão é estendida em minha direção.
— Eu não sou uma boa dançarina.
—  Você não pode ser pior que ela. — Savannah aponta para Penélope.
— Ok, mas não reclame depois.
Assim que chegamos na pista de dança começa uma música de tom animado, o cantor tem uma voz suave, a letra soa divertida, Savannah põe a mão em minha cintura e eu coloco as minhas em torno do seu pescoço.
   Ela começa a girar meu corpo, rimos uma da desenvoltura da outra, afastamos nossos corpos por alguns segundos, até ela puxar suavemente minha mão, então ficamos próximas novamente.    
A música animada acaba, em seu lugar uma  lenta começa, Savannah segura novamente em minha cintura, mais uma vez envolvo seu pescoço com os braços, dessa vez ficamos bem juntas, nossos movimentos agora mais ordenados, escondo meu rosto no vão do seu pescoço absorvendo seu cheiro. Concentro-me totalmente nela e na música, seus passos suaves, seu corpo embalando o meu, meu coração acelera quando suas mãos apertam minha cintura, sua boca encosta na minha orelha, ela canta o refrão para mim, sua voz me causando arrepios.
      My love
Take my breath way
Take my breath way...
—  Savannah...
Take my breath way
Take my breath way
Savannah se afasta lentamente, seu rosto fica a centímetros do meu, encaro seus lábios e ela aproxima sua boca da minha, nossas bocas estão praticamente se tocando, posso sentir seu hálito bom em meu rosto, sinto um desejo enorme de beija-la.
— Eu nunca beijei uma garota. — A distância entre nós é praticamente inexistente.
— Então me deixe ser a primeira.

Fim do capítulo