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LEIS DO DESTINO - TEMPORADA 1 por contosdamel

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Palavras: 6305
Acessos: 1762   |  Postado em: 09/11/2021

Notas iniciais:

No Direito: Litigante desonesto. O que entra em demanda sem direito, por ambição, malícia ou emulação. 

CAPÍTULO 42: Improbus litigator

O semestre apertado chegou ao fim. Era julho de 2004, período de férias escolares. Com muito custo, Natalia deixou a capital para visitar os pais no interior, já que tinha vinte dias de recesso antes no novo semestre. Prometeu retornar em dez dias para cumprir seus planos com Diana e viajarem para o litoral nordestino, onde a loirinha faria um trabalho para um catálogo de moda verão.

 

            Ano de eleições há muito tempo eram tempos de tortura para Diana. O poder político de seu pai em Mato Grosso do Sul era sua principal lembrança da infância, quando ela nasceu seu pai assumiu seu primeiro mandato nacional. O imperador do gado não se contentou em ser apenas o homem mais rico do estado, usou do seu suposto amor pelo Pantanal para conquistar destaque na bancada ruralista, os seus feitos e métodos escusos para provar e estender seu poder no seu curral eleitoral e pelos diversos setores do governo se propagavam pelos corredores do congresso e do senado, além de ser eventualmente abafados quando um jornalista mais sério tentava divulgar.

 

            Naquele ano, o senador Acrísio Toledo Campos tinha outro plano. Lançara-se candidato a prefeito de Campo Grande, ambicionando em dois anos concorrer ao governo do Estado. O filho mais velho tentava seu terceiro mandato para vereador, assim, a família Toledo Campos se concentrava mais uma vez na maratona das urnas. Diana nunca se envolvia, mesmo com os protestos veementes do pai e as constantes ameaças de cortar benefícios caso a filha caçula não ajudasse nas campanhas. O máximo que o pai conseguia da loirinha era sua promessa de não protagonizar escândalos, não dar margem para macular a honra da família exigindo comportamento exemplar longe dos holofotes da imprensa.

 

            No entanto, aquele ano prometia ser diferente. Diana não era mais uma estudante anônima, seu nome no meio fashion já a tirara dessa condição, especialmente pela presença frequente da fotógrafa em festas badaladas de lançamentos de revistas e desfiles. Por esse motivo, as agências de publicidade especializadas em marketing político encontraram na vida da filha caçula do senador Acrisio um prato cheio para incitar fofocas, especulações, minando a imagem de família tradicional do maior nome do Partido Social Cristão da Família.

 

            A postura ultraconservadora do partido do senador Acrisio, o fazia um dos maiores defensores dos “valores morais cristãos”, tais valores eram vendidos como aqueles que protegem a família de males como: as drogas, a violência, a prostituição e o homossexualismo. Assim, expor a filha do senador como uma lésbica assumida era um ponto importante para atacar sua campanha.

 

            Durante os dias que Natalia estava com os pais, Diana fora assediada por diversos meios por repórteres, fotógrafos, indagando especialmente fatos sobre sua sexualidade e envolvimento com top models e atrizes. Não precisou grande esforço por parte desses profissionais para encontrar alguma testemunha, ou ainda, alguma modelo atriz querendo mídia gratuita para surgir como uma ex-namorada de Diana.

 

            Com isso, Diana viu sua vida ser transformada em um inferno. De um lado estava a conhecida impressa marrom distorcendo, reinventando, mentindo fatos e eventos, manipulando frases e imagens, pintando Diana como uma lésbica predadora. Do outro lado, estava a pressão massacrante de seu pai e seus irmãos, especialmente Douglas, o mais velho, também político, cobrando satisfações e seu prometido comportamento exemplar.

 

-- Você vai vir para Campo Grande hoje mesmo Diana! – Douglas berrava ao telefone.

 

-- Ah jura? O que te faz acreditar que você tem algum poder sobre mim? Maninho eu não sou um dos seus assessores corruptos, não te devo nada, não tenho nada a fazer em Campo Grande, estou com uma agenda lotada de compromissos profissionais.

 

-- Compromissos profissionais? Você chama de profissão viver em festas beijando mulher, soltando flashes no seu brinquedinho caro?

 

-- Bela descrição você absorveu sobre o que tem sido minha carreira como fotógrafa heim?

 

-- Diana pouco me interessa com quem você trans*! Se você quer viver nessa sujeira, nessa safadeza, por mim não ligo, desde que você não leve a minha carreira e do papai pra lama junto com você!

 

-- Não que isso te interesse ou faça diferença para você, mas o que estão divulgando é mentira! Não sou essa promíscua que estão pintando! Sim, eu gosto de mulher, mas, atualmente só de uma, com a qual estou namorando há meses.

 

-- Você tem razão, isso não me interessa nem faz a menor diferença para mim. Se você não quiser que o papai dê o jeito dele nessa situação, trate de vir para Campo Grande hoje mesmo!

 

            Diana não levou a sério as ameaças do irmão. O que realmente a incomodava era Natalia se machucar com as fofocas ardilosas e falsas que se espalhavam pela mídia a respeito dela.

 

 

            A preocupação da loirinha tinha fundamento, tão logo Natalia tomou conhecimento das notícias vinculadas, tratou de cobrar explicações da namorada.

 

-- Você me dizer o que está acontecendo Diana?

 

-- Oi meu amor, saudades também...

 

-- Diana não me enrola!

 

-- Nat isso se chama política. Estão querendo atacar meu pai através de mim. Tudo isso é fruto da sujeira que se faz na vida das pessoas pra respingar nos outros...

 

-- Quer dizer que você nunca ficou com aquela modelo esquelética, a Alexia?

 

-- Com ela eu fiquei... Mas, estávamos separadas amor...

 

-- E com aquela adolescente enjoada da novela, a Monique não sei de que?

 

-- É... Fiquei, mas ela é maior de idade!

 

-- Porr* Diana! Precisava passar o rodo? Ficar se esfregando, passando a mão em todas que chegassem perto?

 

            Natalia desabafou esmurrando sua cama.

 

-- Meu amor, não foi nada sério com nenhuma. Estão exagerando, as fotos foram manipuladas, eu não estive em metade dos lugares que alegam que estive, posso provar isso.

 

-- Sabe o que pior nisso tudo? Eu vim para cá com o intuito de dizer a verdade para meus pais, que estamos morando juntas, que nos amamos, mas agora levo meu tempo defendendo você, tentando fazê-los acreditar que você não é má influência para mim.

 

-- Meu amor desculpe-me... Eu não poderia supor que isso fosse acontecer. Meu irmão está quase usando meu fígado como patê no café da manhã, tenho repórteres na minha cola o dia todo, não sabe o inferno que está sendo, e ainda mais com saudades de você.

 

-- Não tente me sensibilizar... – Natalia disse se desarmando.

 

-- Ao menos você estando aí está protegida desses abutres. Mas me sinto tão sozinha aqui enfrentando tudo isso...

 

-- Você não está sozinha, logo estarei ao seu lado para enfrentarmos isso.

 

            A volta de Natalia para São Paulo não representou calmaria para o conturbado momento de Diana. A tal viagem para o nordeste foi cancelada, a agência não viu com bons olhos o escândalo que a fotógrafa estava envolvida. Os últimos dias de férias do casal foram praticamente em prisão domiciliar.

 

            Em uma das raras vezes que Diana saiu preferiu fazê-lo sozinha para resolver assuntos profissionais, para evitar expor Natalia, e exatamente nessa ocasião, recebeu a desagradável visita do seu sogro: o senador Acrisio Toledo Campos.

 

-- Não vai me convidar para entrar?

 

            O homem alto, com traços fortes, perguntou altivo. Natalia nervosa e pálida engoliu seco e apenas abriu passagem para o sogro adentrar.

 

-- A Diana não está.

 

            Natalia falou com a voz trêmula enquanto o senador observava o apartamento.

 

-- Eu sei. Por isso estou aqui, desejava falar a sós com você.

 

-- Co-co-comigo?

 

-- Não vejo outra pessoa nessa sala.

 

            A característica grosseira da personalidade de Acrisio se apresentava a Natalia.

 

-- Você é mais bonita do que eu esperava.  Imagino que você é uma moça inteligente, afinal é uma das melhores alunas do seu curso atualmente, e veja só, está investindo em um partidão que é a minha filha!

 

            Natalia permaneceu muda, ainda atordoada com aquela visita, e apavorada com os objetivos desta.

 

-- O que o senhor quer comigo?

 

-- Muito simples: quero que suma da vida de minha filha.

 

-- O quê? – Natalia exclamou arregalando os olhos.

 

-- Isso mesmo que ouviu. Suma da vida da minha filha, por sua própria vontade, antes que eu providencie um estímulo para que isso aconteça.

 

-- O senhor está me ameaçando?

 

-- Não sou homem de ameaças, sou homem de ação. Estou apenas te concedendo uma chance de não se comprometer.

 

            O tom ditatorial de Acrisio e suas ameaças implícitas irritaram Natalia, movida por sua personalidade forte e seu sentimento por Diana a menina cresceu esquecendo a intimidação que aquela visita representava e respondeu:

 

-- Não me comprometer? Senador, eu quero lhe informar que é tarde para o senhor me falar isso. Já estou comprometida. Comprometida com sua filha, com o que sinto por ela, com nossos planos de vida juntas, e nem mesmo o senhor com todo poder que esbanja vai me dissuadir a sumir da vida dela.

 

-- Você não sabe brincar com fogo mocinha, acha que pode mesmo me enfrentar?

 

-- Não estou brincando senador. Nem muito menos é meu desejo enfrentar o senhor. A única coisa que quero é viver em paz com sua filha.

 

-- Você tem noção do que mais essa moda da Diana está me custando? Está me arrancando uma prefeitura, meu prestígio nacional, minha posição no partido!

 

-- Moda?

 

-- É, é mais uma moda dela pra me atacar, pra chamar minha atenção, mais uma rebeldia dela. Desde criança ela faz isso, vivia entrando em seitas estranhas, se vestia como uma maluca só pra manter a pose de menina revoltada, inventou de ser fotógrafa, depois DJ, depois inventou essa moda de ser... De gostar de mulher!

 

-- O senhor se julga mesmo o centro do universo heim? E conhece muito mal sua filha.

 

-- Não admito esse tom comigo!

 

-- Com todo o respeito senhor, eu é que não admito que o senhor venha aqui me dizer o que eu tenho ou não que fazer. Sendo assim, se era isso que o senhor tinha a me dizer, faça o favor de se retirar.

 

-- Como ousa? Esse apartamento é meu! – O homem berrou.

 

            Natalia disfarçou o constrangimento por ter ousado expulsar o senador de uma propriedade sua, e respondeu firme:

 

-- Sendo assim, saio eu. Boa tarde, senador Acrisio.

 

-- Não me deixe falando sozinho! Você se arrependerá desse desplante!

 

            Segurando a porta Natalia retrucou:

 

-- Mais uma coisa senador: sua filha é mesmo um partidão, concordo com o senhor. É uma mulher linda, generosa, determinada, divertida, talentosa, sensível, apaixonante. A melhor companhia para uma vida toda. Tudo que ela não herdou do senhor, e essa a única herança dela que me interessa.

 

            Natalia bateu a porta do apartamento, e só no elevador a resposta orgânica da descarga de adrenalina no seu corpo se manifestou em todas as suas faces. A tensão era tamanha a ponto de sentir todos os seus músculos doerem, e depois rememorando aquele diálogo calculou o peso que a ira do senador poderia ter na sua vida e na vida de Diana. Meia hora depois de caminhar pelo bairro, Natalia recebeu com alivio a chamada da namorada no celular.

 

-- Amor onde você está?

 

-- Aqui perto do prédio.

 

-- E essa vozinha? O que houve?

 

-- Uma visita inesperada que recebi hoje à tarde?

 

-- Sua menstruação veio antes do dia?

 

            Natalia deixou escapar uma risada.

 

-- Quem me dera meu amor que nossos problemas fossem meu ciclo menstrual...

 

-- Está me preocupando Nat... O que foi?

 

-- Seu pai esteve lá em casa há pouco tempo, aliás, ainda deve estar lá.

 

-- Meu pai?! Será que ele está escondido? Estou em casa e não tem vestígios dele aqui...

 

--Não duvido.

 

            Natalia brincou.

 

-- Venha para casa amor. Quero saber o que aconteceu.

 

            Natalia narrou o desagradável diálogo que teve com seu sogro. Finalizando com uma declaração tímida:

 

-- E por fim, expulsei seu pai do apartamento que é dele.

 

-- Dele?

 

-- Foi o que ele falou, aliás, gritou enfurecido.

 

-- Amor esse apartamento é meu. Minha mãe passou para meu nome há dois anos, mas, acho que ela se esqueceu de comunicar isso a ele. – Diana brincou.

 

-- O que você acha que ele pode fazer contra mim? Contra nós?

 

-- Tenho até medo de imaginar o que meu pai é capaz de fazer em nome do poder dele...

 

-- Ai meu Deus!

 

            Natalia levou as mãos à cabeça, despertando a instinto protetor de Diana, que puxou a cabeça da namorada para seu colo e tentou tranquilizá-la:

 

-- Sou a filha dele Nat. Por mais cruel e inescrupuloso que ele seja não vai fazer nada tão drástico assim. Nem mesmo contra você, ao contrário, quando eu pedi, ele interviu para lhe proteger não se lembra?

 

-- Hurrum.

 

-- O máximo que ele pode fazer é cortar minha mesada, e se isso acontecer podemos nos manter. Tudo que estou ganhando com os trabalhos estou guardando, temos uma boa reserva.

 

-- Mas amor, esse dinheiro é para seus cursos de fotografia no exterior...

 

-- Meu amor acha mesmo que torro tudo que meus pais me mandam? Além do mais, tenho o carro, vale uma fortuna, posso vendê-lo para pagar nossos custos em Nova York.

 

-- Nossos?

 

-- Claro! Acha que vou te deixar meses aqui sozinha? Acha que vou sobreviver? Pior, acha que sou burra de deixar você solta pra esse monte de marmanjo e sapa tentarem te roubar de mim? Trate de tirar logo seu passaporte!

 

-- Meu amor...

 

            Natalia segurou as lágrimas emocionadas.

 

-- Além do mais, você tem a ajuda dos seus pais, tem a bolsa de iniciação científica, não vai nos faltar nada, confie em mim.

 

 

            A declaração segura de Diana acalmou Natalia, no entanto, a loirinha escondeu a aflição que lhe tomava, formulando mil hipóteses sobre como seu pai poderia punir Natalia por enfrentá-lo e principalmente pelo que sua relação com ela se configurava na campanha eleitoral do pai. Ligou para a mãe quando a namorada adormeceu, e as duas compartilharam a preocupação pela reação do senador nos próximos dias.

 

            A primeira atitude de Acrisio foi solicitar de seus assessores uma investigação minuciosa acerca de Natalia e sua família. Ordenou uma devassa até mesmo na vida financeira do senhor Álvaro, conseguiu quebra de sigilo telefônico e bancário, não havia limite para seu objetivo de ter armas suficientes para separar definitivamente a menina do interior da sua filha caçula.

 

            A proximidade das eleições acentuou a briga acirrada entre o principal concorrente de Acrisio à prefeitura de Campo Grande. Para o desconforto de Diana, os fatos divulgados especialmente sobre sua sexualidade foram cruciais para a perda de muitos pontos do pai nas pesquisas de intenção de voto. A continuidade da relação com Natalia acabou por envolvê-la também nos escândalos, chegando aos ouvidos da sua família no interior.

 

            Natalia não negou os fatos quando o senhor Álvaro a interpelou no telefone. A decepção dos seus pais feriu profundamente a moça, que ouviu deles palavras ressentidas em meio a lágrimas. Diana lhe consolou, garantindo que um dia seus pais aceitariam que aquela reação era natural, eles precisavam de tempo para absorver a novidade.

 

            A aparente passividade de Acrisio diante do fato que lhe custava aquela eleição acalmou Natalia que inocente acreditava que o sogro nada faria contra a filha e sua namorada, mas Diana conhecendo o pai estava apreensiva, aguardando que a qualquer momento o pai ressurgisse com sua sordidez, lançando mão de algum de seus métodos escusos para promover uma reviravolta no quadro daquela campanha.

 

            Como a loirinha previa, a 15 dias das eleições, o senador surpreende a filha chegando ao escritório de prática jurídica da universidade, como sempre, cercado de assessores e seguranças.

 

-- Olá minha querida.

 

            Ao reconhecer a voz, Diana nem se deu ao trabalho de volver seu corpo para confirmar de quem se tratava apenas se preparou para mais um embate com o pai. Sabia o que aquela visita representava.

 

-- Olá papai.

 

-- Não mereço nem um abraço?

 

 

            Diana caminhou sem empolgação e abraçou o pai.

 

-- Tem algum lugar aqui para conversamos a sós?

 

            O preceptor de Diana embasbacado com a visita ilustre se precipitou:

 

-- Claro senhor senador, pode usar meu escritório.

 

            Acostumado a exercer a “simpatia política”, Acrisio agradeceu a gentileza do professor e seguiu com Diana para o lugar indicado.

 

-- Então papai, apesar de esperar por algum tempo essa visita, estou curiosa pela demora dela, o que houve?

 

-- Primeiro de tudo: senti saudades. Nem mesmo foi nos visitar nas férias...

 

-- Estava trabalhando, além do mais, a mamãe veio ficar comigo uns dias, ir para Campo Grande em plena campanha política do senhor não faz de lá o melhor programa para as férias.

 

-- Melhor programa é acabar com essa campanha quebrando o nosso trato de você ficar longe de escândalos e dos holofotes da imprensa não é?

 

            Acrisio mudou o tom de voz deixando evidente sua irritação.

 

-- Pai isso não foi intencional. Metade do foi divulgado é exagero, a outra metade não passa de mentira, boatos plantados, testemunhas de má índole...

 

-- Diana você sabe muito bem que deu munição para esses ataques, pouco importa nesse ramo o teor de verdade, e sim o estrago que essas noticias fazem e o estardalhaço que você provocou pode me custar muito caro!

 

-- Ok pai então o que o senhor espera que eu faça para digamos, consertar isso? Acha que pode mudar o que sou? Acha que pode simplesmente esconder “a sujeira em baixo do tapete” me empurrando para o armário? Acha mesmo que isso vai mudar seu resultado nas eleições?

 

-- Quero que você aja como membro dessa família ao menos uma vez na vida!

 

-- Agir como uma Toledo Campos para o senhor é exatamente o quê? Chantagear? Extorquir? Corromper? Mentir? Ameaçar? Usurpar dinheiro público? Ou quem sabe entrar em algum grupo de extermínio de grileiros ou de sem-terra?

 

-- Ora cale-se Diana!

 

            A mão pesada de Acrisio se levantou contra a filha. Diana não se intimidou. Os dois travaram um duelo de olhares que minavam uma vida de ressentimentos e decepções mútuas, até o senador baixar a mão e lutar para se recompor.

 

-- Você não cumpriu nosso acordo, vim aqui exigir que o faça agora.

 

-- O senhor não conseguiu nada com a Natalia, pensando que seria mais fácil manipulá-la, ameaçá-la e agora me procura com esse papo de nosso acordo? Ora senador, vamos poupar a hipocrisia, sejamos práticos e objetivos, vá direto ao ponto.

 

-- Essa caipira insolente não me deu ouvidos. Um tanto ingrata a meu ver, acaso não sabe o que fiz por ela?

 

-- Ela não se curvou ao seu poder, Natalia é forte, pode ter estado por um tempo vulnerável no seu primeiro ano aqui, mas já superou isso, não se submeteria ao senhor por essa dívida. Veio cobrar de mim essa dívida?

 

-- Você é minha filha Diana! Não negocio com você, estou aqui como seu pai, vim exigir respeito a nossa família! O meu partido tem uma moral a defender, você como minha filha deve ser exemplo disso!

 

-- Pai o que é respeito para o senhor? Esse partido que o senhor é membro, não respeitam homossexuais, mas tolera sua prática política? E todas as acusações de crimes que cercam o senhor? Belo respeito ao eleitor.

 

-- Diana chega! Você já me tirou a paciência!

 

-- Então me diga de uma vez por todas o que quer aqui!

 

-- Quero que venha comigo para Campo Grande estar ao meu lado, ao lado da sua família nessa reta final de campanha. Encerre essa sua brincadeirinha com a caipira insolente e aja discretamente fazendo todos acreditarem que tudo que foi divulgado foi uma armação do meu adversário para sujar minha imagem.

 

-- O senhor só pode estar louco! Nunca faria isso! Nunca!

 

-- Está preparada para as consequências?

 

-- Ah... Estava demorando... Começaram as ameaças. O senhor não negocia comigo, mas me chantageia... O que vai ser dessa vez? Vai cortar minha mesada? Uma novidade para o senhor: isso não me amedronta. Já fez isso e sobrevivi. Nada vai me separar da Natalia. Eu a amo. Já enfrentamos muitas barreiras para ficarmos juntas, o senhor será só mais uma. Vai me deixar sem dinheiro? Não me importa, estou trabalhando e posso me manter no final do ano me formo, e vou fazer da minha vida o que quiser, longe das suas rédeas.

 

-- Eu imaginei que reagiria dessa forma. Por isso, me precavi.

 

            Como um mágico que esconde um truque, Acrisio lançou sobre a mesa uma pasta cheia de papéis e continuou a falar:

 

-- Você ama essa garota? Suponho que tanto amor envolva sua nobreza em proteger também a família dessa moça.

 

-- Do que o senhor está falando?

 

-- Essa pasta tem um dossiê sobre a vida da família dessa caipira. Extratos bancários, empréstimos, dívidas, bens, declaração de impostos, até mesmo histórico médico do senhor Álvaro Martins.

 

-- O senhor mandou investigar a família da Natalia? Aposto que não encontrou nada!

 

-- Nada criminoso é verdade. Mas, em minhas mãos, essas informações podem ser muito úteis. Você sabia que recentemente o pai da sua amiguinha fez um empréstimo altíssimo para ampliar sua loja e comprar propriedades na região e colocou como garantia, todos os bens? Até mesmo a casa que mora?

 

            Diana permaneceu estática. Sabia que era verdade, há dias Natalia comentou com ela a imprudência do pai.

 

-- Pelo que vi, o homem é um empreendedor, conseguirá quitar essa dívida.

 

-- Mas?

 

-- Mas, se eu intervier, ele pode perder o credenciamento para fornecer material para financiamento de bancos do governo para construção, isso seria péssimo para os negócios dele, afinal seus principais clientes são aqueles que conseguem financiamento público para habitação... Suas propriedades podem ser desvalorizadas se eu mexer meus pauzinhos e os arredores abrigarem um lixão, ou uma fábrica poluidora... Ele teria dificuldade em honrar suas dívidas e em poucos meses sua derrocada será vertiginosa. Sua amiguinha seria abalada por isso?

 

-- O senhor é um monstro... – Diana se sentou com os olhos marejados.

 

-- Ainda tenho informações que acabaria com a credibilidade do senhor Álvaro Martins, colocando-o como alvo de investigação de sonegação de impostos com as devidas manobras o faria receptador de mercadoria roubada. Veja que drama: falido e na cadeia!

 

            Diana balançava a cabeça negativamente, incrédula com a crueldade do pai.

 

-- Quem sabe Natalia conseguiria ganhar a vida fazendo fotos sensuais, vídeos pornôs, já que ela já tem alguma experiência nisso...

 

            O comentário do pai encheu Diana de ódio. A loirinha levantou-se subitamente, e cuspiu na face do senador recebendo de imediato uma violenta tapa que a fez perder o equilíbrio.

 

-- Fui muito condescendente com você Diana! Deixei que sua mãe te protegesse, olha o que você se tornou! Vou te colocar nos eixos, custe o que custar!

 

            Erguendo-se com alguma dificuldade, Diana enxugou o rosto banhado em lágrimas silenciosas enquanto o pai limpava o rosto com um lenço de seda.

 

-- Não sei que tipo de monstro é você que chantageia a própria filha envolvendo inocentes gratuitamente... Tenho nojo de você, vergonha de ter seu sangue, hoje o senhor perdeu sua única filha.

 

-- Isso é o que veremos Diana. Deixe essa dramaticidade de lado e vamos ser práticos como você mesma sugeriu. Você tem três dias para chegar a Campo Grande com essa situação completamente resolvida, caso contrário não hesitarei em cumprir minhas ameaças.

 

****

 

            Ainda atordoada com o ultimato do pai, Diana não voltou para casa na hora de sempre, deixando Natalia preocupada especialmente porque a loirinha desligara o celular propositalmente. Solitária refletiu nas consequências de não levar a sério as ameaças do pai, por mais que lhe doesse, todos os seus instintos apontavam que o senador não hesitaria em cumpri-las. Natalia e sua família sofreriam de maneira catastrófica os efeitos de involuntariamente estar no caminho de Acrisio Toledo Campos, e seu relacionamento não resistiria a tamanha provação, seria uma carga de infelicidade muito alta para arrastar numa vida a duas já tão marcada por acontecimentos desgastantes.

 

            Refletia ainda sobre como e o que dizer a Natalia. A valentia e personalidade fortes da moça a impulsionaria a não ceder às chantagens do senador. Tal atitude intempestiva nesse contexto seria ingênua, Diana sabia que Natalia não calculava do que seu pai era capaz, facilmente as consequências evoluiriam para desfechos mais sórdidos, arquitetados pelo senador se fosse desafiado. Assim, a loirinha concluiu: Natalia não pode saber a verdade, era necessário proteger ela e a família da sua inocente coragem.

 

            Se Natalia não podia saber a verdade, o que justificaria a separação delas? Diana sentia seu peito romper antevendo sua alma dilacerar com tal evento iminente. Ainda lhe restava a dura pena de ser responsável por isso, era preciso colocar sua própria inteligência a serviço do seu sofrimento, uma vez que não seria fácil enganar a namorada, a relação delas estava sólida, a cumplicidade lhes permitia traçar um futuro juntas de uma maneira absolutamente natural, como se fossem predestinadas uma a outra. A alternativa era tocar o ponto fraco de Natalia: seu ciúme e insegurança.

 

            Apesar de Diana manifestar de todas as formas sua fidelidade e seu amor por Natalia, a moça era tomada por várias vezes pelo sentimento irracional que lhe deixava insegura ao imaginar sua namorada cercada por belíssimas mulheres no trabalho, sem contar seu vasto histórico de lésbica solteira nas noites paulistanas. Era nessa fraqueza que Diana se concentrava para magoar Natalia a ponto dela mesma terminar tudo.

 

            Cogitava ainda a possibilidade de que o rompimento fosse temporário, até que as eleições passassem e seu pai a deixasse em paz depois de alcançar seu objetivo. No entanto, não estava certa que Natalia aceitaria essa situação, especialmente pela invasão à vida de sua família que o senador executou, cobraria de Diana outra postura, a qual a loirinha sabia que só as colocaria ainda mais na linha de fogo suicida com seu pai. Para que ela pudesse manter Natalia e seus pais à salvo era necessário fazê-la acreditar nessa separação, depois lutaria para reconquistá-la, longe dos desmandos de Acrisio Toledo Campos, esse era seu plano mais sensato.

 

            A noite já estava avançada quando Diana decidiu voltar para casa e enfrentar os últimos dias na companhia de sua amada ou pelo menos antes de mais um período, afastada dela. Quando caminhava para o carro estacionado, avistou um rosto conhecido que lhe sorria. Era Rosana, sua boa amiga.

 

-- O que é a vida de uma mulher casada agora! Nem tem mais tempo pras amigas!

 

            Rosana abraçou Diana amigavelmente, e notou o abraço se prolongar de maneira atípica, não se afastou ao sentir que a amiga soluçava em seu ombro.

           

-- Ow minha querida... O que houve?

 

            A sempre descolada e forte garota revelava abruptamente sua face vulnerável, despertando na psicóloga seu instinto de cuidado com a amiga.

 

-- Quer conversar um pouco?

 

            Diana recusou com um gesto enquanto Rosana enxugava o rosto da amiga com suas mãos.

 

-- Di sabe que pode contar comigo não é?

 

            Dessa vez a loirinha acenou em acordo e resumiu:

 

-- Preciso fazer a coisa mais difícil de toda minha vida, quando me falavam sobre lutar por amor nunca imaginei que essa luta podia implicar também em perdas e separação. Que raios de sentimento é esse?

 

-- Nem sempre as lutas são justas não é?

 

-- Não, não mesmo.

 

-- Encare da seguinte forma: há um momento oportuno para tudo, isso é bíblico. Essa luta também tem sua hora de acabar, espero que o amor vença no final.

 

            Diana seguiu como se carregasse o fardo de uma dor insuportável, sua feição angustiada preocupou ainda mais Natalia quando viu sua namorada chegar.

 

-- Meu amor o que aconteceu? Essa demora toda? Seu celular desligado, e agora essa carinha?

 

            Diana não respondeu se jogou no sofá com o olhar úmido, perdido na imagem da televisão ligada.

 

-- Diana? -Natalia inquiriu franzindo o cenho. – Não vai me dizer nada?

 

-- Estou cansada só isso. – Respondeu com frieza evitando encarar a namorada.

 

-- Só isso? São quase dez da noite, você está só umas cinco horas atrasada, não me deu notícias, não ligou, chega assim e é só isso?

 

-- Natalia me poupa de interrogatório de mulher possessiva vai... – Diana falou impaciente.

 

-- Como é que é? – Natalia retrucou com as mãos na cintura.

 

-- Ai pronto, vai virar DR. – Diana bufou simulando enfado. – Não liguei por que meu celular descarregou, quer conferir? Fiquei até tarde na rua por que meu carro quebrou e minha preocupação foi sair do prego, pronto, não foi nada demais.

 

-- Custava me avisar de um telefone público, por exemplo?

 

-- Natalia eu tive que ligar para mecânicos, para o seguro chamar reboque em pleno rush de sexta-feira, custava muito mesmo ainda te ligar, desculpe-me. Apressei-me para chegar logo em casa e você me recebe com um interrogatório!

 

-- Não entendo essa irritação toda comigo, só perguntei por que me preocupei.

 

-- Desculpe-me, estou cansada e acho que to de TPM.

 

            Natalia se desarmou e se aproximou da namorada procurando seus lábios para um beijo. Diana correspondeu sem ânimo. O contato mais próximo possibilitou Natalia identificar um perfume diferente, familiar, mas que não era de sua namorada.

 

-- Que cheiro é esse? Esse perfume não é o seu...

 

            Sem querer Diana plantou indícios do que arquitetava fazer para romper com Natalia. Viu ali a oportunidade perfeita de começar a instigar o ciúme da namorada.

 

-- Só me faltava essa... Vai procurar marca de batom na minha gola também?

 

            Diana brincou para provocar Natalia.

 

-- Diana não faz gracinha...

 

-- Nat eu não estou fazendo gracinha, você está fantasiando coisas. Pra que todo esse drama?

 

            Natalia parou alguns segundos para trazer à tona sua memória olfativa e exclamou:

 

-- Eu conheço esse perfume! É da Rosana!

 

            Diana arregalou os olhos, não podia supor que a namorada tivesse tal talento.

 

-- Caraca... Quando você disse que tinha bom faro para investigação, acreditei que era uma metáfora! Vejo que me enganei você é um perigo!

 

-- Por que me escondeu que estava com a Rosana?

 

-- Encontrei-a por acaso.

 

-- Diana você está me escondendo algo, nem me olha enquanto fala... Chega de mentiras!

 

-- Estou falando a verdade, encontrei-a por acaso. Vou tomar banho, estou cansada.

 

            Natalia estava intrigada, o comportamento de Diana deixou a namorada completamente insegura, pelo resto da noite, a loirinha permaneceu distante, pensativa, mesmo com todas as tentativas dela emendar um assunto, ou arrancar uma carícia. Notou o vazio na cama de madrugada e encontrou a loirinha no chão da sala, abraçando seus próprios joelhos em um pranto silencioso.

 

-- Diana? Meu amor o que aconteceu?

 

            Natalia acendeu o abajur e viu o rosto da namorada que denunciava as muitas lágrimas derramadas com seus olhos inchados e seu nariz e lábios vermelhos.

 

-- Ei! Você andou chorando? Amor o que houve? Está me deixando preocupada...

 

            Natalia puxou Diana contra seu peito em um abraço tenro. A loirinha tentava fazer sua insônia produtiva na busca de uma solução melhor que não envolvesse a necessidade de magoar Natalia, nem tampouco de se separar dela. Mas, toda reflexão a trazia para a mesma conclusão: era sua responsabilidade proteger sua amada e família do inescrupuloso jogo de interesses políticos de seu pai, não podia arriscar um caminho alternativo às exigências de seu pai. Movida por tal sentimento mentiu:

 

-- Eu traí você.

 

            Natalia cessou a respiração por segundos, como se a revelação lhe provocasse uma dor física. Emudeceu, mas seus olhos marejados deram lugar a uma lágrima solitária, falando a Diana o que aquela revelação lhe causara interiormente.

 

-- Eu não resisti me deixei levar... Foi tudo tão rápido, quando dei por mim já...

 

            Natalia a interrompeu com um gesto. Apertou os olhos e com a voz embargada anunciou:

 

-- Não quero saber. Ou melhor, só quero que você me diga sim ou não. Foi com a Rosana?

 

-- Sim.

 

            A mentira estava lançada, agora não dava pra voltar atrás. Natalia se levantou aturdida pela dor da decepção, nunca sentira tamanha angústia, não imaginava a quão dolorida era uma traição. De repente, tudo ficou claro, tudo fazia sentido: o comportamento de Diana, sua insegurança e afinal seu ciúme da psicóloga não era infundado.

 

-- Nat isso não muda o que sinto por você, foi só meu corpo, não traí com o sentimento, mas, não posso te garantir que não acontecerá de novo... Eu nunca te prometi fidelidade, estou acostumada com liberdade...

 

-- Chega Diana! Isso nem parece com você falando! Essa capa que você usa de mulher descompromissada, que não se apega pode funcionar com as vadias que você brinca, comigo não! Sei que você é leal ao que acredita e ao que sente, por isso, essa traição está me machucando ainda mais, por que se isso aconteceu, está evidente que seus sentimentos por mim mudaram sim. Você não é tão submissa ao seu corpo como tenta mostrar...

 

-- Natalia você me romantizou demais... Sou bem menos nobre do que seu coração me vê.

 

-- Disso eu não tenho dúvidas. Você nunca me prometeu fidelidade, mas também nunca disse que estar comigo te fazia menos livre. Talvez a jeca aqui seja mesmo uma idiota que acredita em qualquer conto de fadas.

           

            A mágoa exposta no olhar de Natalia era tão profunda que fez Diana hesitar em manter aquela farsa, arrependeu-se, procurou as melhores palavras para explicar o que acontecia de fato quando Natalia voltou do quarto com sua mochila em um dos ombros e anunciou:

 

-- Eu venho pegar o resto das minhas coisas durante a semana.

 

-- O que? Mas... Como assim? Aonde você vai com essa mochila?

 

-- Estou saindo do seu apartamento Diana.

 

-- Natalia que besteira é essa? Você vai pra onde?

 

-- Pra onde vou, com quem e como vou não é mais da sua conta Diana.

 

            Natalia fez menção de abrir a porta quando Diana a impediu.

 

-- Nat... Você pode ficar aqui o tempo que quiser, estou indo para Campo Grande amanhã, por tempo indefinido...

 

            Natalia franziu a testa estranhando aquela novidade e rapidamente adiantou suas suspeitas:

 

-- O que você está me escondendo Diana? Que novidade é essa de ir para Campo Grande por tempo indefinido? E a faculdade? E seus compromissos profissionais?

 

-- Vou fazer isso por minha mãe. Ela me pediu para estar perto da família nesses dias finais da campanha do pai, e não vou recusar um pedido dela. Quanto aos meus compromissos aqui, vou dar um jeito.

 

-- Eu não sei se você me magoa mais pela deslealdade ou pelas mentiras...

 

            Natalia balançou a cabeça negativamente convicta que Diana estava lhe enganando.

 

-- Você pode não acreditar em mim Nat, mas, eu te amo.

 

-- Diana, eu acho que temos ideias diferentes sobre o amor. Esse tipo de amor que você me revelou hoje, não serve para mim. Amor sem garantias de lealdade, de cumplicidade, de confiança? Isso para mim está implícito no conceito de amar, se você não é capaz de me amar com esses requisitos, não acredito no seu amor.

 

-- Mas é a pura verdade...

 

-- Essa verdade não me basta.

 

            Natalia abriu a porta e de costas para Diana concluiu depois de enxugar seu rosto.

 

-- Uma vez antes de terminar comigo, você me disse que um relacionamento cheio de empecilhos, desgastes como o nosso não valia à pena. Agora vejo que você tinha razão, não vale mesmo à pena tanta luta pra você estragar tudo por um capricho do seu corpo.

 

            Essas foram as últimas palavras de Natalia antes de deixar o apartamento e pedir abrigo ás suas amigas na sua antiga república. Diana tragou sua própria dor se punindo pelo que causara a Natalia e ao amor delas, talvez tivesse lançado mão do caminho mais difícil, entretanto, anteviu que a chantagem do pai não admitiria meia atitude dela, a tentativa de enganá-lo e voltar seu namoro depois das eleições poderia precipitar o cumprimento daquela ameaça sórdida.

Fim do capítulo


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Comentários para 42 - CAPÍTULO 42: Improbus litigator:
Lea
Lea

Em: 29/12/2021

Pqp....... Que nervoso...que ódio....

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