Capitulo 61
A Última Rosa -- Capítulo 61
Fábio se reclinou na cadeira de couro, esticando as pernas, demonstrando cansaço, mas sem perder o ar arrogante.
-- Naquela noite, Maicon foi até a mansão da Marcela com a intenção de encontrar a Michelle. Seu plano era entrar sorrateiramente e arrancá-la de lá sem ser visto, mas... Marcela estava na sala e o viu saindo da biblioteca.
Flashback do capítulo 37
O rosto de Marcela, pálido e claro na escuridão, era claramente visível. Então, virou rapidamente a cabeça, ansiosa por esconder-se. Não consegue andar rápido e tropeçou ao ir em direção à porta.
O homem a alcançou em poucas e longas passadas.
-- Aonde pensa que vai?!
Marcela pôde ver de relance o rosto vermelho, que gritou de forma assustadora. Ela não conseguiu responder e cobriu a boca com a mão para abafar o choro.
-- Eu fiz uma pergunta. Responda -- seus olhos cintilavam na escuridão.
-- Pode levar todo o dinheiro e as joias que eu tenho em casa, mas pelo amor de Deus, não faça nada de mal comigo -- implorou Marcela.
-- Eu não sou um assassino -- olhando para ela. Respirou fundo -- Mas, posso ser, caso não consiga o que vim buscar.
-- O que você veio buscar? -- os olhos negros cravados no rosto do homem estavam cheios de medo.
-- Eu quero a Maya.
-- Maya? -- por um instante, o medo foi substituído pela surpresa -- Não conheço ninguém com esse nome -- afirmou, franzindo o cenho.
Jessica o fitava em silêncio e quando ele a encarou, com seus brilhantes olhos azuis, ela não desviou o olhar.
-- Não tinha como ela saber que a Michelle e a Maya eram a mesma pessoa.
-- Sim, eu sei -- ele levantou as sobrancelhas e deu um sorrisinho torto.
-- Então, Maicon a matou -- concluiu Jessica, precipitadamente.
-- Ainda não. Ele não tinha motivos para matar a Marcela. A morte dela só chamaria ainda mais a atenção para ele. Nesse momento ele apenas a deixou amarrada no banheiro e saiu da mansão.
-- Então, quando ele a matou? -- Jessica perguntou, confusa e agressiva.
Fábio fez suspense por alguns segundos e continuou.
-- Quando estava saindo da ruazinha, prestes a chegar na rodovia, Maicon encontrou-se com uma caminhonete preta atravessada na rua.
Flashback do capítulo 37
-- Hoje não é o meu dia -- ele saiu do carro, deixando a porta aberta e caminhou até o outro veículo -- Boa noite. O que aconteceu? Eu preciso passar, estou com pressa.
-- O carro está atolado -- ela resmungou, e ele respirou forte.
-- É muito azar -- Maicon afirmou, sentindo vontade de chutar o pneu do carro da moça -- Já tomou alguma providência? -- perguntou ele, olhando ao redor, buscando encontrar um lugar que fosse possível passar com o carro.
-- Acionei o seguro, o guincho está à caminho.
Ele passou a mão pela testa tentando aliviar a tensão.
-- Olha dona...
-- Augusta -- a médica completou nervosa.
-- Olha dona Augusta, eu realmente estou com muita pressa. Quanto tempo o guincho levará para chegar?
-- Quarenta e cinco minutos, mais ou menos.
-- O que? -- ele explodiu -- Está maluca?
-- Você quer que eu faça o quê? -- Augusta abriu os braços, desolada -- Porque não tenta passar pelo lado?
-- De que jeito? Estamos cercados de árvores!
Augusta abriu a porta, entrou e se sentou no banco de couro fresco do carro de luxo.
-- Então, só nos resta esperar -- disse a médica, num tom de conformismo.
Fábio acariciou a arma em seu colo.
-- Como eu disse, anteriormente, tudo conspirou a meu favor -- disse olhando primeiro para Michelle, depois mirando Jessica -- Maicon não gostou da ideia de ter que ficar esperando pelo guincho. Houve uma acalorada discussão e ele deixou escapar o que tinha acabado de fazer com a Marcela e que faria bem pior com ela. A Doutora que não é nada boba, imediatamente pensou em minha proposta.
-- Qual proposta? -- quis saber Jessica.
-- Eu ofereci dez milhões para que ela me ajudasse a eliminar a Marcela. E ela aceitou. Porém, não sabíamos como fazer sem que levantássemos suspeitas. Maicon foi um grande achado -- Sua voz diminuiu de volume e ele ficou em silêncio.
-- Vá em frente -- Jessica o encorajou impacientemente.
-- Augusta ofereceu dois milhões para ele eliminar a Marcela. Então, Maicon retornou à mansão e fez o serviço -- Fábio riu. A pequena risada de humor negro dele ecoou pela sala silenciosa, o que fez o estomago de Jessica embrulhar -- A ligação que você recebeu do celular da Marcela foi feita pela Augusta. Ela tinha certeza que você ficaria preocupada e iria procurar saber o que estava acontecendo.
-- Augusta é um monstro, eu não desconfiei de nada -- Jessica olhou para Michelle -- Ela armou uma armadilha para me incriminar.
-- Eu até incentivei você a ir até a mansão naquela noite -- lembra, Jess?
-- Ela ficou escondida do lado de fora da mansão aguardando você chegar. Depois, esperou o melhor momento para entrar e pegá-la no flagra. A arma foi deixada por Maicon estrategicamente no chão para que você, incentivada por Augusta, pegasse e deixasse as digitais. Tudo planejado cuidadosamente, sem pistas ou evidências que nos incriminasse. Você tinha muitos motivos para matá-la e a principal delas era a herança.
-- Se tudo tivesse saído perfeitamente, como tem afirmado orgulhosamente, você não estaria prestes a ser preso -- comentou Jessica, para a ira de Fábio.
-- O meu erro foi não ter dado o fim no imbecil do Maicon. O desespero dele em conseguir a maldita senha, foi o que colocou tudo a perder.
-- Se ele não tivesse me raptado, a Jessica não o teria encontrado.
-- Eu não tinha te visto, o Maicon não era preso e poderia estar bem longe a essas alturas. A ganância precede a ruína -- completou Jéssica -- Era eu quem estaria pagando inocentemente pelo assassinato.
-- Sim, era esse o plano -- confessou Fábio, para o desespero de Salete.
-- Você é um monstro, Fábio! -- gritou Michelle, enfurecida. Mas logo se arrependeu de sua arrogância, pois Fábio poderia matá-las a qualquer momento. E foi o que ele ameaçou fazer, caso Michelle continuasse falando. Era uma situação terrível, Maicon estava completamente maluco e era capaz de qualquer coisa. E agora? O que seria delas?
-- Aiiiiiii... -- Pepe foi empurrado pela bunda -- Para com isso sua louca! Quer me derrubar daqui de cima? Se eu cair dessa altura, com certeza sofrerei um traumatismo craniano.
Eva revirou os olhos, com os dedos agarrados na escada.
-- Você ainda está no primeiro degrau da escada e, eu não fiz nada -- a mulher respirou fundo -- Estou quase desistindo -- olhou rapidamente no relógio e suspirou pesadamente -- Espero que a polícia chegue a tempo.
-- Se não foi você que me empurrou, quem foi então? -- ele perguntou, pensativo. Segundos depois, ele mesmo respondeu -- Aiiii... um encosto! -- Pepe subiu cinco degraus em alta velocidade -- Sai daqui, sai, sai, sai...
-- Onde? -- Eva perguntou, assustada.
Ele parou e olhou para baixo.
-- Encostado em mim. Burra! Onde mais um encosto ficaria? -- Pepe fechou e abriu os olhos diversas vezes -- Acho que estou com vertigens.
-- Sobe, caralh*!!! -- Eva perdeu a paciência -- Só faltam três degraus.
-- Tá, tá. Pedindo assim, com tanto carinho, como posso recusar?
Pepe subiu lentamente os degraus que restavam e ao chegar à sacada se dirigiu para onde se encontrava a janela do escritório.
-- Escuta aqui, entidade do além: Se quiser ajudar, ajuda, mas não fique pegando na minha bunda ou soprando na minha nuca. Essas intimidades estão proibidas. Ouviu? Podia fazer algo mais produtivo como entrar lá e pegar a arma. Mosca morta! -- resmungou.
Cuidadosamente, Pepe abriu um pouco a cortina e olhou para dentro. Fez uma rápida verificação da situação e afastou-se da janela.
-- O chão é coberto de tapetes que certamente vai diminuir a minha velocidade, e bem a frente, há um vaso que terei que desviar, magistralmente, mas tudo bem, com a minha impressionante coordenação e destreza motora isso será fichinha!
Pepe percebeu que, além das mulheres, havia um homem de costas para a enorme janela. Sua respiração ficou presa na garganta.
-- É ele, Fábio, o fabuloso! -- completamente hipnotizado por alguns segundos, ele chegou a se esquecer do propósito de sua presença na sacada. Fábio, seu amor estava sentado bem ali, a poucos metros dele. A luz intensa do sol atravessava por trás dele, delineando seu corpo longo e esguio. Aquele homem não parecia deste mundo, era algo surreal. Ele levou alguns segundos para se dar conta de que Jessica e Michelle corriam perigo. Então foi trazido de volta à realidade e desesperou-se.
-- O que eu faço? O que eu faço? -- esfregou as mãos uma na outra -- Já sei! Primeiro preciso avisar que estou aqui -- Pepe arrancou o lencinho rosa que usava no pescoço e segurou com as pontinhas dos dedos -- Te amo meu lencinho perfumado.
Fábio continuava com a arma sobre o colo. Jessica pensou que talvez fosse rápida o suficiente para correr e se jogar sobre o desgraçado sem que ele conseguisse pegar a arma e atirar.
Como se lesse seus pensamentos, Michelle discretamente balançou a cabeça de um lado para o outro como se dissesse: Nem pense nisso.
-- Não tenho mais nada a perder -- disse Fábio, olhando para a mãe -- Nunca imaginei que fosse acabar assim -- respirando pesadamente, moveu-se inquieto, esticando as pernas -- A empresa era tudo para mim, eu não podia perdê-la.
-- Você podia ter tentado resolver os problemas da empresa de outra forma e não tirando a vida da Marcela por causa da herança.
-- Você não perdoa o seu irmão?
Jessica levantou a cabeça para encarar o irmão e levou um susto. Atrás de Fábio, pela fresta da cortina, um lencinho rosa balançava meigamente de um lado para o outro.
Michelle também viu e disfarçou olhando para o outro lado. Sabia que o lencinho pertencia à Pepe e que deviam se preparar para agir.
Salete abriu a boca para falar, mas, mudou de ideia. Não podia permitir que seu filho tirasse a vida de mais ninguém. Por isso fez a única coisa que sua consciência ordenou: Não disse nada.
-- Eu fiz uma pergunta -- disse ele, olhando diretamente para o rosto dela.
Jessica assustou-se e engoliu em seco.
-- Sim, sim -- respondeu, gaguejando -- Eu te perdoo, sim -- concordou, para evitar uma discussão desnecessária.
-- Pensei que me odiasse por ter mandado matar a sua querida Marcela.
-- Deus me livre de ser prisioneira do ódio. Não quero mais sentir ódio por ninguém, mesmo que esse alguém mereça. Quero cultivar paz, dormir sossegada. O ódio só prejudica a nós mesmos.
-- Isso tudo é uma grande bobagem -- disse ele, ríspido pegando a arma -- Você me odeia, sim. Impossível não me odiar! Eu quase destruí a sua vida.
-- Verdade, eu deveria te odiar, mas no fundo eu tenho pena de você.
Pepe abriu a cortina com cuidado e, como uma celebridade prestes a fazer sua grande entrada no tapete vermelho, ele respirou fundo, levantou a perna com gestos elegantes e pôs-se a pular a janela.
Fábio girava preguiçosamente o pingente de sua corrente entre os dedos longos, olhando distraidamente para a pistola em seu colo.
-- Sinto muito, Jessica -- ele ergueu o queixo e olhou para a irmã de forma doentia -- É chegado o momento.
"A morte não tem mais nada de assustador; não é mais a porta do nada, mas a da libertação, que abre para o exilado a entrada de uma morada de felicidade e de paz.
Seja Feliz, Marília Mendonça.
Fim do capítulo
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Vanderly
Em: 23/11/2021
Bom dia Vandinha!
Tirando as loucuras do Pepe até que deixou-me estressada está bem divertido acompanhar essa leitura. Aliás eu já li todas as tuas histórias com exceção de uma que tem apenas 4 capítulos e não foi atualizada desde 2019 se não me engano.
Você pediu-me para aparecer mais vezes então vou te dizer o mesmo: apareça mais vezes e atualize a outra história que também comentei no último capítulo!
Bom eu sei que a nossa vida é corrida, e vida de médica então não deve ser fácil, mas volta logo com as atualizações!
Um abraço aconchegante, muita paz, luz e grandes inspirações.
Vanderly
HelOliveira
Em: 07/11/2021
Eu falei quem depender ta ferrado....e agora.Pepe faz faz.uma.M...a que vai salvar todos..
Bjos..
#mariliasaudadeseterna??’?
Resposta do autor:
Olá HelOliveira.
Beijos. Até mais.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 07/11/2021
Vai Pepê!
Resposta do autor:
É isso aí.
Beijos. Até mais.
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Mille
Em: 07/11/2021
Oi Vandinha
Será que o plano perfeito do Pepe vai dar certo??? Ou iremos morrer de rir??
Augusta é uma falsa.
Vamos aguardar pelo próximo capítulo.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olha Mille, tenho minhas duvidas se vai dar certo, mas oremos pelas meninas, coitadas.
Beijos. Até mais.
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