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Beautiful and Dangeours por contosdamel

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Palavras: 4628
Acessos: 722   |  Postado em: 06/11/2021

EPISÓDIO 18 - Cuidados

Encontrar Agnes era o passo principal para Fernanda seguir sua linha de investigação. Ao sair da delegacia com posse dos arquivos do inquérito do incêndio, ligou para Dulce imediatamente:

 

-- Conseguiu alguma informação sobre a Agnes?

 

-- Não, as pessoas que achei que eram amigas dela, não tem mais contato com ela desde a formatura no ensino médio. Não tenho nem o nome dela completo Nanda, fica difícil. Nos arquivos do jornal que pesquisei, não fala o nome da testemunha que chamou os bombeiros, nem cita isso na verdade.

 

-- Pois bem, temos o nome dela completo agora, e o endereço dela na época. E melhor, ou pior, encontrei uma contradição no depoimento dela, pode ser que ela tenha escondido ou mentido em algo.

 

-- Droga, preciso da Carol pra me ajudar a fuçar a vida dessa Agnes, mas ela tá lá inutilizada com uma ressaca tremenda que sua noitada com ela provocou. – Fernanda resmungou.

 

-- Ow Nanda! Já é noite sabia? Pow hoje é sexta, deixa o povo em paz, pesquisa-se isso na segunda-feira... Eu vou pra balada hoje, e com a Carol de novo!

 

-- Você está pensando que eu estou preocupada com hora ou dia da semana? Eu...Atchim! Eu só sossego Atchim! Quando achar essa atchim! Vou ver com os peritosss Atchim!

 

-- Amiga, vá pra casa, acho que sua alergia veio com tudo...

 

            A contragosto, Fernanda deu o braço a torcer. Há tempos não manifestava aquelas crises ininterruptas de espirros, coisa comum na adolescência dela. Mas, o contato com o amontoado de papéis empoeirados e mofados foi demais para seu corpo. Nariz vermelho, congestionado, olhos lacrimejantes, a coceira no nariz e na garganta, debilitaram a policial a ponto dela reconhecer a sua própria fragilidade e seguir para casa.

 

            Lembrou-se do compromisso com a namorada, naquele estado, seria impossível um clima de romance, lenços de papel e aquela cara de personagem de filme de epidemias fatais não combinavam. Com a voz rouca, denunciando seu estado de saúde Fernanda ligou para Letícia:

 

-- Oi Lê...

 

-- Meu bem que voz é essa? O que houve?

 

-- Ossos do ofício, quer dizer, ossos são com você... No meu caso papéis de ofício empoeirados e cheio de mofo... Passei a tarde remexendo neles e minha alergia me atacou com golpes indefensáveis. Estou ligando para desmarcar nosso compromisso...

 

-- Ai Fê... Por que você não usou uma máscara ao menos? Luvas pra não pegar em tanta coisa velha...

 

-- Jura que você vai brigar comigo? Eu tô doente, e a minha namorada médica vai brigar comigo? – Fernanda fez drama.

 

-- Desculpe-me Fer.

 

-- Amanhã nos vemos, vou tomar um antialérgico e descansar, não posso me dar ao luxo de adoecer justo agora.

 

-- Tudo bem, me liga se precisar.

 

            Fernanda desligou amargando um tantinho de decepção. Nunca fora de buscar mimos, o título de dengosa com certeza não lhe era próprio, mas de Letícia ela esperava mais, culpou-se por sempre se manifestar forte e independente não dando espaço a tratamentos mais delicados.

 

            Duas horas depois de falar com Letícia, Fernanda “curtia” sua crise alérgica com o todo o cenário típico, enrolada em um cobertor de flanela, caixas de lenço empilhadas e um depósito cheio deles amassados ao lado do sofá, na mesa de centro, inalador nasal, uma xícara de chá, e nas mãos um controle remoto que não deixava parada a programação em um só canal.

 

            O toque da campainha a tirou daquele “mundinho perfeito”. Logicamente, resmungou e xingou muito quem ousava tirá-la daquele conforto. Pelo olho mágico se surpreendeu e atendeu prontamente a porta:

 

-- Letícia?!

 

-- Oi meu bem, vim cuidar de você! Já conquistei seu porteiro, me deixa subir sem nem te avisar...

 

            Fernanda deu-lhe um sorriso tão largo, que até sua aparência doente foi disfarçada. Letícia entrou no apartamento da namorada carregando uma cesta e uma bolsa no ombro.

 

-- Eu autorizei sua entrada a qualquer hora... E essa bagagem toda Lê?!

 

-- Como imaginei que você não ia ter forças para preparar algo decente para comer, já tinha preparado nosso jantar... Trouxe tudo para cá, e mais umas medicações, você está sob os cuidados da sua namorada médica, trate de ser uma boa paciente, e uma boa menina também, que terá sua recompensa...

 

            Letícia abraçou Fernanda depois de acomodar sua bagagem no balcão da cozinha.

 

-- Ai Lê, eu tô horrorosa, não queria que você me visse assim... – Fernanda disse rouca e tímida.

 

-- Você está linda, apesar desse nariz descapelado e essas olheiras. Tome use lencinhos umedecidos, ao menos não vai machucar tanto seu rostinho meu bem...

 

            Letícia deu um selinho na namorada e seguiu para a cozinha se apropriando desta. Esquentou o jantar no micro-ondas, dispôs os pratos, talheres, copos, guardanapos com maestria, sob a vigilância encantada de Fernanda, que não conseguia tirar o sorriso bobo do rosto, exceto quando era obrigada a limpar o nariz.

 

-- Mesa pronta meu bem, mas, antes, vou fazer uma medicação em você, não corra... É uma injeçãozinha de nada, e o efeito será bem mais rápido do que essa medicação oral que você tomou...

 

-- Ah eu sabia que tanta bondade assim não era de graça... – Fernanda disse em posição de correr.

 

-- Fer... Vou ser delicada e você ganha beijinhos depois, não me faça correr atrás de você, esse apartamento não é tão grande...

 

-- Mas o Rio de Janeiro é! Posso correr pra rua!

 

-- Fer, olha o temporal se formando lá fora... Quer mesmo que essa crise alérgica evolua para uma infecção respiratória? O delegado te deixa de molho heim...

 

-- Você está horrível sabia? Com resposta pra tudo!

 

-- Vem... senta, ou melhor deita, porque do jeito que você tem medo de agulha vai desmaiar só de ver!

 

-- Ai! Tá dizendo isso porque é grande né?!

 

-- Fernanda Garcia! Nesse sofá, agora!

 

            Leticia falou firme franzindo o cenho. Fernanda obedeceu, tensa. Virou o rosto para não ver a agulha que a namorada enfiaria nela. Surpreendeu-se quando a médica baixou seu short.

 

-- Sério? Injeção na bunda? Auu.

 

-- Você acha que eu perderia a oportunidade de vê esse bumbunzinho lindo?

 

            Letícia fez graça, abraçando Fernanda ainda deitada no sofá, mas de lado alegando dor no local da injeção.

 

-- Agora, vamos jantar, antes que você durma, essa medicação vai te dar sono.

 

            Mesmo sem apetite, Fernanda não resistiu aos mimos e cuidados de Letícia. A mesa caprichada nem de longe parecia um improviso. O olhar de encantamento das duas dava ao jantar um clima romântico, o qual a ruiva tratou de dar um toque a mais, mudando o canal da TV para um canal de rádio, tocando clássicos da MPB.

 

-- Você me surpreendeu hoje Lê. Quando mandou eu me cuidar no telefone, eu imaginei que você não quisesse contato com meus micróbios e bactérias...

 

            Fernanda disse aconchegada no colo de Letícia no sofá após o jantar.

 

-- Você achou por um instante que eu deixaria você sozinha, doente?

 

-- Ah... Eu não estou propriamente no auge da minha forma sensual né?

 

-- Fernanda você exala sensualidade, mesmo que não esteja sentindo por que seu nariz está entupido... – Letícia fez piada – E estar com você é maravilhoso, em qualquer condição... Está se sentindo melhor?

 

-- Muito melhor, nem tô mais fungando, não percebeu? – Fernanda se sentou exibindo o ruído normal do seu nariz ao inspirar.

 

-- Eu disse que ia fazer efeito mais rápido a injeção...

 

            Fernanda se deitou no colo de Letícia de novo.

 

-- Mas... Eu tô molinhaaaaa – Fernanda disse bocejando.

 

-- Então meu bem, venha cá... Vamos para o quarto. Você vai cair no sono, e não vou conseguir te levar pra cama.

 

-- Vai ficar comigo não vai? – Fernanda disse com voz de sono.

 

-- Claro que sim... Trouxe até uma muda de roupas para mim, vim prevenida pro meu plantão!

 

            Letícia acomodou Fernanda na cama, a morena estendeu os braços e pediu:

 

-- Vem, deita comigo, quero você aqui pertinho de mim...

 

            A médica tirou os saltos, e atendeu ao pedido da namorada, ficaram abraçadas, e em minutos, depois de Letícia acariciar os cabelos de Fernanda, a morena já dormia profundamente. Com cuidado, a ruiva se desvencilhou dos braços de Fernanda, vestiu uma camisola de seda que trouxera e pegou um livro para ler, quando ouviu o interfone tocar.

 

            Não quis interromper o sono da namorada, foi pessoalmente atender:

-- Pois não?

 

-- Nanda, sou eu, Gisele, a Dulce me disse que você tá doente, te trouxe uma sopa... Abre aí.

 

            Letícia não questionou. Apertou o botão abrindo o portão para a entrada de Gisele no prédio e fez o mesmo quando a escritora bateu à porta.

 

-- Doutora Letícia! – Gisele exclamou desconcertada.

 

-- Entre, por favor, Gisele, fique a vontade.

 

            Gisele adentrou com uma expressão insatisfeita. Olhou em volta e viu a mesa posta com os restos do jantar, encarou a médica dos pés à cabeça trajando aquela camisola delicada, e analisou a postura da ruiva, muito à vontade na casa de Fernanda.

 

-- Administrei uma medicação na Fernanda, antialérgica, provavelmente ela só acorda amanhã... Mas direi a ela que você veio aqui, agradeço a atenção, a sopa... Mas, eu trouxe o jantar mais cedo.

 

-- A Dulce só comentou comigo agora pouco... Essas crises alérgicas da Nanda, sempre detonam ela, e como ela é cabeça dura, imaginei que nem tivesse se alimentado...

 

-- Pensou certo, mas ela já foi dormir bem melhor, amanhã estará recuperada.

 

            Letícia falava com propriedade e isso além de provocar o ciúme de Gisele, despertou também a rivalidade e uma irritação profunda pela médica que atestava que o relacionamento com Fernanda tinha ares de intimidade, muito maiores do que a escritora supunha.

 

-- Se não fosse eu a obriga-la a tomar os remédios, se proteger do que desencadeava essas crises, ela ficava até com falta de ar, até pneumonia ela teve...

 

-- Não precisei obriga-la, mas imagino que quando ela era adolescente, devia ser mais resistente a se tratar do que é hoje.

 

            O diálogo entre as duas já mostrava as faces da rivalidade. Farpas disfarçadas entre uma que foi no passado e que a outra era no presente estavam nas entrelinhas. Letícia mais altiva demonstrava mais controle, mas Gisele não disfarçava com sorrisos seu desconforto.

 

-- Você costuma atender pacientes vestida assim? – Gisele disparou.

 

-- Meus pacientes atualmente não ligam para o que estou vestindo Gisele, sou legista, esqueceu?

 

-- Então não é a mais habilitada para lidar com doenças de vivos.

 

-- Antes de ser legista, eu atuei em clínica por alguns anos, em um dos melhores de sistemas de saúde do mundo Gisele, não deixei de ser médica. A Fernanda está em boas mãos, agradeço mais uma vez sua preocupação e quando ela acordar, transmito sua atitude generosa de vir cuidar dela.

 

            Letícia já dava sinais de hostilidade, mas não abriu mão de sua elegância ao se dirigir a Gisele.

 

-- Não precisa transmitir nada, eu ligo pra ela amanhã.

 

            Gisele deu meia-volta em direção à porta, quando ouviu a cordial despedida de Leticia que soou como provocação:

 

-- Boa noite Gisele, mais uma vez obrigada.

 

            Com um gesto qualquer, mas visivelmente contrariada Gisele deixou o apartamento, com lágrimas nos olhos. No elevador pensou:

 

-- “Não posso perder a Nanda sem lutar por ela, essa doutora será só mais um obstáculo”.

 

            Letícia saboreou um sorriso, mas, confirmou o que suspeitava: Gisele não queria estar só no passado de Fernanda, pressentiu problemas.

 

**********

-- Fer, eu vou com você, não entendo de informática como a Carol, mas posso te ajudar.

 

            Letícia avisou depois de servir o café da manhã a Fernanda.

 

-- Minha linda você já fez tanto por mim, me curou! Não precisa, vá descansar, sei que mal te deixei dormir...

 

-- Dormi muito bem ao seu lado meu bem...

 

            Leticia beijou lentamente saboreado os lábios da morena.

 

-- Mas...Estou mesmo de alta? – Fernanda disse mordiscando o lóbulo da orelha da ruiva.

 

-- Acho que preciso de algumas evidências diagnósticas não é mesmo?

 

            Leticia dizia segurando o pescoço da namorada, beijando seu queixo, roçando seus lábios na bochecha da morena. Fernanda puxou-a para mais perto, até que as cadeiras tão próximas permitiram o entrelace de pernas, assim, a policial puxou Leticia com as pernas abertas à altura da cintura da morena.

 

-- Ui... Pelo menos suas forças meu bem... Estão recuperadas...

 

            Fernanda sorriu, retirou a camisola de seda da namorada e imediatamente mergulhou a boca nos seios entumecidos, arrancando gemidos de Letícia. Tocaram-se, penetraram-se ali mesmo, Fernanda levantou a ruiva e sentou na mesa, arrancou sua calcinha e mergulhou sua língua numa deliciosa excursão entre pequenos lábios e clit*ris, massageando-o com sua a cada vez que lambia e se fixava ali bebendo o gozo abundante da namorada.

 

-- Agora sim, cura total!

 

            Fernanda disse envolvendo a cintura da namorada beijando a sua barriga.

 

-- Você me enlouquece Fer...

 

-- Somos duas loucas de paixão então...

 

-- Vamos para a delegacia? Quero te ajudar a localizar essa testemunha.

 

            Fernanda beijou os lábios da namorada mais uma vez, enquanto se arrumavam trocando carícias e sorrisos, Letícia lembrou-se de contar:

 

-- Ah! Ontem quando você já dormia, apareceu outra para cuidar de você...

 

-- Han?

 

-- A sua primeira namorada, seu primeiro grande amor, chegou aqui com uma sopinha pra cuidar de suas históricas crises alérgicas... Não se esqueceu de contar como cuidava de você na adolescência.

 

             O tom de ironia de Letícia era claro, Fernanda chegou a fazer uma careta de costas para a ruiva.

 

-- Ah foi? E você fez o que?

 

-- Agradeci e disse que você estava descansando depois da medicação que administrei. Ela te disse que ligaria para você hoje...

 

-- Não sei o que ela veio fazer aqui...

 

            Fernanda tentou minimizar a tensão fingindo indiferença.

 

-- Veio cuidar de você... Eu acho que a volta dela à sua vida não foi só um acaso. Eu posso ser inexperiente, mas sei muito bem ler as coisas a minha volta, trate de deixar claro para sua amiguinha, ex-namoradinha, que você tem namorada!

 

            Fernanda não conteve o risco, envolveu cintura da ruiva  por trás, encostando seu queixo no ombro da médica e sussurrou:

 

-- Tudo que você quiser meu bem... E só pra constar, você fica linda enciumada!

 

*************

 

            Apesar de não ser a especialidade de Letícia, sua inteligência foi bastante útil na busca de informações de Agnes junto com os peritos de informática. Em menos de uma hora conseguiram localizar o endereço do emprego atual da moça, não foi difícil, já que se tratava de uma defensora pública do estado, mas que até então, era uma figura misteriosa para as meninas.

 

-- Vou tentar contato agora mesmo na defensoria. – Fernanda disse animada.

 

-- Agente Garcia, serviço público... Acho que só nós estamos trabalhando em pleno sábado.

 

            Um dos técnicos alertou. Fernanda fez uma careta atentando para esse empecilho.  Nesse momento, Letícia escreveu em um pedaço de papel algo e deixou nas mãos da policial numa atitude quase furtiva, saindo do laboratório de informática:

 

-- Temos o dia livre para namorar, vamos?

 

            Fernanda sorriu, e seguiu Letícia, esconderam-se dos olhares mais curiosos disfarçando uma conversa com qualquer outro funcionário e dentro dos seus carros, cada uma no seu, falaram ao celular:

 

-- Siga-me e deixa seu carro no meu prédio, que é mais perto daqui meu bem, e vou te levar para um dia inesquecível...

 

-- Vou com você para onde você quiser minha linda. – Letícia respondeu.

 

            Assim, seguiram os planos. Fernanda fez mistério sobre o destino, mas se antecipou falando ao celular antes de encontrar Letícia, preparando tudo. A ruiva logo percebeu que seguiam para o litoral, e se antecipou:

 

-- Meu bem, eu não trouxe bíquine, nem meu protetor solar...

 

-- Shi... Caladinha. Tenho meus recursos, confie em mim.

 

            Chegaram a Búzios, mas não se instalaram na vila, seguiram para uma pousada mais afastada, a poucos metros de uma praia praticamente deserta, eram poucas as pessoas que transitavam ali. A pousada rústica, simples e acolhedora encantou de cara a médica. A dona da pousada, uma velha amiga de Fernanda estranhou a falta de bagagens e foi se adiantando:

 

-- Nossa lojinha deve ter tudo que vocês precisam, não se preocupe Nanda e...

 

-- Ah, desculpe-me, Bia, essa é Letícia, minha namorada.

 

-- Muito prazer Letícia, é uma honra conhece-la.

 

            A mulata simpática acolheu as duas com toda cortesia própria de quem é do ramo turístico. Na tal lojinha, compraram o básico para passar o dia por ali. Fernanda aconselhou:

-- Compra mais uma muda de roupas Lê, só voltamos amanhã.

 

            E assim, compraram biquínis, saídas de praia, shorts, camisetas, protetor solar, chapéu, e tudo mais que precisariam.

 

-- Não exagera também... A maior parte do tempo estaremos nuas mesmo... – Fernanda cochichou.

 

            Letícia ruborizou mordendo o lábio inferior. No quarto a vista da varanda para o mar era exuberante. Mas Fernanda não deu tempo para a contemplação da namorada. Aproveitou-se da comodidade do vestido da ruiva lacrado por um zíper só nas costas e o abriu deixando a peça cair no chão.

 

-- Fer... Mas...

 

            Fernanda desabotoou o sutiã da namorada, envolvendo seu corpo alvo com seus braços, apalpando aqueles seios apetitosos, arrancando gemidos da médica. Estrearam a cama com a paixão ardente iluminada pelo sol de Búzios.

 

-- Você já parecia conhecer a dona, já trouxe muitas namoradas aqui? – Letícia perguntou tímida acariciando uma mecha de cabelos de Fernanda.

 

-- A Bia é ex-namorada do meu irmão Lê... Vim aqui acompanhada sim, mas com várias amigas, não necessariamente namoradas, até com a Carol eu já vim. Sabe que eu não imaginava que você fosse tão ciumenta?

 

-- Nem eu... – Letícia respondeu envergonhada.

 

-- Fique segura de uma coisa: sou leal. Não me envolvo em um relacionamento se não estiver disposta a honrá-lo, e com você... Está tudo tão diferente... Estou... Estou me apaixonando por você Lê.

 

            Letícia arregalou os olhos e não escondeu sua emoção. O verde dos seus olhos brilharam.

 

-- Você não brincaria com isso não é?

 

-- Claro que não Letícia.

 

-- Eu tive tanto medo que isso estivesse acontecendo só comigo...

 

-- Está querendo me dizer o que doutora? Está apaixonada por mim?

 

-- Como nunca estive por outra pessoa...

 

            A declaração de Leticia despertou um vulcão de sensações em Fernanda, não só físicas, mas principalmente em seu interior, foi como uma represa que aguardava a ordem para abrir suas comportas e dar vazão a imensidão e intensidade de águas presas. Amaram-se mais uma vez com voracidade, como se quisessem entrar uma na outra e não desfazerem aquele vínculo, como se aquele momento fora reservado pelo universo.

 

            Vestiram uma roupa leve por cima do biquíni e após o almoço caminharam de mãos dadas na praia. Fernanda era toda cuidados com a pele muito alva da namorada, se desdobrava em carinhos, e Letícia se encantava a cada gesto conhecendo um lado romântico da policial linha dura, que no fundo queria e precisava ser amada.

 

            A noite foram à vila, ao centro da cidade de Búzios, e curiosa, Fernanda indagou:

 

-- Você nasceu no Rio, mas nunca veio a Búzios?

 

-- Conheci muito pouco, ou me lembro muito pouco do Rio Fer. Como te falei fui embora quase uma criança, quando voltamos, nossa família passou por uma tragédia, minha irmã foi sequestrada e assassinada no Rio. Não tivemos mais condições de ficar no Brasil, voltamos à Londres traumatizados.

 

-- Nossa! Esse detalhe eu não sabia.

 

-- Eu não gosto de falar nisso. Eu iria clinicar no Brasil, tinha meu mestrado em Oxford, já tinha proposta de emprego em hospitais e faculdades, mas depois disso, vendo como o caso da minha irmã foi tratado, mal investigado, decidi me dedicar a perícia médica, encarei como uma obrigação minha, para que outras famílias não passassem o que passamos.

 

            Os olhos marejados de Leticia denunciaram a dor que ela guardava.  Fernanda segurou forte as mãos da ruiva e disse:

-- Você está fazendo um excelente trabalho, onde quer que sua irmã esteja está vendo que você luta por justiça diariamente. Mas, o assassino, foi preso?

 

-- Sim, mas não houveram provas suficientes para incriminá-lo segundo o júri. Revoltou meus pais que não querem mais voltar ao Brasil, mas eu achei, que eu precisava fazer minha parte.

 

-- E está fazendo... Quem sabe um dia achemos as provas e mandamos esse também para a prisão...

 

            Encerraram o assunto triste quando Fernanda recebeu uma chamada no celular:

 

-- Olá mamacita!

 

-- Belita! Se não ligamos você esquece que tem família não é?

 

-- Mãe, dá um tempo, estou trabalhando muito...

 

-- Você e as mesmas desculpas! Está lembrada do aniversário de seu pai amanhã não é?

 

-- Aniversário do papai?! Lógico que sim né mãe! – Fernanda estapeou a testa se martirizando por ter se esquecido da data.

 

-- Teremos almoço em família amanhã, convide suas amigas.

 

-- Mãe, vou levar apenas uma pessoa, as meninas já tem compromisso, tudo bem?

 

-- Uma pessoa? – Agustina, a mãe de Fernanda era astuta. – Finalmente vamos conhecer uma pessoa que você nos apresenta Belita?

 

-- Olha para com esse nome de cadela poodle tá? E sim, vou levar alguém, nada de alarme não quero assustar com a loucura que essa família é!

 

            Fernanda desligou o celular comunicando:

 

-- Meu bem, temos um compromisso familiar amanhã...- Fernanda Fez careta.

 

-- Você vai me apresentar à sua família?! – Letícia tossiu, engasgando com o vinho que tomava.

 

-- O que foi Lê?

 

-- Você costuma levar suas namoradas lá?

 

-- Não, nunca levei nenhuma.

 

            Leticia por pouco não deixava o vinho voltar pelo nariz tamanho acesso de tosse que teve. Fernanda sorriu.

 

-- Calma, são todos loucos do bem, vão se apaixonar por você, assim como eu.

 

***********

 

            Seguiram para a casa dos pais de Fernanda no meio da manhã a fim de chegar na hora do almoço. Como a morena descrevera no trajeto, a balbúrdia estava completa. Tios, primos, netos, todos falando alto, alguns pela piscina, mais parecia uma família italiana do que espanhola.

            Leticia estava tímida, e foi recebida por dona Mercedez, a avó de Fernanda.

 

-- Oh que saudades minha Nandita! E essa bela moça, não vai me apresentar?

 

-- Abuela, essa é Letícia, médica, trabalha comigo na delegacia e é minha namorada.

 

             A velha senhora parou o olhar na ruiva e analisou dos pés a cabeça. Letícia sentiu um frio percorrer sua espinha. Mas logo a tensão se desfez quando dona Mercedez abraçou Leticia com o mesmo carinho que abraçou a neta.

 

-- Seja bem vinda  a essa família minha bela. E você demorou, mas encontrou enfim seu amor não é?

 

            Fernanda ruborizou, ficou desconcertada e saiu puxando Leticia para apresentar aos pais. Trocaram presentes com o aniversariante, que fez questão de exibir sua adega depois de Fernanda comentar que a namorada era uma apreciadora de vinhos.

 

            Agustina observava tudo atentamente, cochichava algo com a outro filho, hora cochichava com dona Mercedez, incomodada com a paixão evidente de Fernanda com a doutora.

 

-- Mamacita, por favor! A Fernanda nunca escondeu a sexualidade dela, desde a Gisele, ela só namorou meninas, a senhora já devia ter se acostumado a isso! – Fábio comentou.

 

-- Nunca vou me acostumar, mas, ela nunca trouxe nenhuma aqui, só a Gisele que eram as melhores amigas, só soubemos depois... Olha a cara dela, daqui a pouco vai me dizer que vai casar-se com ele, Dios Mio!

 

-- Mãe, menos né? Por que afinal a senhora está fazendo tanto alarde, um dia isso vai acontecer, e olha para a doutora Letícia, uma mulher fina, delicada, ao que me parece, rica e inteligente, quer nora melhor? - Fábio brincou.

 

-- Fabio você é igual a sua irmã, não me leva a sério! Uma mulher como essas... O que ela quer de sua irmã, são tão diferentes, vai fazer minha filha sofrer...

 

-- Mãe, relaxa, só torce pra dar certo, o que toda mãe quer é a felicidade dos filhos, pelo menos é isso que eu como pai, quero para os meus... Vê se trata bem a convidada, se não quiser que a Fernanda suma de vez de nossas comemorações em família por causa das implicâncias sem nexo da senhora.

 

            Apesar da tensão administrada, Fernanda e Letícia sobreviveram. Saíram no final da tarde com destino ao apartamento da policial. Encerraram o final de semana com a mesma paixão que iniciara, agora saboreando uma intimidade que as unia de uma maneira singular.

 

            Letícia cochilou no sofá, enquanto Fernanda quis fazer uma surpresa para a namorada, imaginou:” não será tão difícil fazer um macarrão”. Buscou na internet uma receita de molho e pensou: “ah moleza!”.

 

            Colocou a panela para cozinhar a água, em outra já ia preparando o molho de queijos, ao ver a água borbulhando, não hesitou, abriu o pacote da massa, lavou, como observava a mãe fazer com o arroz, em seguida lançou o espaguete ensopado na água fervente. Os cinco minutos de cozimento que a embalagem prometia indicaram à Fernanda que tinha algo errado ali, conferiu o prazo de validade da embalagem, cutucou a massa que virou uma grande bola com os fios de espaguete grudados, e pensou: “que diabos de macarrão é esse”?

 

            Nesse momento, acordada pelo cheiro do molho de queijos, Letícia acordou e viu o que a namorada tentava fazer na cozinha.

 

-- Meu bem, que experiência científica foi essa que você tentou fazer nessa panela?

 

-- Ah, macarrão, não dá pra sacar?

 

            Letícia cutucou com um garfo o emaranhado de massa que agora tinha aspecto conhecido para ela; um tumor.

 

-- Meu bem... O que você colocou nesse macarrão?

 

-- Nada minha linda, a água ferveu, lavei o macarrão e joguei aí...

 

            A crise de risos de Letícia chegou a irritar Fernanda que fez bico cruzando os braços.

 

-- Não se lava arroz antes de jogar na panela? Por que não faria isso com macarrão? – Fernanda se defendeu.

 

-- O molho está uma delícia, me dá outro pacote de macarrão, num instante te ensino a fazer um...

 

            Cada momento de intimidade, de descontração entre as duas só fortalecia o que estava nos olhares, toques e sorrisos. Nascia um amor que ambas pareciam estar predestinadas a esperar.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 18 - EPISÓDIO 18 - Cuidados:
patty-321
patty-321

Em: 09/11/2021

Lindas.

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