Capitulo 66
Capítulo 66º
Narrador
Nina ficou surpresa com a presença de Carmem. Mas não poderia deixar de conversar pessoalmente com a irmã. Afinal no dia que contou toda a verdade a Rebeca ligou para Carmem, na intenção de contar o que havia feito. Porém apenas o que escutou foram gritos e injúrias da irmã, que ficou completamente desestruturada com a situação.
Maria fitou a esposa assim que ela entrou em casa. Correu em seu encontro, a abraçou com carinho depositando um leve beijo em seu rosto.
- Pensei que ia demorar.
- Apareceu uma pessoa quando eu ia saindo.
- Um cliente? – questionou curiosa.
- Não, eu. – Maria pareceu ter escutado um fantasma, com a certeza de que um fantasma a assustaria menos do que a presença da cunhada em sua sala. – Como vai, Maria? – indagou com um meio sorriso.
- Carmem, quanto tempo. – a mulher sentiu seu coração se encher de amor.
Passou por Nina e foi em direção a velha amiga. Deu-lhe um longo abraço, tentando amenizar toda a saudade de tantos anos longes dela. Carmem sentiu seus olhos deixarem cair uma lágrima ou outra. Mas ela jamais deixaria que ninguém notasse isso. Secou as lágrimas assim que Maria se afastou dela.
- Você continua linda. – disse simpática segurando seus ombros.
- Obrigada, você continua igualzinha.
- Menos pelo fundo de garrafa. – ela brincou se referindo aos óculos. – Você fica para o jantar? Claro que fica, vou preparar seu prato preferido. Continua sendo o mesmo? – Carmem sorriu surpresa por ela ainda lembrar.
- Sim. Continua sendo o mesmo.
- Ótimo. Eu vou deixar vocês conversarem.
Saiu da sala em direção a cozinha. Carmem olhou em sua volta, aquela casa em nada parecia a sua. As coisas simples, poucos móveis, os cômodos pequenos, mas aconchegantes.
- Em nada se parece a sua mansão. – Nina disse percebendo o olhar de comparação que a irmã usava observando suas coisas.
- Aquela casa é vazia de algo que vocês têm de sobra aqui. – falou com pesar.
- Quer beber algo?
- Martine.
- Ótimo, vai ser vinho. – ignorou a resposta da irmã. Separou as duas taças, abriu a garrafa e despejou o liquido nos copos.
- Obrigada. – agradeceu Carmem ao segurar a taça que lhe era estendida.
- O que você quer aqui?
- Você não muda, continua direta.
- Tempo é dinheiro.
- Concordo. – solveu um longo gole do vinho. Sem tirar os olhos de Nina. – Nós precisamos arrumar a bagunça que causamos a Rebeca.
- A bagunça que o seu marido nos fez causar. Você quer dizer.
- Isso não importa no momento. Rebeca está grávida e precisa de nós.
- Você conhece a Rebeca? Ela não precisa de ninguém além dela mesma.
- Ela tem muito de você. – afirmou.
- Claro que tem. Ela é minha filha.
- Nossa filha.
- Não, Carmem. Ela é minha filha, seu marido tirou-a de mim. E você foi de acordo com a decisão.
- Nina, convivo com essa culpa por anos. Sinto muito que tenha acontecido daquela forma. Mas você falou tantas vezes em tirar a criança. Tive medo que você acabasse matando-a mesmo depois de nascida. – completou repousando a taça na mesinha de centro. A mesa era marrom, a tinta gasta mostrava alguns arranhões indicando quantas vezes foi reformada e que já necessitava de mais uma demão de tinta.
- Eu jamais faria isso.
- Naquele ponto eu não poderia arriscar.
- Vocês não me deixaram nem ao menos ver Rebeca quando nasceu. Airton tirou-a do quarto antes que eu pudesse vê-la.
- Airton é um monstro. – afirmou com pesar.
- Demorou todo esse tempo para perceber? E pensa que vai apenas se desculpar e tudo vai ficar bem?
- Não. Eu não espero que um pedido de desculpa resolva tudo. Tanta coisa aconteceu comigo depois daquele dia, Nina. – sua voz embargou com as lembranças lhe atingindo em cheio. – Airton me obrigou a ficar com ele. Eu pedi o divórcio tantas vezes que cansei. E simplesmente aceitei o fato de que ele jamais me deixaria sair daquela casa com minhas filhas. Ameaçou até acabar com sua vida e de Maria.
- E você não permitiria isso, não é?
- Claro que não. Você é minha irmã, e Maria era...
- O amor da sua vida. – afirmou com ar de riso. Carmem fez uma expressão surpresa e toda sua pose inicial caiu por terra.
- Maria sempre foi minha melhor amiga. – se defendeu.
- Não. Ela sempre foi sua paixão. Acha mesmo que eu nunca percebi seus olhares para ela? Que outra explicação teria para o fato de você aceitar que ela gostava de garotas se não fosse o seu amor por ela?
- Eu...nós...- fez um barulho na garganta.
- Eu sei que vocês nunca tiveram nada. Ela me contou isso. Afinal você era covarde demais para falar o que sentia. Com toda a sua tristeza e ciúme quando começamos a sair mais vezes, Airton descobriu a verdade sobre nós. Já parou para pensar que poderia ter sido ela ao invés de mim?
- Não fale isso. Eu jamais permitiria tal absurdo. – levantou-se frenética.
- Ainda tem coragem de negar que a amava? O que aconteceu comigo você soube, mesmo assim permaneceu casada com o mostro que abusou de mim. Mas se fosse ela você teria feito diferente? Você a amava. – Carmem desviou os olhos do de Nina. – Espera! Você ainda a ama? Claro! – sorriu com cinismo. – Obrigada por sua covardia. Isso me deu muitos anos de amor ao lado dela.
- Para.
- Essa é a verdade. Somos felizes graças a sua covardia.
- Por favor! – suplicou entre dentes.
- Até imagino como você se sentiu quando nosso pai me colocou para fora de casa. Por isso não me defendeu. Sentiu medo do seu disfarce ser descoberto. – afirmou.
- Isso não importa mais.
- Não importa? Fala isso para Rebeca. Que viveu uma vida de mentiras. Fala isso para todos os momentos difíceis que eu precisei enfrentar sozinha. Fala isso para a dor da sua ausência na minha vida. Nos natais que fiquei longe de vocês.
- Nós duas sofremos.
- Nós duas? Como assim Carmem? Você me parece muito bem. Continua a mesma patricinha de sempre. – apontou suas roupas e joias.
- Não seja tola. Isso aqui não pode nunca fazer com que sua ausência fosse preenchida.
- Então por qual motivo nunca me procurou? – Carmem silenciou, tinha resposta para aquela pergunta, mas talvez Nina não gostasse. – Maria? Ela foi o motivo de você me deixar de fora da vida das meninas e da sua?
- Eu sinto muito. – falou chorosa.
Na cozinha Maria escutava o diálogo das irmãs. Se limitou apenas a preparar o jantar. Não iria interferir na conversa delas, afinal tantos anos já haviam se passado desde que se viram. E mesmo que naquele momento fosse apenas para gritarem, discutirem era apenas um primeiro passo. A mulher não se surpreendeu pela confirmação da paixão de Carmem por ela.
- Eu só quero concertar as coisas.
- É um pouco tarde para isso, não acha?
- Claro que não, Nina. Estou aqui, na sua frente. Pedindo uma chance para deixarmos tudo isso no passado. E focarmos apenas em Rebeca, para que ela possa nos perdoar. Para isso acontecer precisamos unir forças. – tentou segurar a mão dela.
- E Airton? O que disse sobre isso?
- Estou me separando dele. – falou com a voz baixa. Nina quis sorrir. – Não vai ser um processo fácil, já que sabemos como ele é. Mas estou decidida. Vou morar aqui, preciso ficar perto das minhas filhas. E de vocês.
- Quanto ao que sente por Maria?
- Vai continuar como em todos esses anos. Apenas uma paixão. Não tenho intenção de interferir no relacionamento de vocês. Sei que ela te ama. Posso conviver com isso. Só não posso viver longe de nenhuma de vocês. – afirmou com lágrimas nos olhos.
- O jantar está pronto. – Maria interrompeu.
Carmem ficou de costas tentando esconder suas emoções. Maria fitou a esposa. Que apenas deu de ombros.
- Eu acho melhor ir embora. – falou a mulher indo em direção a sua bolsa.
- Faz alguma coisa. – sussurrou para a esposa.
- Deveria ficar para jantar conosco.
- Tem certeza? – Carmem parou fitando-a.
- Sim. Vou apenas tomar banho enquanto vocês conversam. – beijou o rosto da esposa e sumiu escada a cima.
Surpresa pela atitude da irmã, Carmem nem percebeu que Maria segurava sua mão levando-a em direção a sala de jantar. Enquanto perguntava animada sobre os amigos daquela época.
Enquanto isso na cobertura de Rebeca, Alice e ela relaxavam na banheira de espuma. A loira massageava as costas da mais velha com cuidado, enquanto uma música preenchia o ambiente.
- Isso é perfeito. Para melhorar um pouco mais só falta uma taça de vinho. – Rebeca falou de olhos fechados.
- Posso beber por você. – respondeu com ar de riso.
- Você é comediante. Mas eu ainda te amo. – deitou apoiando as costas nela. – Já pensou sobre a casa?
- Sim. Na segunda vamos lá com a mamma, dizemos o que queremos como queremos e ela vai providenciar.
- Mas vamos pagar por isso, não é?
- Acha que elas vão permitir?
- Mas essa não é uma questão de permitir, é simplesmente nossa obrigação. Elas já deram a casa, nada mais certo do que arcarmos com as despesas da reforma.
- Como você quiser. – beijou seu ombro. – Mas eu quero um quarto do sex*.
- E o nosso já não é? – se inclinou para vê-la.
- Sim, mas eu quero um quarto tipo os de motel. Por falar nisso, nos nunca fomos a um.
- Juntas?
- Isso. Não acha que seria bom?
- Amor, qualquer lugar com você seria maravilhoso. E o sex* perfeito. – suspirou sentindo as mãos de Alice apertarem seus seios. – Ahh! Eu amo o seu toque.
- Eu amo o seu gemido quando eu te toco. – mordiscou o lóbulo de sua orelha.
A campainha soou fazendo-as se olharem.
- Podemos apenas ignorar. – Alice falou apertando a bunda de Rebeca.
- Sim, podemos. – respondeu com tesão. Mas a pessoa aparentemente não queria ir embora.
- Eu vou. Fica aqui na banheira. Volto em um instante. – saiu vestindo o roupão.
Enquanto ia amarrando o cordão Alice nem imaginou que do outro lado da porta a pessoa estava impaciente esperando que a porta fosse aberta.
- Aonde está minha esposa? – o homem disse adentrando quase derrubando Alice.
- Pode entrar. – falou com deboche, tentando ficar ereta novamente.
- Não estou com tempo para suas piadas, fedelha. – cuspiu de uma única vez.
Alice reparou com um pouco mais de atenção e viu que o homem estava completamente bêbado. A gravata pendurada na mão, o paletó amassado. Fora o bafo que Alice sentiu de onde estava.
- Airton. Acho que não é um bom momento.
- Você por acaso tem casa? – deu um passo em direção a Alice que instantaneamente afastou-se.
- Sim. Eu moro aqui. – afirmou confiante. O homem sorriu de canto, passou as mãos no cabelo.
- Uísque. – avistou as garrafas e foi até elas se servir.
Internamente Alice pedia para que Rebeca não escutasse e muito menos viesse até a sala. Pois depois de tudo que ela descobriu esse encontro seria desastroso, ainda mais com o homem naquelas circunstâncias.
- Airton. Acho melhor você ir embora. – insistiu.
- Ir? Eu não saio daqui sem a minha mulher. E não vai ser uma putinha como você que vai me tirar daqui. – Alice arregalou os olhos surpresa ao ver a forma como o homem se referiu a ela. – E vendo você nesses trajes, consigo entender por que a minha filha está te comendo. – saiu de trás do bar e caminhou com o copo na mão. Alice se sentiu acuada com o olhar que ele lhe deu.
- Não se aproxime. – afirmou. Sabia que não poderia simplesmente agredir o pai da namorada, mesmo que ele merecesse um tratamento igual ao que George recebeu dela.
- Está com medo de não resistir? – afirmou já tentando abrir o zíper de sua calça.
- Só não quero te agredir. Velho asqueroso. – Alice falou entre dentes.
- Pode acertá-lo. Quantas vezes forem necessárias. – a voz de Rebeca cortou o silêncio da sala.
O homem rapidamente subiu o zíper de sua calça. Rebeca caminhou até ficar em frente à Alice. Segurou o rosto da namorada entre suas mãos.
- Você está bem? – indagou baixo. Alice acenou que sim.
- Não tive como impedi-lo. – argumentou.
- Tudo bem, amor. – beijou seus lábios.
- Respeite ao menos a minha presença, Rebeca. Deixe essa pouca vergonha para o quarto.
A mulher sentiu o sangue ferver. Não só pelo que ele falava, mas por tudo o que fez com Nina, e mais ainda pelo que insinuou que iria fazer com Alice. Friamente ela se virou para ele.
- Eu não tenho que respeitar você, pois claramente não o fez comigo. Invadindo minha casa, e ainda por cima assediando minha namorada.
- Assediando? Eu não fiz nada. – se defendeu sorrindo.
- Sabia que eu escutei tudo? Vi o senhor mexendo nessa coisa que tem entre as pernas, mas aparentemente não consegue manter dentro das calças.
- Não seja insolente. – falou irritado.
- Insolente? Eu tenho nojo de você. Nojo até do tom da sua voz.
- O que aquela mulher te falou? – indagou agoniado.
- Apenas a verdade.
- É mentira, aquela puta quis me roubar da sua mãe.
- Nossa! Até consigo imaginar o senhor, o tesouro mais raro sendo roubado. A única que te aguenta é a mamãe, e eu nem sei por que. Afinal o senhor é asqueroso e não parou na tia Nina, já que claramente tentou o mesmo com Alice.
- Você está louca.
- Louca? Pelo contrário, é a primeira vez que eu consigo enxergar claramente quem você é. E acredite, essa sua versão é decepcionante. Inescrupulosa. Saia daqui. – apontou a porta que permanecia aberta.
- Não saio. Até que sua mãe volte comigo.
- Você já viu que ela não está. E se ela não veio até aqui é justamente por saber que aqui seria o primeiro lugar que você a procuraria. Só para constar fico feliz que ela tenha te deixado.
- Como você ousa falar assim? – deu um passo avançando para sua frente. Alice foi mais rápida e se colocou entre os dois.
- Já falei que é melhor ir embora.
- Eu devia ter te deixado morre com aquela mulher, pois tenho certeza que ela te mataria. Precisava ver a cara de alivio dela quanto te tiramos do quarto. Nem teu rosto ela quis ver quando te pariu. – aquelas palavras acertaram a mulher em cheio. Mais do que se fosse um tapa. - Você é quem é hoje por causa de mim e da sua mãe.
- CHEGA! – Alice gritou, percebendo que escutar aquilo paralisou a namorada. – Você vai sair daqui, nem que eu tenha que te por para fora. – deu um passo em sua direção.
- Você acha mesmo que pode me vencer?
- Não é questão de vencer. Eu estou lúcida, você claramente nem se sustenta em pé.
- Vou te arrebentar garota. – gesticulou como se fosse acertar um soco em Alice, a menina apenas desviou para a esquerda e ele se desequilibrou caindo. Bateu a cabeça na mesinha. – Você me agrediu. – falou segurando o supercílio.
- Não. O senhor caiu. Agora por favor. Saia da nossa casa. – apontou a porta.
- Eu vou, mas isso vai ter volta. – ficou a poucos centímetros do rosto de Alice.
Assim que ele atravessou a porta, Alice bateu com força. Estava tremendo, desejosa de simplesmente quebrar a cara do homem em pedacinhos. Buscou Rebeca com os olhos, ela estava no mesmo lugar, completamente petrificada.
- Amor, está tudo bem. Ele já saiu. – abraçou seu corpo.
- Você ouviu o que ele disse?
- Não deveria se preocupar com isso. Ele está bêbado demais. Falou só para te atingir. E sabia aonde ir.
- Não é só o que disse. É a forma que ele te tratou, que ele ia te...- parou de falar se atirando nos braços da loira aos prantos. – Eu deveria escutar o que a tia Nina tem para me dizer. A tratei como se ela tivesse culpa de ter sido abusada.
- Eu sei amor, que bom que percebeu isso. Agora no momento certo vocês podem conversar. Mas acho melhor fazer um chá para tentar te acalmar um pouco. – foi até o fogão.
- A minha mãe o largou. – afirmou mais para si do que para Alice.
- Aparentemente sim. Mas isso é algo bom, não? Depois de tudo que ele fez com a Nina?
- Sim. Mas a pergunta que não quer calar, onde está a mamãe?
- Isso eu não sei. E nem temos como descobrir. A não ser que você ligue para ela. – disse Alice para tentar fazê-la falar com a mãe.
- Amanhã. Eu preciso dormir. Estou com muita dor de cabeça.
- Tudo bem, vai deitar que eu estou indo.
Do outro lado da cidade. Amélia e Letícia estavam jogadas no sofá da sala. A semana inteira havia sido uma correria com as coisas da mudança. Era a primeira noite que elas não tinham o que fazer. Elisa havia adormecido cedo no novo quarto que Amélia fez questão de decorar junto com Larissa.
- Adoro o silêncio. – Letícia falou se aconchegando na namorada.
- Eu sei. Mas prefiro o som dos seus gemidos. Ou as risadas de Elisa.
- Como você consegue ser safada e fofa ao mesmo tempo? – Letícia indagou fingindo irritação.
- Não sei. É apenas meu jeito. – beijou seu pescoço. – Acha que Elisa gostou dos brinquedos novos?
- Amélia, nem sei onde vamos guardar tudo aquilo. – reclamou.
- Podemos ir para uma casa maior. – propôs com ar de riso.
- Uma casa maior do que essa sua? Por acaso essa é sua forma de me dizer que quer filhos?
- Não. – sorriu. – Mas e se fosse? – Letícia começou a rir.
- Se esse for o caso podemos começar a praticar isso agora mesmo, vai que em algum momento alguma de nós engravida? – falou sugestiva sentando-se em cima do colo da namorada. Amélia tirou sua blusa.
- Mamãe? – falou olhando a janela de vidro.
- Amor, pode me chamar de qualquer coisa, mas mamãe? Pegou pesado. – resmungou Letícia.
- Não. É a minha mãe. – disse isso retirando Letícia do seu colo. – Veste a blusa.
Amélia foi até a porta e a abriu. Carmem fitou a filha esperando que ela falasse algo. A mulher viu a mala que a mãe carregava. Não foi difícil deduzir o que aconteceu.
- Mamãe, está tudo bem? – indagou dando passagem a ela.
- Sim. Eu não quis incomodar. – falou envergonhada pela interrupção.
- Imagina, nós estávamos só...- tentou falar.
- Conversando. – apressou-se Letícia. – Prazer, Carmem. Sou Letícia. – estendeu a mão.
- O prazer é meu, Letícia. Não sabia que estava namorando. – falou olhando para Amélia. – Uma mulher muito linda, por sinal. – a médica sentiu o rosto corar.
- Obrigada, a senhora também é linda, vejo de onde as meninas puxaram a beleza. – retribuiu o elogio. – Eu vou subir. – beijou o rosto da namorada. – Boa noite.
Amélia esperou ficarem a sós. Indicou o sofá para que a mãe se sentasse.
- O que aconteceu?
- Estou me separando do seu pai. – falou de uma única vez.
Amélia agradeceu por estar sentada. A notícia foi chocante demais, mesmo sabendo de tudo que aconteceu no passado não esperava que a mãe pudesse ter uma atitude dessas.
- Como você conseguiu viver tanto tempo com ele? Sabendo de tudo que ele fez?
- Por amor.
- A ele?
- Não. A sua tia e a Maria. Ele sempre dizia que iria mata-las caso eu contasse a verdade ou o deixasse.
- Mamãe, e agora? A merd* já foi jogada no ventilador. O que vai acontecer?
- Nada.
- Como nada?
- Seu pai está falido.
- Como assim, falido?
- Tudo o que ele tinha perdeu em jogos, farras, bebidas e mulheres. – afirmou sem se intimidar pelo que dizia.
- Mas e a senhora?
- Eu tenho dinheiro. Nossas contas sempre foram separadas, meus investimentos continuam rendendo e isso me mantém.
- Como isso aconteceu?
- Deveria perguntar a ele.
- Nunca pensei que o papai fosse assim. – Amélia se pôs de pé. – Sempre cuidadoso conosco, carinhoso. Vocês pareciam felizes.
- Ele sempre soube mascarar tudo muito bem. Vocês nunca se perguntaram por que vivi viajando desde que vocês saíram de casa?
- Achei que por gostar.
- Apenas para fugir dele.
- Mamãe, eu sinto muito. – apertou sua mão. – Sinto muito por ele ser assim, e por você ter passado tanta coisa ao lado dele.
- Eu sei, mas grande parte de tudo foi apenas a cobrança do que fiz com a minha irmã. – sua voz falhou.
- Vocês já se falaram?
- Sim, jantei com elas hoje. – afirmou. – As coisas ainda não estão como devem ser, mas já é um começo.
- Sim. Claro. Isso é ótimo. As coisas vão se acertar. Mas e agora o que a senhora pretende?
- Preciso de um lugar para ficar por uns dias. Até conseguir uma casa para mim.
- Claro. Pode ficar conosco.
- Conosco? Quer me dizer que aquela moça está morando aqui?
- Sim. Ela e a Elisa. Filha dela. – completou.
- Uma filha? – Amélia esperou a repreensão. – Com aquele corpo?
- Mamãe! – repreendeu prendendo o riso. – Vamos, acho que a senhora precisa descansar depois desse dia cheio.
- Preciso mesmo. – concordou. – Prometo não dar trabalho. – disse isso rindo.
- Eu sei. Vai ser um prazer tê-la conosco. – afirmou. – Espera, me deixa ver quem é.
“Amélia, desculpa a hora. Mas o seu pai veio aqui, completamente bêbado. Estava procurando sua mãe, acabou dizendo algumas coisas com a Rebeca e isso a abalou de novo. Consegui fazê-la tomar um chá para se acalmar e dormir. Mas estou aqui sem conseguir adormecer pensando que ela pode sentir algo. Enfim, achei que você deveria saber sobre o que aconteceu. “
- Tudo bem?
- Sim. – respondeu bloqueando o aparelho. – Era a Alice.
- Aconteceu algo com a Rebeca? – preocupou-se.
- Não. Mas o papai foi até o apartamento dela.
- O que aconteceu?
- Não sei direito, mas Alice me disse que o papai falou algumas coisas para ela.
- Homem idiota. Só vai piorar tudo. – suspirou.
- Bom, vou me certificar que ele não venha até aqui. Acho melhor a senhora ir dormir. Boa noite, mamãe.
- Boa noite, filha. – beijou seu rosto.
Carmem tomou um longo banho enquanto deixava a água molhar seu corpo, as lágrimas banharam sua alma ferida. Pelas mágoas do passado, pelo amor que ela não foi capaz de lutar por ele, pelas mentiras. Mas principalmente por saber que convencer Rebeca a conversar com ela, seria sem dúvidas uma tarefa difícil e com razão afinal ela era a mais prejudicada naquele jogo de mentiras. Mas sabia que podia contar com uma ajuda, se fizesse Alice escutar o que ela tem a dizer, talvez a menina a ajudasse na difícil tarefa de se redimir com a filha. Com esse pensamento adormeceu.
Fim do capítulo
Oiê. Voltei. Sei que estou devendo os extras, mas o négocio tá complicado. kkk
Beijos e boa leitura
Seja boazinhas, estou dodoi.
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lay colombo
Em: 18/11/2021
Nossa o Ranço por esse homem só cresce.
Mas parece q acertamos parcialmente sobre TD mundo ser LGBT
Baiana
Em: 05/11/2021
Sabia que a Carmem era apaixonada pela amiga,mas mesmo assim ainda continuo com ranço dela.
Rapaz,os homens que aparecem nas vidas dessas mulheres, é cada um pior que o outro,tá repreendido!
Bora fazer uma fogueira e jogar os três de vez no fogo? Assim matamos três embustes com um fogaréu só kkk
Será que a Carmem vai querer aumentar a família?
Resposta do autor:
kkk. O ranço de Carmem ainda continua? rsr
Né atoa que tudo é sapatão. kkk
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Marta Andrade dos Santos
Em: 04/11/2021
Vixe que cara escroto.
Resposta do autor:
Verdadeiramente escroto.
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preguicella
Em: 04/11/2021
Eita, eita! Carmem também é do vale!
O que será que esse asqueroso vai aprontar?!
Melhoras aí, tá!
Bjão
Resposta do autor:
E quem não quer ser desse vale???
kkk
beijos
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Mille
Em: 04/11/2021
Ah está perdoada pelo sumiço kkkk
Aí ai mais só perdoamos mais sr colocar Airton, Pedro e Diego de passagem só de ida para a China.
Carmen apaixonada pela Maria, não teve atitude e perdeu para a Nina. Que coisa de louco.
E esse fdp querendo assediar a Alice, ah ele merece uma bela surra. E ainda fala asneira para a Rebeca não falar com a Nina.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Obrigada pelo perdão do sumiço. rsrs
Beijoss
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paulaOliveira
Em: 04/11/2021
Airton, um verdadeiro p4u no uc!
Melhoras autora E manda extras pra nós kkk
Resposta do autor:
kkkk. Macho sendo macho
Obrigada.
Vou tentar os extras. kk
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