Capitulo 65
Capítulo 65º
Narrador
Alguns dias se passaram desde que Rebeca descobriu a verdade sobre seu passado. Foi complicado para ela lidar com seus sentimentos e medos. Perceber que toda sua vida foi baseada em uma mentira abalou o seu psicológico. Mas com a ajuda de todos que a amam, tem se esforçado para deixar a tragédia para trás e focar no filho e no namoro.
Em partes, pois continuava ignorando as ligações de Carmem. Assim como faz com Nina. Que já chegou a discutir com Amélia por desejar conversar novamente com a filha. E ainda tinha toda a questão do pai, não conseguia nem ouvir seu nome sem sentir seu estomago revirar.
Alice foi compreensiva em todos os momentos, desde as noites mal dormidas por conta de seus pesadelos, aos momentos de silêncio e reflexão que Rebeca precisava ter. Foi uma vitória enorme quando conseguiram convencê-la a fazer terapia.
Era manhã de sexta-feira. Rebeca se mexeu na cama, ainda cansada pois na noite anterior ela e Alice conversaram por horas enquanto organizavam as coisas no quarto do bebê. Ah! Começaram a organizar tudo apenas para manter Rebeca com a mente ocupada. O que elas não contavam era que comprar coisas de criança era um vício. As prateleiras instaladas nas paredes já não cabiam mais ursinhos de pelúcia.
Preguiçosamente Rebeca sentou-se na cama. Esticou os braços e olhou o relógio na mesinha de cabeceira. Ainda era cinco e meia. Se indagou aonde estaria a namorada. Levantou-se e foi até a janela, a manhã estava cinza. As nuvens carregadas davam um ar quase deprimente ao céu. Ela sentiu uma tristeza momentânea. Mas logo tentou afastar o sentimento.
Escutou batidas no quarto ao lado. Sorriu ao imaginar que Alice não conseguiu dormir sem terminar de montar o berço. Já que disse que seria uma questão de honra fazer aquilo sem ajuda.
- Droga! – Alice falou irritada.
Rebeca sorriu encostada a porta. Alice lutava tentando manter as peças juntas. E girava o manual de um lado ao outro, deixando-o até de cabeça para baixo. Aquela cena aquecia o coração a mulher, ver o quanto Alice se importa com o bebê. Olhou as pernas no minúsculo short branco perdendo seu foco por alguns segundos.
- Isso! – comemorou ao ver o berço em pé e completamente montado.
- Parabéns. – se fez ser notada. Alice saltou do chão indo em sua direção.
- Viu só? Eu consegui. – falou orgulhosa mostrando o berço com as mãos abertas em sua direção.
Mas nesse momento toda a estrutura do berço de desfez. Rebeca não se conteve e começou a rir. Alice fez bico, completamente decepcionada pelo tempo gasto e por não ter obtido sucesso.
- Não fica assim, podemos chamar alguém para montar. – enlaçou sua cintura. Apoiando o queixo em seu ombro.
- Não queria pagar, é especial quando somos nós que fazemos isso. E aposto que o Pedro já deve ter montado o dele.
- A gente faz tudo ser especial, não é por não conseguirmos montar um berço sozinhas que isso o torna menos importante. – beijou seu rosto. – E quanto ao Pedro conseguir montar um sozinho, essa sem dúvidas é uma habilidade que em nada me chama atenção. Prefiro suas mãos trabalhando de outras formas. – sorriu com malícia.
- É mesmo? – indagou com a sobrancelha arqueada.
- Sim. Prefiro elas massageando meu corpo. – sussurrou em seu ouvido. – Ou fazendo outras coisas comigo no banho. – se afastou e Alice continuava a encarando. – Você vem?
O banho foi regado a caricias e muito sex*. Mas Alice tinha compromisso aquela manhã, o que motivou para que tudo fosse feito de forma mais rápida, porém, não menos intensa.
- Você acha que ele vai ser preso? – indagou Rebeca.
- Espero que sim. Apesar de não conseguir entender as leis desse país prefiro acreditar que a justiça vai prevalecer.
- Tomara. Iara merece ter paz.
- Todos nós merecemos. E ele é uma ameaça constante.
Aquela manhã seria a audiência de George. Que mesmo depois de ser preso em flagrante por porte de arma, conseguiu sair da cadeia na manhã seguinte. Mas Iara resolveu denunciá-lo por agressão, e Cadu por homofobia. Alice tentou convencer Anna a também entrar no barco e acusa-lo pela ameaça que recebeu, mas ela se negou alegando que queria apenas deixar aquele assunto de lado.
Do outro lado da cidade, Iara estava nervosa. Mexia as pernas com ansiedade, seu filho observava atento ao desespero da mãe. Segurou sua mão, tentando passar uma confiança que nem ele mesmo tinha no momento. Nunca pensou que seu pai fosse um monstro. E muito menos que iria chegar a um caso tão extremo como esse.
- Eu vou ligar para o Rick. – beijou a testa da mãe e saiu.
Iara apertou as mãos ao ver George chegar acompanho de dois advogados. O homem lançou um sorriso na direção da até então esposa. Seu cinismo beirava ao ridículo. Ele estava certo de que conseguiria se livrar das acusações pois os advogados eram os melhores. Era o que ele pensava. E ao ver a mulher do lado de fora completamente vulnerável e sozinha sua confiança aumentou ainda mais.
Não demorou alguns minutos até que Bianca passou pelas portas de vidro. Iara nunca se sentiu tão feliz ao ver a mulher. Seu coração antes aflito sentiu-se aliviado apenas por ver o rosto conhecido. Bianca cumprimentou aos colegas advogados, mas não dirigiu a palavra a George que aparentemente se irritou com a atitude.
- Oi. – Iara falou assim que Bia sentou-se ao seu lado.
- Oi. – sorriu para ela. Iara inconscientemente retribuiu o sorriso da melhor forma que pode. – Espero que ele não tenha vindo falar com você.
- Não. Apenas me olhou de longe, mesmo assim não deixei de sentir medo.
- Vai ficar tudo bem. – pôs a mão em cima da dela. – Ele vai ficar alguns anos na cadeia. Isso eu garanto. – afirmou confiante.
- Eu espero que isso aconteça mesmo. – os olhares se cruzaram com intensidade. Bianca ficou constrangida e acabou retirando sua mão da dela. Mas Iara sentiu falta do contato.
- Eu prometo. – afirmou novamente, mas dessa vez sem arriscar olhar para ela. – Isabella deve estar para chegar, junto com Isaac.
A audiência começou as nove da manhã. Mas eram muitas testemunhas pois as acusações eram variadas. Sobre o porte de arma ilegal ele pegou dois anos de reclusão. Naquele momento seu desespero já era notório. Afinal seu medo maior era mesmo ter que cumprir pena.
- Agora vamos ao caso de violência doméstica e violência sexual. – a juiza informou aos presentes.
Que nesse momento eram apenas Iara e os advogados, no caso Bianca, Isabella e Isaac, juntamente com George e sua defesa. Ao ouvir o pronunciamento da juíza, George irritou-se, pois já estava desesperado pela condenação de porte de arma ilegal.
- Eu não abusei dela. – falou entre dentes.
- No momento certo o senhor poderá dar seu depoimento. – a juíza falou encarando-o.
- Mas eu não abusei dela, somos casados. E ela queria.
- Já que está tão apressado, que tal me contar sua versão. – afirmou a meritíssima.
Um dos advogados disse algo no ouvido do homem que apenas se calou. A juíza entendeu que sua escolha foi esperar que os advogados argumentassem.
- Iara Magalhães, poderia me relatar quando aconteceu a primeira agressão? – indagou encarando a mulher que olhou na direção de Bianca que assentiu para ela. E falou baixinho que iria ficar tudo bem.
- A primeira agressão foi quando ele chegou irritado de um plantão. – ela respirou fundo. – Eu estava sentada no sofá e ele puxou meus cabelos enquanto me dizia coisas que prefiro não repetir.
George se mexeu na cadeira inquieto. Apertando uma mão na outra.
- Desse dia em diante as agressões se tornaram constantes?
- Sim, tanto as verbais como as físicas.
- Temos fotos anexadas ao processo. E vejo o quanto sofreu na mão dele. Por que não o denunciou antes?
- Ele ameaçava matar meus pais, e inclusive nosso filho.
- Carlos Eduardo? – ela assentiu. – O mesmo filho que está o processando por homofobia?
- Esse mesmo.
A audiência seguiu, mas o desespero de George só aumentada. As fotos eram fortes, ainda haviam filmagens do dia da festa de aniversário de Alice, assim como câmeras de sua casa. Quando Alice deu seu depoimento os olhos do homem faiscavam de raiva e reprovação do que ela havia falado. Não que fosse mentira, mas aquilo iria sem dúvidas o prejudicar. Carlos Eduardo foi o segundo a depor, e emocionado contou tudo que presenciou em casa. Os gritos da mãe quando George a forçou a fazer sex* com ele. O rapaz estava em pedaços por aquela situação, mas jamais deixaria de apoiar a mãe em um momento como aquele.
- Bom, diante de tudo que escutei. Inclusive da sua defesa. Vou pedir um recesso de trinta minutos.
Todos ficaram de pé para que ela saísse da sala. George lançava olhares de raiva em direção a Iara.
- Não se importe com isso. – Bianca falou para Iara ao notar o quanto ela ficava intimidada com ele. – George está encurralado. Não há mais o que fazer. – apertou sua mão.
- Só quero que isso acabe logo. – indagou apreensiva.
- Quando acabar, sairemos para comemorar. – sorriu para ela.
- Acha que está acontecendo algo entre elas? – Isaac indagou para Isabella.
- Não sei. Mas seria ótimo para ambas. Iara precisa de alguém que a ame, e Bia precisa de alguém para amar.
- Verdade. Bom, vamos voltar aos nossos lugares?
Deu passagem para ela. A juíza retornou e não fez rodeios, anunciou que George ficaria recluso por 10 anos por todos os crimes que cometeu. Movida pela felicidade do momento Iara se atirou nos braços de Bianca que a recebeu sem receio nenhum.
- Eu falei que ele iria ser condenado. – comentou em seu ouvido.
- Vou passar a acreditar mais em você. Inclusive quero a comemoração. – disse isso fitando-a.
Mas Isaac se aproximou da irmã dando-a um longo abraço. Bianca afastou-se dos dois, sentindo mais uma vez o misto de emoções que era estar próxima a Iara. Isabella se aproximou dela.
- Parabéns.
- Para nós, que somos os melhores. – falou sorrindo e recolhendo suas coisas.
- Está na hora, não acha? – indagou a amiga.
- De quê?
- Se permitir viver outro amor. – ela parou o que fazia. – Quer conversar em outro lugar?
- Sim.
Saíram da sala sem serem percebidas. Caminharam até o estacionamento. Caia uma fina chuva, o que fez com que elas precisassem correr para o carro de Isabella que estava mais perto. Bianca sentou-se no banco do carona.
- Então?
- Eu não sei. – indagou aflita.
- Você decidiu que não iria atrás de Samantha. Deixou que ela se casasse. Isso me faz acreditar que a história de vocês acabou.
- Sim. Vê-la no aniversário de Alice mexeu comigo, mas acho que foi mais saudade do que sentimento de amor. Depois que ela me contou que estava noiva e pretendia casar em alguns meses, eu até pensei que deveria dizer que ainda a amava. Mas eu não tinha mais certeza. Desde que comecei a me encontrar com Iara, falo sobre as horas tentando orientá-la sobre o que iria acontecer hoje, eu me senti diferente.
- Eu sei. Ela também tem perguntado muito de você.
- Sério?
- Sim.
- Ela não gosta de mulher.
- Se relacionou alguns meses com a Anna. E até onde me lembro, Anna é uma mulher. Uma garota, mas você entendeu o que eu quis dizer.
- Entendi. Em alguns momentos noto que existe essa coisa na forma de ela me olhar, mas ao mesmo tempo me policio para não ser apenas coisa da minha cabeça.
- Não é. Olha ela ali. – apontou para a porta. – Ela está te procurando, você sumiu.
- Pode ser qualquer outra coisa.
- Vamos ver, ela vai te mandar uma mensagem, agora. – nesse momento o celular dela apitou.
A advogada pegou o aparelho e viu que era mesmo uma mensagem dela. Perguntando aonde ela havia ido, e que ainda precisavam comemorar.
- Eu falei. Ela tem interesse em você.
- E se não der certo? – indagou nervosa. Não queria se entregar de novo ao amor, ainda mais com tudo que aconteceu com Iara nos últimos meses, sabia que a mulher precisava de tempo para organizar sua vida.
- Bia, acredito que o seu medo não é que vá dar errado. O seu medo é que dê certo. Veja pelo lado bom, ela já tem um filho. E acredito que não deseje outro. Já é um ponto positivo. Não custa nada conversarem. Deixe que as coisas aconteçam no tempo certo. Sejam amigas até que algo mude.
- Você tem razão. Eu vou... – apontou para a porta. – Obrigada.
- Disponha.
A mulher correu na chuva em direção a Iara que abriu um largo sorriso ao vê-la. Isabella observou-as indo para o carro e em seguida deu partida no seu. Quando chegou na empresa foi contar as novidades a Minerva que estava aflita pela demora.
No último andar Rebeca tentava se concentrar no trabalho, mas estava preocupada com Alice que ainda não havia dado notícias. A chuva que antes era fina, agora mostrava a quão poderosa pode ser a natureza.
- Nossa, que chuva. – indagou a loira entrando na sala.
- Amor, como foi?
- Dez anos, ele vai ficar recluso dez anos. – abriu um largo sorriso.
Rebeca saiu da cadeira e deu um longo abraço na namorada. Em seguida trocaram um beijo apaixonado.
- Isso é maravilhoso. Agora Iara pode respirar aliviada.
- Sim. Mas me diz, o que temos para hoje?
- Muito trabalho. – indagou sorrindo.
Enquanto isso no Santé Iara e Bianca almoçavam, o constrangimento delas era algo engraçado. Afinal não era como se elas não se conhecessem de longos anos. Tudo bem que a advogada era amiga de Isaac, mesmo assim as duas sempre tiveram juntas em algumas festividades em família.
- Isso é estranho. – falou Iara.
- O quê?
- Nós duas saindo sozinhas para almoçar.
- Verdade, acho que isso nunca aconteceu. – afirmou.
- Nunca. – houve um momento de silêncio e mais uma troca de olhar.
- O que vai fazer agora?
- Seguir minha vida.
- E Anna, digo. – limpou a garganta se ajeitando na cadeira. – Você ainda sente algo por ela? – Iara sorriu, percebeu que aquele assunto incomodava a outra.
- Não. Anna está namorando com Tália. E eu não sinto nada por ela.
- Isso é bom. Muito bom.
- E você.
- O que tem eu? – tomou um longo gole de água, se sentia nervosa na presença de Iara.
- Ainda gosta da Sam? Vi vocês conversando no aniversário de Alice.
- Foi apenas isso, conversa. Tenho um carinho enorme por Samantha, por tudo o que vivemos. Mas passou.
- Mesmo assim continua pulando de cama em cama. Não namorou mais ninguém. Ela fez um estrago em você. – afirmou e Bianca deu um sorriso.
- Fez sim. Mas consegui me consertar aos poucos. E parei com essa história de ir de uma cama para outra. Preciso de estabilidade afetiva.
- Quer dizer namorar?
- Isso.
- Alguém em mente?
Bianca pensou em dizer que sim e que ela era uma ótima opção para recomeçar sua vida, mas não consegui falar. Apenas negou com a cabeça agradecendo pelo garçom chegar com os pedidos. Almoçaram em um clima descontraído, as ideias delas batiam em muitas coisas. O que fez Iara se questionar por que nunca havia de aproximado da advogada. Talvez o fato dela ser melhor amiga de seu irmão. Mas naquele momento isso não parecia um empecilho para que uma amizade entre elas surgisse.
A troca de olhar silenciosa desconcertando as duas era perceptível por qualquer pessoa que as observasse com mais atenção. Ao terminarem a refeição houve uma breve discussão sobre a conta.
- Eu pago hoje, se quiser retribuir pode me convidar para jantar. – Iara foi direta, Bianca sentiu seu rosto corar.
- Tudo bem. Fica combinado.
A chuva continuava caindo forte, banhando a cidade. As duas correram para o carro da advogada. Iara disse o endereço e ela a levou em casa. O silêncio se instalou no carro durante todo o percurso. Apenas o barulho da chuva era escutado.
- Está entregue. – comentou parando em frente à casa.
Iara não queria sair, queria apenas passar horas conversando com Bianca. Pois sentia que poderia facilmente perder a noção do tempo quando estava ao seu lado. Ela a olhou, silenciosamente Iara desejou o beijo da outra.
- Obrigada por hoje. – interrompeu seus pensamentos.
- Não vou dizer que disponha, pois não quero que passe por algo do tipo de novo. – brincou.
- Eu também espero que não passe. – sorriu sem graça. – Bom, eu vou indo. E vou cobrar o jantar.
- Deve cobrar. – brincou.
- Até mais. – tímida e desajeitada Iara tentou abraçar Bianca. Que sorriu tirando o cinto para que pudesse abraça-la também.
O contato fez com que elas fechassem os olhos. Ambas com o mesmo sentimento invadindo seus corpos silenciosamente, mas tão tempestuoso quanto a chuva lá fora. Iara se afastou lentamente, desejosa de permanecer nos braços da advogada. Houve uma breve troca de olhar, um sorriso compartilhado.
- Até depois. – Iara se inclinou beijando o rosto da mulher ao seu lado.
Bianca permaneceu parada olhando-a correr até a porta. A chuva continuava sem dar trégua alguma. Ela não pensou direito, quando viu sua mão já abria a porta do carro deixando-a aberta e impulsionando seu corpo para fora. Os pingos grossos tocaram suas roupas que ainda estavam úmidas de quando saíram do restaurante.
- IARA. – gritou parando nos degraus da entrada.
A mulher se virou surpresa. Mas abriu um largo sorriso entendendo o que aquilo significava. Caminhou até ela, sem se importar de ficar ainda mais molhada. Parou em sua frente, hipnotizada com o olhar que a outra lhe lançava.
- Eu não sei o que está acontecendo. – falou Bianca.
- Também não sei.
Não falou nada apenas uniu os corpos banhados pela chuva e com um desejo latente beijou os lábios de Bianca que de início foi pega de surpresa, mas em seguida correspondeu ao beijo com toda a intensidade que recebia. Os movimentos sincronizados, perfeitos, lentos, intensos. Sem dúvidas estavam muito molhadas, mas não era apenas pela chuva.
- Precisamos sair da chuva. – falou com a testa colada a dela.
- Eu tenho que ir trabalhar. – Bianca falou com dificuldade.
- Deveria ficar comigo. – afirmou.
- Agora?
- Sim. Vem?
- Eu preciso fechar o carro. – correu até lá, bateu a porta e voltou para junto de Iara.
- Faz tempo que não tomo banho de chuva. – pensou alto.
- Não.
- Já estamos molhadas. – deu de ombros.
Bianca sorriu ao vê-la correr pelo gramado com os braços abertos, olhando para cima deixando a água lavar sua alma. Iara se sentia leve, como há muito tempo não se sentia. Não sabia se pelo fato de George ter sido condenado, ou se o beijo que deu em Bianca. Parou de girar, e fitou a mulher que continuava no mesmo lugar, com um sorriso dançando nos lábios.
- Vem. – estendeu a mão.
Caminhou vagarosamente até ela, enlaçou seus dedos nos dela.
- Você está ouvindo?
- O quê?
- Está tocando uma música, e nós podemos dançar na chuva. – riu começando a dançar.
Sacudiu os cabelos, mas fechou os olhos e deixou o corpo iniciar movimentos ao som da música imaginária que Iara criou. Alguns minutos depois caíram sobre a grama. De olhos fechados sentiam os pingos diminuírem, Iara olhou para o lado, encontrando os olhos de Bianca.
- Como nunca percebi o quanto você é linda? – indagou tocando o rosto dela.
- Eu sempre reparei, mas você era casada. – sorriu divertida.
- Agora não sou mais. Não por muito tempo. – aproximou sua boca da dela e deram mais um beijo. – Acho melhor a gente entrar. Você está tremendo.
Bianca nem se deu ao trabalho de negar, queria muito ficar ao lado de Iara. Foi arrastada porta a dentro.
- Vamos molhar tudo. – olhou para as próprias roupas completamente enxarcadas.
- Só temos uma solução.
- Qual?
- Tirá-las aqui. – Iara sorriu divertida vendo o constrangimento da advogada. – Você pode ficar de peças intimas, não é como se eu nunca tivesse te visto usando um biquíni. – afirmou rindo.
- Tudo bem.
- Vou ficar de costas. – virou-se esperando que ela tirasse a roupa.
Só que para sua sorte Bianca estava em um ângulo que o seu reflexo refletia no espelho da sala. Iara prendeu seu olhar e a respiração. Olha-la hoje em nada parecia as vezes que a viu usando biquíni. A advogada se sentiu sendo observada e não demorou a encontrar os olhos de Iara em seu corpo.
- Gosta do que vê? – provocou com ar de riso.
- Não vi nada. – negou fechando os olhos.
Bianca caminhou até ela, colou seus seios nas costas da mulher. Segurou sua cintura e sussurrou.
- Mas quer ver?
- Si-m. – respondeu com dificuldade.
Iara girou nos calcanhares ficando a poucos centímetros da boca de Bianca. Enlaçou sua cintura. Beijou a pele do pescoço da advogada e em seguida seus lábios. Dessa vez o contato não foi inocente. As mãos buscando desesperadas a pele uma da outra. Bianca com agilidade retirou a blusa de Iara.
- O que estamos fazendo? – indagou sentindo a língua de Bianca passear por seu busto.
- Se beijando.
- Aonde isso vai nos levar? – insistiu com os olhos fechados, sentindo o calor da língua dela em contato com sua pele fria, por conta da chuva.
- Espero que para o seu quarto.
- Banheiro. Eu preciso de um banho antes. Me acompanha? – como resposta ela segurou a mão que lhe era estendida. Essa simples atitude, fez com que os medos de ambas caíssem por terra. Afinal o desejo era mútuo.
Do outro lado da cidade Rebeca e Alice estavam presas no trânsito indo para casa. A segunda falava ao telefone com Anna sobre as coisas da boate, que estavam a todo vapor. Encerrou a ligação e Rebeca apoiou a cabeça em seu ombro.
- Está tudo bem?
- Sim. Apenas alguns problemas. – respondeu sem importância. – E você, está bem?
- Sim. Mas para ficar melhor, você deveria me beijar. – falou com a voz manhosa.
- Todos os beijos do mundo para você. – falou tomando levemente os lábios da namorada. – Sua mãe desistiu de te ligar?
Rebeca suspirou se afastando suficiente para encarar Alice. Desde que descobriu tudo, tem apenas evitado falar sobre isso. E evitado mais ainda o contato com todos os envolvidos.
- Ela continua ligando, e eu continuo ignorando.
- Não acha que está na hora de conversar com ela?
- Alice, ela mentiu para mim.
- Ela é uma vítima disso tudo. Assim como a Nina.
- Eu sei, mas elas poderiam ter unido forças e lutando contra o meu pai.
- Amor, as circunstâncias eram outras. Deveria conversar com elas.
Falou apertando a mão dela na sua. Mas o que elas não imaginavam é que dou outro lado da cidade. Carmem estacionava o carro em um parque. A mulher desceu caminhando a passos largos até o quiosque de Nina.
- Estamos fechando. – Nina falou sem tirar os olhos do que fazia. Precisava apenas ir para casa descansar do dia cheio.
- Não me importo. O que temos para conversar podemos fazê-lo em qualquer lugar.
- Carmem? – indagou Nina encarando a irmã.
Um misto de sentimento invadiu seu coração. A saudade de tantos anos longe sem nem ao menos ver o rosto que é tão parecido com o seu. Mas lembrou-se do que possivelmente motivou a irmã ir procura-la.
- O que quer Carmem?
- Precisamos conversar. – afirmou.
- Se veio pedir para que eu consiga fazer a Rebeca falar com você. Perdeu seu tempo, ela não está falando comigo também.
- Não vim pela Rebeca. Só acho que temos muito o que conversar. Nós duas. Podemos ir para sua casa?
Nina não falou nada apenas acenou concordando. Fechou o quiosque e foi para junto da irmã. As duas seguiram para a casa da mulher em carros separados. Carmem não sabia por onde começar aquela conversa, mas sabia que precisava reatar sua relação com a irmã.
Fim do capítulo
Só para melhorar o finalzinho do feriado. E dar um gás para amanhã. kk
Comentemmm
Beijos e boa leitura.
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lay colombo
Em: 17/11/2021
Fico feliz q o George tenha sido condenado e q a Iara tá seguindo a vida dela, ela e a Bianca formam um ótimo casal.
Resposta do autor:
Momento mais ilustre dessa história. kkk
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Baiana
Em: 03/11/2021
Só 10 anos? Achei pouco,mas é melhor que nada. Rapaz! Iara e Bianca? E eu torcendo para ela reatar com a Samanta,mas, infelizmente o tempo delas já passou,e agora é a vez da Iara. E elas foram rápidas no gatilho hem! Comemoraram em grande estilo,não perderam tempo mesmo kkkk
Peguei ranço na mãe da Rebeca.
Resposta do autor:
Exatamente, 10 anos. Concordo com você em relação a Bia e Sam o tempo delas passou e ficou apenas as lembranças dos bons momentos.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 03/11/2021
Complicado!
Resposta do autor:
Até demais. kk
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laisrezende
Em: 02/11/2021
Sorry, mas pulei quase todo o cap. Gosto do meu casal Rebeca e Alice hihihi
mas não deixando de comentar e prestigiar você autora!
Até amanhã , beijo
Resposta do autor:
kkk. Sem problemas, mas cuidado para não perder algo importante. rs
beijos
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paulaOliveira
Em: 02/11/2021
George foi o primeiro, quero ver os outros se ferrando tbm!
Bia e Iara.. interessante.
Quero mais extra da Amélia e da Letícia viu, não esqueci. Kkk
Resposta do autor:
kkk. eu sei que vocês não esqueceram os extras nem me deixa esquecer. kkk
Beijooss
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Mille
Em: 02/11/2021
Oi autora
Iara se livrando do pilantra e pelo visto com um novo começo, agora não tem mais o que se esconder.
Parece que esta chegando o momento que as irmãs enfim vão se reconciliar. E poder curtir o netinho da Rebeca.
Alice dando uma força para a Rebeca se acertar com a Carmem e Nina.
Bjus e até o próximo
Quando vem cedo já penso que teremos capítulo extra kkkkk
Resposta do autor:
O primeiro embuste já foi. rsrs
Alice é um amor e quer muito a felicidade de Rebeca.
Beijosss.
Ta dificil esses capítulos extras
kk
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SPINDOLA
Em: 02/11/2021
Boa tarde, caríssima Cruellita.
Para nossa alegria, o primeiro hominho escroto se ferrou, eeeeeeeee, faltam três batatinhas escrotinhas ainda, kkkk.
Iara e Bianca prontas para um novo amor, e louquinhas pra botar fuego nós lençóis, gostei.
Momentos cuti cuti iti malia entre o casal sensação do momento, amoooooooo.
E chegou a hora do acerto de contas entre irmãs. Acredito que voltaram as boas e uniram forças pra reconquistar a Beca.
Eita eita eita, com esse gás todo espero fortes emoções nós próximos capítulos, detalhe para o plural, kkkkkkk, não aceito um só, kkkkk, uma pressãozinha pra você não ficar com saudade, kkkkk.
Bjs
Resposta do autor:
Bom dia, caríssima leitora.
O jogo começou e o primeiro se ferrou. kk
Esse casal é fofo também. As duas merecem
beijosss
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preguicella
Em: 02/11/2021
Eitaaaaaa! George se gerou, adoroooooo!
Iara pelo visto encontrou seu par perfeito!
Quero extra delas, mais extras de Amélia e Letícia! Vc tá enrolando a gente!
Encontro de Carmem e Nina, o que mais vamos descobrir sobre essas família?!
Voltaaaaaaaaa
Resposta do autor:
O momento mais esperado chegou. kkk
Não estou enrolando ninguém, kkk só está complicado escrever tanta coisa.
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Acarolinnerj
Em: 02/11/2021
Confesso que queria a Bianca com a Sam.
Mas até que curtir o lance dela com a Iara.
Sobre Geoge 10 anos é pouco,pra um Fdp.
Agora tô super curiosa com essa conversa da Carmen com Nina...
Obg pelo Capítulo.
Xeruh
Resposta do autor:
A história de Sam e Bianca chegou ao fim.
Também acho que o George merecia mais. kkk
Beijos e obrigada por comentar.
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