Capitulo 2
Luzes fortes invadem meus olhos, enquanto passo pelo longo corredor do hospital, Dome está ao me lado me envolvendo pela cintura. Em minha mente cenas de minutos atrás, a chegada da ambulância, o som irritante da sirene, a mulher que continuava imóvel diante de nós.
Quando os médicos colocaram seu corpo sobre a maca e checaram seus sinais vitais, nada me deixou mais aliviada do que ouvir "Os batimentos cardíacos estão fracos, mas ela ainda está conosco" meus pés pareceriam ter vida própria quando segui aquelas pessoas até a ambulância e perguntei se poderia ir junto. Dentro daquele lugar tudo que eu olhava era para a mulher desacordada, seu rosto ainda tinha manchas de sangue, assim com seus braços e pernas, sua pele parecia cada vez mais pálida.
Ao chegamos no hospital tive que ficar na sala de espera, Dome chegou minutos depois, esse com certeza não foi o domingo que planejamos, saímos de um dia feliz para algo totalmente macabro, estamos ambas molhadas, cansadas e apreensivas e tudo isso graças a uma estranha que se atira sobre carros.
— Senhoritas? — Um homem usando um grande casaco preto se aproxima de nós. — Sou o detetive Wellington, gostaria de fazer algumas perguntas.
— Minha irmã estava dirigindo em velocidade reduzida devido à chuva, quando foi surpreendia por uma mulher que praticamente se jogou em cima do carro, não há mais nada a ser dito por hora. — Dome assumiu sua postura de advogada feroz.
— A Senhorita confirma a versão da sua irmã?
— Sim, eu fui surpreendida. Pensei que fosse um urso. — Dome e o Detetive olham para mim espantados.
— Um urso?
— Isso!
— Senhorita Clark, tem noção em qual região de San Francisco está?
— Bem, é… Eu… Eu…
— Minha irmã e eu não temos mais nada a declarar. — Dome disse finalizando a conversa.
— Vocês ainda terão que prestar depoimento nos próximos dias. — O homem disse se afastando.
Mais uma vez Dome e eu ficamos em silêncio, já se passaram mais de três horas desde que a mulher foi levada, depois de um tempo, fomos agraciadas por mantas cedidas pelo hospital, nossas roupas continuam úmidas, mas não nos atrevemos a sair da sala de espera. A todo momento surge médicos, alguns com expressões de alívio e outros com olhares desolados. Toda vez que vejo alguém com expressão de pesar rezo para que não fale conosco. Não sei exatamente quanto tempo depois somos chamadas por uma médica, ela tem cabelos pretos e curtos, é baixa, mas tem belas e assentadas curvas, é uma mulher muito bonita.
— Vocês são parentes da moça atropelada?
— Hum… Não exatamente. — Respondo sem saber como me apresentar diante da situação. Tento pedir ajuda para Dome com o olhar, mas ela está praticamente comendo a médica com os olhos. Felizmente ela resolve se manifestar.
— Nós somos as responsáveis por traze -lá aqui, doutora… — Dome se aproxima para ler no crachá da médica — Paige Miller.
— Então, vocês são as responsáveis pelo atropelamento?
— Não, não… Emma a atropelou. Eu sou a responsável pela parte do salvamento.
— Dome! — Lanço meu melhor olhar ameaçador para ela antes de me virar para a Doutora Miller. — Não somos parentes da vítima, mas temos interesse em saber como ela está.
— Sinto muito, mas infelizmente não posso lhe dar nenhuma informação, apenas para parentes.
— Estamos aqui a horas e ninguém nunca apareceu. Pode pelo menos nos dizer se ela está viva?
— Sim, ela está viva, muito machucada, porém, viva.
— O estado dela é muito grave?
— Não posso falar mais nada. Aconselho que voltem para casa, vocês não podem fazer mais nada por ela no momento.
— Nós iremos, mas caso algum parente apareça ou surja alguma novidade referente ao estado dela que a Senhora possa nos repassar, por favor ligue para mim.
— Não garantirei notícias sobre o estado de saúde dela, mas caso algum parente apareça eu aviso.
— Obrigada.
— Aqui Doutora, esse é meu cartão. Ligue para mim caso deseje sair para jantar ou estiver sem companhia. — Dome entrega o cartão e pisca para Doutora Miller.
— Vamos Dominique!
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Ao chegarmos em casa Dome e eu passamos diretamente para nossos quartos, passei quase uma hora na bandeira, meus pensamentos se perdendo nos acontecimentos do dia. Quem poderia imaginar que toda a sensação de paz do início da manhã pudesse ser substituída por esse acontecimento sórdido?! Saio do banho e caio na cama, estou tão cansada que acabo dormindo de qualquer jeito e usando roupão de banho. Meus sonhos foram cheios de ambulâncias, longos corredores e uma mulher de cabelos negros e pele extremamente branca.
— Emma, acorde!
— Humm.
— Você deixou seu celular na sala. Michael já ligou umas 20 vezes.
— Michael?
— Sim, Emma, Michael seu noivo bundão.
— Ele não é um bundão, Dome.
— Um homem que usa listras com frequência, é um bundão. - Jogo um travesseiro em Dome, em troca ela me mostra a língua. Pego o celular e ligo para Michael.
— Ei, amor. Você está bem?
— Sim querido. O dia ontem foi inacreditável.
— O que houve? — Conto toda história a Michael, desde a saída da casa de Amélia até os acontecimentos do hospital.
— Emma, você com certeza terá que prestar depoimento. Ligue para seu advogado e conte tudo a ele. Evite ir ao hospital e se expor.
— Michael, Dome já está tomando as providências. Você sabe que ela é minha advogada, mas como estava envolvida no acidente terá que ficar de fora, e eu gostaria de saber sobre o estado de saúde da mulher mistério.
— Mulher mistério?
— Sim, Dome inventou esse apelido já que ninguém sabe como ela se chama.
— Esqueça isso Pi! Deixe os parentes ou o hospital tomarem as providências, diga a Polícia tudo exatamente como me contou e ressalte bem a parte em que ela se joga na frente do carro. Ela deve ser uma dessas pessoas drogadas.
— Michael! Essa mulher está gravemente ferida, não vou simplesmente deixar para lá. Agora vou desligar, preciso sair.
— Onde você vai?
— Ao hospital.
— Emma, ouça…
— Tchau! Michael! — Desligo sem esperar resposta.
Tomo banho, visto um vestido branco estampado com pequenas flores amarelas, resolvo deixar meus cabelos soltos e levemente ondulados, como sempre uso uma maquiagem leve, pego também um casaco, pois o dia está frio e nublado. Irei primeiramente ao hospital, sei que pedi a doutora Paige que me ligasse, mas não consigo mais esperar, depois vou à floricultura, Dome já deve ter ido para seu escritório, ainda não consigo acreditar que ela escolheu ser advogada.
Na cozinha encontro panquecas, Nicole está boazinha hoje, geralmente ela deixa bilhetes irônicos com receitas de café da manhã, eu sou um desastre na cozinha, felizmente minha amiga Suzanne abriu uma cafeteira, tomo café lá quase que diariamente. Como tudo com rapidez, logo já estou no carro indo para o hospital, trinta minutos depois chego a recepção, como não posso ver a mulher mistério resolvo falar com a Doutora Miller, felizmente ela ainda está cuidando do estado de saúde da pobre mulher, a recepcionista informa que posso encontrar a Doutora na lanchonete, tive que inventar uma pequena mentira para conseguir essa informação.
— Com licença, Dourada Paige… Lembra de mim? — Dra. Miller me encara com expressão cansada.
— Sim, você é a “atropeladora”.
— Emma Clark, na verdade.
— Sente-se. — Ela aponta para uma cadeira a sua frente. — Eu disse que ligaria para você.
— Eu sei, mas realmente não consegui esperar. Vocês já sabem quem é ela?
— Emma… Posso chama-la assim? — Faço que sim com cabeça. — Ninguém apareceu, então você deve ser a única que realmente se importa com essa mulher. Já vi muitos casos em que pessoas sem identidade chegam ao hospital, apenas colocamos no banco de digitais e conseguimos saber quem são, mas nesse caso é diferente. Quando tentei colher as digitais vi que os dedos dela foram esfolados, alguém tirou toda a pele deles.
— Co… como assim?
— Os ferimentos encontrados foram muito graves, mas não são todos por causa do atropelamento, Emma eu não devia estar falando nada disso, mas confio em você e sei que se preocupa realmente. Aquela mulher tem múltiplas fraturas, os ferimentos que ela adquiriu ao ser atropelada não passam de pequenos arranhões e uma leve fratura no braço. Nós a colocamos em coma induzido devido a uma hemorragia interna, a qual ela não adquiriu no atropelamento. — Paige se move desconfortável na cadeira.
— Me diga, o que pensa que aconteceu com ela?
— Não tenho dúvidas de que ela foi torturada.
Qualquer pensamento que eu poderia ter naquele momento sumiu da minha cabeça, tudo que eu ouvia era o eco da palavra… Torturada.
Fim do capítulo
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