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  • CAPÍTULO 35 - Primum non nocere

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LEIS DO DESTINO - TEMPORADA 1 por contosdamel

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Palavras: 5251
Acessos: 1781   |  Postado em: 03/11/2021

Notas iniciais:

*Primeiramente não prejudicar. Critério médico, para empregar novas drogas em seres humanos; que elas não prejudiquem o paciente. 


No caso do capítulo não se restringe ao critério médico.

CAPÍTULO 35 - Primum non nocere

Natalia e Diana caminharam atordoadas pelo hospital. As suspeitas acerca da motocicleta sem placa ter sido pilotada por Sandro eram praticamente certezas, o que as deixava ainda mais apreensivas, uma vez que nada poderiam provar contra o rapaz. No entanto, a maior apreensão sem dúvida era o estado de Pedro.

 

            Diana com o coração apertado temia pelas consequências do ato heroico na vida do rapaz, ao mesmo tempo em que via sua culpa tomar maiores proporções com a manifestação apaixonada a favor da vida de Natalia.

 

            Quanto a Natalia, um turbilhão de emoções se misturava. O pânico por ter sido alvo de um atentado mais uma vez, a apreensão pela vida de Pedro e um peso enorme na consciência, apesar de injustificável, tomou de conta da jovem. O remorso insano por não amar o rapaz que foi capaz de arriscar sua vida para salvar a dela deixou Natália pensativa, tensa e estranhamente distante de Diana, sentia como se estar perto da namorada ofendesse o ato de bravura de Pedro.

 

            O mais incômodo para ambas era o eco da declaração de Pedro antes de ficar inconsciente:

 

-- Eu amo você Natália.

 

            Lucas chegou apavorado, despejando a série de perguntas relacionada ao acidente e ao estado do irmão. Incapazes de dar respostas satisfatórias, o rapaz saiu em disparada pelo corredor do hospital em busca de informações. Retornou minutos depois com uma expressão angustiada.

 

-- O que aconteceu Lucas? – Diana perguntou tensa.

 

-- Ele ainda está inconsciente, provavelmente sofreu traumatismo craniano, estão fazendo exames. Eu preciso ligar para minha mãe...

 

 

            Lucas sentou-se como se não pudesse suportar de pé o medo que lhe tomava. Natalia e Diana permaneceram caladas, e ainda mais distantes uma da outra. A loirinha ofereceu sua mão para Lucas segurar num gesto de conforto e de amizade incondicional.

 

            No fim da tarde o médico que atendeu Pedro confirmou o diagnóstico de traumatismo craniano, esclarecendo que seria necessária uma pequena cirurgia para diminuir a pressão causada pelo edema no cérebro. Atordoado o irmão do rapaz se recusou a assinar a autorização para o procedimento, acabou sendo convencido por Diana a fazê-lo, ressaltando a importância para a vida do irmão.

 

-- E se alguma coisa pior acontecer com essa operação aí Diana? Minha mãe me mata quando souber que autorizei isso! Melhor esperá-la chegar e ela decide.

 

-- Lucas cada minuto é importante no estado do Pedro... Sua mãe só vai chegar aqui tarde da noite, esse hospital tem os médicos mais estudiosos do estado, se optaram por isso é porque é o melhor a fazer.

 

            O rapaz consentiu e horas depois, quando dona Laura chegava ao hospital acompanhada de seu irmão Alberto, receberam a notícia do sucesso da intervenção.

 

-- Como assim, abriram a cabeça do seu irmão? – Dona Laura perguntou assustada.

 

-- Calma mãe, foi um procedimento simples e o que importa é que deu certo.

 

-- Podemos vê-lo? – a mãe indagou ansiosa.

 

-- Por enquanto não dona Laura.

 

            Diana respondeu, chamando atenção da senhora.

 

-- Diana! Minha querida, quanto tempo!

 

            Dona Laura abraçou a loirinha com ternura.

 

-- Tantas ocasiões para nos encontrarmos e precisamos nos encontrar justo numa tragédia?

 

-- Menos Laurinha, menos... – Alberto ponderou despertando risos discretos de Diana e Lucas.

 

-- Tragédia sim! Ainda nem sabemos como nosso menino vai acordar!

 

-- Não podemos pensar assim mãe. O médico está bastante otimista, vamos pensar assim também.

 

            Lucas pôs as mãos nos ombros da mãe pedindo.

 

            O tio dos rapazes, por ser médico, conseguiu autorização para que sua irmã pudesse ver Pedro, o que obviamente fez Laura vibrar. Bem perto do leito da UTI, Laura segurou a mão do filho emocionada, e notou Pedro murmurar alguma coisa.

 

-- O que Pedrinho? O que foi meu filho? É a mamãe que está aqui ao seu lado...

 

-- Natalia... Natalia... Meu amor...

 

            Laura conseguiu entender o que o filho tentava falar, mas o nome repetido não lhe era familiar até sair da UTI e ouvir uma conversa entre Lucas e Natalia.

 

-- Você não tem que se sentir culpada Natalia! O Pedro faria qualquer coisa por você, e se fosse você a estar mais uma vez machucada aqui nesse hospital, ele sofreria ainda mais! Ele e eu também...

 

-- Então é você a Natalia? O amor do meu filho?

 

            Laura abraçou Natalia como se fosse íntima.

 

-- Meu filho tem muito bom gosto, você é linda minha querida!

 

            Sem palavras, Natalia limitou sua resposta a um sorriso tímido.

 

-- Vocês sempre me escondendo as coisas... Por que eu não sabia que Pedro estava namorando?

 

-- Não eu... – Natalia tentou desfazer o mal entendido em vão, Laura lhe interrompeu.

 

-- Mesmo inconsciente, é o seu nome que ele chama minha filha... Você deve ser mesmo muito especial para meu Pedrinho amá-la tanto...

 

            Laura afagou o rosto de Natalia ternamente. A emoção da senhora calou a todos, a ponto de impedir Lucas, Diana e a própria Natalia de contar a verdade.

 

            E assim, sem querer, como uma grande piada do destino, Natalia se tornou a namorada de Pedro, que evoluía bem no seu quadro clínico nas horas que se sucederam. Laura era só paparico com a nova nora, e Alberto estufava o peito para falar com orgulho do ato heroico do seu filho para defender sua amada.

 

            Se dentro de horas uma distância se instalou entre Diana e Natalia, o novo posto na vida de Pedro da mocinha em questão pareceu criar um abismo entre as duas. Mal conseguiam se encarar até uma desviar o olhar. O segredo delas tomara uma proporção de adultério que as envergonhavam e lhes somava uma culpa gigantesca.

 

-- Lucas... A gente precisa dizer a verdade a sua mãe e ao seu tio, eles estão entendendo tudo errado! – Natalia cochichou.

 

-- Nat, acredite, eu sou um dos principais interessados nisso, mas não é o momento.

 

            Lucas respondeu fazendo sinal para que Natalia se acalmasse.

 

            Enquanto isso, Laura e Alberto compartilhavam com Diana o orgulho da bravura de Pedro, e já faziam planos para o futuro dele com Natalia.

 

-- Pedro é um rapaz tão romântico, sensível, merece uma boa moça pra construir uma família... Diana, essa menina é uma moça boa não é? – Laura indagou curiosa.

 

            Pálida, Diana se sentiu encurralada, como se aquela pergunta implicasse em entregar seus sentimentos por Natália.

 

-- Diana? Natália não é uma boa moça para Pedro? – Alberto insistiu.

 

-- Han? Ah, cla...Claro que sim, é uma garota muito legal.

 

            A vontade de Diana era fugir daquela situação, sua hesitação se dava a dúvida de arrastar ou não a namorada nessa fuga.       

 

            Era quase madrugada quando Alberto chamou a atenção de todos:

 

-- Pessoal, melhor irmos todos descansar, não adianta ficarmos aqui. Pedro não pode receber visitas e ficará sedado, só acordará amanhã.

 

-- O senhor tem razão tio... Nós te deixamos em casa Natalia, vamos?

 

-- Não é preciso Lucas, eu posso ir de táxi... – Natalia respondeu nervosa.

 

-- Imagina! Um táxi pra o fim de mundo que você mora? – Lucas relutou.

 

-- Deixa Lucas, vocês estão cansados, ainda procurarão hotel... Eu levo a Natalia em casa.

 

            Diana interrompeu a discussão para o alívio de Natalia. No trajeto para casa, o silêncio incômodo entre o casal pareceu instalar o clima entre duas desconhecidas. Somente no apartamento de Diana, Natalia quebrou a mudez mútua.

 

-- Não acredito nesse dia que tivemos hoje... Saímos de casa pra acabar com o segredo do nosso namoro, e eu volto no fim da noite namorando o Pedro e amiga da minha suposta sogra!

 

            Natalia se jogou no sofá exausta e contrariada.

 

-- Você deveria ter resolvido esse mal entendido imediatamente, Laura está até imaginando os netos que você dará a ela...

 

-- O quê?! – Natalia saltou do sofá.

 

-- É isso mesmo... Não duvido que ela já tenha naquela cabecinha dela toda cerimônia de casamento arquitetada.

 

-- Você só pode estar brincando...

 

-- Não, eu não estou. Pedro é agora um herói que arriscou sua vida para salvar sua amada... Nada mais justo do que ele se recuperar, e ser feliz para sempre com a mocinha.

 

-- Você está com raiva do Pedro ter me salvado? Porque essa ironia? Isso é cruel Diana!

 

-- Ah esquece Natalia! Estou cansada, atordoada, chateada e principalmente cheia de medos, medos que desconhecia antes de te conhecer.

 

            Diana virou as costas e caminhou em direção ao quarto, sendo seguida por Natalia.

 

-- Diana você pode me explicar o porquê disso? Dessa ironia, dessa mágoa...

 

-- Natalia você consegue entender o que estou passando? Hoje mais uma vez atentaram contra sua vida, e mais uma vez não fui a te defender, quando finalmente eu decido abrir meu coração com meus amigos, um deles está com a cabeça quebrada num leito de hospital por fazer o que seria minha obrigação. E sabe o que é pior? Eu não sei do que tenho mais medo: se é do Pedro ter sequelas desse acidente ou de te perder pra ele!

- Di...

- O que Natalia? Vai dizer que estou sendo ridícula? Pode até ser que eu esteja mesmo agindo como uma, mas durante todo o dia Natalia eu vivi essa sensação dúbia, me senti uma traidora, e pra coroar essa epopeia, você simplesmente calou quando Laura te chamou de namorada do filho dela!

 

-- Diana eu tentei me explicar, mas ela não deixou, e depois o Lucas pediu que eu fizesse isso em outro momento, mais calmo, quando o Pedro estivesse estável.

 

-- Eu só consigo antever as coisas piorarem... Pode ser puro medo, ou insegurança, coisas que nunca experimentei, mas tenho a sensação que desfazer essa história não será tão simples.

 

-- Di, amanhã mesmo a gente esclarece tudo pra mãe e o tio do Pedro, vamos fazer isso juntas, você tem razão, não podemos protelar isso.

 

            Diana sentou-se na beira da cama desanimada, demonstrando sua pouca confiança no plano de Natalia.

 

-- Di... Vamos resolver isso juntas, vai ficar tudo bem, o Pedro vai se recuperar, e nós vamos revelar a verdade. Confia em mim.

 

-- Tudo bem? Nat, alguém tentou te atropelar, e não temos como descobrir quem foi, melhor dizendo, não temos como provar que Sandro está por trás disso.

 

-- A gente vai encontrar um jeito... Mas, precisamos ficar juntas... Foi torturante ficar longe de você o dia todo...

 

            Natalia sentou-se no colo de Diana, beijando sua face, arrancando um sorriso desarmado da namorada.

 

-- Foi mesmo terrível passar o dia inteiro com você sem poder te abraçar, te beijar...

 

-- Já que agora você pode, o que você está esperando pra me beijar então?

 

            Entregaram-se a um beijo plácido, tenro, que guardava a esperança de que o novo dia que surgia trouxesse boas notícias e afastasse qualquer confusão que as separasse.

 

******

 

 

            O domingo começou tarde para Natalia e Diana, ainda que despropositalmente, nenhuma queria sair da outra para uma realidade incógnita, entretanto, o celular de Diana as despertou para a dura obrigação de encarar os fatos.

 

-- Oi Lucas, e aí como o Pedro está?

 

-- Está evoluindo bem clinicamente, a qualquer hora pode acordar, te liguei porque daqui a pouco é o horário de visitas, imaginei que você quisesse vê-lo.

 

-- Ah sim claro, estou indo.

 

-- Sem querer explorar sua boa vontade... Será que você pode ir pegar a Natalia e trazê-la? Minha mãe está me enchendo desde cedo para fazer isso...

 

-- Pode deixar, eu levo a caipira.

 

            Diana mal humorada desligou o telefone,  com um mal humor além do seu normal ao acordar. O seu jeito abrupto de se desvencilhar de Natalia acordou a moça.

 

-- Ow! Bom dia né? O que houve? Por que essa cara?

 

-- Seu cunhado ligou... Sua sogra quer lhe ver.

 

            Diana caminhou até o banheiro deixando Natalia com o humor semelhante ao dela.

 

-- O pior de tudo é aguentar essa ironia de sua parte sabia? – Natalia disparou.

 

            Diana deu o silêncio como resposta. Antes de saírem de casa com destino ao hospital a loirinha segurou a mão da namorada e disse:

 

 

-- Desculpa, estou pilhada, cheia de neuras por um medo absurdo de te perder, medo das consequências desse atentado na vida do meu amigo e na vida da gente.

 

-- Eu também estou com medo Di, você imagina a zona que está minha cabeça com tudo isso? Tem um louco querendo me matar depois de tentar me violentar, é a segunda vida em risco por causa dessa perseguição, parece que fui transportada pra uma novela e só posso assistir tudo sem poder mudar os próximos capítulos!

 

-- É, posso imaginar... Estou sendo insensível com você não é?

 

-- Um pouquinho.

 

            Natalia fez um gesto com os dedos, arrancando um riso discreto da namorada.

 

-- Desculpe-me, vou tentar controlar minha insegurança.

 

-- Não precisa ficar insegura Di, estamos juntas, e não há nada que possa nos separar se temos certeza do que sentimos.

 

            Diana contemplou o rosto de Natalia e o afagou.

 

-- Nat, essa sua inocência te deixa ainda mais encantadora. Que bom seria se isso fosse verdade...

 

            Trocaram um beijo carinhoso e seguiram para o hospital trocando afagos, disfarçando a tensão. Ao chegar, a apreensão estampada nas faces de Lucas, Laura e Alberto anunciou o que as esperava naquela visita.

 

-- E então? Vocês já entraram? – Diana perguntou.

 

-- Sim. – Lucas respondeu.

 

-- Ele já está consciente? – Natalia indagou.

 

-- Sim, mas...

 

-- Mas o que Lucas? – Diana perguntou angustiada.

 

-- Ele não se lembra de nada. – Alberto completou.

 

-- Não se lembra de lá como? Do acidente? Isso não seria ruim. – Diana comentou.

 

-- Não minha querida! Ele não se lembra de nós, não se lembra quem ele é, ou o que faz! – Laura exclamou nervosa.

 

-- Mas é temporário não é? – Natalia inquiriu.

 

-- Estamos esperando o médico para conversar melhor, mas pela minha experiência, acredito que sim. – Alberto respondeu.

 

-- Nós podemos entrar ainda? – Diana quis saber.

 

-- Ele ficou muito agitado com nossa visita, foi sedado. Mas, deve ser transferido para o quarto ainda hoje, é melhor visitá-lo lá.

 

            Lucas disse com a aparência nitidamente tensa.

 

-- Tenho esperanças que ele se lembre da namorada.

 

 

            Laura disse abraçando Natalia. Diana franziu a testa, sinalizando para a namorada encerrar naquele momento o mal entendido sobre sua relação com Pedro.

 

-- Dona Laura, sobre isso, gostaria de esclarecer que...

 

            Lucas puxou Natalia apressado.

 

-- Natalia, eu posso falar com você um instante?

 

            O rapaz cochichou ao se afastar da mãe:

 

-- Natalia pelo amor de Deus! O meu irmão quase morreu pra te salvar! Você não pode esperar ele se recuperar para desiludir minha mãe? Não basta a angústia que ela está passando?

 

-- Lucas isso é uma mentira! Estamos enganando sua mãe e isso só tende a piorar quanto mais tempo escondermos a verdade, e definitivamente eu quero e preciso contar a verdade.

 

-- Não imaginava que você fosse tão insensível.

 

-- Insensível? Lucas o que minimizaria na angústia de sua mãe, o fato do Pedro namorar comigo?

 

-- Sei lá Natalia! A esperança no futuro, a certeza que o filho está feliz, apaixonado...

 

-- Lucas ela pode ter toda esperança pelo futuro do Pedro, mas não comigo... Mentira nunca ajudou ninguém.

 

            Lucas segurou forte o braço de Natalia impedindo que ela se afastasse e insistiu:

 

-- Por favor, Natalia, ao menos pra que minha mãe acredite que o Pedro fez isso por achar que valia a pena... Quando ele estiver no quarto, desfazemos essa história e digo que fui eu quem não deixou você contar a verdade imediatamente.

 

            Inconformada, Natalia acenou em acordo. Observando de longe, Diana deduziu que a namorada voltara atrás na promessa de revelar a verdade para Laura, e seu coração se encheu de dúvidas, a insegurança tomou de conta da loirinha que sem maiores explicações saiu do hospital apressada, deixando Natalia mergulhada em uma agonia silenciosa, dividida entre o certo e o necessário.

 

*****

 

            Diana dirigiu sem rumo, amargando a aflição de interrogações que sozinha ela não podia solucionar. Sua reflexão não podia ser solitária, ela sabia quem podia lhe ajudar, e não hesitou em bater à porta de Julia, sua ex-namorada.

 

-- Mal pude acreditar ao ouvir sua voz no interfone. Há quanto tempo loira!

 

            Julia abriu a porta esbanjando sua beleza estilosa.

 

-- Tem um tempinho pra mim?

 

            Diana fez cara de criança abandonada.

 

-- Xiii, conheço essa conversa... E essa cara também! Não precisa se fazer de “Maria do Bairro”, se deixei você subir é por que estou disponível pra te escutar!

 

            Julia puxou Diana pela mão e perguntou:

 

-- Já almoçou loira?

 

-- Ainda não.

 

-- Então vamos para cozinha, estou fazendo aquele talharim que você adora!

 

            Enquanto almoçaram, Diana colocou Julia a par do que estava acontecendo. A artista plástica escutou atentamente sem nada comentar.

 

-- É isso... Não vai me dizer nada? – Diana inquiriu indignada.

 

-- O que há para falar se não a máxima: EU TE AVISEI!

 

-- Ah Julia não ferra vai!

 

-- Diana! Desde o começo te disse que essa história de esconder seus sentimentos dos seus amigos por essa menina não ia dar certo, mentira vira uma bola de neve... Se vocês tivessem revelado desde o começo, esse problema não existiria. E agora, com o agravante de ter essa culpa, essa insegurança que nem condizem com sua personalidade.

 

-- Julia não é hora de me analisar! Preciso de um conselho, de uma sugestão, qualquer luz que me indique o que devo fazer.

 

-- Diana você não é estúpida! Sabe perfeitamente o que deve fazer, a resposta continua sendo a mesma: conte a verdade! Nunca ouviu falar das palavras do Evangelho? “A verdade vos libertará”.

 

-- Ai meu Deus, não me diga que te aquele povo de saia longa que vende revistinha te converteu! Como chamam... Assembleia de Jeová!

 

-- Não, eu não me converti em uma testemunha de Jeová sua boba!

 

            Julia lançou o guardanapo contra Diana.

 

-- O Pedro está desmemoriado na UTI, enquanto a mãe dele está se apegando à ilusão que o filho arriscou a vida pra salvar a namorada, que por acaso é a minha namorada! E você me diz com toda serenidade pra eu seguir a bíblia?

 

-- Diana não ridicularize meu conselho, quando você sabe que essa é a única forma de resolver essa situação e você sabe disso! O problema é que está se acovardando! Sempre manteve essa pose de forte, decidida, mas assumir-se diante da sua faculdade que ama uma mulher te apavorou! Enquanto você era só uma rebelde ricaça que pegava mulheres tudo bem, mas namorar publicamente uma menina do interior é um passo que você não planejava não é?

 

-- Julia não viaja!

 

-- Então volte praquele hospital, segure na mão de sua namorada, e diga pra quem interessar que vocês estão juntas.

 

            Diana suspirou, como se enfim concordasse que era a solução mais sensata.

 

-- Mas que diabos essa caipira fez comigo? Julia meu peito aperta só de pensar na possibilidade de perdê-la!

 

-- É loira... Você está apaixonada: FATO! E acho bom você agir, antes que esse aperto no peito se transforme em dor-de-cotovelo!

 

-- E se agora for ela a não querer assumir? Afinal, o Pedro está meio “tamtam” por salvá-la...

 

-- Diana! Levanta! Ação! Conheci você menos molenga!

 

            A loirinha sacudiu as pontas dos cabelos com a mão, sinal de tensão que Julia sabia muito bem identificar.

 

-- Que se foda tudo! Vou acabar com essa farsa de uma vez!

************************

 

            Natalia sentia-se profundamente incomodada com a extrema atenção dada a ela por Laura e Alberto. A sua mente não se desprendia por um só momento de Diana. Aquela situação lhe sufocava, mas a gratidão por Pedro a impedia de extravasar a verdade.

 

            No fim da tarde, a boa notícia chegou para família de Pedro: o rapaz fora transferido para uma unidade semi-intensiva, o que permitiria a permanência de um acompanhante e as visitas estavam liberadas.

 

            Mesmo sabendo que Pedro não recordava seu parentesco, Laura, Alberto e Lucas se apressaram para vê-lo. A mãe ansiava principalmente pela reação do filho ao ver a suposta namorada.

 

            Visivelmente tensa Natalia entrou no quarto, a sua presença foi notada por Pedro que olhava com interesse e admiração.

 

-- Está se lembrando dela filho? – Laura indagou curiosa.

 

            Pedro apertou os olhos depois de fixá-los em Natalia por segundos.

 

-- Com certeza eu quero muito me lembrar dela...

 

-- Pedro, ela é sua namorada: Natalia.

 

            Alberto falou despertando o sorriso do sobrinho. Natalia permaneceu muda, quase presa à porta, a ponto de correr daquele quarto.

 

-- Está com medo de mim gatinha? Perdi a memória, não estou com um vírus contagioso...

 

            Pedro brincou fazendo sinal para que Natalia se aproximasse.

 

-- Vai minha querida... – Laura sussurrou.

 

            Natalia o fez lentamente, demonstrando contrariedade. Pedro tocou a mão gelada e suada da moça e sorriu:

 

-- Nervosa? – O rapaz perguntou.

 

-- Um pouco. Como você se sente?

 

-- Como se tivesse sido atropelado.

 

            Todos sorriram.

 

-- Então, eu acho que vou precisar de minha namorada para fazer me lembrar de todos os detalhes da minha vida, veja que duro será meu tratamento! – Pedro brincou.

 

-- Pelo menos o bom humor do meu irmãozinho está intacto! – Lucas comentou.

 

-- E você? Como vou acreditar que é mesmo meu irmão?

 

            Todos gargalharam e Pedro aparentemente não entendeu tantos risos. Lucas pediu um espelho para mãe, Laura rapidamente abriu sua bolsa e entregou ao filho.

 

-- Pepê, vê se você se enxerga!

 

            Lucas se aproximou do irmão entregando-lhe o espelho. Pedro arregalou os olhos e disse:

 

-- Pow irmãos gêmeos? Sério?

 

            Os risos mais uma vez tomaram de conta do quarto.

 

-- Obviamente eu sou mais bonito, especialmente agora. – Lucas brincou.

 

-- Você já nos confundiu gatinha? – Pedro perguntou a Natalia.

 

-- Sim, quando nos conhecemos.

 

            Natalia sorriu. O clima não podia ser mais amigável e familiar, o médico que tratava Pedro fez questão de ressaltar a importância daquilo para a recuperação completa de Pedro, inclusive para sua memória. Essa foi a deixa para Laura apelar para o amor heróico do filho como aliado para seu restabelecimento.

 

-- Todo mundo está aqui para te ajudar meu querido, inclusive sua namorada. Não é Natalia?

 

            Natalia concordou com a cabeça, tentando se afastar do leito de Pedro.

 

-- Fica aqui perto de mim gatinha.

 

            O desconforto de Natalia era tão óbvio que chamou a atenção de Lucas, especialmente quando Diana entrou no quarto e fuzilou com os olhos a moça que permanecia ao lado de Pedro segurando sua mão.

 

-- Diana!

 

-- Pedro exclamou.

 

-- Finalmente um rosto conhecido!

 

            Todos se surpreenderam com a lembrança de Pedro.

 

-- Ei! Como assim você se lembra da Diana e não se lembra de mim? Seu irmão gêmeo!

 

-- Lucas você acha mesmo que deveria me lembrar de um marmanjo que tem a cara igual a minha ao invés de uma gata como a Diana?

 

-- A pancada na cabeça pode ter mexido com sua memória, mas com certeza não alterou seu bom gosto! Sabia que não me esqueceria, impossível alguém se esquecer de mim! Como você está meu amigo? – Diana disse.

 

-- Com você aqui, te garanto que está bem melhor. Quem diria heim... Eu numa cama com duas mulheres espetaculares do meu lado!

 

-- Acho que você não está bem irmão... Essa pessoa tão engraçadinha que está falando não é você!

 

            Lucas brincou.

 

-- Minha namorada é linda não é Di? Não lembro como consegui uma gata dessas... Acho que você vai ter que me lembrar disso pra eu guardar a fórmula.

 

            Pedro olhou encantado para Natalia segurando sua mão. Diana visivelmente perturbada desviou o olhar e se afastou do amigo, disfarçou pegando o celular, pediu licença e saiu do quarto, e enviou mensagem para a namorada.

 

-- “Precisamos conversar agora aqui fora”.

 

            Com uma desculpa qualquer, Natalia foi ao encontro de Diana que andava impaciente pelo corredor.

 

-- Oi Di. Onde esteve o dia todo?

 

-- Por aí, pensando. Nat, a gente tem que abrir logo geral! Não dá mais pra esperar.

 

-- Diana calma! O Pedro está daquele jeito por minha causa, não posso despejar agora o fato de não corresponder ao sentimento dele...

 

-- Ei! Espera um pouco... Você está admitindo a hipótese de continuar essa farsa?

 

-- Di, não se trata de uma mentira sórdida! O médico acabou de nos falar que o Pedro precisa de um ambiente seguro, para recuperar suas memórias, desfazer esse mal entendido, acrescentando o fato de não ser a namorada dele e sim sua, pode prejudicá-lo ainda mais...

 

-- Não acredito no que estou ouvindo!

 

            Diana revirou os olhos e levou as mãos à cabeça.

 

-- Di, a gente já esperou tanto tempo, é só pra ajudar no tratamento do Pedro...

 

-- Natalia, o dano dessa mentira será muito maior do que os benefícios para a recuperação do Pedro.

 

-- Não te entendo sabia? Você mesma era contra assumirmos nosso namoro, e quando temos razões reais pra isso você me pressiona numa situação que já é tensa o suficiente para fazer o contrário do que me pedia?

 

-- Olha Nat eu sei que a culpa de estarmos nesse sufoco constrangedor agora é minha, por não ter aberto o jogo antes com todos, mas entenda que tive meus motivos.

 

-- Claro, nunca duvidei disso. O medo de perder seus amigos, e é esse mesmo motivo que tenho agora.

 

-- Não foi só por isso. Nat, eu sou sua primeira experiência lésbica, eu sei como isso é intenso, e tanta intensidade às vezes pode confundir e pior ser fugaz. Não conto as meninas daquela faculdade que ficaram comigo por curiosidade... No colégio me apaixonei por uma amiga namoramos umas semanas até perder a graça pra ela aquela novidade e as outras meninas a rotularem como a namoradinha da filha do senador.

 

- Não acredito que você está me comparando a essa menina. Você duvida do que sinto por você?

 

-- Não se trata disso Nat, é que enquanto estivermos em segredo, estamos protegidas. E se daqui a uns meses você descobrir que não é isso que você quer, que foi só uma experiência... Assumindo você fica taxada até o fim da faculdade como minha ex-namorada... Eu tive receio sim de assumirmos e nos expormos gratuitamente, e que essa exposição fragilizasse nossa relação, inclusive pela repercussão na amizade dos meninos.

 

-- Diana, eu não quero continuar mentindo, e não tenho o menor medo de enfrentar seja o que for na faculdade pelo fato de assumirmos nosso namoro.

 

-- Sua ingenuidade me encanta, e já sofro imaginando como será doloroso para você encarar a maldade das pessoas. E por você, eu quero fazer isso, por nós eu pago a preço.

 

            Diana ponderou o tom nervoso sorrindo para Natalia com seus olhos cintilando o sentimento puro que as unia.

 

-- É maravilhoso ouvir isso Di. Só te peço um pouco de calma agora...

 

-- Nat, escute-me: isso está virando uma bola de neve, não podemos protelar essa revelação! O Pedro pode demorar dias, semanas, meses para recuperar a memória, o que você vai fazer até lá? Namorá-lo?

 

            Antes que Natalia respondesse, Lucas as surpreendeu:

 

-- Por que não Diana?

 

-- Lucas? Não sabia dessa sua nova mania de escutar conversa alheia. – Diana alfinetou ao perceber a expressão de censura do amigo.

 

-- Adquiri desde que minha melhor amiga resolveu atrapalhar a recuperação do meu irmão.

 

-- Como você pode falar uma besteira dessas Lucas? Eu atrapalhar o Pedro?!

 

-- Então me diz por que você está pressionando assim a Natalia pra que ela desfaça a história do namoro com Pedro? Ele é um cara incrível, arriscou a vida dele por ela, não existe um homem que a mereça mais do que meu irmão! Você devia respeitar isso e parar com essa picuinha com a Natalia! Esse ciúme bobo de nós pow!

 

-- Lucas não se trata de ciúme. A gente está falando de uma mentira que está aumentando, tomando uma proporção que a gente não sabe onde vai chegar!

 

-- Desde quando você virou a guardiã da verdade?

 

-- Lucas chega! A Diana tem razão, não podemos enganar assim o Pedro. Não sinto nada por ele que não seja carinho, amizade e gratidão, por isso, não posso faltar com a lealdade com ele. – Natalia interferiu.

 

-- Sabe Natalia, não sei qual é a sua... Está se guardando pra quem? Pra seu namoradinho jeca invisível?

 

-- Você está sendo grosseiro Lucas... – Diana falou com expressão séria.

 

-- Diana eu acho que você está se metendo demais nesse assunto. Por mais que te considere como uma irmã, e de todos nós, a única pessoa que o Pedro lembrou foi você, acho que tem que ficar fora disso.

 

-- Não posso Lucas.

 

-- Por que não? Por que você tem sempre que mandar em nós? Por que você não aceita que finalmente o Pedro tenha te esquecido? – Lucas falou aumentando gradativamente o tom de voz irritado.

 

-- Por que a Natália é minha namorada! – Diana falou no tom à altura do amigo.

 

            Lucas emudeceu. Natalia arregalou os olhos, enquanto Diana se aproximou da namorada, segurando sua mão trêmula.

 

-- Estamos namorando a quase dois meses Lucas, e esse é um dos motivos pelos quais tenho que me intrometer nisso, não quero enganar meu amigo, nem muito menos arriscar meu namoro, espero que entenda isso.

 

            Lucas permaneceu mudo, atônito, ateve-se a apenas observar as duas se afastarem de mãos dadas pelo corredor do hospital.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 35 - CAPÍTULO 35 - Primum non nocere:
Lea
Lea

Em: 29/12/2021

Sinto que o Lucas não irá facilitar a vida delas!!!

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Thaah11
Thaah11

Em: 18/11/2021

Nossa Mel que bom que voltou, depois do ABCLES nunca mais consegui encontrar todas as suas historias completas.. Amo todas, serio mesmo.. Não some mais mulher rs, fiquei ate emocionada a ver tanta atualização..

 

Na moral, eu tenho um ranço tão grande do Pedro kkkkkk.. E o Lucas agora com essa só por Deus mesmo.. Tadinha das minhas meninas..

 

Tava com saudade de ler a historia sem ser fanfic..

 

Você arrasa, parabéns!


Resposta do autor:

Oi Tha!

Vou tentar não sumir mais. estou postando todas que estavam no ABLES, concluindo as que faltam o final, na paciência e contando com vocês, concluo e me dedico só ao conto novo.

Obrigada pelo carinho!

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 03/11/2021

Que bola de neve se criando... Agora que Lucas sabe, os laços de sangue vão falar mais alto, ficará favorável a Pedro. Pobre Nat e Di! 

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