A Seguranca II por Lena
Capitulo 12
A semana passou rápido, e minha folga tão esperada estava chegando.
Mesmo cansada e preocupada, conseguimos identificar o sequestrador, que por incrível que pareça, deu seu nome verdadeiro a minha filha e a partir dai, conseguimos saber onde ele morava assim como toda sua rotina.
A pesar do ocorrido o Patrique não tinha antecedentes, por isso, decidimos o monitorar diariamente, pois o mesmo não voltou mais a escola, porém por precaução decidir continuar a acompanha-lo de longe.
~*~
Estava assistindo TV com as crianças e com um pato dormindo em meu pescoço. De longe achei ter ouvido Bia me chamar, mas como não tive certeza não à respondi.
- Mirian! - grita Beatriz já impaciente.
Não tinha percebido que ruiva havia se aproximado, e quando ela gritou eu e as crianças levamos um baita susto.
- Oi! Que susto! Aconteceu alguma coisa ? - pergunto após levantar rápido do sofá derrubando a pato tadinho, que saiu correndo para o colo de Gabriel. Se ele falasse com certeza me xingaria toda.
- Estou te chamando a horas e você não responde! - eu estava estressada, os gêmeos tinham acabado de dormir e eu não tinha me alimentado ainda.
- D- desculpa e achei ter ouvido mas como .... - não consegui completar, acho que ela esta nervosa.
- Porque não respondeu! Preciso de um sorvete... Compra para mim, naquele lugar que eu gosto. - estava emburrada sensível precisava de um mimo.
- Mas Bia é do outro lado da cidade! - eu falava porem sem tirar os olhos do desenho que passava.
Senti uma mão pequena me cutucar, e logo percebi que se tratava de Gabriel, que me olhou e sem dizer nada, apontou para detrás de mim que ao me virar encontrei uma ruiva com o rosto banhado em lagrimas.
- Ela tá bem Mainha ? - pergunta Biel achando estranho sua mãe daquela forma.
- Está sim meu filho, não se preocupa, já vou resolver. - Biel volta sua atenção para o desenho e eu corro em direção a ruiva que chorava de forma descontrolada.
- O que foi Bia ? Está sentindo alguma coisa? É o sorvete ? Eu vou compra tá bom? Só para de chorar dessa forma. - abraço a mulher que já soluçava, porém depois de um tempo, e de deixar meu ombro molhado ela pareceu se acalmar.
- Você vai mesmo ? - pergunto escondendo meu rosto o pescoço da morena que logo responde.
- Vou sim, agora vai lavar o rosto senta ali com as criança que não vou demorar.
A ruiva concorda e logo segue em direção ao banheiro no andar de baixo enquanto eu subia para trocar de roupa, e ao voltar, encontrei os três abraçados assistindo.
Ao me aproximar, logo fui notada por Gabriel que olhou minha roupa percebendo que eu iria sair.
- Não vai mas sisti Mainha? - pergunta o pequeno já de pé ao meu lado.
- Não, vou ter que sair rapidinho mas não demoro.
- Posso ir também? - seus olhinhos pidões suplicavam por um sim.
- Não quer ficar com a Maria e cuidar da mamãe? - baixo para ficar da sua altura e ele logo se aproxima.
- A Malia cuida dela. Quando elas ficam juta a gente só assite filme de plincessa. Eu não ligo, mas, elas quelem vê toda óla. - diz o menino passando as mãos em seu rosto.
- Tá bom, vai por uma camisa que vou ver se sua irmã vai vir também. - ele concorda e logo sai correndo.
- Sem correr! - o menino para e segue andando e subindo com cuidado as escadas com os degraus ainda altos para seu tamanho.
Sigo em direção a Bia e Maria, que ainda se mantinham abraçadas assistiam o desenho.
- Já vou indo Bia, o Gabriel vai comigo. Você vem também Maria ? - a menina olha para sua mãe que se mantinha concentrada no desenho, e logo nega voltando a abraçar a ruiva.
Beijo o todo da cabeça de ambas e saio encontrando Gabriel já na porta vestido com a camisa pelo avesso.
- A camisa tá errada Biel, vem cá pra Mãe consertar. - ficando a sua altura o menor se aproxima já retirando a blusa que foi logo posta da forma correta.
Como a bendita sorveteria era longe, sai as pressas porem com cuidado, e quando já estava saindo do condomínio encontrei Mainha que logo acenou me pedindo para parar.
- Vai pra onde ? - pergunta a mais velha.
- Compra sorvete. Beatriz está sensível hoje. - vejo os olhos da mulher brilhar ao ouvir sua palavra favorita "sorvete".
- Sabe que vai ter que trazer para mim também não é ? - Dona Renata encara a filha logo após cruzar ao braços.
- Agora sim né Mainha! Vou pegar logo pra todo mundo. Já sei o favorito de todos mesmo. E onde a senhora estava ? - a mais velha esboça um sorriso que Mirian já sabia.
- Alias deixa pra lá. - dona Renata se afasta do carro e observa a filha emburrada sair rápido da sua frente.
O caminho até o sorveteria foi calmo pois Biel acabou dormindo ao sentir a brisa fresca da janela aberta do carro. Mas ao chegar em uma rua meu querido carro simplesmente morreu.
- Á tá de brincadeira! - bato forte no volante esquecendo que meu filho dormia, o que acabou acordando o pequeno que me olhou assustado.
- Oi Biel desculpa. A mãe não queria te assustar. - o menino ainda respirando rápido me olha com ternura me perdoando.
- O que foi Mainha ? - pergunta Biel ainda com os olhos embasados.
- Acabou a gasolina... Esqueci de olhar antes de sair. - ponho a cabeça no volante ainda sem acreditar.
- E o que a gente faz agola ?
Olho para meu filho e para a rua deserta, a verdadeira cara do assalto. Já imaginando que não seria boa coisa, porem não tinha como ficar ali parada, ainda mais, sem o celular para pedir pelo menos um guincho.
Então após causar minhas sandálias, coloquei a arma nas costas, ainda sendo observada por Biel, e sai do carro sentindo sol fervente bater forte em meu rosto e queimar minhas costas mesmo com a fina camiseta.
- A gente vai ter que seguir andando. - abro a porta do carona retirando Biel que estava descalço.
- Não pegou a sandália né ? - Biel olha para os pés e logo concorda.
O pego no colo fechando o carro deixando devidamente travado, e com Biel grudado em meu pescoço e olhando para frente e vejo as ondas de calor rirem da minha cara.
Respiro fundo e sigo pela rua deserta que nem casas tinha, somente muro de um lado a outro.
Alguns minutos depois...
O sol não dava trégua, Minha camiseta já grudava em meu corpo, Biel até tentou andar um pouco, mas o chão estava muito quente.
Meus braços já doíam de levá-lo, então o coloquei em meu pescoço, onde ele se deitou em linha cabeça.
- Mainha tô com cede. Ainda fata muito? - diz o pequeno ao abraçar minha cabeça.
- Não pequeno já estamos perto tá bom ? Vamos descansar um pouco. - vejo uma sombra.
Retirando o menino do meu pescoço ele logo se sentou no chão seguido por mim, que não aguentava mais meus pés.
- A gente vai toma um montão de sorvete né Mainha ? - Biel encosta em meu braço onde o abro trazendo para meu colo.
- É sim, vamos tomar um montão. Mas agora vamos. - me ergo junto com o pequeno novamente em meu colo e seguimos essa bendita rua sem fim.
Continuamos o nosso caminho em total silêncio até eu ouvir um barulho de bicicleta se aproximar devagar. Olhando para trás, vejo um menino de aparentemente quinze anos me olhando com brilho nos olhos.
- Tá perdida tia ? - pergunta ao parar na minha frente barrando a passagem.
- Não garoto, e acho melhor sair da minha frente. - eu estava irritada, com as costa ardendo, o braço doendo, com cede, ou seja, eu estava virada no cão!
- Pois você não vai pra lugar nenhum. Pode passando o celular. - diz o menino apontando uma arma para a morena.
Eu olhei para o menino respirei fundo, olhei para Gabriel que se mantinha calado em meu colo. Peço baixo para que meu filho cobrir seus ouvidos e ele logo acata.
- É sério isso mesmo? Se eu tivesse uma porr* de um celular você acha que estava descendo essa porr* de ladeira no sol quente só pra dar ele pra você ? - o menino me olha com espanto mas logo aponta a bendita arma novamente para mim.
- Então passa o que tiver ai! - ele se aproxima descendo da bicicleta no intuito de revistar a morena, porem ele para ao vê-la dar passos para trás e logo falar.
- Olha aqui moleque, pra mim já esta sendo uma péssima tarde, e você ainda acha que vou te entregar alguma coisa com você me apontando uma arma de brinquedo ?
- Como você sabe ? - os olhos no menino almentam quase a pular da caixa.
- Nossa, sério? Apesar de você ter acabado de me confirmar ? Você também esqueceu de tirar o valor de dois e noventa e nove que tá aqui no cano. - olho com desdém para o menino que logo baixa seu brinquedo.
- Ô vida difícil, nem pra ser ladrão eu presto...
- Concordo, você não tem futuro com isso não. Se eu quisesse já tinha te feito de peneira só por você não ter visto que estou armada. - pego a pistola observando o menino que correr rápido de costas mas esquecendo da sua bicicleta que estava logo atrás o fazendo cair no asfalto quente.
- Ô azar da peste! Você vai me matar é ? - pergunta o menino assustado.
- Claro que não idiota tô com meu filho no colo.
- Graças a Deus... - respira o desconhecido aliviado.
- Mas você sabe onde acho um telefone ? - pergunto ao ajudá-lo a se levantar.
- Sei sim, mas ainda vai andar muito.
- Certo. Como você se chama ? - colocando Biel ainda quieto no chão, e guardando minha arma, pego a bicicleta.
- Amizade... - diz envergonhado.
- Legal. - Biel comenta sorrindo.
- Serio ? - pergunto.
- Tu acha que eu falaria isso se não fosse verdade ? - diz amizade cruzando os braços.
- E tu veio me roubar amizade ? Cadê teus pais ? - ajeito minha arma à frente do meu corpo junto com Biel o colocando sentado no quadro da bicicleta.
- Tão por ai... Tu vai roubar minha bicicleta é ? - pergunta o menino já assustado.
- Seria maior ironia roubar você né ? Mas não, sobe na garupa. A gente vai a procura de um telefone.
O menino não contesta, e logo sobe na garupa sentindo a morena dar as primeiras pedaladas para logo pegar embalo.
- Nem acredito que tu queria me roubar com arma de brinquedo ainda montado numa Monark. - continuo meu caminho com minha atenção também voltada para um Biel todo feliz.
- A vida não tá fácil pra ninguém, e mesmo fazendo isso, olha onde eu tô ? Na garupa da minha baick que tá sendo pilotada pela pessoa que eu iria roubar! - diz o menino revoltado.
Não consegui conter o riso pelas palavras ditas pelo menino. Enfim achei alguém ainda mais atrapalhado que eu.
- Mainha o mizade vai tuma sovete com a gente ?
- Vai sim filho...
- Mas tô sem dinheiro! - amizade sussurra para morena para que o menino não escutasse.
- Se eu falei que você vai tomar sorvete, então você vai, agora para de balançar se não a gente vai cair. - o menino logo concorda e volta a ficar quieto na garupa da bicicleta.
- Olha tem um bar logo ali! - fiquei tão feliz por ter visto o local, que ele parecia até brilhar. Tico miragem no deserto sabe ?
Porém, meu sorriso morre ao tentar apertar o freio, já que estávamos em uma ladeira, e nada aconteceu.
- Inimizade sua peste! Porque não avisou que a bicicleta não tem freio ? - olho para trás e vejo o menino também abrir exageradamente os olhos ao ver o tamanho da ladeira.
- Puta merd*! Eu esqueci, eu sempre ando só, ai não faz muita diferença. Mas agora tem três aqui né... - olho para a morena que voltou sua atenção para frente já deixando de pedalar.
Acordo ao sentir a velocidade diminuir um pouco, e ao olhar vejo, a morena com ambos os pés no pneu da frente, já que não tinha para lamas, reduzindo a velocidade e queimando as sandálias.
Então segui o mesmo processo, porem com os pés no chão, o me rendeu havaianas quentes e um belo rastro de poeira.
- Continua, estamos no meio já, e vai ficar pior. - grito para amizade que concorda enquanto tentávamos diminuir a velocidade da bicicleta, que quando chegou no local informado pegou ainda mais embalo, para a alegria de Gabriel que não parava de sorrir, e para meu desespero que já sentia o pneu queimar minha sandália e para amizade que já tinha perdido um pé das suas.
Chegando no final, avistei uma duna de areia de construção, e como não conseguiríamos parar, soltei as mão pegando Biel e o grudando a meu corpo e logo avisei ao meu passageiro.
- No três a gente pula, ou então é ficar e se quebra todo. - ele não reluta e logo concorda.
- 1,2,3!! - pulei me jogando na areia, onde cai de costas com um Biel sorridente ainda grudado a mim.
E levantando observei a bicicleta na areia meio torta, mais ainda inteira, algumas pessoas já olhavam porem não via amizade.
- Amizade? - giro a sua procura e logo vejo uma mão surgir de debaixo da areia para meu alívio.
- Cof! Cof! Tô aqui! Tomara que os gatos não tenham passador por aqui... - vejo a morena sorrir e logo me ajudar a se levantar.
- Você não me falou seu nome? - pergunto terminando de retirar a areia do meu corpo.
- Mirian, e esse é o Gabriel. - meu filho logo sorrir estendendo sua mãozinha para cumprimenta-lo.
- Oi Gabriel, você é corajoso nem tá chorando. - achei o menino simpático e lindinho gente, parecia um anjinho mesmo todo suado e sujo de terra.
- Mizade, eu goto de você. - completa Biel escondendo seu rosto no vão do pescoço da morena.
- Que bom que se gostaram, mas agora precisamos resolver nossos problemas. Amizade pega a bicicleta me espera aqui. - o menino não relatou, e após a minha entrada logo liguei para o guincho informando onde estava meu carro e minha localização e saindo Amizade estava agora sentado ainda me aguardando.
- Eles já estão vindo.
- Bom então como vocês já estão bem eu posso seguir meu caminho não é ? - pergunto ainda aflito pois se ela quisesse me mataria ali mesmo sem problemas.
- Eu não vou fazer mau a você, e como prometido nós vamos tomar sorvete. - vejo um alívio passar pela face do menino que logo concorda.
Depois de alguns minutos esperando, o guincho logo aparece com meu bebê no fundo. Pedi para que eles nos deixassem em um posto de gasolina, o que foi atendido sem problemas.
E agora reabastecido e com uma Monarck em cima do meu fusca, seguimos para soverteria, onde nós três nos enchemos de sorvete até o Biel falar que não queria mais.
Depois do passeio e de insistir bastante, ate discutir, levei amizade para minha casa e chegando, encontramos todos reunidos incluindo, Diana e sua esposa. E logo fui questionada por minha querida mãe.
- O que aconteceu com você ? - pergunta Mainha.
- Cadê a sandália de vocês ? - pergunta Diana.
- E quem é esse ? - questiona Beatriz cruzando os braços.
- Qual foi a merd* da vez em Mirian ? - João pergunta sorrindo já com a pipoca nas mãos a espera da história.
- Tem sorvete pra todo mundo! - os olhos de todos brilharem e vieram logo correndo em minha direção esquecendo por enquanto do ocorrido.
Ainda de braços cruzados observei a morena que levou todos para a cozinha distribuindo o sorvete, porem ela deixou o convidado para trás que se mantinha quieto ainda de pé com as mãos juntas parecendo desconfortável.
O chamei para se juntar aos demais, e mesmo relutante, o menino me seguiu Mirian ao ver sorriu para mim. Eu já conhecia aquele sorriso, sabia o que ela ria me pedir, porém, resolvi esperar, pois ela me contaria tudo...
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 25/10/2021
Gente essa Miriam é cagada viu tudo acontece com ela kkkkkk
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