Meu dia no trabalho foi bem calmo. Agora no carro com João seguíamos em direção a escola para buscar as crianças mas, acabamos nos atrasando um pouco por causa do João. Sabia que Maria já me esperava por ela ser a primeira a sair.

E chegando a escola, avistei minha filha sentada no banquinho com suas perninhas balançando. Quando já estava pronta para sair do carro, paro ao ver um homem alto e magro se aproximar da minha pequena que o olhou com estranheza.

- Você o conhece Mirian ?   - questiona João também analisando de longe.

- Não, mas se ele não sair de perto da minha filha com certeza vou vê-lo descendo a sete palmos.  - na minha cabeça já se passava mil coisas.

E ao ver o homem, até então, estranho pegar na mão da minha menininha meu coração disparou, e tanto eu quanto João saímos rápido do carro.

- Espera. Você volta para o carro, lá tem uma câmera, tira fotos dele que eu irei com o gravador do celular ligado.  - pego o aparelho ligando o gravador e me despedindo do João que não contestou.

Ao me aproximar, Maria nota minha presença já se preparando para vir em minha direção, porém, com um aceno a pedi para continuar no mesmo local e em silêncio, já que o homem estava distraído olhando para a minha pequena ainda sem largar sua mão. Meu sangue estava fervendo e a arma atrás das minhas costas parecia queimar minha pele, mas tinha que me concentrar. E ao respirar forte, me aproximo e chamo o estranho.

- Oi, boa tarde! Que linda a interação de vocês! Ela é sua filha ?  - pergunto sorridente vendo o homem se assustar ao me ver tão perto, porem não abandonou a mão de Maria.

- O-oi... S-sim! Ela é minha filinha. Linda não é ?  - diz olhando para Maria e logo acaricia o rosto da menina que desvia rápido do contato e tenta soltar sua mão do estranho que a segura firme.

- É linda mesmo. Quantos anos ela tem ?  - o suor já escorria em minhas costas ao ver o olhar de medo da minha filha.

- Ela tem...  - ele olha para Maria na esperança da menina completar, mas nenhuma palavra surge da pequena.

- Ela tem oito anos.  - diz o estranho sorrindo e aperta um pouco a mão da minha filha.

- Poderíamos conversar um minuto ?  - pergunto ao homem que hesita um pouco mas para não levantar suspeitas, se levanta e segue com a morena para uma parte menos vista para quem estava de frente a escolinha.

- O que quer comigo ? Está querendo me conhecer melhor é ?  - o homem passa a língua nos lábios e exibe um sorriso cafajeste que causou náuseas na morena.

- Estou querendo te conhecer melhor mesmo... E principalmente saber porque estava segurando daquela forma mão da MINHA filha.   - os olhos do homem se abrem com espanto e tenta fugir.

Mirian o segura pelo braço prendendo por trás das costas erguendo o membro sem pena até ficar torcido ao ponto de  escutar o gemido de dor do homem que tinha o rosto pressionado a parede.

- Eu não vou perguntar de novo... - pego a arma atrás da minhas costas e aponto para a cabeça do homem que não hesitou em falar.

- E-eu só a vi ali sentada toda lindinha... Eu não ia fazer mau a ela.  - diz o homem rindo de forma sarcástica o que me deu ainda mais raiva me levando a chutar com toda a raiva a suas bolas.

O homem gem*u de dor ao ponto de quase cair se eu não o erguesse novamente apertando ainda mais seu braço.

- Acho que você ainda não entendeu a situação que se encontra. Digamos que você mexeu com a filha da pessoa errada... - aperto ainda mais seu braço escutando novamente o som maravilhoso da dor que ele sentia.

Estava por um fio de perder minha sanidade e torcer seu braço só para ouvi-lo quebrar.

- Por favor não me machuca...  - o sorriso que antes jazia em seu rosto não existia mais, e sim, lagrimas que já marcava o mesmo.

- Cara... Se depender de mim hoje mesmo você vai perder o que tem entre as pernas.  - ao terminar de falar o homem se agita tentando se soltar.

E de forma rápida, o infeliz pisa em meu pé com sua bota fazendo a dor forte me contorcer pois eu estava de havaiana. Desta forma, acabei soltando o homem que saiu correndo. Eu até tentei ir atrás mas, meu dedo sangrava pela unha quebrado, tentaria atirar nele porem estava em frente a uma escola e não seria uma boa ideia.

Volto mancando para o carro encontro meus filhos e João a minha espera.

- E ai, cadê ele ?  - pergunta o moreno apesar de já saber a resposta por ver sua amiga mancando.

- Conseguiu fugir. Acredita que aquele filha da puta queria raptar a Maria ?  - estávamos fora do carro e meus filhos nos analisavam atentamente.

- Não se preocupa a gente acha ele. Tirei algumas fotos e Maria me disse o nome dele.  - diz João ao entrar no carro.

- Ele disse o nome a ela ? - pergunto também olhando para o retrovisor recebendo a confirmação da minha filha.

- Foi Mainha, o nome dele é Pratique Gomes.  - confirma Maria de forma firme.

- Desculpa ter deixado você passar por isso filha...

- Tudo bem Mainha, não foi sua culpa. Infelizmente pelo tempo que passei na rua já fui abordada por esses tipos de pessoas, que tentam se aproveitar dos vulneráveis. - meus olhos marejam assim como os de Maira que deixa algumas lagrimas escaparem porem são logo limpas por Gabriel.

- Isso não vai mais acontecer tá bom ?  - vejo a menina concordar.

- A gente vai pegar ele e deixar igual ao Ken da Barbie!

- João!

- Porque igual ao Ken tio João? Ele é tão lindo.  - pergunta Maria com os olhinhos brilhando.

- Não liga para o que seu tio falou esta bem? Vamos tomar um sorvete e ir para casa.  - olho para o João de forma reprovadora o vendo pronuncia " Quê? " com as mãos.

Após o episodio seguimos para a sorveteria em uma conversa animada e depois fomos para casa.

Com as crianças já mais calma e cheias de sorvete, o que com certeza me renderia uma boa reprovação da Bia. Chagando, João os tira das cadeiras e ambos saem correndo para dentro.

- Me manda essas fotos, e as demais você encaminha para o escritório. Quero saber quem é esse infeliz.  - ao falar e ver a confirmação de João tentei manter a calma e seguimos para dentro.

Ao atravessar a porta já fui bombardeada de pergunta ao perceber que Maria já tinha contato o ocorrido para as mulheres que tinham um olhar raivoso estampado no rosto.

- Acho que deu merd* Mirian... - se distância João, ao tirar os matérias da mão da amiga e logo sair correndo da sala.

Fiquei parada por um tempo analisando as mulheres com os braços cruzados aguardando a minha fala. Então, chamei as duas para o escritório onde contei o ocorrido para ambas que transpareciam medo no olhar.

- E o que vamos fazer ? E se esse homem voltar novamente ?  - era muita coisa para minha cabeça. Primeiro a maluca atrás do Gabriel agora um louco atrás de Maria.

- Vou resolver tudo, não se preocupem, ninguém vai tocar em nossos filhos. - abraço a ruiva que suspira com alívio.

- Acho bom mesmo, porque você vai se ver comigo se não resolver.  - se pronuncia dona Renata que ate então, se manteve calada somente escutando.

- E pode subir e cuidar desse pé que esta horrível. - completa a mais velha saindo.

- Acho que ela ficou preocupada. - saio dos braços de Mirian observando minha sogra sair do escritório.

- Ela está, esse é seu mecanismo de defesa quando esta com medo. Mas vou resolver isso tudo de uma vez.  - dando um aperto leve na mão de Bia saímos e seguimos para o quarto onde tomei um banho rápido, e Mainha apesar brava fez o curativo em meu pé.

E mesmo após um jantar leve me reunir com meus amigos os deixando a par de todo o ocorrido. Com todos cientes das suas tarefas para o dia seguinte.

Do outro lado da idade...

- Pelo jeito não conseguiu cumpri uma simples tarefa seu incompetente! - um estalo de um tapa é ouvido.

- E-eu tentei mas, a mãe dela chegou! Ela ia me matar Gerusa! Quase quebra meu braço.  - um Patrique com o rosto vermelho pelo tapa lavado tenta se defender.

- Não importa! A gente tem que pegar uma dessas crianças você entendeu?! Nós precisamos de dinheiro para sair da cidade. O que a Leona deixou já acabou, temos que pagar as dividas.  - suspira a mulher passando a mão nos cabelos brancos.

- Eu sei mas depois de hoje vai ficar difícil ela vai me cassar, por isso é melhor darmos um tempo.  - diz Patrique mais calmo apesar do medo.

- Tudo bem, mais ela vai me pagar pelo que fez a minha filha...

Fim do capítulo