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Noites com Valentina por Sweet Words

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Palavras: 5114
Acessos: 1225   |  Postado em: 24/10/2021

Notas iniciais:

 

 Contrariando às expectativas, aqui estamos de volta!


(Música nas notas finais.)

 

 

 

Sonhos e Miragens

 

 

 

No capítulo anterior...

 

— O senhor teve alguma motivação para cometer esse ato? — perguntou a Delegada — Por que razão ateou fogo no restaurante da Srta. Diana?

— Porque “ela” me pediu. — o jovem respondeu com cinismo no olhar.

— Ela quem? Pode ser mais específico? — continuou a autoridade na sala.

— A minha musa inspiradora, — ele respondeu — o amor da minha vida, Valentina! — seus olhos revelavam paixão.

 

...

 

— Oh! Me desculpe, moça. Perdão. — a jovem que me acertou disse num susto.

— Tudo bem. — respondi calmamente.

Nos encaramos por alguns segundos, imagino que com a mesma impressão.

— Eu te conheço de algum lugar. — constatei.

— Sim. — a jovem de cabelos escuros concordou — Vivi, Viviane. Não se lembra de mim?

...

— Eu sei pouco sobre ela, o seu passado, mas se posso afirmar algo a você, é que sei que ela teve uma vida muito complicada. Eu sei bem como é crescer em um orfanato, sem família, sem afeto. Valentina teve a sorte de ser adotada quando criança, já eu, passei a vida inteira num abrigo, esperando que alguém… enfim. Tivemos sortes diferentes.

 

...

 

 

— Dra. Celina? — tomei coragem e a chamei.

...

— Sabe, Diana, a Isis tem um poder o qual detesta às vezes. A faz mal. Eu me lembro de certa vez, em uma de nossas conversas, tê-la avaliado como uma força de atração independente. — Dra. Celina riu, parecendo visualizar aquele momento — No fundo ela não é uma pessoa tão sociável, de fato. Porém, tem o poder de cativar naturalmente a todos. E por vezes esse poder é tão forte que foge do controle, dela e de quem quer que se atreva a cair em suas graças.

 

...

 

“Desejo que o seu Natal seja plenamente feliz! Para tanto, envio um presente em anexo e espero que ajude com o seu restaurante. Com meus sinceros cumprimentos. Feliz Natal!”

— 5 milhões?!

 

...

 

[...] Então, é com muita felicidade no coração que eu apresento a vocês Viviane! — o vi a abraçar pelos ombros e pude sentir meu corpo formigar de agitação — Viviane, a minha segunda filha!

...

Naquele mesmo instante eu ouvi um baque. Era mamãe atingindo o chão, estirada sob os olhares espantados de todos.

Às vésperas do Natal eu estava ali, no meio da minha sala em chamas desejando que o fogo me consumisse.

 

 

 

 

— Mamãe! Mamãe! — com leves batidinhas em seu rosto eu tentava reanimar a desfalecida, que a essa altura, com ajuda de amigos, já se encontrava acomodada em sua cama.

O quarto parecia um belo espetáculo assistido por todos que cabiam ali. Um papai com sentimento de culpa segurava sua mão sentado à beira da cama, me olhando com cara de cachorro que roeu as almofadas do sofá.

Suspirei.

— Pessoal, obrigada a todos pela preocupação, mas podem dar licença, por favor? Ela ficará bem. — pedi, acompanhando todos até a porta.

Encarei a cena por alguns segundos, mirei papai e senti um suspiro profundo. Pelo canto dos olhos quase fechados, Madame La Roux verificou o ambiente e aparentemente ainda não parecia seguro.

— Pai... — sugeri que ele também saísse.

Sem dizer nada, mas ainda contrariado, ele deixou o quarto.

Fechei a porta e voltei num salto, já com a paciência esgotada para toda aquela cena.

— Tudo bem, mamãe, já pode parar de fingir. Todo mundo já saiu.

Forçando as vistas, ela olhou ao redor de relance e só quando sentiu que era seguro abriu os olhos e se sentou.

— Ouf! Achei que nunca iriam sair, mon Dieu! — exclamou — Uma grande falta de respeito essa invasão de privacidade.

De braços cruzados eu a observava.

— Parece ótima, pelo visto.

— Ótima? Ótima?! Acabei de me recuperar de uma crise. Pareço ótima para você, Diana?

— Não precisava de toda essa cena, madame!

— Não estou conseguindo entender, você parece perfeitamente compreensível sobre o que acabou de ouvir naquela sala! — ela ralhou.

Me adiantei até a cama e sentei ao seu lado.

— Obviamente foi uma notícia surpreendente, é claro, mas um desmaio me pareceu um pouco demais, mamãe. Na frente de todos os convidados!

— Sim, eu me atirei ao chão para fazer uma cena e tirar o brilho da noite do seu pai, Diana! Me respeite, por favor! Que idade essa menina tem? É pouco mais nova que você, certamente. Você sabe o que isso significa, não é? É claro que sabe. Eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida!

— Mãe, mãe! Calma.

— Você não quer me pedir calma agora, Diana Émeraud de Oliveira! Não me peça calma!

— Tudo bem, não fique calma então. — me rendi diante de sua indignação.

— É claro que eu sabia que o seu pai não era um santo, claro, mas eu não imaginava... Não poderia esperar algo assim. Muito menos que ele fizesse um anúncio como se fosse algo formidable! Quero dizer, isso foi um atestado de sua infidelidade. Não minha filha, esse foi um golpe muito duro para mim, não sei se serei capaz de me recuperar. Diante de toda a família...

Num ato repentino eu segurei o seu rosto tentando fazê-la focar na realidade fora de sua mente em perturbação.

— Mãe!

Olhei em seus olhos e a abracei, bem forte e apertado. Senti seu corpo relaxar e não demorou para que eu ouvisse os pequenos soluços do seu choro sofrido.

— Eu o amava, filha, eu sempre amei. E ainda o amo.

Confortar a minha mãe naquela noite não foi fácil. O sentimento de uma traição vinda de alguém que se ama é realmente doloroso. E eu sabia exatamente como ela estava se sentindo.

Depois de um calmante mamãe dormiu e quando retornei ao salão apenas alguns poucos familiares e amigos mais íntimos ainda estavam.

— Aquele seu amigo bonitão deixou um abraço e disse que depois ligará para saber como as coisas estão. — Jorgete me abordou assim que apareci.

— O Fernando?

— Esse mesmo! — ela parecia bastante animada sobre o belo Chef — Madeleine dormiu?

— Sim, finalmente conseguiu descansar.

— Então eu também irei. Só estava esperando notícias.

— Tudo bem, Jorgete, eu agradeço. — ela se despediu e também se foi.

Eduardo, que aguardava sentado na sala com cara de cansado, veio até mim.

— Meu amor. A sua mãe, ela está bem?

— Sim, ela já está bem mais calma. Está descansando agora, foi só um mal estar. — respondi, começando a sentir o cansaço me abater também.

— Eu imagino. A minha mãe e meus irmãos já foram, eu fiquei para ter notícias. Não é todo dia que a gente descobre que tem novos membros na família, não é? Você está bem?

— Sim, na medida do possível.

— Quer ir para algum lugar ou ficar lá em casa, talvez? — ele propôs.

— Não, eu preciso cuidar da minha mãe. Mas obrigada mesmo assim. Pode ir, não se preocupe, eu vou ficar bem.

— Tem certeza?

— Sim, eu estou bem. Você que parece meio cansado. — notei.

— É... é, um pouquinho só. — ele disfarçou — O tratamento é meio puxado às vezes.

Eduardo sempre se esquivava quando o assunto era a sua saúde, percebia que ainda era um tema delicado para ele.

— Fica bem. Pode me ligar a qualquer hora que eu venho correndo!

— É claro que vem. — concordei — Boa noite e feliz natal!

— Feliz natal.

Com um beijo em minha testa, ele se despediu e foi embora.

Segui pela sala, o receio aumentando e o coração palpitando. Eu definitivamente não estava preparada para aquela conversa, a carga emocional da noite já havia ultrapassado todos os limites possíveis. Mas seria inevitável encarar a situação.

Eu tinha uma irmã. Mais nova. Meu pai não era exatamente o príncipe encantado que sempre imaginei na minha infância. Sim, eu estava mesmo decepcionada. Não chocada, não surpresa. Decepcionada.

— Onde foi que eu guardei aquele absinto...?

— Filha?

Papai me tirou dos meus devaneios. Sem perceber eu havia parado no meio da sala olhando pro nada.

Ele avançou até mim, um sorriso sem graça, mas a empolgação ainda era visível em seus olhos. Agora deveria ser o momento em que ele nos apresentaria e esperaria que nos tornássemos melhores amigas para sempre. Eu sinceramente não sabia como estava me sentindo sobre aquilo, mas definitivamente não era agradável.

— Diana, filha... Essa é a sua irmã, Viviane.

Às primeiras horas do dia 25 de dezembro eu recebi um presente que jamais imaginei em toda a minha vida. Dizer que nunca havia desejado irmãos seria uma mentira. Qual criança, filha única, nunca desejou na vida ter companhia para tornar as travessuras mais emocionantes? Naturalmente eu fui uma dessas crianças, mas depois de longos anos solitária, poderia dizer que havia me acostumado com o meu formato de família.

Viviane se aproximou, ainda sem jeito. De repente passou pela minha cabeça que talvez ela já soubesse do nosso parentesco quando nos encontramos no café.

— Há quanto tempo? — perguntei de surpresa — Desde quando e como soube que...

— Filha, nós teremos tempo para conversar sobre isso, — meu pai interveio — agora quero que vocês se conheçam, se aproximem, receba a sua irmã, acolha ela. A Viviane é parte da família agora.

Um sentimento infantil? Talvez, mas eu definitivamente não estava gostando daquela ideia.

— Diana, eu...

— Seja bem vinda, Vivi. — a interrompi — Eu fico feliz por finalmente ter encontrado uma família.

— Obrigada, eu estou muito feliz mesmo, acredite.

— Imagino que sim. Me desculpem, eu preciso ir ver como a mamãe está. Com licença.

Nada parecia bem e eu não conseguia aceitar que o meu desconforto era apenas ciúmes e medo de perder o meu lugar.

— Cadê o absinto?!

 

***

 

Acordei na espreguiçadeira do deck com os afagos do meu pai. Era madrugada e a minha casa já estava vazia. Abri os olhos e notei a ruga de preocupação em sua testa.

— Ei... Tá tudo bem? — agachado ao meu lado ele perguntou.

— Uhum. — resmunguei.

— Vai pegar um resfriado aqui fora, vamos pra cama?

— Ei, o que você tá fazendo? Espera, pai!

Comecei a gargalhar quando num rompante o velho Ricardo me puxou no colo e me carregou até o meu quarto.

— Ai! A minha coluna já não é mais a mesma. — ele resmungou pelo caminho — Você cresceu mais nos últimos tempos ou estou enganado?

— Maneira sutil de dizer que engordei. — protestei.

Como quando eu era uma criança inocente e cheia de sonhos, papai me deixou na cama, me acomodando para me fazer dormir.

— Você sabe que ainda preciso de um banho, né? — alertei.

— Eu te libero do banho hoje.

— Engraçadinho!

— Há uns anos atrás você ficaria feliz por isso. — ele debochou.

— Isso faz muito tempo, não sei se percebeu.

— Pra mim você ainda é a minha garotinha. E sempre vai ser! Filha, eu quero que você saiba que nada, nada nesse mundo vai mudar isso. Eu te amo. Desde que peguei aquela pequena bolinha branca de olhos verdes no quarto do hospital, há trinta anos atrás, foi a melhor sensação que já senti na minha vida. Eu estou muito feliz, muito mesmo, por ter encontrado tão de repente uma outra filha que eu nem sabia que existia. Mas isso significa mais amor, mais amor por vocês duas! E nada entre nós vai mudar, saiba disso. A Viviane só veio para somar. Eu quero poder recuperar o tempo perdido, dar a ela o que ela nunca teve, uma família.

A essa altura meus olhos já estavam marejados. O abracei.

— Você sabe quem ela é? Já sabe de onde veio? — precisei perguntar.

— Sim, eu sei.

— Ela é amiga da Valentina. Elas... — de repente eu não sabia bem como dizer aquilo.

— É, ela me contou, filha. Me partiu o coração saber, mas foi graças à sua aproximação com a Valentina que ela me encontrou. Às vezes Deus escreve certo por linhas tortas, não é?

— Pai... Como foi isso exatamente? Como aconteceu?

— Filha, eu sei que eu errei, assumo. Não me orgulho de ter sido desonesto com a sua mãe. Acredite, eu sempre a amei muito. Me faltou caráter, confesso. — ele parecia realmente culpado — A mãe da Viviane trabalhava em um café. Eu sempre ia lá na hora do almoço e, enfim, nos aproximamos. Depois de um tempo nós paramos de nos ver. Foi uma aventura passageira. Nunca mais eu soube dela, nunca soube que ela estava grávida.

— Não sabia mesmo? — questionei — Não me dê mais essa decepção de saber que você abandonou uma mulher grávida de um filho seu.

— Não! Filha, eu juro! Juro! Eu nunca soube que a Maria engravidou. Quando nos conhecemos ela já tinha planos e estava se preparando para se mudar para os Estados Unidos. A última vez que eu a vi foi quando ela se despediu, dizendo que partiria dali uma semana. Ela estava um pouco abalada, me recordo, mas achei que fosse por conta do que havia entre nós, ela tinha se apegado, não sei. Mas a Maria se foi sem olhar para trás e depois eu nunca mais soube dela. Até um mês atrás.

— Como a Vivi chegou até você?

— Ela me procurou no barco. Disse que era amiga da Valentina, que conhecia você. Fiquei surpreso no início, mas então ela me contou sua história. Ela não conheceu a mãe, cresceu num orfanato. A Maria morreu no parto...

 

Flashback – Ricardo

 

Naquele dia fazia uma tarde estranhamente fresca. Por um instante, ao ver a silhueta de uma mulher se aproximando ao longe, pensei que fosse Diana. Mas logo vi que não havia semelhança alguma com a minha filha, não a filha que eu conhecia.

Viviane chegou com um sorriso encabulado, se apresentou e depois de algumas voltas chegou onde queria. Tirou uma foto desbotada da bolsa, onde um jovem de terno sorria ao lado de uma garçonete num café. Era eu. Eu e a Maria.

Anos se passaram, mas eu jamais esqueceria aquele bonito sorriso. Bonito como o da Viviane.

“Eu demorei muito a conseguir algo concreto que me desse alguma informação sobre a minha família. — Viviane dizia emocionada — No orfanato só sabiam de onde eu tinha vindo pelos registros. Na minha certidão tinha o nome da minha mãe, mas até pouco tempo atrás eu não fazia a menor ideia de como ela era.”

Depois de muito investigar, ir ao hospital algumas vezes na tentativa insistente de conseguir informações, a Viviane finalmente teve acesso a documentos. Junto deles essa foto. Vivi me mostrou a certidão com o nome da Maria nela. Pai desconhecido.

Depois de saber mais sobre a mãe, ela precisava de mais. Queria ter esse consolo de ao menos saber de onde tinha vindo, sua história, sua árvore genealógica. No tradicional café, soube por uma funcionária muito antiga que Maria não chegou a ir aos Estados Unidos, desistiu quando soube que estava grávida.

“A minha mãe me deixaria para adoção. Ela nunca quis ter filhos, não estava em seus planos, a senhora no café me disse. Ela não procurou o senhor, pois sabia que era casado, tinha família, não imaginou que assumiria uma filha bastarda. Ela então adiou os planos, escondeu a gravidez e decidiu que iria embora assim que tivesse o bebê. Ela nem teve a chance...”

— Eu sinto muito por tudo isso, Viviane. — a minha voz estava embargada — Eu jamais imaginei que pudesse ter outro filho e se soubesse nunca deixaria você ou a sua mãe desamparadas.

— Não se preocupe, o meu destino era esse de qualquer forma. Não teria como mudar. — ela constatou conformada.

— A Maria sempre foi meio...

— Inconsequente? — Vivi questionou.

— Livre, eu diria. Um espírito livre.

Depois de mais algumas horas de conversa, contando a ela o pouco que eu sabia sobre a sua mãe e um pouco mais sobre as nossas vidas, chegamos em um ponto delicado.

“Eu não quero que se preocupe, Seu Ricardo, não vim te cobrar nada. Só estou buscando sobre a minha história. Eu... Eu precisava saber, entende? Descobrir que eu vim de algum lugar, pertencimento. Saber que eu tenho uma história de vida, como todo mundo.”

 

Fim do Flashback

 

— Dali em diante chegamos à conclusão que o melhor a se fazer era chegar até o fim com essa história. Propus um teste de DNA, apenas para deixar tudo claro. E nesse meio tempo nos aproximamos, eu já sentia no fundo que ela era a minha filha e o resultado só veio para confirmar. Às vésperas do Natal recebemos o resultado e o resto você já sabe.

— Durante tanto tempo da minha vida eu quis ter um irmão. Alguém pra compartilhar, coisas que você só faz com alguém com quem tem esse laço de união. O sentimento passou quando eu conheci Justine, que sempre foi mais que uma irmã para mim.

— Sim, eu sei bem. — papai debochou — Sabe, Diana, refletindo agora sobre tudo isso, você ainda era uma pequena criança quando a sua mãe decidiu que deveríamos ir à Paris, que a sua criação seria melhor desenvolvida lá. Na época eu concordei e fingi para mim mesmo que essa ida repentina não tinha outros motivos. Foi justamente nessa época em que me relacionei com a Maria.

— E quando estávamos lá, quando me tornei uma adolescente descobrindo a vida, ela achou que deveríamos voltar. E foi justamente na época em que... Justine.

— Talvez essa seja a maior frustração da Madame La Roux, saber que o sonho da família perfeita que ela sempre idealizou jamais se concretizaria. — papai constatou.

— Nenhuma família é perfeita, todas têm seus conflitos. O que faz de uma família, família, é a forma como lidam com esses conflitos. Como se apoiam e se amam acima de tudo. Você sempre me apoiou, pai, foi muitas vezes além de pai um melhor amigo. Eu não seria justa se te julgasse agora que mais precisa do nosso suporte. Se eu disser que não me decepcionei estarei mentindo, mas sei que sempre fez e fará tudo por nós e pelos que ama. Se a Vivi é parte da família, então ela será bem-vinda.

— Obrigado, filha. — papai me abraçou — Eu sei que vocês vão se dar muito bem.

— A propósito, com toda essa confusão eu não tive oportunidade de te agradecer pelo presente. — segurei em suas mãos com um sorriso largo no rosto, me lembrando do singelo “mimo”.

— Presente? — ele me encarou surpreso.

— Sim! Um depósito naquele valor não chegou até mim pelo papai Noel, suponho.

Papai sorriu meio contrariado.

— Agora eu estou curioso.

— Não se faça de bobo. Obrigada, pai! O que eu mais quero é reabrir o restaurante o mais rápido possível e com esse dinheiro as coisas vão...

— Espera, espera, filha. — ele me interrompeu — Eu queria muito ter lhe dado esse presente que você está me dizendo, mas sinceramente não fui eu.

— Como assim?

— Eu comprei sim alguns presentes para você, sua mãe e para sua irmã também, mas depois de todos esses acontecimentos nem tive a chance de entregar. O que posso garantir é que não foi um presente em dinheiro.

— Como...? — a minha cabeça começou a dar voltas.

— Filha, — ele começou meio sem jeito — eu não queria falar sobre isso com você, mas a verdade é que a empresa não vai muito bem. Eu tenho alguém em quem confio muito na direção, mas parece que confiança não foi suficiente para manter os negócios. Eu tive que pausar a minha aposentadoria para tentar colocar tudo nos eixos outra vez. E é por isso que não tenho ajudado o suficiente com o seu restaurante.

— Não, pai, não se preocupa com isso. — o consolei — Eu sei que você vai dar um jeito em tudo. E também não é a sua obrigação me manter, eu já sei cuidar de mim sozinha.

— Mas é claro que é a minha obrigação, eu sou o seu pai, ora essa! Eu sempre vou cuidar de você e da sua mãe, e agora da sua irmã também. Mas então, sobre o presente... Pode ter sido o seu noivo apaixonado, já pensou nisso?

Papai me olhava como se esperasse que eu explicasse toda aquela confusão, mas se eu mesma realmente tivesse entendido, não iria querer explicar. Não mencionei o valor do depósito, mas certamente o Eduardo, por melhor condição de vida que tivesse, não poderia dispor de uma quantia tão alta como aquela para me presentear assim de repente.

— Eu acho que... Acho que me confundi. — afirmei — Amanhã converso direito com ele.

— Filha, antes de ir, posso te fazer uma pergunta?

Uma pergunta precedida de um pedido para fazê-la é sempre um mau sinal.

— Sim, pode. — respondi sem muita certeza.

— A Valentina, ou Isis, não sei... Você não sabe mesmo dela?

— Por que eu esconderia se soubesse? — questionei quase indignada. Quase.

— Eu não sei, apesar de ela ter feito o que fez, vocês estavam muito ligadas. Talvez...

— Não existe talvez, pai. Nessa história não cabe um talvez. As coisas são como são e diante da gravidade dos fatos não há espaço para incertezas.

— Você acha que ela pode mesmo ter feito aquilo? — ele parecia não querer acreditar, tanto quanto eu.

— Eu não sei, sinceramente. Mas cheguei num ponto em que eu não tenho mais sanidade para achar nada. A única coisa que posso fazer no momento é acompanhar as investigações e aguardar.

— Certo. Faz bem. Eu nunca perguntei como você estava se sentindo sobre toda essa situação, sobre ela. Mesmo que eu pense que o melhor seria contar tudo para a polícia, sobre a real identidade dessa moça, eu entendo você. Só quero que saiba que estou do seu lado, seja como for.

— Obrigada, pai. Obrigada. — agradeci com um abraço.

— Eu te amo, filha. Agora boa noite e feliz natal!

— Feliz natal.

 

Entrei no banho com os pensamentos fervilhando novamente. Era incrível como a minha vida tão tranquila e perfeita tinha virado de cabeça para baixo num período tão curto de tempo.

Eu sabia que deveria parar com aquela mania, mas conscientemente eu não poderia atribuir essa culpa a alguém que não fosse ela. Compreensível que eu quisesse me eximir, mesmo sabendo que metade daquela parcela eu deveria pagar por, não tão inocentemente assim, cair nas graças dela. Obviamente eu jamais admitiria.

A água morna me fez relaxar, mas o corpo parecia elétrico, envolto em desejos os quais eu não queria lembrar de já ter sentido um dia. Mas o pior de tudo era a sensação de não ter aproveitado o suficiente. Era saber com plena certeza de que eu deveria ter cedido antes e, mais inaceitável ainda, saber que se eu a visse outra vez gostaria de ceder novamente.

No meu estado não tinha mais volta. Físico e mental. Corpo e mente. E ainda que fosse irônico ou até irritante reconhecer, eu não me importava mais tanto assim. Raiva, sim, sentia, mas o anseio de tê-la outra vez superava tudo.

Lembrar do seu toque, do seu cheiro, do seu beijo, sua destreza em todos os aspectos, me fez tremer. Não mais tão relutante, corri as mãos pelo meu próprio corpo, sentindo falta das mãos dela. O seu nome veio em minha boca, me segurei. Aquela vontade louca que vem de repente de sentir alguém, não qualquer alguém, um específico alguém que te faz delirar só de imaginar, que te faz suplicar ao universo. Como eu queria que ela estivesse aqui, puxando meu cabelo, beijando o meu pescoço, apertando as suas mãos em mim.

As paredes do banheiro seguravam o meu corpo, já quase desfalecido. A fumaça do chuveiro me envolvia enquanto eu deslizava a mão sobre mim, movimento constante e ávido, sonhando com ela, desejando ela, imaginando a sua boca ali.

O seu nome veio em minha boca, sussurrei. Valentina...

 

Deitada na cama, com o corpo relaxado, mas a mente ainda em perturbação, eu pensava seriamente em me levantar e procurar aquele absinto. Ébria, talvez, os meus pensamentos não me consumissem tanto daquela forma.

Depois de rolar de um lado para o outro, percebendo que o dia já clareava lá fora, resolvi me levantar. Na cozinha, Branca de Neve parecia também ter tido problemas para dormir.

— Bonjour, ma petit! — a cumprimentei, vendo-a passar pela bancada central.

No armário busquei a cafeteira, decidindo não me deixar me tornar alguém que resolve os seus problemas à base do álcool. E quando me virei, o susto.

— Bonjour, Diana!

A cafeteira se despedaçou no chão. Valentina tinha Branca de Neve nos braços, sorridente e simpática, como se tudo estivesse bem.

— O que faz aqui? — esbravejei.

Ela me olhou confusa.

— Nós combinamos de dar um passeio hoje, não se lembra?

Cinismo.

— O que é que você faz aqui, Valentina? Como entrou?

— Eu pensei que o papai tivesse te avisado que eu viria. — e de repente havia preocupação em seu rosto — Ele pediu que nos aproximássemos, achei que você estava de acordo, eu pensei que agora que somos... Bem, me desculpe.

— O que? Do que é que você está falando?

A vi deixar a gata no chão, que logo se foi dali. Observei seus movimentos, calmos demais, calculados demais. Eu pensei que teria outra reação quando a visse novamente, raiva, desejo, mas estava tudo tão confuso e estranho que mal tive resposta.

Ela se aproximava de mim sorrateira, silenciosa, enquanto eu só queria fugir, mas as minhas pernas não me obedeciam.

— Valentina, o que você...?

— Diana, eu sou tão grata por tudo isso. — ela chegou até mim, me olhando nos olhos, segurando o meu rosto — Por você, por essa família, fiquei tão feliz por encontrar a minha verdadeira origem. Mas tão triste ao mesmo tempo, por saber que a nossa relação não poderá ser nada além de uma relação de irmãs.

— O QUE? — foi quase um grito.

— É realmente uma pena que não possamos ser mais que isso, eu sinto muito, sinto por ter que fingir que não quero ter você, o seu corpo, a sua boca na minha, sinto porque sei que você também quer isso.

— Para! Para com isso, você tá me assustando! — me desvencilhei.

— É assustador, não é? — ela continuou, com aquela voz sombria que eu jamais tinha ouvido — É assustador e horrível que sejamos irmãs e que você seja a primogênita, a herdeira e eu a bastarda. E é por isso que eu acho que as coisas devem voltar para o seu lugar.

Meus olhos saltaram das órbitas ao vê-la levantando o vestido e buscando a adaga atada em sua coxa.

— Valentina! O que você está fazendo? — me desesperei.

— Nessa família só há lugar para uma herdeira, Srta. Émeraud. E eu vim para assumir o seu lugar!

A vi levantar o braço e direcionar a adaga para me golpear, quando saltei com um grito, o coração palpitando, acordei sentada na cama, suada e horrorizada com o que havia acabado de sonhar.

 

***

 

Uma semana havia se passado e eu ainda não me sentia confortável ao lembrar daquele sonho. Na verdade, toda a minha vida tinha se tornado um grande desconforto, em todos os sentidos.

Resolvi não mencionar com mais ninguém sobre o presente milionário que eu havia recebido e para a minha confirmação, ninguém se pronunciou sobre, o que só me deu mais certezas de que a benfeitora era a também culpada de toda aquela situação. Eu poderia ir até o meu banco, mas de fato eu não pretendia usar 1 centavo sequer daquele dinheiro. Esperaria a melhor oportunidade para devolver. Se ela estava pensando que seria fácil assim...

Era véspera de ano novo, a praia estava lotada, a noite bonita, pessoas animadas. Já eu, nem tanto. Aparentemente eu precisaria pular mais do que sete ondas para mudar a minha sorte.

Havia champanhe, pessoas queridas ao redor, uvas e lentilhas. Mas nada parecia realmente em seu lugar, era como se eu estivesse vivendo uma mentira. A minha vida inteira havia sido uma mentira? De repente o mar me pareceu convidativo. Eu sabia que ele me abraçaria e jamais me deixaria voltar. Talvez fosse o melhor...

Era pouco mais de sete da noite quando meu celular tocou. Tínhamos o hábito de ir cedo à praia às vésperas do Réveillon para não alcançar o tumulto próximo da meia noite, quando já estaríamos em casa para celebrar num jantar em família o ano novo.

— Une bonne année, mon amour! — Justine me saudou pela chamada de vídeo — Feliz ano novo!

Ao fundo eu via claramente o belo Arco do Triunfo iluminado, na Champs-Elysées, em Paris.

— Aqui ainda são sete! — retruquei.

— Pois aqui já estamos em 2017, ma chérie!

— Me diga que este é um ano melhor, por favor? — implorei.

— Até o momento tem sido um lindo ano!

Justine virou a câmera do seu celular para mostrar uma belíssima mulher que aparentemente a estava acompanhando.

— Novo ano, velhos hábitos! — provoquei — Você pelo visto continua a mesma safada de sempre, não é?

— Amor livre, meu bem! É exatamente o que o mundo precisa. Mais amor, por favor!

Ouvir a sua gargalhada era sempre um conforto.

Enquanto ela fazia graça, mostrando os festejos do ano novo parisiense e me despertando saudades, a câmera de repente passou por um vulto o qual me fez sentir o coração gelar por um instante.

— Justine! Justine! — foi quase um berro.

— O que? O que foi?! — ela voltou a câmera para si, assustada.

— Ali atrás! Olha pra lá, filma!

Sem entender muito bem, segurou o celular na direção em que pedi, enquanto procurava sem entender o que é que eu tinha visto.

— Diana, você está pálida! Parece até que viu o fantasma sem cabeça da Maria Antonieta!

— Era ela, Justine! Eu a vi, passou bem ali atrás de você. Era a Valentina!

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Música do capítulo:
https://youtu.be/rsEne1ZiQrk

 

Olá pessoal!
Já faz um bom tempo não é? Espero que estejam bem.
Essa é uma nota em especial para todos os leitores que me acompanhavam desde o início das minhas postagens.
Eu sei que já faz muito tempo, tempo demais, que iniciei essa história e ainda estamos aqui. Durante esse período a minha vida mudou consideravelmente e muitas situações dificultaram o meu processo de escrita. A pandemia contribuiu e, sendo bem sincera, o meu psicológico foi bastante afetado. Graças, eu e minha família passamos bem por essa crise, na medida do possível. Todos ficamos bem de saúde, física pelo menos, e isso é o que importa.
Eu espero de todo o coração que vocês (todos que estão aqui me lendo) estejam bem também. Foram momentos difíceis, muitas tragédias, mas estamos superando e desejo que fiquemos todos bem daqui em diante. Sintam o meu abraço!
Então obrigada, muito obrigada de coração a todxs que me acompanham (AINDA), quem está chegando agora e a todxs que curtem o passatempo de brincar comigo nessas histórias.
Espero que gostem!


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Comentários para 18 - Sonhos e Miragens:
Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 25/10/2021

Tranquilo!

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 25/10/2021

Bem-vinda!

Estamos bem dentro do possível

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