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Amor incondicional por caribu

Ver comentários: 7

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Palavras: 3250
Acessos: 1784   |  Postado em: 24/10/2021

Quarenta e oito

 

- Pois então? Você me chamou, cá estou – Cícera fala, com uma rudeza na voz que não lhe era nada convencional – Qual é o assunto tão importante que te fez me chamar aqui? – questiona, no mesmo tom.

 

Ela mantinha no meio da testa uma ruga marcando o rosto, e os braços cruzados em cima do peito, de um jeito até um pouco desafiador, deixavam claro na sua postura defensiva que não se sentia à vontade por estar ali (estava ali, mas não queria estar). Notavelmente atendia a um chamado da outra mulher, que a encarava de uma maneira um pouco triste, com os olhos baixos, mas o fazia com um desconforto aparente, talvez até compartilhado pela anfitriã, ainda que em níveis mais ou menos intensos.

Cícera estava mesmo desconfortável; há anos não visitava a mulher, e há mais tempo ainda não entrava naquela casa, de cheiro tão característico, que fazia tanta coisa revirar dentro dela (boas e ruins, mas não colocava assim porque entendia que essa dualidade é muito mais complexa do que aparenta ser). Tentava se blindar de certas coisas, mas reconhecia que não havia armadura no mundo forte o suficiente para proteger alguém de todos os riscos. Além disso, sabia que amadurecer também é se desarmar, e até ser acertado de vez em quando. Agora mesmo se sentia metralhada pelo cheiro daquela casa e as lembranças que vinham junto.

Reparou a contragosto que pouca coisa tinha mudado na decoração, a disposição dos móveis era a mesma e reconheceu até os quadros da parede e um ou outro enfeite da estante. De relance, notou que o quintal estava sem a árvore, e pensou em perguntar que fim ela teve, porém afastou o pensamento, pois estava ali por outro motivo (ainda desconhecido) e não podia se deixar levar pelo saudosismo e demais sentimentalidades.

Que diferença faria saber que fim teve o pé de manga?

Se tinha uma coisa que Cícera tinha aprendido ao longo de sua vida era que as emoções, em excesso, atrapalham o senso crítico de qualquer pessoa. Do seu, certamente. Ainda mais quando se age no chamado “calor do momento”. Ela sempre fora racional e passava ao largo da impulsividade. Tinha se lapidado, a vida toda, quase, para ter um mínimo de controle de seus atos e de suas palavras, principalmente (reconhecia o poder destruidor que uma palavra tem). Primeiro de uma maneira inconsciente; depois, conforme avançava na idade, aquilo virou até parte de sua personalidade. Era também uma pessoa bastante observadora, e isso faz muita diferença dependendo do meio em que se vive. Fez para ela, ali, naquela comunidade carente.

Havia quem a chamasse de “bruxa”, mas no bom sentido; a associavam àqueles velhos anciãos conhecidos por sua sabedoria (mas começou a ser vista como “velha” antes de ser, de fato, mal tinha completado 50 anos na ocasião). E ela sempre servia chás, de variados sabores e finalidades, e o boato que corria era que havia magia neles. Talvez houvesse!, há muita alquimia na natureza – e na intenção de quem a manipula, ainda que servindo um simples chá.

Com o tempo, Cícera ficou conhecida por sua perspicácia e sabedoria. Ganhou uma casinha no pé do morro porque onde morava o acesso era difícil, e entre os que a procuravam havia cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção. Ela entendia do coração das pessoas, e se compadecia de seus problemas, sempre questões tão enormes, que paralisam a vida. Muitos recorriam a ela quando enfrentavam alguma questão difícil.

“Muitos”, exceto a mulher sentada no canto da cozinha, que agora parecia tão fraca naquela cadeira de madeira – que Cícera também reconhecia (havia uma história para o arranhão daquele encosto desgastado). Ela não havia a procurado quando “deveria” e isso, para Cícera, era um dos grandes mistérios de seu universo.

Justamente ela.

Embora se considerasse preparada para o diálogo, e tivesse ido até aquele endereço devidamente munida de seus conhecimentos adquiridos por décadas, Cícera sentia o coração agitado – e não dava para ser diferente. Era inevitável não ser chacoalhada pelas explosões de sentimentos que aquela conversa (que ainda nem tinha começado!) provocavam nela. Parecia às vezes tão evoluída, mas via agora traços de rancor e mágoa borbulhando em emoções que julgava até estarem mortas, superadas.

Não estavam. Ainda estava magoada. Logo ela, que sempre aconselhava quem quer que fosse a se livrar dos pesos de uma mágoa. Seria irônico se não fosse tão trágico.

Longe de ser bruxa ou qualquer ser espiritualmente avançado, Cícera se reconhecia agora como mera humana que era, mortal e cheia de falhas e defeitos. Magoada, orgulhosa, rancorosa, até. Esfregou os olhos conforme os rótulos surgiam em sua mente e suspirou, frustrada. Ao acordar naquela manhã, em sintonia com quem era, sentiu um alerta premonitório piscar assim que abriu os olhos, antes mesmo de despertar, mas não imaginou que envolvia tudo aquilo. Vinha seguindo com sua vidinha até então, se convencendo de seus assuntos supostamente superados e resolvidos. Encerrados.

Aí recebeu o chamado e de lá até aqui era tudo só uma superação de atos, de fatos. Não pôde negar; não era mulher de negar ajuda. Era até mais conhecida por isso do que pelos nomes que agora se rotulava (se chicoteava, até). E de maneira pesada algo lhe dizia que aquela era uma chance importante para, enfim, colocar um ponto final em tudo aquilo. Não era ingênua e nem esperava algum tipo de reconciliação (ainda que houvesse grandes chances de isso acontecer), mas seria vitorioso pelo menos esclarecer algumas coisas. Daria a chance de ela se manifestar, claro, mas também tinha muito para dizer.

Ficou pensando se aquela fosse a última oportunidade de isso acontecer e simplesmente não aproveitasse. Jamais se perdoaria!

 

- Estou morrendo – Catarina revela, finalmente quebrando o incômodo silêncio entre elas, quase ensurdecedor. Sua fala veio sincronizada com os pensamentos de Cícera, como que comprovando suas intuições. O tom de voz era firme, mas mesmo assim sua fala saiu fraca. Cruzou os dedos das mãos trêmulas em cima da mesa, como se precisasse fazer algum gesto, mas escolhendo logo um que parecia estar suplicando.

- Não diga besteira – Cícera ralha, sem encará-la. Não quis olhar para ela e deliberadamente virou o rosto para o lado. Sentiu a fala um pouco dramática, o tipo de abordagem que condizia com o perfil de Catarina.

 

A tarde ameaçava se despedir, mas o calor ainda era forte e abafado, típico de fim de verão. O sol batia contra as paredes que dividiam a cozinha do banheiro e reluzia na armação dourada do quadro que estava pendurado. Era notável que havia um mal-estar entre as duas mulheres, que não se olhavam (parecia até que se esforçavam para evitar um contato visual). Cícera tinha os olhos perdidos em algum ponto no lado exterior da casa e Catarina, sentada próxima, vagava com o olhar, mas sempre às voltas da mulher.

Os ouvidos de ambas eram invadidos pela algazarra vinda da rua, provocado por algum grupo de crianças que brincavam, gritando, alheias ao que acontecia ali dentro, somado ao ruído do ventilador, implacável, que gemia a cada virada, espalhando um vento quente pelo cômodo de janelas pequenas. Eventualmente os instantes de “silêncio” eram entrecortados pelo som do relógio e seu incansável ponteiro de segundos, que não parava, além dos barulhentos pensamentos das duas mulheres, aos berros por diferentes motivos.

 

- Estou falando sério. Queria que fosse só uma besteira, ou apenas drama – Catarina continua, como se acessasse os pensamentos de Cícera. Sentiu que algumas lágrimas se desgrudaram de seus olhos – Fui diagnosticada com um câncer no pâncreas – continuou, seca.

- Vai se tratar! – Cícera retruca, se sentindo um pouco boba com o comentário (falou totalmente por impulso). Sentiu a garganta fechar, após a frase, um pouco em pânico. Suspirou, talvez por isso, e finalmente a encarou. Seus olhos diziam muito, mas Catarina não retribuiu o olhar, e por isso não captou nenhuma mensagem que a mais velha lhe transmitia.

- Esta é uma doença terrível, muito melindrosa, Deus que me perdoe... Os médicos disseram que não há nada a fazer a não ser esperar – ela diz, lúcida, apesar do que estava compartilhando.

- Isso é tolice, Catarina. Existem milhares de tratamentos disponíveis: quimioterapia, radioterapia, medicamentos...

- Mas não no meu caso! – a mulher interrompe, encostando de leve sua mão na dela. Foi um gesto breve, que durou apenas alguns milésimos de segundos, e Catarina logo recolheu a mão, como se o toque provocasse algum tipo de choque. Ou repulsa – Já fui atrás de vários médicos, todos disseram a mesma coisa: descobri tarde demais, não me resta nada a não ser esperar. Já estou inclusive recebendo os cuidados paliativos.

- Mas...

- Quis falar com você enquanto ainda há tempo, por isso te chamei – Catarina continua, não dando a chance de a outra falar – Tenho recebido o acompanhamento de um psicólogo e um psiquiatra. Os dois recomendaram que conversássemos. Foram enfáticos ao afirmar que seria importante para mim, mas também para você.

- Isso é bobagem – Cícera resmunga, com lágrimas deslizando pelo rosto, como se dotadas de vontade própria – Certamente algo pode ser feito, você não deveria se dar por vencida tão facilmente.

- Dona Cícera... – Catarina deu um sorriso triste. Fez uma longa pausa antes de continuar – Infelizmente, nem tudo se cura com chá e amor. Sabe disso.

- Sim, eu sei... Acho que só não quero acreditar, desculpe.

- Tudo bem, eu entendo! Não há do que se desculpar. É o tipo de coisa que é difícil de se acreditar mesmo, a gente sempre acha que isso só acontece com os outros... É um tapa na cara! – Catarina diz, pensativa. Bateu os dedos na mesa, acompanhando o som do relógio por alguns segundos – Também relutei contra isso no começo, fiquei brava, depois fiquei triste – ela continua – Depois fiquei brava e triste. Mas... o que se pode fazer? Não há quem culpar. Somos instantes nessa breve vida. Duramos mais como lembranças do que como gente.

- A Bia já sabe? – Cícera pergunta, as palavras da mulher ainda ecoando em seus ouvidos. Tinha se esquecido do quanto ela sabia ser profunda e reflexiva. Só então percebeu que sentia falta daquilo; dela, e das conversas que tinham, por horas.

- Ainda não – Catarina responde, e sente o peso do olhar de Cícera recair sobre si. Deu de ombros antes de continuar – Não tive coragem para contar ainda. Não encontrei um bom momento para isso, melhor dizendo. Não é algo que se fala assim, sem um preparo. Tenho que tomar todos os cuidados, não quero tornar a situação ainda mais difícil.

- Pois então trate de preparar logo e contar logo. Ela merece saber. Ela precisa saber! – Cícera afirma, levantando-se e encostando-se no umbral da porta, virada para a rua. Se sentia incomodada, agitada, e se esforçava para voltar ao eixo. Precisava voltar! – Se já está com os cuidados paliativos, se até me chamou aqui... converse com a sua filha!

- Nós duas estamos brigadas. Nos desentendemos no final da semana passada, a Bia é muito turrona às vezes, muito teimosa – Catarina comenta, como se pensasse em voz alta.

- É terrível quando os filhos não ouvem, não é mesmo? – Cícera lança, a olhando brevemente por cima do ombro.

- Não gosto desse namorado dela... – Catarina continua, como se não a ouvisse – Sujeito esquisito, mal encarado...

- Você não gostar dele não significa que só por isso ela vai terminar o namoro. Nem sempre os filhos escutam o que as mães falam.

- Isso é alguma indireta? Não estou entendendo o seu tom – Catarina se levanta, com um pouco de dificuldade, e pega uma garrafa com chá gelado na geladeira. Tirou do escorredor dois copos de vidro e serviu. Deu uma encarada rápida em Cícera antes de beber o primeiro gole – E eu nem te chamei aqui para brigarmos. Ou para você me julgar (mais uma vez!). O foco tampouco é a Bia; não é sobre a minha filha que quero conversar com você.

- Nunca é... – Cícera parecia magoada, quando se virou para ela. Voltou a se sentar, parecendo incomodada, e bebeu um pouco do chá servido. Depois esfregou as mãos, como se o suor do copo fosse o causador de suas mãos úmidas – Me dê uma chance de falar da Bia – ela pede, a voz saindo num fio – O rapaz é algum bandido? É algum bêbado? É casado? – bebeu o restante do chá, e serviu de mais – Não é o tal do Fábio? O mecânico? Qual o problema dele, além da sua implicância?

- Não sei. Nenhum que eu saiba, pelo menos. Mas ele é esquisito, não vou com a cara dele – Catarina levanta os ombros, como se suas palavras não tivessem relevância – É cabeludo, esquisitão, todo cheio de tatuagem, está sempre pulando de emprego em emprego – ela suspira e vira os olhos – Parece um vagabundo – complementou, falando baixinho. Não havia risco de a filha chegar àquela hora, mas não se sentia confortável, ainda assim, em dizer em voz alta o que pensava a respeito do genro.

- Ele é quem vai unir suas filhas, Catarina – Cícera diz, ciente de que aquele era um assunto espinhoso (sentiu a tensão aumentar só com a menção). Era algo igualmente relevante de se mencionar naquele momento, ainda assim – E, além disso, Bianca o ama. E é recíproco – completa, porque sentiu que era necessário. O casal era assunto na vila inteira, ela mesma tinha ficado satisfeita só com o que ouvia a respeito dos dois – O fato de o seu casamento não ter dado certo não significa que mais nenhum pode dar – cutuca, falando de novo por impulso, imediatamente se arrependendo pela acidez na provocação.

- Não disse isso...

- Mas pensou! – Cícera interrompe, mantendo o tom. Balançou a cabeça em negativa porque se sentiu contraditória, e suspirou de maneira pesada. Quando enfim continuou, falou mais baixo, até mais amorosa – Apoie sua filha, mesmo que suas decisões te contradigam. Deixe claro o quanto a ama, ressalte isso – ela complementa, em tom ainda mais ameno. Se rendia fácil à energia do amor, e quis dar amor para Catarina, que claramente sofria. Falava com conhecimento de causa e não queria que ela perdesse sua última grande chance de trabalhar o amor entre mãe e filha.

- E? – Catarina pergunta. Sabia que havia um complemento.

- E se não for fazer nada com relação à outra Bia em vida, se livre dessa culpa, Catarina! Não a carregue em sua morte.

 

As duas mantêm o olhar, encarando-se mutuamente, finalmente. A cozinha agora estava mergulhada na penumbra do começo de noite, o agito na rua já havia sido substituído pelo som de grilos, e seus olhos brilhavam ao se encarar. Havia uma lacuna de vários anos desde o último encontro, preenchido por muitas palavras não ditas, que agora voltavam através de silêncios, cobertos de todos os devidos pesos.

Catarina, como sempre, sentia o julgamento no olhar de Cícera (que se esforçava para não transmitir nos olhos o que pensava sobre tudo aquilo, mas era muito transparente, até sem querer), e a garganta doía com o choro que ela não se permitia soltar. A opinião de Cícera sobre aquele assunto era clara como o dia, não precisavam nem verbalizar a respeito, e honestamente ela nem queria. Não tinha sido seu intuito, pelo menos, ao propor aquela conversa.   

O que Cícera queria? Que ela se desculpasse?, àquela altura da vida? Voltou a beber o chá, que já nem estava tão gelado, mas ajudou a empurrar o choro para longe.

 

- Como me livrar da culpa, se você ainda me culpa? – Catarina indaga, levantando-se e parando ao lado da outra mulher. Se apoiou no encosto da cadeira e apertou a madeira quando Cícera também se levantou. Ficaram com os olhos na mesma altura.

- Não te culpo mais, Catarina. Não tenho esse direito. A vida é sua e você não apenas tomou as suas próprias decisões, sozinha, como também arcou sozinha com todas as consequências por cada um dos seus atos. Eu imagino que não tenha sido fácil.

- Não foi. Não é – Catarina garante, cerrando os olhos. Os nós de seus dedos estavam brancos de tanto que apertava a cadeira – Foram muitas perdas, dona Cícera.

- Eu sei – Cícera responde, sustentando os olhos na mulher à sua frente. Estavam bastante próximas, apenas alguns centímetros as afastavam – Se você espera que eu me desculpe, por favor, me desculpe.

- Não espero, mas agradeço. E desculpo. Me desculpo também – ela complementa, baixinho – Tem visto a Bia?

- Todos os dias. Eu ainda trabalho na casa dela – Cícera revela, vendo um brilho brotar nos olhos de Catarina – Ela não sabe quem eu sou. Não saberia lidar com isso.

- E como você consegue? Como é capaz de vê-la, de conviver com ela, e não contar quem é? Como consegue essa frieza toda?

- Está me julgando? – Cícera questiona e se afasta um passo para trás, instintivamente – Consigo da mesma maneira que um dia você foi fria o suficiente para abrir mão dela, e deixá-la ser criada por aquele insolente, que diz a ela que a mãe morreu. Um grosseirão que tirou toda a inocência daquela menina.

- Eu não tinha escolha.

- Claro que tinha, Catarina! Pelo amor de Deus, você a carregou no ventre durante nove meses. Deu à luz àquela menina! E a entregou, sem pestanejar, sem hesitar!

- Ele me ameaçou! E meu marido teria me matado, na época a gente ainda não tinha relações...

- E ele não fez isso, de qualquer maneira? Veja no que se transformou sua vida! O bêbado do seu marido só te trouxe desgosto! Ainda sumiu no mundo, ninguém nem sabe onde foi parar.

- Ele me deu outra Bia! – Catarina responde, ouvindo da outra um suspiro ruidoso.  

- Não acho que tenha me chamado aqui para discutirmos esse assunto. Indigesto.

- Quero que una as duas – Catarina pede, se apoiando na mesa. Se sentia fraca, aquele era um assunto desgastante. Havia súplica e quase um desespero em seu olhar quando voltou a encarar Cícera – Peço que faça com que as duas se conheçam. E não as deixe desamparadas, por favor!

- Elas não vão ficar desamparadas. Existem boas pessoas nos caminhos das duas, fique tranquila. Estarei sempre por perto também, para garantir que ficarão bem.

- Elas vão ser amigas?

- Eu não posso...

- Por favor, me diga! – Catarina interrompe, segurando seu braço com força – Preciso saber se serão amigas!

- Sim. Elas serão boas amigas – Cícera responde – E formarão uma família alegre e unida.  

-  Os maridos delas vão se dar bem também?

- Você precisa contar o seu segredo para o Fábio – Cícera rebate, sem responder o que lhe fora perguntado – Converse com ele, e com a Bia.

- Irei. Obrigada! – Catarina agradece, abraçando-a, enfim. Notou que há anos desejava aquele abraço, aquele conforto.

- Não me agradeça, filha. Faço isso por amor, incondicional.

- Eu sinto muito – Catarina diz, ainda a abraçando – Sinto ter permitido que nos afastássemos tanto, mamãe!

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

 

 

Sabedoria de Cícera, a bruxa-avó:

“...amadurecer também é se desarmar, e até ser acertado de vez em quando”!

<3

 


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Comentários para 48 - Quarenta e oito:
Karu Dias
Karu Dias

Em: 22/02/2022

Uai,mas ... Cara!


Resposta do autor:

 

Rsrsrsrs 

Essa é uma boa interjeição?rs

 

 

 

Responder

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Hanna_caroll
Hanna_caroll

Em: 26/10/2021

Sério?? Sério mesmo que Cícera é avó das Bia's? Pensei muito remotamente nesta hipótese lá no início, mas daí pensei: "não, não pode ser, pq tipo, como ela não se revelou e contou a verdade para Beatriz? Uma vez que esteve sempre com ela ???”".

Chocada, surpresa e feliz por assim ter sido, afinal, elas nunca estiveram desamparadas. Mas, ao mesmo tempo triste, por tudo que deixaram de viver juntas na condiçao de avó/netas.

Gente, como elas irão reagir a notícia?? Será um baque gigantesco para ambas. Já prevejo mais algumas lágrimas rolando nos próximos capítulos.

Olha, que narrativa genial! Parabéns (outra vez)!! O fim é sempre satisfatório, no entanto, traz uma certa melancolia, um sentimento real de despedida, né? Chega a ser engraçado esse apego com as personagens.

Um bem haja e uma ótima semana!


Resposta do autor:

 

Então, menina!, Cícera escondia o grande mistério dessa história!

Que bom que vc pensou isso remotamente lá no começo rs

Ela nunca contou nada pq achou desnecessário (é a minha opinião rs), e pq tinha a meta de juntar as Bias antes de revelar. Acho que foi democrática rs

Mas isso será explicado no próximo capítulo, que é justamente a reação à revelação.

Elas nunca ficaram msm desamparadas, nem mesmo Bianca (Cícera se mantinha informada dela, e é vizinha da irmã da melhor amiga dela). Mas é uma pena msm tudo oq perderam, inclusive a própria relação de irmãs.

Mas... que bom que ainda são novas, têm quase a vida inteira pela frente. Tenho certeza de que aproveitarão bem as companhias umas das outras.

E escrevo isso com meu coração apertado, pq sim, a gente se apega e sofre quando acaba. Vc daí, e eu daqui.

Mas estou muito contente mesmo assim, fico realmente feliz em compartilhar essa história com pessoas como vc, que apreciam uma boa história!

Permaneço aqui na torcida pra que outro enredo surja logo, e a gente não fique muito tempo órfã!rs

 

Mais ainda faltam dois capítulos (risos).

 

Beijos! Ótima semana pra vc tb! Divirta-se!

 

 

Responder

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olivia
olivia

Em: 24/10/2021

Mulher você é demais,me pegou  no susto vulgo, calças na mão! Vissi que agora a coisa vai ficar melhor do que, nunca. Sempre uma carta na manga para surpreende meu coração que já está tão fraquinho de tanta emoção! Estou lendo as outras postagens paralelas mas, Amor Incondicional é meu querido , não troco por nem um já lido em qualquer site. As autoras me perdoem esse romance veio para fazer parte da minha essência!! Obrigada ????!! Esperava tudo menos que, a Cícera fosse avó das meninas, realmente é muita emoção!! Bjo grande nesse coração ??’“??!!!!


Resposta do autor:

 

Ah, que querida! Grata pelo seu comentário! 

Feedbacks assim são maravilhosos de se receber! <3 

Que bom que trouxemos emoções!rs Fico contente por saber que gosta da história! 

Eu amo Amor Incondicional, a história, as personagens <3 

É uma satisfação enorme compartilhar com pessoas como vc! Grata!  

Estou contente que não tenha desconfiado de nada! Sinal de que foi bem escrito <3 

Beijos! 

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

NovaAqui
NovaAqui

Em: 24/10/2021

Meu Deus!  Cícera é avó das Bias! Uau! Essa informação foi guardada a sete chaves e foi fantástica! Cícera não merecia título melhor! Nossa! Que maravilha!

Não tenho palavras para expressar minha surpresa e minha admiração pelo presente para essa bruxinha que ajudou todos.

Quero ver como será a reação das Bias! Elas vão pular no colo da vovózinha kkkk

Parabéns, Caribu! Fantástico essa revelação!

Agora a ansiedade vai reinar aqui KKK

Bom final de domingo e boa semana para você

Abraços


Resposta do autor:

 

Viu só!! 

Um segredo importante, revelado num momento importante <3

Feliz que tenha gostado! 

Agora oq falta é só a amarração final! Virá logo! 

Ótima semana pra vcs aí! 

Beijos! 

 

P.S.: na primeira página da história a narradora diz que o envolvimento de Cícera com Beatriz é tipo de avó rs

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 24/10/2021

Vixe vovó eita.


Resposta do autor:

 

Rsrsrsrs 

Que tal!!! 

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

cris05
cris05

Em: 24/10/2021

Eita que a nossa Cici, a bruxinha boa, é a vovó mesmo! Sorte das Bias!

Caraca, chorei com essa conversa! Cícera é muito sábia mesmo, queria guardar ela num potinho!

Vamos ver como as Bias reagirão.

Caribu, a tarde de domingo ficou mais gostosinha com a atualização da história. Obrigada!

Beijos!


Resposta do autor:

 

Pois é, e vc cantou essa bola lá atrás! <3

Gosto que nesse capítulo Cici se mostra mais humana! É bruxa, mas humana!

Sorte das Bias msm! E até de Catarina, filha de Cícera.

Achei o diálogo mto tocante tb! Chorei quando me dei conta de que o amor incondicional é o dela, não o das Bias (ou, pelo menos, não só o das Bias, como sempre acreditei). Me emocionei! <3 

Meu domingo tb ficou melhor depois de que terminei de editar! 

Agora faltam dois, oremos!

Grata pela companhia, pela leitura e pelo carinho!

Beijos!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Helenna
Helenna

Em: 24/10/2021

Nossssaaassss?

Estou de queixo caído com a revelação .....

Agora esperar a reação das Bias.

 

 

Abraços


Resposta do autor:

 

rsrsrs

Que bom que ficou de queixo caído! Quis causar esse sentimento msm <3

A reação vem em breve!

Beijos!

 

Responder

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