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Amor incondicional por caribu

Ver comentários: 8

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Palavras: 3529
Acessos: 1951   |  Postado em: 07/10/2021

Quarenta e sete

 

Beatriz saiu do quarto se sentindo infinitamente mais leve do que quando entrou, minutos antes. Estava relaxada por ter se lavado, por ter chorado, goz*do, e especialmente porque não se sentia tão solitária – Fernanda estava com os dedos entrelaçados nos seus, demonstrando o quanto isso era verdade.

Ela se permitia se ancorar na noiva de um jeito até um pouco inédito, considerando que tinha se acostumado a cuidar de tudo sempre sozinha, a vida toda. Não que isso fosse necessariamente algo ruim, mas reconhecia que dividir os pesos da vida tornava a caminhada mais leve. E a resolução mais fácil.

Fernanda era uma boa pessoa, com bom coração, e era ótimo tê-la como sua parceira. Se Bianca não tivesse vindo até ela, possivelmente em algum momento iria atrás de Bianca, porque Fernanda daria um jeito de isso acontecer, Beatriz sabia.

Era reconfortante para ela saber que de alguma forma a noiva seria a responsável por intermediar a conversa entre as duas, entre Bianca e Beatriz, agindo de maneira neutra, como sabia ser. Longe de estar em algum tipo de vantagem, Beatriz pensou que na verdade Bianca era quem teria algum privilégio naquele embate; tinha certeza de que Cícera ficaria “do lado dela”, caso o diálogo fosse algum tipo de disputa. Tinha a impressão de que a mulher farejava o lado mais fraco da corda, sempre antes de direcionar sua torcida.

Suspirou com o pensamento. Que bobagem!

Refletiu brevemente que Fernanda tinha razão; Bianca muito provavelmente estava sofrendo também; e era possível, da mesma maneira, que o fato de estar se divertindo com o seu sofrimento pudesse ser só uma suposição sua. Duvidava, mas...

Era preciso se desarmar, e Beatriz tinha cerca de um minuto para concluir essa missão com êxito. 

Ainda assim (e talvez por isso), caminhou sem pressa. Quando passou em frente ao ateliê, passou a mão pela porta, como sempre fechada. Há dias não entrava no cômodo; há muito mais tempo não criava nada, e culpava a bagunça ali dentro pelo seu desestímulo, que expulsava a criatividade e qualquer inspiração que eventualmente surgia (ela mesma tinha bagunçado, ela é quem teria que arrumar, só que isso ainda não tinha acontecido).

Mas mesmo bloqueada, ao menos em um dos quesitos do campo da criatividade, vinha decidida a produzir mais quadros para sua casa (assim, de caso pensado mesmo, como se fosse uma encomenda). Vinha pensando em quem sabe até mudar a decoração do apartamento, pendurar uma tela em cada cômodo. Tinha muitas ideias ainda não produzidas, que não existiam na forma física, mas em seus pensamentos Beatriz já tinha criado uma coleção inteira.

Ia começar tirando as fotos da sala. Talvez aquela parede virasse uma tela. Quem sabe pintaria até o teto!

Depois de atravessar o corredor do andar de cima lentamente, deu uma parada breve no alto da escada, sentindo embaixo da palma da mão a frieza do corrimão de metal. Desejava, de verdade, com todo o seu coração, que essa confusão em sua vida se resolvesse logo, mas nem por isso tinha urgência em dar início ao que poderia significar uma solução. No caso, a conversa com Bianca, que a aguardava logo ali. Era como tirar um band-aid, rápido, mas sentiu que deu uma travada.

Fernanda apertou sua mão, a encorajando a descer. Sorriu para ela quando se olharam, daquele jeito que os olhos se contraíam todos, ficando bem pequenininhos. Ao contrário de Beatriz, Fernanda tinha urgência; estava com pressa para resolver problemas que já considerava como delas.

 

- Gosto de ter você – Beatriz dá um beijo em sua mão, em cima do anel de noivado – Gosto saber que meu futuro será ao seu lado!

- Também gosto, meu amor! – Fernanda responde, a prensando contra a parede e a beijando com paixão. Beatriz cedeu ao beijo, seu corpo ficou todo meio mole dentro do abraço. No final abriu os olhos para olhar a noiva, que a encarava de volta – Fico feliz por poder, desde já, fazer parte da sua vida. Por estar com você. Gosto da mulher que você está se transformando, Bia.

- E eu que jurava que já estava pronta, madura – Beatriz debocha, ainda com as costas na parede. Alisou o braço de Fernanda, sorrindo – Erro bobo, de principiante.

- Você se cobra demais, Beatriz. Precisa pegar mais leve com você. É sempre tão gentil com os outros, tão paciente, mas com você é sempre tão rude, sempre tão rígida – Fernanda a vê virar os olhos, e empurra o seu quadril contra o dela, a prensando mais – A gente só para de crescer quando morre (e tem quem ache que nem assim!). Que bom que estava enganada, que tem ainda tanto chão para crescer, e evoluir.

- Você vem comigo? – Beatriz vira o corpo em direção à escada, mas se referia a tantas coisas! Viu a noiva sorrir para ela.

- Vou com você onde quer que você vá, sua linda. Eu sempre vou estar com você, Bia – Fernanda dá um selinho nela, antes de pisarem no primeiro degrau – Te amo! – ela aperta sua mão, e descem as escadas juntas.

 

Beatriz estava com os pés descalços e sua roupa casual contrastava com a roupa branca de Fernanda, que estava igualmente descalça. Seu cabelo ainda estava molhado e isso fazia com que a parte de trás da camiseta adquirisse um tom escuro, um azul mais intenso. A cada passo sentia a sola de seus pés deslizarem pelo chão – porque estava suando e porque o piso tinha sido encerado.

A garoa começava a molhar os vidros das janelas quando Beatriz e Fernanda entraram na sala. Bianca mal as encarou e pareceu desconfortável quando as viu.

No ar pairava um cheiro doce de erva-cidreira, e Cícera tinha assado alguma coisa que cheirava igualmente bem. Talvez uma torta. Beatriz desejou para que fosse aquela, de legumes, que a mulher sempre fazia em ocasiões especiais. Mudou o pensamento porque Cícera não teria como saber que aquele seria um dia de alguma ocasião do tipo (teria?, nem ela própria sabia!). Não disse nada ao se sentar do outro lado em que as duas estavam, na poltrona perto da janela, e notou que em cima da mesa no centro estavam duas xícaras e um pratinho com um garfo. Reparou nas poucas migalhas, no tom da casquinha e não teve dúvida: era, sim, a torta. Quando seu olhar se cruzou com o de Cícera, ela estava sorrindo.

 

- Quer torta, filha? – Cícera pergunta, já se levantando – Vou trazer para você também, Nanda – ela deu um tapinha no ombro de Fernanda, que ainda não tinha sentado.

- Eba, eu te ajudo a trazer – Fernanda diz, dando antes uma piscadinha para Beatriz – Vou querer o chá também, Cícera! Está muito cheiroso!

- Essa é lá do jardim de sua mãe – a mulher diz, a voz ficando abafada quando as duas entram na cozinha, ainda conversando.

 

                Beatriz deu uma olhada breve para Bianca, que olhava em sua direção, mas para a janela. A garoa parecia uns pontinhos que iam piscando conforme batiam no vidro. Já o clima ali dentro parecia tão denso que daria para espetar com o garfo. Por sorte as faladeiras Fernanda e Cícera voltaram logo, carregando xícaras e pratos; comes e bebes. Beatriz suspirou. Aquela seria uma longa noite.

 

- Acho que seu telefone está tocando! – Fernanda avisa, apontando para a bolsa de Bianca, depois que ajeitou o que tinha trazido da cozinha em cima da mesinha. Viu a moça se corar um pouco, puxando a bolsa para o colo, de maneira rápida.

 

O celular vivia mudo, mas hoje parecia que tinha resolvido trabalhar em dobro. A campainha estridente pareceu prestes a matá-la de vergonha quando sentiu todos os olhos da sala em cima dela. Se pudesse, Bianca desprenderia a atenção para longe dali. Ela própria iria para bem longe, se pudesse, quis sumir!

Sentiu vontade de sair correndo daquele apartamento (mais do que antes, que já tinha querido isso), mas seus pés pareciam ter sido cimentados em cima daquele tapete vermelho escuro. As pernas davam a impressão de pesarem toneladas e suas mãos, por algum motivo débil, pareciam impedidas de atender logo a porcaria do telefone, que tocava e tocava.

Sentir o rosto corar fez aumentar ainda mais a inibição que parecia sufocá-la, em especial depois que Beatriz e Fernanda entraram na sala, de mãos dadas. Era óbvio que Beatriz tinha chorado e era evidente que Fernanda a consolou.

Por isso demoraram tanto a descer, estava explicado.

Teria revirado todo o conteúdo da bolsa em cima do sofá, se não carregasse tanto bagulho, só para atender logo à ligação (ou desligar de uma vez o aparelho – que provavelmente seria o que ela ia fazer). Enquanto o celular gritava cada vez mais alto (ela tinha colocado aqueles toques que aumentam gradativamente o volume), Bianca desejou de novo que Fábio também estivesse ali para consolá-la (apesar de ela não ser mole como Beatriz; não ia chorar por aquilo! Não a esta altura da história). O quis ali, nem que o conforto viesse apenas através de sua presença ao seu lado. Quase sorriu ao lembrar que o marido era seu refúgio e, muitas vezes, sua salvação. Vacilava às vezes, mas quem é perfeito nesse mundo?

 

- Terê? – Bianca pergunta, em tom de “alô”. Só atendeu porque era a amiga quem estava ligando. Foi um conforto ver sua foto piscando na bina – Oi, amiga. Segui o seu conselho de mais cedo.

- Oi, Bia! Sei, isso que eu ia perguntar – Teresa responde, falando exageradamente alto.

- É, agora estou aqui na casa dela. Você está com o Fábio? – Bianca pergunta, porque pareceu ouvir o marido.

- Aham.

- Que bom. Fala que está tudo bem. Vou te mandar o endereço.

- Ah, tá bom, amiga. Tá, vou ficar esperando. Beijos.

- Tá – Bianca resmunga, e desliga a chamada.

 

Encaminhou para a amiga sua localização instantânea, e escreveu rápido uma mensagem. Dizia: “A mulher que me alertou sobre o acidente com o bebê está aqui. Ela trabalha para a Beatriz”. Quando ergueu os olhos, viu que Cícera a encarava. O olhar ainda era gentil, mas não estava mais sorrindo.

 

- Vou autorizar a entrada da sua amiga. E do seu marido – Cícera diz, indo até a cozinha.

 

                Bianca pensou em dizer algo, como o nome de Teresa, mas a mulher já tinha sumido de vista. Ouviu sua voz vinda lá de dentro, embora não conseguisse reconhecer o que dizia, provavelmente pelo interfone.

Beatriz e Fernanda estavam sentadas juntas, próximas dela. As expressões em seus rostos eram contrastantes e talvez estivessem de acordo com a feição de Bianca. O rubor estava custando a abandoná-la e saber disso a deixava ainda mais acanhada. Consolava o fato de Beatriz parecer igualmente constrangida.

Cícera voltou para a sala em silêncio, estava sorrindo mais uma vez. Serviu um pouco de chá, e entregou a primeira para Fernanda, que deu uma bicadinha enquanto Cícera oferecia as outras xícaras para Bianca e Beatriz, simultaneamente.

 Camuflada em sua peculiar descrição, Cícera se sentou após se servir, e movia apenas os olhos entre Bianca e Beatriz, sentadas em paredes opostas. A distância entre elas – cerca de dois metros – era consideravelmente segura. Sabia que nenhuma das duas tinha intenção de agredir à outra, mas era perceptível que havia cautela entre as Bias, de maneira recíproca.

Fernanda estava quieta, pensando em como poderia dar início àquilo, e ao olhar para Cícera pareceu que ela seria a responsável por apaziguar e colocar panos quentes, caso houvesse algum embate entre as mulheres que evitavam se olhar. Sentiu nessa hora que não estava sozinha na tarefa de intermediar o diálogo e o sorriso em seus olhos se acentuou quando a pequena mulher a encarou. Havia cumplicidade em seu olhar, e a segurança que irradiava dela fez com que Fernanda acreditasse que Cícera já esperava por aquele encontro. Há tempos.

Quem sabe ela fosse mesmo bruxa. Quem sabe, por isso, ia conseguir puxar o primeiro assunto da conversa entre as novas irmãs. Estava um silêncio chato, já, só o som da chuva e das xícaras sendo apoiadas nos pires. Quando olhou de novo para Cícera, porém, Fernanda viu que ela encarava a mesinha de centro. Parecia aguardar algo.

 

- Eu estou grávida – Bianca revela, quebrando o silêncio de repente.

- Eu vou me casar – Beatriz comenta, ao mesmo tempo.

- Que belo começo – Cícera sorri.

 

Ela dá uma olhadinha para Fernanda, que também percebeu que ambas disseram coisas importantes de suas vidas. Fernanda sorriu, mas porque estava surpresa. Jurava que a mulher previu aquilo!

Pensou na Teoria da Relatividade de Einstein, que diz que o tempo é uma ilusão. Cícera de alguma forma parecia surfar nessa dimensão tempo-espaço.

 

- Mamãe ficaria feliz em saber – Bianca fala, sem especificar se estava se referindo à gravidez ou ao casamento. Se recostou no sofá, depois de bebericar um pouco do chá. Se não fosse uma erva comum ela poderia jurar que aquela bebida tinha algum efeito calmante. Ao menos se sentia assim: calminha, calminha.

- Ela teria gostado de mim? – Beatriz indaga, olhando para ela. Sua pergunta adquiriu sem querer um tom infantil demais, que só percebeu depois de falar.  

- Tenho certeza que sim. Dona Catarina era o tipo de pessoa que gostava de todo mundo. Ela teria muito orgulho de você – Bianca complementa, num tom mais baixo. Só disse aquilo porque sabia que era verdade.

- Meu pai era o oposto disso. Digo, a parte do gostar de todos – ela se ajeita na poltrona, parecendo um pouco desconfortável – O orgulho de mim ele ostentava como um troféu, onde quer que a gente fosse. Era embaraçoso, às vezes.

- Não entendo como foi possível acontecer uma aproximação entre os dois – Bianca resmunga, sustentando o olhar de Beatriz – Pessoas tão diferentes, de mundos tão diferentes. Minha mãe era linda quando era nova. Digo, a nossa mãe. Só pode ter sido isso. Caiu na lábia do seu pai, foi seduzida, sei lá.

- Também não entendo. Meu pai sempre foi do jeito que foi, mas nunca foi mulherengo. Não que eu saiba, nunca vi nada – Beatriz pigarreia, e baixa os olhos por um instante – Mas por motivos óbvios, sou grata por ter acontecido esse encontro improvável. Ainda que sob essas circunstâncias – complementa, voltando a encarar Bianca do outro lado da sala.

 

Aquela era a primeira vez que se olhavam de fato. Quase conseguiram ver, então, algumas semelhanças entre elas (o formato dos olhos, o nariz).

Ambas ficaram tão entretidas nessa observação que nem perceberam quando Fernanda acompanhou Cícera até a cozinha, após um sinal discreto da mulher.

 

- Achei que ia morrer junto quando ela se foi – Bianca desabafa, sem conseguir evitar que o choro transformasse um pouco a sua voz – Todos os dias eu me levantava e pedia força para conseguir terminar o dia. Era como se uma parte de mim tivesse ido embora junto. Foi horrível. Ficava lendo e relendo uma carta que ela deixou.

- Imagino que deva ter sido difícil. O que dizia a carta?

- Sim, foi muito difícil. Minha mãe era, até então, tudo o que eu tinha de mais importante, eu ainda não era casada quando ela faleceu. Ela era a minha família, minha base e a minha sustentação. Hoje eu sei que sou capaz de enfrentar qualquer situação porque sobrevivi à sua morte, sobrevivo a qualquer outra coisa; até à morte de um filho meu. Que consegue ser ainda mais doloroso – Bianca começou a chorar.

- Eu sinto muito – Beatriz fala, pausadamente. Sentiu vontade de sentar mais próxima, mas se conteve.

- Sim, eu também sinto – Bianca sorri, enquanto duas lágrimas deslizam pelo rosto.

- Fico feliz que esteja grávida novamente. Torço para que sua gestação seja tranquila, e o parto aconteça sem complicações.

- Sua funcionária disse que não há perigo. Com o bebê ou com o Joaquim.

- Se a Cícera disse, pode acreditar – Beatriz garante, sorrindo ao lembrar do menino. Achou singelo ela estar preocupada com o enteado também.

- Não sei mais em que acreditar...

- Eu também não sei lidar com todas essas informações que me atropelaram há tão poucos dias. Mas acredito que a gente pode se auxiliar nesse sentido.

- Mas você quer a minha ajuda? – Bianca indaga, deixando sua voz transparecer a incredulidade que sentia. Tirou a franja da frente do olho apenas para enxergá-la melhor.

- Também sou humana, Bianca. O fato de ser lésbica não significa que eu não tenha sentimentos.

- Não quis dizer isso – Bianca se defende, apoiando a xícara na mesinha. Se levantou e sentou onde Cícera estava instantes antes, mais perto de Beatriz. Sentiu que precisava – Desculpe, me expressei mal. Me referia ao fato de você ser estudada, de sempre ajudar os outros. Não imaginei que precisasse de ajuda, ainda mais a minha, só isso.

- Estudo não me diferencia de você. Posso até ser boa em ouvir e aconselhar os outros, mas você tem habilidades em áreas que desconheço e que jamais vou dominar – Beatriz retruca, se virando em sua direção, cruzando os braços. Pareceu ficar na defensiva com o comentário, quase ofendida – Além disso, está passando pela mesma situação que eu, e parece bem menos abalada com isso tudo.

- Não vou ficar o resto da vida me lamentando pelas decisões erradas da minha mãe! Já chorei por isso, mas é vida que segue! E sinceramente não sei apontar uma área que eu me destaque – Bianca comenta, timidamente. Pensava em habilidades manuais, trabalhistas, e mudou o rumo dos pensamentos quando Beatriz voltou a falar.

- A saliência na sua barriga é uma delas. A mais primordial, quem sabe – Beatriz responde, a voz num tom bem baixo – Não vou nunca saber o que é ser mãe. Os procedimentos para engravidar são muito burocráticos, e mesmo que eu queira (não quero, nunca pretendi!), jamais teria um bebê só meu e da Fernanda; só com os nossos genes.  

 

Bianca observa Beatriz com os olhos ligeiramente contraídos. Nunca tinha pensado nisso, que ela nunca engravidaria da pessoa que ama (nenhum homossexual, em geral).

Aí viu uma tristeza nítida em seus olhos, que foi suficiente para convencê-la de que Beatriz não era homossexual por opção. Lembrou de ter lido numa revista que o termo certo era “orientação”, mas na ocasião achou que aquilo era só mais uma regra que alguma minoria estava ditando. Chamou de “mimimi”.

Se envergonhou, por causa disso, e por tê-la condenado tantas vezes, mesmo que apenas através de pensamentos. Teve vontade de abraçar Beatriz. Nunca tinha mantido com ela, durante tanto tempo, uma conversa tão serena como aquela. Só não abraçou porque não tinha tanta intimidade, nem sabia como ela reagiria ao gesto (tem gente que não gosta de ser abraçado).

Beatriz parecia mais à vontade que em qualquer outra ocasião que a tinha visto e por isso ela parecia até mais bonita. Os cabelos ligeiramente despenteados colaboravam para dar a impressão de que ela estava desarmada de sua armadura de psiquiatra. Parecia mais humana.

 

- Fico feliz por ganhar uma irmã – Beatriz fala, acabando com o silêncio que durava alguns minutos – Sempre quis ter uma. Na verdade, sempre detestei o fato de não ter mais ninguém da minha família.

- Também detestava ser sozinha – Bianca sorri – O Fábio tem a família dele, mas é um bando de maluco. Sempre achei que teria irmãos normais. Você não tem avós, primos...?

- Não. E você?

- Também não, ninguém. Meu pai sumiu no mundo quando eu era muito nova, nunca mais tive notícias dele – responde, balançando a cabeça, parecendo perdida em seus pensamentos – Era uma história sobre jardins – Bianca fala, de repente – A carta que minha mãe deixou. Contava uma historinha sobre sementes germinando em outros campos. Ela gostava de analogias. Era uma mulher muito sabida, apesar de ter tão pouco estudo.

 

                Beatriz ia dizer algo, mas no mesmo instante a campainha tocou, e ela acompanhou, com Bianca, Cícera caminhar até a porta e abrir. Fernanda no mesmo instante voltava para a sala, sentando no braço da poltrona onde estava Beatriz.

 

- Cissa? – Teresa pergunta, assim que a porta se abriu, encarando a pequena senhora à sua frente. Raramente cruzava com a vizinha de sua irmã, mas nem por isso não seria capaz de reconhece-la – Foi você quem falou sobre o bebê da Bia? – a surpresa estava estampada na sua voz. Tinha ido até lá meio preparada para brigar, mas não com uma velhinha com olhos tão bondosos.

- Olá, Teresa. Fábio. Entrem, vocês dois, por favor – Cícera diz, sorrindo para Teresa e em seguida virando-se para encarar Bianca e Beatriz – Agora que estão todos aqui, quero falar com vocês. Existem coisas que precisam saber.

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

 

No próximo capítulo, todas as respostas!

=D

Mas se eu disser que não estou sofrendo pq a história tá acabando, estarei mentindo!rs


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Comentários para 47 - Quarenta e sete:
EliandraFortes
EliandraFortes

Em: 13/10/2021

Que tortura...


Resposta do autor:

 

<3

Já já termina! <3

Responder

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Lins_Tabosa
Lins_Tabosa

Em: 11/10/2021

Oi Caribu,

Acho que esperando um pouquinho pra ler o capítulo, o próximo chega mais rápido! Rsrsrsrs Olha as ideias. Cícera sempre me deixou na espectativa, ela é a mulher, viu?! Doida que a minha teoria do capítulo se confirme e chegue rapidinho as revelações da bruxa! 

 

Abrs, o/


Resposta do autor:

 

rsrsrs

Eu vivo um dilema chamado "não quero acabar a história, mas as leitoras querem saber como termina" rs

Cícera é demais, é a dona da bola desse campinho!

Torcendo com cada fibra do meu coração pra que vcs apreciem o desfecho pensado pra ela <3

Ansiosa estou para saber sua teoria a seu respeito!

Prometo me esforçar pra escrever e atualizar ainda nessa semana!

Beijos! Até breve!

 

Responder

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Raf31a
Raf31a

Em: 10/10/2021

Ainda não havia me permitido ler esta história, sempre que tinha uma atualização eu lia a breve sinopse, mas não me tocava... esperava outro enredo, sei lá. 

Mas depois do luta pelo termino de Escrito na Gazeta, eu vi uma nova atualização e pensei... vou dar uma chance, né?! Nos primeiros capítulos confesso que demorei a entender e até cogitei que as BIAs seriam um casal e isso me deixou enfurecida, pq onde já se viu estragar BiaFer assim do nada?

Li os 47 capítulos em 3 dias e já estou aqui aguardando o próximo. Parabéns Caribu, adoro os enredos das suas histórias. 


Resposta do autor:

 

Uau! Leu tudo em três dias?

Arrasou!!

São quase 600 páginas, parabéns! 

Que bom que deu uma chance!! <3 E ainda gostou!!

Mto bem, fiquei feliz! 

Eu já pensei em colocar algo na sinopse indicando que as Bias não são um casal... Mas ah rs 

Já diz que Bianca é hétera, não sei oq mais falaria rsrs 

BiaFe são O casalzao da história, jamais as separaria <3 

Grata por ter lido, e por ter comentado! 

Mas... já vai se preparando pra mais um luto, pq em breve esse livro acabar tb rsrsrs 

Beijos!

 

 

Responder

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Helenna
Helenna

Em: 08/10/2021

 Nossa que   suspense!

Tá. Bom!

O que será que a Cícera irá revelar???

 

Abraços


Resposta do autor:

 

Fim de livro, né rs 

Cabe um pouquinho de suspense rsrs 

Espero que se surpreenda! 

Beijos!

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

cris05
cris05

Em: 08/10/2021

Eu sou cardíaca, mulher! Como que você termina o capítulo assim?

Brincadeirinha...eu sou é muito curiosa mesmo kkkkk. E nesse caso acho que nem o chazinho de Cici dá jeito rsrs.

Eu estava preocupada, mas a vibe da conversa foi tão boa (senti daqui, parecia até que eu estava na sala com elas). Muito emocionante mesmo.

Já estou me coçando à espera do próximo capítulo! 

Ain...também tô sofrendo muito com a proximidade do fim! 

Beijos!


Resposta do autor:

 

Rsrsrs 

Nem eu esperava essa repercussão toda rs Pelo visto o capítulo terminou bem rs 

Que delícia que se sentiu na sala! Eu fiquei bem de olho nessa torta rsrs 

A conversa vai ser reveladora, mas tranquila! 

Vai terminar tudo bem! 

Agora lidamos com essa angústia de terminar a história e a curiosidade de saber como termina rs 

Voltamos logo! 

Beijos! 

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 07/10/2021

Que não vai me deixar assim na curiosidade  maldade.


Resposta do autor:

 

Rsrsrs 

É bom que quando postar o próximo vc volta a ler logo rs 

Beijos!

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Hanna_caroll
Hanna_caroll

Em: 07/10/2021

E é assim que se acaba um capítulo? Meu coração ansioso é que sofre, mas ele sabe que valerá a pena. E por falar em pena, é também o que sinto ao perceber que o fim se aproxima. Tem sido uma das poucas vezes que tenho realmente parado para fazer uma boa leitura (hábito que perdi mas que tenho lutado comigo mesma para retomar).

Apesar de toda a complexidade da situação é muito reconfortante perceber que ali as duas Bias entendem o que as une, os laços que serão formados. Você tem uma forma muito sutil de nos mostrar as facetas de cada personagem ao longo dos acontecimentos, parabéns mais uma vez.

Cícera, Cícera... O que será que ela nos trará mais uma vez? Farei até um chazinho em homenagem a ela ;)

Aguardo com tristeza e felicidade o próximo capítulo.

Um grande abraço e obrigada pela ótima leitura.


Resposta do autor:

 

Oh, que fofinha vc! Grata pelo comentário! 

Beba sim, um chazinho em homenagem à Cícera! <3 

Faz anos que sempre que bebo chá eu penso nela rsrs 

E o curioso é que quando ela apareceu na minha vida eu nem gostava rsrs 

Fico contente que essa história desperte o seu (re)interesse pela leitura! E que eu consegui mostrar essas facetas! Os personagens são mais importantes que a história em si, eu acho...

Meu coração está apertado pq estamos perto do fim. Quase a quarentena inteira editando o livro... O que será de mim?, o que será de nós?rsrs

Eu acabei editando a sinopse, mas quando postei o primeiro capítulo no ano passado, comentei que Amor Incondicional foi meu livro mais foda na vida rs Qdo terminei de escrever não escrevi mais nada, pq achei que nunca mais escreveria outra história tão boa rs 

Aí fico brisando que oq acumulou tá aí, em algum lugar. Ou melhor, tá aqui, em algum lugar.

Sempre brinco que sou a moça que digita pq de verdade mesinto assim rs

Olha eu,toda em tom de despedida rsrs 

Ainda temos três capítulos. Estou na dúvida se devo editar devagar ou rápido rsrs

 

Tem mais história minha por aqui, vê se alguma te interessa! <3 Aí vc se sentirá menos órfã rs

 

Beijos! E grata pela sua leitura e comentário!

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

NovaAqui
NovaAqui

Em: 07/10/2021

Chorei aqui com a conversa das duas!

Emocionante esse momento se conhecendo como irmãs!

E agora Cícera irá contar coisas que só ela sabe!

Será que Cícera é a Mary Poppins do Brasil? Será?

Curiosidade é meu nome

Aguardarei ansiosamente esse momento Cícera!

Estou sofrendo com esse final também!

Você não pode acabar com duas histórias quase que ao mesmo tempo. É muita sofrência junto kkk

Abraços


Resposta do autor:

 

hahaha

Mas eu só acabei a outra história quase junto com essa justamente pq não queria terminar essa!rs

Preciso é arranjar outro enredo antes desses três capítulos finais rsrs

Aí amortece né rs

 

Tem coisas (TUM!) que só a Cícera (faz por vc) sabe!

Parece que o grande suspense da história é o fato de as Bias serem irmãs, mas nem é (até pq isso se descobre quase lá no meio, né). A cereja do bolo é a Cícera, na minha opinião!

De longe uma das personagens mais cativantes que criei! <3

 

Mas o duro é isso.

48 traz as respostas

49 amarra a conversa

50, fim.

Aí, amiga, esquece, acabou AI. 

 

Segunda vez na vida que passo por isso, só com essa história. E olha que na primeira fiquei depois um intervalo de ANOS sem escrever rs

Amor Incondicional sempre foi minha obra prima <3

 

Vou mantê-lo no Lettera, pq pensei bastante nas coisas que disse. Ele vai ficar com umas 600 páginas no fim, vai ficar caro pra comprar, frete caro...

Mas vou pôr à venda tb, msm assim. Quem quiser, lê de graça (seja por falta de grana ou pq tem que ler escondido), quem puder, ajuda nois (eu e a moça que digita, que é quem paga os boleto rs)

 

Beijos!

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