Capitulo 58
A Última Rosa -- Capítulo 58
Michelle serviu-se de ovos, presunto, pão e manteiga. Sentou-se ao lado de Jessica e deu uma olhada para Valquíria.
-- Algum problema? Está tão pensativa.
-- Estava aqui lembrando que na escola eu comia um prato de comida enorme às 09:00 da manhã. Não sei como eu era capaz.
-- Não diga isso, menina -- Pepe sentou-se e colocou um prato cheio de panquecas em sua frente -- Quem não enche a pança no café da manhã, você pode perceber, que é uma pessoa problemática.
Jessica sacudiu a cabeça. Comer era uma coisa que não vinha muito à sua mente ultimamente. Seu corpo e sua cabeça tinham outras prioridades. Agora vendo a felicidade de Pepe diante do prato de panquecas, notou que estava com muita fome. Sentia que seu estoque de energia havia sido bastante consumido pelas atividades da noite anterior. Ela olhou para o prato de Michelle e sorriu. Com certeza sua garota também estava repondo as energias. Rapidamente, preparou um prato caprichado com bacon, ovos e torradas.
-- Vou confessar uma coisa -- disse Pepe -- Quando vou sair com alguém, sempre marco na Praça de Alimentação do Shopping. Se nada der certo, pelo menos eu janto.
-- Não duvido de nada vindo de você -- Inês pegou um pão quentinho e cobriu de manteiga e mel -- Então, Jessica, vai ou não vai visitar o seu irmão?
Jessica olhou para Michelle, depois voltou a olhar para a tia.
-- Pensei muito e cheguei a conclusão de que não vou resolver um problema fugindo dele. Não adianta fugir, pois ele sempre estará ali te esperando para resolver, ninguém poderá fazer isso por mim. O Fábio é meu irmão e precisamos conversar.
-- Perdoe-me a pergunta, bondosa chefe, mas o seu pai aceitou o galho assim, de boa?
Jessica fuzilou Pepe com os olhos.
-- Vou fazer você engolir essa panqueca na horizontal. Dúvida?
-- Eu, hem! Por que esse ódio todo? O Chifre é igual diabetes, alguns morrem sem saber que tem, outros descobrem e passam a vida inteira controlando.
-- Chega Pepe -- pediu Inês -- Entendo a sua curiosidade, mas existem outras formas de perguntar algo a alguém sem magoar.
-- A senhora tem razão, tia -- disse de cabeça baixa. Mas no íntimo, não se sentia arrependido, havia dito apenas a verdade -- Desculpa, Jessica. Vou refazer a pergunta. Quando a sua mãe pulou a cerca ela já conhecia o seu pai?
-- Pepe! -- tia Inês chamou a atenção dele novamente.
-- Não, não -- interferiu Jessica -- É até bom a gente deixar tudo às claras. Mas prefiro que a senhora fale. Afinal, conhece a história melhor do que ninguém.
Inês balançou a cabeça com um ar compreensivo e começou a sua narrativa.
-- Ana Beatriz era bonita, frágil e muito ingênua. Ela conheceu o Enrico quando eles se esbarraram fazendo cooper no calçadão da praia. Ela estava fazendo seu caminho de sempre, mas ele nunca tinha feito aquele caminho antes. Por algum motivo, o destino o puxou para aquele caminho naquele dia.
-- Que lindo! -- Michelle adorava uma boa história, encostou-se na cadeira para poder apreciar melhor o desenrolar dos acontecimentos, com um sorriso no rosto -- Quantos anos ela tinha?
-- Ana tinha apenas vinte anos, uma menina. Enrico era mais maduro, tinha trinta anos. Nessa época, Ana namorava o Daniel e Enrico já era casado com Salete, mas mesmo assim saíram para uma viagem de duas semanas pela Costa Amalfitana e Capri. As duas semanas que eles passaram juntos foram as mais felizes da vida de Ana Beatriz.
-- Minha mãe amava Enrico? -- era uma pergunta difícil de ser feita, mas Jessica precisava dessa resposta.
Inês balançou a cabeça negativamente.
-- Não. Ela estava apenas deslumbrada com sua boa aparência e seu charme. Enrico era um homem muito bonito.
-- E fez uma filha linda -- comentou Michelle, olhando com carinho para Jessica.
-- Quando começou a passar mal todos os dias, ficou óbvio -- continuou Inês -- Eu fui a primeira a desconfiar, até mesmo antes dela. Quando Ana procurou o médico, já estava quase na sétima semana de gravidez.
-- Ela não contou para o senhor Enrico? -- perguntou Valquíria.
-- Ela já tinha tentado falar com ele inúmeras vezes desde que a gravidez se confirmou, mas ele não atendeu as suas ligações e muito menos à recebeu na empresa. Ela desistiu de ligar para Enrico.
-- E o Daniel, como ele reagiu à notícia? -- perguntou Pepe -- Ele aceitou de boa?
-- Ana conhecia Daniel desde os quinze anos de idade, quando ele foi contratado por papai para trabalhar em nossa loja de material de construção. Quando Ana contou da gravidez ele imediatamente falou com aquela voz grossa e possante: "Essa criança será de minha responsabilidade" -- Inês pegou a xícara de café e tomou um gole -- Bem, quando enfim Enrico resolveu aparecer para conversar, ele estava transtornado. Ana nunca o viu tão furioso, intimidador. Ele ficou sabendo da gravidez dela através de sua secretária.
-- Isso é muito chato mesmo -- disse Vitória.
-- A culpa não foi dela se ele não a recebeu e nem atendeu às ligações -- afirmou Michelle.
-- Ela estava animada com a perspectiva dele ficar feliz com a gravidez. Queria que Enrico a tomasse nos braços e dissesse que ficaria tudo bem. Mas não foi o que aconteceu.
-- Ele a tratou mal? -- perguntou Jessica, com olhar penet*ante.
-- Ele disse que ela não seria a primeira mulher que tentava enganar um empresário rico.
-- Que idiota! -- afirmou Valquíria, zangada -- Ela não met*u a mão na cara dele?
-- Ana ainda não tinha superado o choque de ter engravidado na primeira ou segunda vez em que tinham feito amor. Ela estava fraca para sentir raiva, discutir. A única coisa que ela fez foi dizer que teria o bebê e criaria sozinha, e que ele enfi*sse o dinheiro naquele lugar.
-- Muito bem -- Pepe puxou a salva de palmas para a atitude de Ana.
Inês continuou:
-- Nesse momento ele caiu na real e tentou consertar o erro, mas era tarde. Ana já havia decidido ir embora para bem longe dele e de sua família.
-- E o que aconteceu depois, tia?
-- Daniel e Ana Beatriz casaram-se duas semanas depois, em uma cerimônia ao ar livre, no jardim da minha casa. Daniel amava muito Ana, ela tomou a decisão certa.
-- Ele foi um grande pai -- Jessica sorriu e em seguida foi invadida por uma onda de nostalgia ao recordar os dias maravilhosos passados ao lado de Daniel.
-- Depois do casamento eles já foram embora? -- perguntou Michelle.
-- Sim, com a ajuda do nosso pai, eles viajaram no dia seguinte para o outro lado do país. Papai não queria que ninguém visse a barriga da minha irmã crescer, mas coitado, todos na cidade já sabiam da gravidez. Daniel assumiu ter engravidado Ana, então, não houveram muitos comentários maldosos e a família de Enrico nunca desconfiou de nada.
-- E Enrico, o que aconteceu depois? -- perguntou Michelle, olhando para Jessica pelo canto do olho.
-- Logo que Jessica nasceu ele me procurou querendo saber o endereço de Ana. No começo nem dei ouvidos aos seus pedidos, mas com o passar do tempo, a sua insistência me comoveu e eu acabei cedendo. Ana nunca me perdoou por isso.
-- As coisas poderiam ter sido bem diferentes se a mãe da Jessica tivesse permitido que ela conhecesse o Enrico.
-- Também acho, Pepe -- disse, Valquíria.
-- Que triste. Ele não sabia pedir perdão e ela não sabia perdoar.
-- Você tem razão, Michelle -- concordou, Inês -- "A alma corajosa não é aquela que se dispõe a revidar o golpe recebido e sim aquela que sabe desculpar e esquecer". Chico Xavier (Emanuel) -- O que você tem a dizer, minha filha.
-- Perdoar não significa fechar os olhos e apagar o passado. Não tem como fazer isso, somos humanos. Perdoar é saber conviver com o erro e tolerar -- ela respirou fundo e devagar -- Eu e a Michelle conversamos muito a respeito.
-- E? -- Inês parecia ansiosa.
-- Augusto Cury é o autor de uma frase que eu gosto muito: "Não é possível destruir o passado para reconstruir o presente, mas é possível reconstruir o presente para reescrever o passado". Duvido que a família Romano veja as coisas desse ponto de vista -- Jessica fez uma careta -- Mas, como a Michelle sugeriu: Se eles me tratarem mal, mostrarei o dedo do meio e sairei de lá sem olhar para trás.
-- Muito bem, minha filha -- Seu semblante preocupado desanuviou-se e ela sorriu -- Estou tão orgulhosa de você!
-- E quando você vai procurar o seu irmão? -- perguntou Pepe. Ele deu uma mordida na panqueca e fez questão de expressar o seu prazer -- Hummm, delicia! Só não pode ser dia 20, nesse dia tenho consulta com o ginecologista.
Jessica franziu o cenho, abriu a boca para perguntar o motivo da consulta com o ginecologista, mas ficou com medo da resposta e mudou de opinião.
-- Você não vai comigo. Pode tirar o cavalinho da chuva!
-- Vou sim. Esqueceu que eu conheço o bofe?
-- Que coisa feia, Pepe -- disse Wancleyson -- Deixa de ser oferecido.
-- Ciúmes, bebê?
Wancleyson fez uma careta e balançou a cabeça devagar.
-- Você é tão sem noção.
Pepe sacudiu os ombros e se virou para Jessica.
-- Onde fica a propriedade do seu pai?
-- Não faço a mínima ideia.
-- Não sabe onde seu pai morava?
-- E como é que eu ia saber? Acabei de descobrir que ele é o meu pai -- disse Jessica, indignada.
-- Seu pai morava na Ilha do Aventureiro. Ele é dono de boa parte dela. Ele e a esposa mudaram-se para lá, há uns vinte anos -- disse Inês.
Jessica apertou os lábios.
-- Isso não me interessa.
Michelle revirou os olhos.
-- Já sabemos que você não está interessada na herança, mas pelo menos o endereço você precisará saber.
Jessica respirou fundo. E concordou com um movimento de cabeça.
-- Tá certo, tia. Já que sabe tudo sobre os Romano, me explica como eu chego até a Ilha do Aventureiro.
-- Quando pretende ir?
-- Amanhã, tia. Bem cedo.
Fim do capítulo
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NovaAqui
Em: 22/10/2021
E lá vai a turma para uma nova aventura. Se Jess pensa que vai sozinha, está muito enganada kkkk vai todo mundo a tira colo rsrs
Abraços fraternos procês aí €:-)
Resposta do autor:
Olá NovaAqui
E que aventura vai ser. As coisas nunca são faceis para essa galera!
Paz e Luz! Até.
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Mille
Em: 22/10/2021
Oi Vandinha
Amanhã cedinho terá uma turma para acompanhar a Jéssica.
Mesmo querendo ir sozinha os amigos não vão deixar.
Pepe com suas perguntas inconveniente kkkk
Bjus e até o próximo capítulo
Ontem tomei a segunda dose, graças a Deus não senti nada nem na primeira e última.
Resposta do autor:
Olá Mille
Que bom, amiguinha. Aos pouquinhos estamos nos livrando desse virus miseravel. Já tomei a terceira dose e não senti nada nas três. A felicidade de estar imunizada é maior que tudo.
Beijos. Até mais.
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