Penúltimo Cap. 62 – Duplo – Nosso pequeno
Júlia
Eu ainda não estava acreditando que aquilo estava mesmo acontecendo, por várias noites, Layla veio ao meu encontro no quarto do Pedrinho, onde eu ficava por horas, sentada em um puff ao lado da cama dele, observando-o dormir. Os cabelinhos caídos em seus olhos, ele todo desengonçado na cama. Em volta os brinquedos espalhados, e aos pés da sua cama, Faísca. Que determinou que ali, seria a sua nova casa.
– De novo aqui, amor! – Layla disse sorridente ao beijar meu rosto e me abraçar por trás. – Daqui a pouco terei o nosso quarto só para mim, Faísca já nos abandonou, agora você.
– Desculpa, meu amor, mas é que eu ainda não estou acreditando que ele está aqui conosco.
Deu a volta e se sentou em meu colo, juntas olhamos para ele.
– Ele é maravilhoso, não é!
– Eu estou tão feliz, sabia, sinto que sairei flutuando a qualquer momento.
– E para onde pensa que vai, hein? – Mordiscou meus lábios, sorrindo – Agora você tem esposa e filho para cuidar, nem pense em sair voando.
– Eu te amo!
– Também te amo, Juh! – Acariciou meu rosto, sussurrando: – Vamos para o nosso quarto agora, você precisa dormir.
– Vamos sim...
Ajeitei a coberta em cima do nosso pequeno, e segui com ela para o quarto, onde abraçadas, adormecemos assim que deitamos. Acordamos na manhã seguinte, Pedrinho já estava agitado no quarto, Layla o ajudou com o banho enquanto eu preparava nosso café, quando os dois apareceram na cozinha, os recebi com um sorriso e os convidei para a mesa.
Conversamos animadas, mas logo corremos para nos prepararmos para o dia. O deixaríamos na escolinha a caminho da CBM, onde ficaria e Layla seguiria para o hospital. Estávamos naquela rotina a quase três semanas, quando era possível, almoçávamos juntas.
O tempo foi passando, agora a ansiedade era para saber qual seria a decisão final. Quase três meses depois, na visita surpresa de Estela, saiu animada da nossa casa dizendo que seria a última. Aquilo nos deu um certo alívio, porém, a preocupação foi aumentando.
Não lembrava mais como era a vida antes do Pedro junto conosco, tudo na companhia dele era maravilhoso. Uma criança incrível, estava colocando-o para dormir, Layla não chegou ainda, naquela sexta ela teve que cobrir um plantão até mais tarde. Estava ajeitando o cobertor sobre o pequeno quando ele me chamou sonolento:
– Tia Juh...
– Oi, meu amor!
– Eu queria ver a tia Layla antes de dormir. – Sentei na cama.
– Hoje ela chegará mais tarde, você está cansado, mas prometo que ela vem dar um beijinho em você quando chegar.
– Ela vai me acordar? – Sorri.
– Provavelmente não, mas ficará aqui um pouco com você.
– Humm... Tá bom. – Parecia tristinho, perguntei:
– Está com saudades dela?
– Unhum, muito...
– Eu também, amigão. – Dei um beijo demorado na testa dele, sussurrando. – Amanhã ficaremos o dia todo, juntos. Nós três, está bem?
– Oba... – Disse quase sem voz, percebi que a respiração dele ficou suave, achei que tivesse dormido, mas eu me enganei quando levantei e ele disse com a voz arrastada. – Queria que vocês duas fossem as minhas mamães, igual a Bruninha da escola, ela tem duas mamães.
Ele virou na cama e dormiu, fiquei sem ação diante do que ele havia falado, não conseguia me mover, o coração transbordava de felicidade. Uma meia hora depois, estava voltando da cozinha com um copo de chocolate quente, sentei no sofá procurando um filme para assistir, acabei dormindo antes mesmo de achar um.
Acordei sentindo o aroma delicioso da minha esposa, sorri dizendo ao abrir os olhos:
– Oi!
– Oi amor, dormiu no sofá de novo? – Sorriu me beijando.
– Só cochilei, acho que estava cansada.
– Eu imagino... – sorriu passando a mão em meu rosto. – Como você está? E o Pedrinho? Se divertiram?
– Muito, mas sentimos sua falta.
– Desculpa, amor! Não tive como fugir, hoje o dia foi intenso no hospital, e avisaram em cima da hora que precisava cobrir o plantão...
– Relaxa amor, eu entendo. – Levantei a prendendo em meus braços, beijei seus lábios sussurrando. – Casar com uma médica tem suas vantagens.
– É mesmo, quais?
Levantou e me puxou com ela, no caminho para o quarto a abracei por trás sussurrando em seu ouvido.
– Tenho fetiche em te ver de branco.
– Isso é uma vantagem?
Sorriu divertida, me deixando com vergonha. Incrível que mesmo após anos, ela conseguia me deixar assim.
Paramos no quarto do Pedrinho, fiquei observando-a de longe, namorando o nosso garoto. Cobrindo-o e por fim, depositando um beijo em seus cabelos, voltou me abraçando e quando chegamos a nossa cama, com ela em meus braços, comentei o que ele havia dito. Me olhou emocionada, assim como eu havia ficado, disse:
– Ele é maravilhoso... tão fofinho... fico tão ansiosa no hospital, querendo estar aqui com vocês, morrendo de saudades dos dois.
Beijou meus lábios, conversamos um pouco, mas logo ela adormeceu. Fiquei olhando-a dormir até que acabei me rendendo ao sono. Sábado amanheceu ensolarado, e adivinha quem invadiu nosso quarto pulando sobre nós? Sorri balançando a cabeça, minutos depois Layla o agarrou fazendo cócegas e ele tentando sair pedindo ajuda. Depois abraçada aos dois, combinamos o que faríamos naquele dia.
Aquele era o dia do Pedrinho, então, fizemos tudo o que ele queria, claro que com moderação. Almoçamos na casa da minha mãe, e como o dia estava agradável, Edu e meu sogro se reuniram para um churrasco, tinha um tempo que não fazíamos. Logo todo mundo estava reunido no quintal da casa da minha mãe, as crianças correndo com os cachorros, no gramado.
Laila, Anny e minha sogra de olho nas crianças, eu e o restante do pessoal rindo e conversando animadamente logo a frente. Jonas animado nos desafiou para um jogo, Paulinho chegou mais tarde e fizemos dupla. Passamos metade da tarde jogando, na outra metade mimando as crianças que acabaram adormecendo, o dia foi bem agitado.
Quando chegamos em casa, nosso garoto tomou banho e desabou na cama, no dia seguinte iríamos em um parque aquático na cidade vizinha, então, no domingo madrugamos com a gritaria dele e os latidos de Faísca, Layla resmungou do meu lado, no instante em que ele invadiu nosso quarto, sorri quando ela o agarrou como sempre, fazendo cócegas. Aquela era a minha cena favorita.
Seguimos para o parque, na metade da manhã. Aproveitamos bem até o almoço, eu na minha inocência, achava que as crianças iriam se acalmar depois de comer, ledo engano. Passava um pouco das duas, as crianças estavam eufóricas. Jonas, Júlio, Paulinho e a namorada estavam na água com elas, tínhamos revezados. Eu, Anny e Layla conversávamos ali, próximas.
Levantei para pegar algumas bebidas para nós, assim que me aproximei, Carlos correu de encontro a mãe, gritando por ela, se jogou em seus braços, ambos são crianças bem carinhosas, mas ele era bem mais que a Manu. Era incrível sua sensibilidade, não só com ela, mas com todos, sorri quando Layla me olhou, coloquei as bebidas na mesa, e ao me sentar, Pedrinho veio correndo ao nosso encontro, peguei uma toalha para enxugar sua cabecinha, e quando bebeu um gole de suco disse simplesmente:
– Posso chamar você e a tia Layla de mamãe?
Olhei para ela e Anny que me encaravam admiradas, Layla ansiosa perguntou:
– Você quer mesmo nos chamar de mamãe, meu amor?
Balançou a cabeça freneticamente em sinal positivo, tomou mais um gole do seu suco, e ficou nos olhando ansiosos, sorri, minha boca abria e fechava, estava boba com aquele pedido inesperado, Anny fez graça:
– Queremos a resposta para hoje, se possível.
Layla gargalhou e veio ao meu socorro, se agachou na frente dele e disse:
– Nós ficaríamos muito felizes se nos chamasse de mamãe, sempre que você quiser.
Ele abriu um sorriso tão lindo, me olhou ansioso, concordei dizendo apenas:
– Sempre que você sentir vontade, amigão.
– Oba... Oba...
Nos abraçou e saiu correndo para junto dos primos e dos tios que estavam na água, Layla passou a mão em meu rosto, sem que eu percebesse uma lágrima escapava dos meus olhos, ela se aproximou e beijou meus lábios dizendo:
– Faz ideia do quanto eu te amo?
– Não tanto quanto eu, posso garantir. – Sorriu.
– Ah, por favor, não comessem com essa melação de vocês.
Levantou e foi para a água, gargalhei e seguimos atrás dela, o dia não poderia ter terminado melhor. Trocávamos olhares significativos, palavras eram dispensadas naquele momento. O momento falava por si.
LaylaExatamente um ano depois que o juiz finalmente nos deu a guarda definitiva do Pedrinho, estava aqui perdida em pensamentos... O sorriso veio fácil. Mãe!
Não sabia como era bom ter aquele título atribuído ao meu nome, nunca me preparei para tais emoções, hoje posso dizer, que não lembro como era minha vida antes de ter nosso filho. Está certo que ele estava pouco tempo conosco, mas esse pouco foi capaz de nos transformar completamente.
Tudo o que eu fazia era pensando na Juh e no Pedrinho, muitas vezes me pegavam rindo bobamente pelo hospital, andando pelos corredores ou até mesmo na minha sala, com os pensamentos voltados para eles. Tudo ficou mais intenso também, por ser médica os cuidados dobraram, e o medo dominava sempre que chegava alguma criança na emergência.
Às vezes, emotiva conversava com Anny, minha cunhada e melhor amiga, sobre meus medos, antes somente a Juh era meu ponto fraco, agora nosso filho tanto quanto ela.
– É natural, Layla, o Júlio também tem dessas fases, às vezes me liga em plena madrugada quando está de plantão, perguntando como estou, as crianças.
– Acho que esse é o lado “ruim” de ser médico e estar em contato com tanta fatalidade, o medo nos toma de certa forma, que não sabemos controlar nossas emoções.
– E preciso ter nervos de aço, admiro vocês, eu não teria tanta sorte nessa profissão.
Ela fez uma careta, sorri, mudamos de assunto e as coisas foram amenizando. As crianças estavam assistindo, nos juntamos a elas. Juh estava trabalhando ainda, passaria para nos pegar mais tarde. A noite em casa, depois de colocarmos nosso garoto para dormir, seguimos para nosso quarto.
– Eu ainda não acredito que o Juiz bateu o martelo, nos dando finalmente a guarda definitiva do Pedrinho.
– Tinha dúvidas disso, amor?
– Não sei, ainda não tinha caído a ficha. – Me aconcheguei em seus braços, me olhou sorrindo, toquei seu rosto e sorri. – Vocês são os amores da minha vida, sabia?
– Tinha minhas dúvidas sobre isso.
– É?
– Unhum...
Beijei seus lábios, mordiscando de leve, desci beijando seu pescoço e fez o mesmo caminho de volta, agora olhando nos olhos dela, sussurrando:
– Sabe o que falta para completarmos nossa família?
– Acha que falta algo?
Em seus olhos a preocupação, porém, se acalmou quando sorri, disse simplesmente:
– Falta um irmãozinho para o Pedro.
– O que você...
Não deixei que ela terminasse a frase, tomei seus lábios e a beijei apaixonadamente, bastou para ela me tomar em seus braços e saciar o meu desejo e minhas vontades. Definitivamente a Juh lia meus pensamentos, porque cada toque... cada beijo... cada orgasm* que ela arrancava de mim, era exatamente como eu estava pensando segundos antes de acontecer. Além de que, eu adorava quando ela gemia meu nome entre meus lábios, quando a fazia goz*r com meus dedos, deliciosamente.
Ela adormeceu em meus braços, não demorou muito e também dormi, acordei na madrugada com ela levantando da cama, provavelmente para ir cobrir o Pedrinho, sorri, segundos depois ela voltou, sussurrei:
– Ele está bem?
– Dorme como um anjo.
– Que bom...
Ela me abraçou e estava quase adormecendo novamente, quando perguntou baixinho em meu ouvido:
– Amor, estava falando sério quando falou de um irmãozinho para o Pedrinho.
– Unhum.
– De verdade?
Sorri, virei em direção a ela que me olhava ansiosa, toquei seu rosto, ela fechou os olhos ao sentir meus dedos, mas abriu ainda me encarando.
– Quero muito ter um bebê com você, e tenho pensado muito nisso ultimamente, tanto que sonhei com isso na noite passada, e ao acordar com aquela sensação maravilhosa, sabia que estava preparada.
– Cada segundo que passo ao seu lado, me faz ser a mulher mais feliz desse mundo, sabia?
– Também sinto o mesmo, amor...
Beijei seus lábios, fechei os olhos, estava com o sono me tomando por inteira.
– Não vejo a hora dessa nova aventura chegar.
– Com certeza, será a maior que já vivemos...
Fim do capítulo
Boa noite meninas... Tudo bem?
Estou com o coração apertadinho aqui... *-*
Porém, feliz por conseguir acalçar mais um sonho... e que bom que não estou sozinha nessa jornada... O discurso deixo para o final... rs
Mas, desde já... Muito obrigada a todas pela companhia... Amanhá postarei o último caps... Até lá, guenta coração...
Bjs a todas... Se cuidem
Bia
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]