Capítulo 49º

Rebeca

            O final de semana sem dúvidas foi cheio de emoções. Dentre as principais posso citar o fato de Letícia ter dito que possivelmente posso estar grávida. Ainda tenho esperanças de que ela esteja errada. Não sei se esse é o melhor momento para eu ser mãe. Na verdade, nem sei se na minha vida haveria um momento certo para que isso aconteça.

            A ideia de ser responsável por outra pessoa que seria totalmente dependente de mim me faz desesperadamente desejar que isso não passe de um mal entendido. Depois que minha amiga comentou essa possibilidade eu tentei ao máximo não pensar em gravidez, mas Alice resolveu me preparar uma surpresa. Surpresa essa que eu acabei estragando contando sobre as suspeitas de Letícia. Outro ponto forte do final de semana sem dúvidas foi tudo que foi relacionado a Alice.

             A garota me surpreende a cada dia mais com sua maturidade e personalidade decidida. Concordamos não pensar em gravidez enquanto estivemos na fazenda, mas volta e meia o assunto surgia. E Alice se mostrava aberta a essa possibilidade, mesmo sem nem ao menos termos definido nada entre nós.

            Porém no sábado enquanto trocávamos carinhos que acabariam nos levando a fazer sex*, fomos interrompidas por Amélia, que para minha surpresa não iria esperar um segundo encontro com Letícia para trans*rem. Só aceitei ficar com Elisa, por saber que Amélia parecia ter de fato gostado da mãe da garota. Quando pensei que Alice se importaria com a interrupção, fui pega de surpresa ao sair do banho que precisei tomar para acalmar meus ânimos, quando vi a loira com Elisa adormecida em seus braços. Aquela cena aqueceu meu coração.

            De repente o medo de passar por uma gravidez sozinha nem foi tão assustadora. Cheguei a imaginar Alice fazendo aquilo com o meu filho ou filha. Mas o que me surpreendeu ainda mais foi o pedido que ela fez, deixando claro que tinha interesse em ficar comigo mesmo que eu estivesse grávida. Deixando bem explicito que queria namorar comigo. Respondi sua pergunta sem nem ao menos pensar duas vezes nas consequências que isso traria.

- Você está bem? – escutei sua voz me perguntar enquanto acariciava minha perna.

            Hoje já é segunda-feira. Alice e eu estamos indo para a clínica de Letícia, vou fazer o exame para saber se estou mesmo grávida. Ela insistiu em me acompanhar, marquei para a parte da tarde justamente para que ela não precisasse faltar aula na faculdade.

- Só um pouco nervosa. – confessei.

            Paramos em um sinal e ela segurou minha mão, beijando-a delicadamente. Era difícil para mim esse tipo de cuidado e gestos vindo dela. Só tive dois namorados, e nenhum deles nunca me tratou da forma que ela me trata.

- Vai ficar tudo bem. E se tiver um botãozinho de gente aí, a gente tem que começar a se preparar.

- Calma, não é como se eu fosse ter neném amanhã. – ri do seu desespero.

- Eu sei, mas você precisa arrumar o quarto, comprar cadeirinha para o carro. Inclusive vou colocar uma no meu. – virei para ela desacreditada do que falava.

- Você falando assim até parece fácil de resolver tudo.

- Mas é. – afirmou sorrindo.

            Quando chegamos na clínica Alice abriu a porta para que eu saísse. Segurou minha mão e caminhamos assim para dentro. Dei meu nome na recepção e nos sentamos para esperar ser chamada. Enquanto isso estou surtando de tanta ansiedade. Não consigo parar de mexer as pernas. Mesmo aproveitando para resolver algumas coisas da empresa.

- Calma. – ela segurou minha mão. – Eu estou aqui, vai ficar tudo bem. – não sei por que escutar aquilo me acalmava de um jeito único, talvez fosse a segurança que ela me passa ao dizer que vai ficar tudo bem.

- Rebeca Cardoso. – meu nome foi chamado. Me levantei e esperei que Alice fizesse o mesmo.

- Você não vem? – indaguei.

- Sim. – seguimos a enfermeira até o quarto.

- Boa tarde. Desculpe por fazê-las esperar. Aqui hoje está uma loucura. – Letícia sorriu para mim e me abraçou em seguida fez o mesmo com Alice.

            Ela me deu a roupa para trocar. Iriamos fazer uma ultrassonografia antes do exame de sangue. Já que Letícia disse que pode ser que o neném apareça ou não nas imagens. Bastou deitar na cama e a luz se apagar para ficar completamente tensa.

            Alice se aproximou, beijou minha testa e segurou minha mão. Me passando todo a segurança que eu precisava. Logo um gel gelado foi colocado sobre minha barriga me fazendo fazer careta pelo contato.

            Letícia mexeu o aparelho na superfície da minha barriga de um lado a outro por alguns minutos, enquanto isso nós olhávamos para a tela sem conseguir enxergar nada. Mas quando ela ia parar o exame, deu um sorriso. Em seguida apontou para um pequeno ponto na tela.

- Aqui está o que procuramos. – mostrou a tela.

            Instantaneamente meus olhos se encheram de água. Não sei se pelo susto da confirmação, ou se simplesmente pela felicidade de saber que vou ser mãe.

- Você está com pouco mais de dois meses.

- Você tem certeza? – indaguei com a voz fraca.

- Assim como tinha quando falei no sábado. – ela sorriu. – Parabéns, mamãe.

            Olhei Alice que continuava parada ao meu lado, segurando minha mão. Fui me trocar e quando voltei vi as duas conversando. Letícia me explicou os riscos de aborto espontâneo até o terceiro mês. Me passou alguns remédios para os enjoos. Marcamos a próxima consulta para que eu pudesse iniciar o pré-natal.

- Sei que o assunto é delicado. Dado a condição de vocês duas. Mas acho que deveria contar ao pai, seria interessante que ele participe da próxima consulta.

- Claro. – Alice falou.

- Vou contar a ele. E mais uma vez obrigada.

- Disponha e no que precisar estou à disposição. Outra coisa, deve evitar suas corridas, ao menos até o terceiro mês se completar.  Faça uma caminhada ao invés da corrida. Quanto menos esforço, melhor.

- Certo. Pode deixar.

            Nos despedimos de Letícia e fomos para o carro. Alice continuava segurando minha mão. E na minha cabeça já começo a cogitar tudo que preciso fazer para realmente a ficha cair que agora é oficial e eu serei mãe.

- Quer ir para casa? – questionou Alice enquanto colocava o cinto.

- Não. Preciso ir trabalhar.

- Você não acha que foi um momento de muita emoção, deveria ir descansar um pouco. Ouviu o que Letícia disse, quanto menos esforço melhor.

- Alice, não estou doente. Vou trabalhar sentada. – dei de ombros. – Eu preciso trabalhar, meu bem. – sorri acariciando seu rosto e trocamos um leve beijo.

- Certo. Mas antes precisamos comprar todos os seus remédios e vitaminas. Amanhã cedo te pego em casa para irmos fazer os exames de sangue que ela pediu.

- Você tem aula.

- Não me importo. – deu de ombros.

- Alice, você não pode parar sua vida por conta de mim. Tália pode ir comigo, ou até Amélia.

- Não é parar minha vida. É me preocupar com você, aliás com vocês. – sorriu de canto.

- Eu sei e isso me faz sentir a mulher mais cuidada do mundo. Mas suas mães me matam se eu concordar com você faltando as suas aulas por minha causa. Por falar nelas, contou que estamos juntas?

- Ainda não. Apesar de acreditar que os meninos já devem ter feito isso por mim. – completou rindo.

- Acha que elas vão se opor por conta da minha gravidez?

- Isso importa? Eu gosto de você e o que elas pensam sobre não mudaria isso. – falou decidida.

- Tem como me apaixonar mais por você?

- Sim. Espero que possa me amar. – afirmou parando no sinal e me olhando intensamente. Eu sorri para ela, mas desviei meu olhar.

- Preciso contar ao Pedro. – falei lembrando que ela estaria essa semana aqui.

- Ligue.

- Ele está aqui essa semana a trabalho. Me contou ontem quando viu que estive em Ouro Preto. – senti que ela ficou com ciúmes, mas nada falou. – Devo me encontrar com ele a noite.

- Você que sabe, linda.

            Chegamos à empresa e iniciamos nosso trabalho. Alice pareceu ficar incomodada sobre a minha conversa com Pedro no domingo. Não que tivesse sido algo demais, ele só reclamou que eu não o avisei que estava lá. Claro que sei que ele nutre sentimentos por mim, mas no momento o único laço que temos além da amizade é o bebê.

            Notei que Tália estava curiosa para saber o resultado do exame, mas não me perguntaria até que estivéssemos fora da empresa. Tentei me concentrar no trabalho, mas foi uma tarefa difícil já que eu só consigo pensar no bebê. Mandei mensagem para Pedro, convidando-a a ir até minha casa a noite.

            Já se aproximava a hora de irmos embora. Vez ou outra peguei Alice me admirando e quando isso acontecia ela sorria para mim e voltava sua atenção ao trabalho. Parecia criança quando é pega aprontando.

- Falei com o Pedro. Ele vai lá em casa hoje. – comentei após desligar o computador e me aproximar dela.

- Ótimo. – percebi que ela forçou um sorriso. – Espero que corra tudo bem. – senti sinceridade em suas palavras.

- Posso te pedir uma coisa? – indaguei aproximando ainda mais dela. Segurei sua cintura. Ela sorriu surpresa. Já que havia deixado claro que aqui na empresa nenhum contato intimo poderia acontecer.

- Pode sim.

- Me dá um beijo?

- Pensei que essa era uma das suas regras. Não demonstrar afeto aqui. – arqueou a sobrancelha.

- Mas é tão difícil ficar aqui com você e não poder te beijar. É uma luta constante. – sorri. – Só um beijo.

- Só um. – sorriu para mim. Nos beijamos rapidamente.

- Eu preciso ir para casa, fiquei de ajudar os meninos em um projeto da escola. Boa sorte hoje à noite. Se precisar de qualquer coisa, a qualquer hora basta me ligar.

- Pode deixar. – concordei. – Nos falamos mais tarde. – dei mais um selinho.

            Já no carro Tália dirigia para mim. Mas eu sabia que ela esperava que eu comentasse sobre a gravidez que agora já não era apenas uma dúvida.

- Você vai sair hoje à noite?

- Sim. Anna quer me apresentar a mãe dela. – sorriu.

- Ainda não acredito que ela te pediu em namoro.

- Nem eu, ainda mais que já quer me apresentar a sogrinha. – brincou. – O que vai fazer hoje à noite.

- Vou jantar com o Pedro. – afirmei e ela quase bateu o carro.

- Jantar com o Pedro? E a Alice? Pensei que estavam namorando. Não foi isso que me contou?

- Relaxa. Estamos namorando sim. Meu jantar com o Pedro é para falar sobre o bebê.

- Então você está mesmo grávida?

- Sim. Gravidíssima.

- E a Alice, como reagiu?

- Não tivemos tempo para conversar. Afinal saímos da clínica direto para a empresa. Notei que ela não gosta muito do Pedro comigo.

- O que é perfeitamente normal. Mas se ela vai embarcar nessa com você tem que e entender que ele é o pai do bebê.

- Eu sei. – suspirei torcendo para que Alice aguentasse tudo que estivesse por vir.

- Mas estou feliz por você. Criança é benção. E você, como está se sentindo?

- Parece que a ficha ainda não caiu. – forcei um sorriso.

            Ao chegarmos no apartamento fui direto para o quarto tomar um banho e deitar um pouco. Antes fiz o pedido do jantar que serviria para Pedro. Mandei mensagem para Alice que não me respondeu, o que de certa forma me deixou um pouco frustrada e preocupada de que ela já estivesse arrependida por ter se enfiado nessa confusão que está minha vida.

- Estou de saída, não vou prometer que venho dormir em casa. Estou indo no seu carro. Beijos. Qualquer coisa me liga.

- Certo. Bom jantar. – respondi.

            Já passava das oito quando decidi que era hora de me vestir. Escolhi uma roupa simples. Ouvi a campainha tocou e fui abrir a porta. Ao me ver, Pedro sorriu tentando beijar minha boca, mas eu virei e ele beijou meu rosto.

- Fiquei surpreso com o convite. – comentou se sentando.

- Espero que não tivesse outros planos.

- Como eu já disse antes, minha agenda sempre tem espaço para você. – sorriu galanteador.

- Quer beber alguma coisa?

- Não posso estou dirigindo. Como foi o final de semana?

- Foi ótimo. – disse sem entrar em detalhes.

- Pensei que não ia sentir falta de mim tão rápido assim. – insistiu em suas investidas, tocou minha perna.

- Podemos jantar? – perguntei ficando de pé. Não sabia como iniciar o assunto sobre a gravidez.

- Claro. – concordou.

            Fomos até a mesa e iniciamos nossa refeição. Claro que ele não parou de me cantar e tentar algo mais. Conversamos um pouco sobre trabalho. Até que ele falou:

- Não sabia que era amiga íntima de Alice.

- Sim, nós somos. – Respondi. – Pedro, eu te convidei até aqui por que preciso conversar um assunto sério com você.

- Nossa! Pelo visto é algo grave. – se arrumou na cadeira. 

- Olha, só quero que saiba que não estou aqui exigindo nada, muito menos cobrando. Só acho que é um direito seu saber o que está acontecendo. – ele me fitou nervoso. – Eu estou grávida e o filho é seu.

            Ele ficou pensativo por alguns minutos. Para logo em seguida abrir um largo sorriso e se levantar me abraçando.

- Essa sem dúvida é uma notícia maravilhosa. – acariciou minha barriga. – Eu não acredito. – Era nítida a felicidade dele. – Quem já sabe?

- A médica falou que ainda corre risco de aborto espontâneo e como estou apenas com dois meses, ela disse que era bom esperar o terceiro mês.

- Claro. Quando você descobriu?

- Hoje à tarde.

- Por que não me chamou para ir com você?

- Alice foi comigo. E eu precisa ter certeza antes de te contar.

- Tudo bem. Mas e agora? A gente namora? Casa? O que a gente faz?

- Não. – falei rapidamente.

- Como não? Você está esperando um filho meu.

- Mas isso não significa que iremos casar. Eu estou namorando. – falei e ele arregalou os olhos.

- Como assim? Mês passado estávamos juntos. Esse final de semana estava em Ouro Preto, mas não vi nenhum cara com vocês.

- Isso por que não é um cara. Estou namorando a Alice. – ele ficou de costas. Claramente não gostou da situação.

- Mas como vamos fazer com o bebê? Ela já sabe? Está de acordo com isso? A garota é uma adolescente, Rebeca. – falou exasperado.

- Alice é bem mais madura e decidida do que você pensa. Não fale dela como se a conhecesse. – o repreendi.

- O que as pessoas vão pensar disso? O que a nossa filha, ou filho vai pensar disso. Os pais separados e a mãe namorando uma...

- Melhor não completar essa frase. – o interrompi antes que novamente ofendesse minha namorada.

- Rebeca, essa criança é minha.

- Justamente por isso estou contando sobre ela. Mas isso não quer dizer que você tem direito de se meter na minha vida.

- Tudo bem, desculpa. Quando é a próxima consulta. Quero ir com você.

            Contei a ele sobre a próxima consulta e sobre tudo que Letícia conversou comigo e Alice. Quando passava das nove horas Pedro foi embora. Fechei a porta exausta pela discussão sobre Alice. Detestei a forma que falou dela. Tomei banho e fui para a cama.

- Oi, pensei que tinha esquecido de mim. – reclamei quando vi que ela me ligava.

- Como posso esquecer da parte mais importante da minha vida? – ela brincou e eu me senti exatamente o que ela disse.

- Não me deu notícias, ficou chateada com alguma coisa?

- É que fiquei presa com os meninos até perto da hora do jantar. E não tenho motivos para ficar chateada. Tenho?

            Senti que aquela era a forma indireta dela de perguntar como havia sido a conversa com Pedro. Suspirei cansada. Daria qualquer coisa para dormir agarrada a ela hoje.

- Você ainda está aí? – questionou.  

- Sim, estou. Me distraí por um segundo.

- Percebei, está tudo bem?

- Está. Só queria você aqui. Acho que já me acostumei a dormir sentindo o calor do seu corpo.

- Que manhosa essa minha namorada. Ainda bem que eu sempre estou um passo na frente. – sorriu. – Deveria vir abrir a porta para mim.

- Você não brinca comigo. – saltei da cama.

- Jamais brincaria com algo tão sério.

- Pois se está mesmo aqui, vai saber que sua digital continua na porta. – escutei ela sorrir abafado.

            Me sentei esperando ansiosa que ela entrasse no quarto. Meu coração estava acelerado. Continuava com o celular no ouvido. Mas o frio na barriga me corroeu quando escutei a porta ser aberta. Como ela conseguia me causar tantas coisas mesmo estando longe?

- Oi. – sorriu abrindo a porta do quarto devagar.

- Você está mesmo aqui?

- Sim. Tália me disse que ia dormir com a Anna. Então decidi vir te fazer companhia. Se você quiser claro.

- Lógico que eu quero. Entra de uma vez. – ordenei. Não demorou para que ela entrasse e percebi que ela trazia um pacote nas costas. – O que é isso?

- Um presente.

- Adoro presentes.

- Quem disse que é para você? – provocou. – Percebi que a Elisa não larga o cachorrinho de pelúcia dela. Então decidi que esse seria o primeiro presente do neném. – me estendeu o pacote. – Abre.

            Fiz o que ela mandou, com pressa rasguei o embrulho e sorri ao ver um lindo ursinho de pelúcia. Esse era o primeiro presente do meu filho, ou filha. E foi a primeira vez que me referi ao bebê dessa forma. Meus olhos se encheram de lágrimas pelo cuidado e atenção dela para com o neném.

- Que lindo. Eu adorei.

- Mas quem tem que adorar é ele ou ela. – acariciou minha barriga. – A tia Alice já gosta muito de você. – começou a falar com a boca perto da minha barriga. – A sua mamãe é maravilhosa, você nem sabe a sorte que tem em tê-la como mãe. Mas não diz que falei isso, ela vai ficar se achando.

- Como se eu não tivesse escutando.

- Ela também é bem intrometida. – me fitou séria e eu sorri adorando aquilo. – Quando você nascer a gente vai se divertir muito, eu vou te ensinar a nadar tão bem quanto eu nado. E a sua mãe é ótima em correr, aposto que você vai ser igualzinho ou igualzinha a ela. O que não vai faltar na sua vida é tias babonas, por que todas nós seremos. Mas eu sei que eu sou a preferida. – eu ri do que ela disse.

- Deixa a Amélia te escutar dizendo isso. – comentei e ela deu de ombros.

- Eu prometo que vou te proteger, te cuidar, e te amar, tanto quanto eu amo a sua mamãe.

            Ao escutar tal declaração eu fiquei em choque. Mas logo as lágrimas escorreram, dos meus olhos e eu comecei a chorar de felicidade. Por ter alguém como Alice ao meu lado, por saber que ela fará exatamente tudo isso que está dizendo. Mas principalmente por saber que ela me ama.

- Repete. – falei chorosa.

- O quê?

- Que me ama.

- Mas essa é a verdade. Eu amo você. – repetiu fitando meus olhos.

            Segurei seu queixo fazendo com que ela ficasse próxima a meu rosto. Ela estava claramente emocionada também. Tomei seus lábios em um beijo delicado, mas que pudesse passar para ela tudo o que eu estou sentindo nesse momento. O beijo demorou alguns minutos, mas precisamos de ar. Ela colou sua testa na minha, e mesmo de olhos fechados eu sabia que ela sorria. Eu podia sentir isso.

- Você é de verdade?

- Sim.

- Agora entendo todo aquele medo de te perder que a Virgínia tinha. – comentei. – Mas prometo não ser tão ciumenta como ela foi.

- Eu sei que você não é como ela. Posso trocar de roupa para gente deitar?

- Pode sim. Fique à vontade. – ela me deu mais um beijo e saiu.

            Voltou alguns minutos depois e se deitou ao meu lado me fazendo se aconchegar ao seu peito. Iniciou uma caricia em meus cabelos.

- Como foi com o Pedro?

- Ele ficou feliz.

- Isso é bom.

- Sim. Até certo ponto.

- Como assim?

- Não me pareceu feliz quando disse que não tenho pretensão de ficar com ele.

- Hum. – resmungou.

- Ele sabe que estou com você. Eu contei.

- E ele?

- Disse coisas que eu prefiro não repetir. – confessei.

- Tudo bem. Ele não precisa gostar de mim. Só respeitar o que temos, mesmo que ele seja o pai do seu filho.

- Você vai saber lidar com isso?

- Se for para ficar com você, eu tenho que me acostumar com ele. Farei o possível para que sejamos ao menos educados um com o outro.

- Isso é importante.

- Eu sei que sim. – ela ficou em silêncio. – Rebeca, precisamos conversar com as minhas mães.

- Eu sei que precisamos.

- Elas querem que eu te leve lá em casa. Para o meu jantar de aniversário.

- Como assim?

- O jantar de aniversário da minha adoção. É uma data importante para elas. E para mim também. Essa é a forma delas de dizerem que agora você faz parte da família.

- E quando elas souberem da gravidez, acha que a recepção vai ser a mesma?

- Lógico. Qual parte que as minhas mães são loucas por você que ainda não entendeu? Elas têm me enchido de perguntas. Se eu te tratei bem, se eu te pedi em namoro, se eu faltei com o respeito. Que eu preciso ir devagar.

- Desculpa por isso. – falei sem conter meu riso.

- Mal sabem elas que eu que fui atiçada o final de semana inteiro.

- Não fiz nada demais. – me defendi. – Por falar nisso, deveríamos continuar de onde paramos no sábado o que me diz?

- Não.

- Como não?

- Letícia disse que você não deve fazer esforço.

- Podemos ir devagar. – acariciei sua barriga.

- Meu amor, a última coisa que vou fazer quando algo acontecer é ir devagar. – seus olhos cintilaram.

- Então só nos resta dormir?

- Exatamente. – concordou. – Boa noite.

- Boa noite

            A simples presença de Alice ao meu lado tinha o poder de me acalmar em instantes. Não demorou e eu acabei dormindo. E essa sem dúvida era a primeira de muitas noites que iriamos dormir juntas, pois se depender de mim essa garota veio para minha vida para ficar.

Fim do capítulo