Fronteiras por millah
Capitulo 21 O cão
--mas que merd* ta acontecendo aqui?—perguntou ela e uma mulher de sua guarda se prontificou.
--eles estão levando os corpos! Nem soubemos que nossos parentes tinham morrido.
Marga me encontrou na multidão e eu via o quanto ela tava puta com aquela situação. Ela respirou fundo e guardou a arma vindo ate mim.
--Mari,que merd* você já fez!??—ela estava impaciente com tanta raiva.
--quando eu cheguei trinta tinham morrido e os corpos não podem ficar aqui. Devem ser retirados e levados.—a avisei mas Marga agarrou minha camisa e me puxou.
--como se fossem descartáveis? Como se não fossem nada?
--só se todo mundo aqui ainda não entendeu que essa porr* de doença é altamente contagiosa! Os mortos estão vazando sangue e foi preciso apenas dois dias para que eles não suportassem mais toda a dor!! Nem mesmo com a ajuda dos medicamentos. Eu sei o quanto é difícil para todo mundo perder seus parentes e não poder se despedir deles adequadamente mas é preciso. Então por favor, vão para casa.—falei em tom alto e firme para que todos pudessem ouvir. E pelo silencio eles ouviram e com isso me soltei de Marga.
Luciana aproveitou e entrou levando consigo os agentes de saúde mas eu ainda estava ali na frente de todos e Marga quando uma mulher abriu caminho ate mim.
--Mari,sei que você nunca perdeu ninguém na sua vida já que só tem sua mãe e ela anda muito bem de vida..mas do fundo do seu coração, pode nos garantir que vai salvar todos os outros, todos aqueles que ainda respiram la dentro??
Aquela mulher, eu não queria mentir para ela quando sabia o valor de cada palavra minha agora responsável pelas vidas do posto. Não era só uma pergunta mas sim uma resposta para varias mães e maridos, filhos e avós. Eu jamais daria a eles o que eu não podia dar a mim. A esperança que conseguiríamos. Eu não ia mentir e ela entendeu meu silencio e partiu. Partiu assim como os outros e os poucos que ficaram a espera dos corpos viram apenas os sacos embalados serem depositados no caminhão. Aquilo não bastava para satisfazer ninguém e me lembrou que contra aquela doença tudo poderia dar errado.
--você ta bem?—Marga me perguntou e tentei esquecer que há minutos atrás ela também me acusava.
--o que você acha? E pior que essa senhora ta certa. Eu to tentando acertar mas sempre que eu chego perto de uma resposta acontece algo novo..é porr* de bactéria, é cachorro..e nisso vai morrer gente e vão me culpar e como vai ser??
--para de ser negativa! Que a bactéria e essa merd* de cachorro do caralh* que se fodam! Nem sei que cachorro é esse mas..
Olhei para Marga e realmente ela parecia confusa tentando entender onde um cachorro se enfiav* na react e com isso tive que rir e ela por um momento esqueceu aquela cara amarrada e também soltou um riso.
--Eu coloquei você nessa merd* de posto porque sabia que conseguiria fazer algo por essas pessoas.com uma equipe ou só voce..eu sei que não vai desistir.
O raio x que pedi demoraria umas duas horas para sair o resultado e com aquela historia de Rita sobre o cachorro que a mordeu me atiçando de curiosidade e nenhum caso registrado no diário de Roberta eu vi no bom humor da Marga algo que me ajudaria a entender.
--ta livre agora?—perguntei e Marga me olhou interessada.
--para que?
--dar uma volta no bairro comercial.
--HEY!!—Lina descia a rua e já chamava nossa atenção.—sua mãe ta me explorando. Pensei ate em tirar um atestado pro meu ombro.(rs) ela quer limpar a casa toda!
--quer sair com a gente?—perguntei.
--pra onde?
--e quanto a Alice?—Marga logo me lembrou da loira e tentei não temer essa saída do morro.
--vai ser rapidinho.—falei tentando não parecer que teríamos um serio problema se Alice nos pegasse.
Marga e Lina se olharam mas concordaram em ir mesmo não sabendo direito o que faríamos.
--a gente vai com o esportivo né?—empolgada Lina perguntou a Marga enquanto caminhávamos para casa.
--por que tem sempre que escolher meus carros mais caros?
--ué você não comprou pra ficar na garagem pegando poeira.
--vai chamar atenção.
--ok,escolhe ai.eu nunca escolho nada mesmo.—Lina embirrou e Marga riu.
--que dramática. Não sei porque chamou ela Mari.
--porque a Mari me adora e ai?!vai fazer o que?
De repente minha mãe apareceu saindo da garagem e Lina na mesma hora desgrudou o braço de mim.
--não vai me ajudar na faxina mas vai ganhar o rumo com essas duas?—perguntou ela a Lina que pensou bem antes de responder.
--é que..meu ombro ainda ta dolorido dona Helena.—eu tentei não rir vendo ela lançar seu olhar pra mim e para Marga. Estava na cara que ela estava mentindo.
--não me chama de dona que da vontade de te matar. Mari para onde vão?—deixando o saco de lixo na lixeira minha mãe esperava pela verdade.
--ver um pet no bairro comercial.—respondi e ela me olhou confusa.
Marga logo me olhou e acho que entendeu a referencia.
--um pet?não me inventa de trazer um bicho pra cá ein Mari.
--um pet?tipo um cachorrinho ou um gatinho? Mari combina mais com um gatinho. Uma cadelinha também seria show de bola ein?tipo eu.
--você não sossega mesmo esse rabo né.
--(rs) pena que não faço o tipo da Mari.—Lina falou e minha mãe e Marga pareciam um clone uma da outra já que me olharam no mesmo instante e do mesmo modo inconformadas. Olhei para Lina e acho que bastou ou talvez as chamas nos meus olhos prontas para fulminar a Lina foram o suficiente.—quero dizer...os boyzinhos né?por isso não faço o tipo dela.
--boyzinho né?—disse minha mãe avaliando tudo muito pensativa.
--é ela prefere..os malzinhos.—Lina falou e eu queria matar ela. Marga não parava de me julgar com aqueles olhos fixos em mim.
Na bancada atrás dela reparei que no meio de varias ferramentas tinha um taco de baseball e não hesitei, fui ate la e o entreguei a Lina.
--o que é isso?—perguntou ela recebendo o taco.
--acho que vamos precisar.—respondi mesmo não gostando da ideia.
--então a porr* do cachorro não era uma piada.(rs) que merd*.
Lina estava confusa mas entramos no carro e minha mãe suspirou nos vendo prontas pra partir.
--cuidado viu..—disse ela na minha janela.
--vou ficar bem mãe.
--ela vai ficar bem Helena.—respondeu Marga e minha mãe acenou confiando em sua palavra.
Marga ligou o carro e partimos para o endereço que Rita me deu.
--então quer dizer que a react também contamina animais?—indagou Marga pensativa.
--pois é. Rita foi mordida no bairro comercial só que ela estava se auto medicando durante esses dias e de alguma maneira desacelerou a contaminação ou simplesmente pode ser da própria contaminação. Por fim das duvidas quero ver esse cachorro.
--quer ver.(rs) oh marga, com esse porrete eu não vou ficar encarregada de bater nesse bicho não né?—perguntou Lina com o taco na mão.
--é, só se for necessário. Pra nos defender.—ressaltou Marga enquanto dirigia.
--Ele atacou Rita e foi algo bem sorrateiro.—avisei lembrando o tornozelo dela.
--como você não percebeu que ela tava fodida?—Marga esperou uma resposta de Lina.
--ela tava de boa.eu vi o enfaixado no tornozelo mas nem ela tava ligando. Eu me superei na rapidinha.(rs) depois daquele dia na sorveteria vendo ela com aquele vestidão e com um pouco de cachaça na minha cabeça eu vi que..no fim do expediente..dava pra rolar.
--ta vendo..o perigo que ela é.—me avisou Marga e eu estava mais que surpresa pela coragem da Lina.
--e quanto ao russo? A montanha ambulante parece que nem pegou.—Lina me fez pensar.
--são esses tipos de casos que eu não entendo. No diário da Roberta também continha relatos de casos que de alguma forma só contaminaram um individuo. Mesmo essa pessoa tendo contato indireto com o paciente nada aconteceu mas também devemos relevar porque temos que estudar cada caso individualmente.
--não vejo ele desde a festa.
--que coisa estranha.
--acha que vai encontrar as respostas no pet?pois espero mesmo. Porque não vou ser presa por causa de uma porr* de cachorro.
--seria engraçado.
--(rs) bem engraçado. A grande Marga presa na cidade enquanto catava um cachorro sarnento na rua. Sua fama ia pro buraco.—Lina riu e me contive.
--sabe o que essa doença ta me lembrando? O apocalipse. Começa assim, como quem não quer nada e acaba levando tudo ate o mais puro inocente. A porr* de uma pandemia.—Lina perdeu a graça com o senso de observação de Marga e claro isso era algo a se pensar.
--nos avisariam se fosse.—falei.
--e se eles não querem nos avisar? Tipo aquele filme da onda gigante e que tinha uma arca.—retrucou Lina curiosa.
--2012?—respondeu Marga.
--isso!!
--(rs) estamos falando de uma doença que querendo ou não ela é controlável. O estagio um é um exemplo perfeito disso. Sendo medicado nas primeiras horas você se livra da react.o problema é o estagio dois e assim que se desenvolve. Depois no segundo dia..algo acontece para os remédios não funcionar mais...algo que não da pra controlar.
--e..como que ta a Rita?—perguntou Lina interessada.
--puta.—respondi.
--eu também ficaria.
Chegamos a rua e o beco onde Rita e Russo pegaram o estoque e onde encontraram o cão não era tão animador.
Estreito, longo e molhado. Era um corredor de portas dos fundos de varias lojas e nenhum cachorro a vista.
--então, o que pretende fazer com este cachorro?—perguntou Marga deixando o carro.
--pesquisa.—respondi fazendo o mesmo.
--olha se esse sarnento me morder..
--só precisamos acha-lo.com toda certeza ele deve ter se assustado com Rita e o Russo.—falei já procurando.
--(rs) claro! O cara parece uma parede ambulante!—Lina e seu bastão já estavam de vigia.
--você reza pra ele não descobrir que é você quem bota os chifres dele. Deve ta ate pesado.(rs)—Marga recostou no carro e a risada de Lina só mostrava que ela tinha adorado a piada.
--eu faço serviço completo. aparo ate os chifres para ver ele feliz.—retrucou ela.
Enquanto aquelas duas riam de besteira e esqueciam o motivo que estávamos naquele beco dei alguns passos adentrando e notei um movimento no meio dos sacos de lixo empilhados. Eu esperei mais um movimento mas não aconteceu nenhum.
--Mari.—Marga me chamou e quando olhei para ela ouvi novamente o mesmo barulho e bem mais forte.
Foi rápido mas recuei dois passos e esperei que do meio daquele lixo não brotasse um cão que comesse minha cara de tanta raiva ou tivesse as mais feias feridas, espumando pela boca e quando foi nítido que algo realmente sairia dali eu ouvi a corrida de Lina ate mim me puxando para trás dela e seu taco.
Lina tava bem concentrada e eu bastante curiosa atrás dela. Marga por outro lado nos observava ao lado do carro e estava pronta para agir já que vi sua mão puxar a pistola. Eu só esperava que aquele cachorro não nos atacasse porque Lina parecia ser bem forte e quando vi a primeira pata deixar seu esconderijo eu me agarrei na sua camiseta.
--para!!!!—gritei antes dela dar a primeira tacada e diferente do que imaginei um cachorrinho de pelo cinza, sujo e molhado nos olhou com um tom de piedade que era impossível machucar aquele baixinho.
Lina parou na hora que percebeu e quando trocaram olhares o rabinho dele começou a abanar.
--mas olha que safado.(rs)—Lina respirou aliviada e riu.
--você quase se borrou Lina.(rs)—Marga completou rindo.
--ele é bem diferente do que a Rita falou.—falei estranhando o cachorro ser tão calmo.
--deve ser outro cachorro.—respondeu Marga já impaciente.
--se fosse outro cachorro esse aqui não ia ta nem vivo perto do outro, ainda mais vivendo no mesmo beco.—disse Lina abaixando a guarda.
--de jeito nenhum. Essa coisa fofa ate que é lindinho né?—falei vendo ele abanar aquele rabinho.
--combina com você.
--cala a boca Marga.—respondi e Marga continuou com a mesma cara em alerta.
Lina me entregou o taco e pegou ele, e o cachorrinho parecia estar se divertindo sendo notado e recebendo carinho. Ele cheirava a poeira e a lixo então meu nariz começou a coçar mas eu precisava checar ele.
--Lina bota esse cachorro no chão. A Mari vai acabar tendo uma crise com esse sujinho.—reclamou Marga.
--ah mas ele é bacana! O único macho que eu gostei nessa vida em tão pouco tempo.(rs) olha Marga!—Lina estava mais que feliz segurando o cãozinho.
--se essa é a fera que viemos buscar eu vou ficar bem irritada Mari.—Marga me olhou cansada dessa historia mas minhas suposições não paravam por aqui.
--e se ele tiver...fugido?—perguntei.
--você acha?—retrucou Marga revoltada.
--eu só to falando.—virei minha atenção para o cãozinho e enquanto ele era entretido com Lina verifiquei suas orelhas, suas patas e sua boca mas assim que abri um pouco mais do que ele queria um rosnado alto dele foi o suficiente para me alertar. Ele tentou me atacar mudando totalmente de personalidade e se não fosse por Lina o segurando eu estaria frita.
--mas que merd*!!—Lina gritou.
Um tiro ecoou no beco e Lina soltou o cachorro morto no chão. Marga se aproximou guardando sua arma.
--você..matou ele..—falei olhando para o cachorro a sangrar no chão.
--era ele ou sua cara!—disse Marga brava.
--cacete...ele mudou do nada!—Lina estava perplexa.
--É, e graças a Marga agora vou ter que examinar um cadáver!—falei e Marga me olhou surpresa.
--(rs) você é igualzinha a sua mãe. Se não percebeu eu te salvei. Porr* é difícil agradecer?
--pra você? É!!—peguei um saco de lixo e derramei toda aquela merd* no chão e catei o cachorro e coloquei no saco.
--entendeu porque não uso meus carros caros?—Marga apontou pra mim e Lina permaneceu calada.
Voltamos para o morro e Marga me entregou o saco.
--vai fazer seu trabalho.—disse ela toda raivosa.
--espera ai.—antes dela me dar as costas eu tinha que me posicionar.—ta achando mesmo que vou fazer isso sozinha? Você matou, você vai enterrar.
--é só um pulguento.
--...será que você não se importa? Nem um pouco?!Como consegue se desligar ao ponto de não sentir nada?—perguntei e ela só me encarava me desafiando a achar minhas próprias respostas com aqueles olhos escuros que as vezes me faziam acreditar que escondiam o pior de Marga era o pior naquele silencio.
Ela balançou a cabeça negativamente e suspirou pesadamente. Parecia que tudo relacionado a mim parecia um peso para ela.
--Lina, vá cuidar dos portões.—ordenou ela a Lina.
--mas eu também quero ver.—a voz da Lina quase não saiu de sua boca de tão fina.
--vai!
--que saco Marga!
--tudo pela nossa doutorazinha do morro.—disse Marga com seu sorriso estampado no rosto.
Seu deboche era um saco mas ela se dirigiu comigo ao posto e por incrível que pareça aquele cachorro estava começando a feder mesmo dentro do saco fechado.
No necrotério coloquei umas luvas e Marga me observou abrir o saco e depositar o cachorro na bandeja de exames.
--nossa...que cheiro horrível.—reclamou Marga tampando a boca com a mão.
Tentei ser rápida.com o ferimento da bala ele sangrava e dificultava na verificação do seu corpo. Os pelos dele foram praticamente pintados de vermelho mas me concentrei e tocando no seu couro senti algumas feridas, também encontrei algumas embaixo dele onde elas eram pequenas mas idênticas as que encontrei em Rita. Na sua boca mais feridas, talvez por causa delas ele tenha me atacado. Peguei e retirei uma amostra de sangue e fiz meu trabalho todo sendo observada por Marga em silencio e isso só deu a ela motivo para ficar mais impaciente e observar tudo ao seu redor encontrando o ultimo morto ensacado do grupo do estagio 2.
--pensei que todos os mortos tivessem sido levados pelo controle de doença.—ela virou pra mim mais que surpresa.
--precisei dele para fazer um raio x.
--e ele vai ficar aqui no cantinho embalado ate quando?
--ah com o defunto você se preocupa?
--agora vai ficar com raiva de mim por causa desse..sarnento?!?Se me trouxe aqui para me fazer sentir culpada ou algum tipo de arrependimento ou remorso não vai conseguir. Eu fiz o que tinha que fazer. Ele ia arrancar sua cara! Preferia assim??porque eu ia te costurar igual a Frankenstein.
--(rs) você atirou e não parou para pensar que era uma vida. Que poderia errar e nos machucar.eu olhei para você e...
--e?
--eu não vi nada. Nenhuma empatia por ele, nenhum traço sequer que isto te afetou.
--e esta triste por mim ou por ele? Conhecendo você diria ambos. Não vai ser a primeira a me chamar de psicopata.—ela ate baixou o olhar ao terminar de falar algo tão ruim de si mesma.
--eu jamais falaria isso pra você.—retruquei na hora e ela me olhou novamente.
De repente Esteban entrou e ficou surpreso em me ver em mais uma situação estranha.
--Juliana me falou que estava aqui e..os exames estão prontos. Eu os coloquei no consultório da Roberta. Espero que..não se assuste.
Virei minha atenção a Esteban e ate Marga ficou curiosa.
--fica de olho no pet aqui.—tirei minhas luvas e segui junto a Marga ao consultório e no mural iluminado as chapas dos pulmões dos pacientes.
Não precisou de segundos pra mim perceber as manchas negras estranhas nos pulmões. Algo que aos contaminados do estagio um não possuíam.
--o que é isso?—perguntou Marga curiosa.
--...as bactérias da react entraram em mutação.se tornaram parasitas e estão utilizando os pulmões para uma nova mutação. Talvez seja por isso que os contaminados do estagio dois morreram..
--parecem tumores.
--pois é, estão crescendo..e ainda estão vivos dentro de um organismo morto.—apontei para o exame do morto.
--esse exame é daquele presunto la embaixo??
--é..
--mas que merd* ta acontecendo??!
--por isso eles queriam levar os corpos..porque o estagio dois..não é a ultima fase da doença. Este é o possível estagio três.
--o que você vai fazer com uma sala contendo metade dos pacientes no estagio dois e não poder fazer absolutamente nada!??se essa merd* estiver neles..
--eles estão sendo medicados. Posso tentar outros antibióticos que tentem exterminar parasitas mas é uma evolução rápida demais, ainda quando seus corpos estão sem imunidade. Olha isso, Rita tinha dito que houve uma melhora nos pacientes e realmente eles estavam bem só que os pulmões estavam cheios desses tumores que de alguma forma surgiram num curto período de tempo. Estas chapas aqui são dos pacientes que ainda estão na sala com ela. Os pulmões ainda estão de certa forma limpos. De duas a uma, eles vão se curar ou vão evoluir a este estagio. Vou ter que trocar a medicação.
--e quanto a Rita?
--ela vai ter que mudar de sala.e-eu não sei o que vai acontecer. Rita é a única viva do estagio três.
--por que ela ainda ta viva? Acho que os outros morreram por causa disso não? Esses tumores..
Era uma boa pergunta mas eu tinha que ser rápida. Juliana e eu trocamos Rita de sala e infelizmente ela ficou em uma bem grande e sozinha e mesmo puta com isso eu queria mostrar a ela uma foto.
--foi este o cachorro que te mordeu?—perguntei e ela ao invés de olhar para a foto no celular ela olhou para mim.
--...foi atrás disso?—perguntou ela com uma cara nada amigável.
--sim ou não?
--...é ele mesmo. A cara de anjinho é nova pra mim.por que troquei de sala?
--segurança.
--de quem?—perguntou ela firmemente e eu não podia assusta-la.
--estamos seguras.—respondi guardando a foto.
--não vai mesmo me falar??—eu não podia deixa-la na ignorância e mesmo sabendo que isso podia estressa-la tentei ser breve.
Retirei da pasta a chapa e entreguei a ela. Sua reação ao ver seus pulmões cheios de manchas foi igual a que qualquer pessoa teria. Ela chorou desacreditada do que via.
--o que isso??minha saúde era perfeita! Como posso ter essas coisas nos pulmões sendo que nunca fumei??!Nunca tive nada!!
--a react esta entrando em mutação. Agora ela é um parasita e vou fazer de tudo para destruir essas coisas de dentro de você.
Ela riu de mim, riu como se fosse uma piada toda minha boa vontade ate mais uma vez sua crise de tosses e sangue mancharem seus lençóis.
--mente muito mal.—ela jogou a chapa para longe e sentando-se na cama fizera os bips do aparelho de respiração acelerar calculando seus batimentos.—você não tem nem ideia de como fazer isso né?diz!!!—ela gritou e seus batimentos estavam aumentando.
--estou fazendo o meu máximo.—mantive a calma mas ela sorriu de uma maneira preocupante.
--(rs) quanto tempo eu tenho pra ser mais uma empacotada??ein??me fala!—ela estava furiosa.
--me desculpa Rita..eu não deveria ter contado.
Sai da sala de Rita e já retirei aquelas roupas de proteção e não vou esconder que não estava triste com Rita mas eu estava. Ela estava irritada porque estava doente e sabia que não tínhamos o que fazer além de testes mas não me considerar uma ajuda a ela me magoou. Para minha surpresa Marga que estava tão impaciente para ir embora ainda estava lá sentada nos bancos de espera com as mãos no bolso do moletom mordendo a cordinha do capuz e ao me ver se levantou apressada.
--pela sua cara ela deve ter adorado as novidades.—disse ela vindo a mim.
--ela confirmou quando viu a foto do cachorro.—a respondi sem muito animo.
--que ótimo. react agora contamina animais. Essa doença ta uma merd* e o que falam na tv não é nada comparado a isso aqui! Eu to te falando é uma pandemia descontrolada!
--do jeito que as coisas tão não duvido de mais nada.
--o que vai fazer agora?
--eu quero examinar aquele cão.
--e vai demorar?
--não muito, por quê?
--eu to interessada..e com isso eu penso no melhor para o morro.
Fim do capítulo
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