Capitulo 42
Capítulo 42º
Alice
Acordei atrasada essa manhã. Ontem Virgínia e eu comemoramos nosso segundo mês de namoro. Ela fez um jantar especial para nós e ainda me surpreendeu com um lindo par de alianças.
Agora eu estou aqui, dirigindo meu carro a caminho da faculdade. Observando o brilho do objeto que repousa sobre o meu dedo. Me questionando se isso é mesmo o que eu quero.
Todo dia ao lado dela era sem dúvidas uma montanha russa de emoções. As vezes estava tudo bem, para no momento seguinte ela iniciar uma discussão sem sentido algum. Mas logo volta atrás e tenta justificar suas atitudes e eu acabo mais uma vez cedendo.
Isso tudo tem me causado um desgaste emocional muito grande. Alguma vezes tenho até que esconder algo que possivelmente possa causar mais uma briga por ciúme. Ciúme, aí está o principal motivo de todas as nossas brigas. Virgínia por mais que tente não consegue conter seu ciúme. Cheguei até a deixar de sair com as meninas por conta disso, já que sempre rolava alguma piada sobre algo que eu tenha feito no passado e isso causa desconforto em Virgínia que parece não aceitar que eu já tive um. Assim como ela.
Parei o carro em frente a faculdade, soltei o cinto e desci. Anna já havia me ligado duas vezes. Fui em direção a sala de aula, ocupei meu lugar de costume. Minha amiga me lançou um olhar questionador, mas o professor iniciou a aula. Sabia que não fugiria de suas perguntas mais tarde.
- Imagina se a gente já viesse com o chip do conhecimento ativado? Seria maravilhoso. Nada de aulas. - comentou colocando seu braço sobre o meu pescoço.
- Você tem cada ideia. – ri do que ela falou.
- Na maioria das vezes são ótimas ideias. Como aquela viagem que fizemos quando terminamos o terceiro ano.
- Anna, você só pode estar brincando. – dei de ombros. – Você fez um roteiro todo errado, nós nos perdemos varias vezes.
- Você sabe que eu nunca fui boa em seguir mapas. – riu. – Geografia nunca foi meu forte.
- Nem matemática, nem português...
- Chega! Você passou dos limites. – reclamou. Enquanto nos sentávamos em uma mesa no refeitório da faculdade. – Mas me diz uma coisa, seu aniversário está chegando. Alguma coisa planejada?
- Não. E nem sei se quero fazer nada esse ano.
- Por quê? Ano passado além da festa na sua casa ainda fechamos aquela boate. Estou precisando rebol*r minha raba até o chão. – começou a fazer o passo do quadradinho.
- Garota, senta. Não me mata de vergonha. – segurei seu braço.
- Vagabundaaa!!!!! – gritou segurando meu dedo. – O que significa isso? Você por acaso não ia me contar?
- Shiiii! A faculdade inteira não precisa saber. Aquieta essa língua.
- Ninguém nunca me mandou fazer isso. – começou a rir levando o que eu falei para o lado sexual.
- As vezes me perguntou como consegui manter nossa amizade por tanto tempo. Aliás não sei como as minhas mães me deixaram, afinal você é uma má influência para mim.
- Loira azeda. Retira o que disse ou eu arranco todos esses seus dentes perfeitos e alinhados. – fechou a cara.
- Tá. Desculpa.
- Melhor. Mas me diz quando isso aconteceu? – ergueu a minha mão.
- Ontem. – comentei sem animação.
- E você não me parece animada por qual motivo?
- Amiga, nem eu sei. Virgínia me sufoca, e agora com essa aliança me sinto ainda mais presa. Loucura né?
- Alice, vou dizer mais uma vez. Virgínia é louca de ciúmes. Eu pensei que era apenas por ser inicio de relacionamento. Mas a cada dia ela fica pior. Já faz o quê? Dois meses?
- Isso.
- E continua tudo igual.
- Pois é. Estou pensando em voltar para a terapia.
- Manda ela ir também.
- Ela já faz por conta da ansiedade. E na maioria das discussões ela usa isso como uma desculpa e eu vou deixando. Mas estou cansada. Não posso fazer mais nada que não seja com ela. E eu estou enlouquecendo. – confessei.
- Já que você diz que eu sou uma má influência, que tal a gente dá um perdido nela?
- Não. Você sabe que não gosto disso.
- Alice, não faríamos nada demais. Iriamos para a casa da Rebeca. Que eu sei que está com saudade de você, bebemos, jogamos conversa fora e você se distrai por uma noite apenas. Ela não precisa saber e nem é uma traição, pense que é uma noite de folga dela. Você precisa.
- Preciso sim. Mas o que digo a ela?
- Que vai ficar em casa. O que mais séria? Nunca mentiu na sua vida? – ela parou por um segundo para pensar em uma resposta. – Nem sei por que perguntei isso. Já que fiquei de castigo dois meses depois que você me entregou na escolinha.
- Você colou chiclete no cabelo da garota. E um menino ia levar a culpa. Não era certo.
- Me lembre de nunca te convidar para se aliar a mim em uma possível guerra. Você colocaria tudo a perder. – gargalhamos. – Agora falando sério. Pensa no que eu falei.
- Vou pensar. Agora eu preciso ir. Minha mãe disse que precisava falar comigo. Estou indo para a empresa agora.
- Ihh! Boa coisa não é.
- Talvez seja para tentar me convencer a dar uma festa.
- Tomara. Se for o caso ela tem meu total apoio. Beijos. Depois me diz se vamos marcar o rolê.
- Digo sim.
Anna continuou na mesa, iria almoçar com alguns colegas de sala. Eu fui direto para o carro e dirigi até a empresa. Sempre atenta observando se os seguranças estavam atrás de mim. Desde que contei sobre o George, minhas mães me obrigaram a aceitar escolta vinte e quatro horas por dia. E mesmo ontem a noite quando fiquei na casa de Virgínia eu os dispensei pois sabia que não iriamos sair, porém eles permaneceram a noite inteira. Com certeza hoje são outros, já que tem a troca de turnos.
Parei o carro no estacionamento da empresa e desci. Acenei para os homens que pararam a alguns metros de mim. Coloquei meus óculos de sol, já que o dia estava muito quente. Se o atual governo não acabar com o país o aquecimento global vai. Apertei o andar da sala da mammy.
- Segura para mim! – escutei uma voz gritando para que eu parasse o elevador. Coloquei o braço para evitar que as portas se fechassem. – Obrigada.
Até então ela não havia percebido que era eu. Rebeca abriu um sorriso assim que seus olhos se prenderam em mim.
- Quanto tempo. – comentou.
- Pois é. Tenho andado ocupada. – menti.
- É, eu também. Você está bem?
- Sim. Sim. E você?
- Bem.
Aquela sem dúvidas foi a conversa mais estranha que já tive com ela. Estávamos afastadas há alguns dias. Na verdade, desde o dia que ela havia ficado com a ruiva no bar. Depois que ela me deixou sozinha na mesa não havíamos nos falado mais.
- Eu estava com a Anna agora a pouco.
- Faculdade?
- Sim. Ela disse que deveríamos marcar algo na sua casa. – comentei apenas para ver sua reação.
- Claro, seria ótimo colocar o papo em dia. – concordou.
- Ótimo. Vamos marcar.
- Vamos sim. – houve um momento de silêncio.
- Eu desço aqui. – comentei ao ver que já estávamos no andar certo.
- Foi bom te ver. – sorriu me deixando passar.
- Digo o mesmo. – dei um passo.
- Alice. – me chamou.
- Oi. – virei em sua direção.
- Bonita aliança. – disse aquilo com uma expressão que nunca havia visto antes. Antes que eu pudesse responder alguma coisa, as portas se fecharam e ela sumiu.
Ótimo! Agora ela deve pensar que eu estou de casamento marcado. Mas por que o que ela pensa importa tanto? Olhei minhas mãos que estavam trêmulas, as fechei com força tentando controlar meus sentimentos. Mesmo sem saber ao certo quais são eles.
- Alice, sua mãe está esperando. – a secretaria falou ao me ver.
- Certo. Obrigada. – sorri e fui até a porta. – Oi, mammy.
- Oi, filha. Entra. – entrei e sentei em sua frente. – Vem da faculdade?
- Sim.
- Como foi a aula?
- Como todos os dias. – ela deu um sorriso.
- Deve estar estranhando o fato de eu ter te chamado aqui. – balancei a cabeça afirmando. – Bom, sua mãe e eu andamos conversando e chegamos à conclusão que está na hora de você começar a saber como as coisas funcionam aqui na empresa. E antes que diga que ainda está longe de se formar, isso não tem importância. Afinal tudo isso aqui é seu. Nada mais certo do que você aprender na prática.
- Espera, está querendo dizer que quer que eu comece a trabalhar aqui?
- Sim. Para ser mais exata quero que você comece a trabalhar junto com a Rebeca. Ela sem duvidas será uma ótima professora. Tem feito maravilhas aqui na empresa. – estranhei todos os elogios já que ela deu um verdadeiro show com a mamma Lari quando contratou a Rebeca.
- Tá. – concordei. Não pelo fato de gostar da ideia de tomar conta da empresa futuramente. Afinal já disse que pretendo conquistar minhas próprias coisas. Mas naquele momento era o melhor.
Não queria comprar uma briga com as minhas mães. Ainda mais depois de ter assumido o namoro com a Virgínia, coisa que a mammy apesar de fingir que está tudo bem sei que não aprova. Já faz alguns dias que ela tenta marcar um jantar lá em casa para conhecer oficialmente Virgínia. Mas a garota tem insistido em dizer que ainda não é o momento. Tenho percebido que isso tem incomodado a mammy.
- Pensei que seria mais difícil te convencer. – comentou sorrindo.
- Não. Eu topo.
- Maravilha. Tem algo para fazer agora?
- Só preciso almoçar.
- Ótimo, aposto que a Rebeca ainda não comeu também. Vamos até a sala dela. Quem sabe possam almoçar juntas e conversar sobre seu novo trabalho.
Nem tive tempo de assimilar tudo que ela disse, pois saiu me guiando porta a fora. Chegamos ao andar da presidência. Tália sorriu ao me ver, mas antes de falar percebeu que eu não estava sozinha. Notei que ela tem medo da mammy.
- Oi.
- Oi. – sorriu. – Querem falar com a Rebeca?
- Sim. Ela está ocupada?
- Não. Vou avisar que estão aqui. – levantou-se. – Pode entrar. – deu passagem.
- Olá Isabella, que surpresa boa. – sorriu.
Vi minha mãe caminhar em direção a ela envolvendo-a em um abraço. Eu acho que entrei em uma dimensão totalmente errada. Uma realidade paralela onde as duas são amigas.
- Olá novamente. – Rebeca sorriu para mim. – Sentem-se. – apontou as cadeiras. – A que devo a honra de suas ilustres visitas?
- Lembra do que conversamos há alguns dias enquanto almoçávamos? – para o mundo que eu quero descer. Como assim as duas saíram para almoçar? Eu acho que preciso limpar o ouvido, não é possível que eu tenha mesmo escutado isso.
- Claro. Lembro sim.
- Pois bem, conversei com Alice e ela aceitou.
- Que bom. Isso vai ser uma ótima experiência profissional para você. – comentou me fitando.
- Vai sim. – concordei.
- Então eu quero que vocês acertem todos os detalhes. Que tal almoçarem juntas? – a mammy falou.
- Claro, só preciso desmarcar um compromisso. – ela disse se recostando a cadeira.
- Não precisa, posso voltar depois. – falei tentando evitar que ela desmarcasse seus planos, afinal jamais negaria um pedido da chefe dela.
- Imagina, Rebeca pode marcar o compromisso para outra hora. Não é mesmo? – insistiu.
- Posso sim. Não é nada relacionado com o trabalho. – confirmou.
- Ótimo. Vou deixar vocês sozinhas. Pois vou almoçar com a minha esposa, em casa com os meninos.
- Isso é um milagre. – comentei divertida.
- Que só é possível graças ao maravilhoso trabalho que a Rebeca vem fazendo. – meu Deus!!! Quanta rasgação de seda. Se eu não acreditasse no amor que a mammy tem pela mamma diria que ela pode está apaixonada pela Rebeca.
- Estou aqui para servir. – a mulher sorriu.
- Bom, eu vou indo. Beijos e bom almoço.
Escutamos a porta bater. Continuamos em silêncio apenas nos analisando minuciosamente. Passamos alguns minutos nessa troca silenciosa. Até que Rebeca falou:
- Se importa de irmos ao Santé?
- De forma alguma.
- Certo. Me deixa só avisar a Letícia que não vou poder almoçar com ela.
Caramba! Ela ainda está se encontrando com a ruiva? Depois de todo esse tempo? Como a Anna não me contou? Amiga da onça. Pelo visto as duas estão se relacionando agora. Revirei os olhos ao imaginar que elas podem até já ter trans*do, inclusive na cama de Rebeca.
- Prontinho. – falou sorrindo de algo que leu. Colocou o celular na bolsa. – Vamos?
- Claro.
- Tália, estou saindo para almoçar com a Alice. Volto logo. – comentou passando pela recepção.
- Certo. Bom almoço. – falou com um ar de riso.
- Se importa de irmos no meu carro?
- Não. Mas eu preciso avisar aos seguranças que vamos sair no seu.
- Ah! Claro, a situação do George ainda. Chato isso. Sua mãe me contou o que está acontecendo com a Iara.
- Rebeca, em que ponto você ficou tão amiga da mammy? – questionei sem aguentar mais ficar com aquela dúvida.
Rebeca deu um riso abafado. As portas do elevador de abriram.
- Se você quer conquistar uma mãe, trate os filhos dela bem. Fiz isso com você, quando te ajudei com aquela coisa da Virgínia. Desde então estreitamos nossos laços.
- Hum. – resmunguei.
- Isso é ciúme? – comentou abrindo a porta do carro.
- Encosta naquele carro ali. – apontei para os seguranças. – Não é ciúmes, mas nunca vi a mammy gostar tanto assim de um funcionário, menos aqueles que são amigos da família.
- Entendo. Mas não se preocupe, o que temos é de fato uma boa amizade. Não precisa ficar com ciúme. – comentou parando próxima aos seguranças.
Avisei que estava com ela. Os homens nos seguiram até o Santé. Rebeca já tinha uma reserva em seu nome, o que me fez acreditar que ela e Letícia iriam almoçar ali. Mas eu cheguei e mudei os planos. De alguma forma saber que atrapalhei me deu uma sensação gostosa, que eu nem consigo explicar. Fizemos nossos pedidos enquanto isso falamos sobre como seria trabalhar na empresa.
- De início você só vai me acompanhar em reuniões. Ver como tudo funciona em relação aos possíveis contratantes. Essa parte é a mais chata, confesso. – sorriu. – Depois vai ter acesso as planilhas de orçamentos. Por conta das suas aulas acredito que não vai poder me acompanhar nas minhas viagens a Ouro Preto, mas isso é o de menos.
Ela falou por longos minutos, o que me fez perceber o quanto ela tem paixão pelo trabalho que exerce. De fato, Rebeca vestiu a camisa da empresa. Tenho que confessar que a mamma fez uma ótima escolha contratando-a.
- Alguma pergunta?
- Não.
- Ótimo. Podemos almoçar, estou faminta. – comentou ao ver o garçom trazer nossos pratos.
- Desculpa ter feito você desmarcar com a Letícia. – comentei querendo saber mais sobre elas. Mas claro que não perguntaria diretamente.
- Não tem problema, a noite vou jantar na casa dela. – nossa as coisas estão mais evoluídas do que eu pensei.
- Ah!
- Mas e você, me diz como essa aliança foi parar no seu dedo. – apontou.
- Fizemos dois meses ontem.
- Já?
- Sim. – confirmei. – Ela fez um jantar especial e me deu a aliança.
- Entendi. Como andam as coisas entre vocês? O ciúme dela diminuiu? – tocou na minha ferida.
- Sim. – menti descaradamente, Anna com certeza ficaria orgulhosa de mim. – Na verdade, não. – droga! De fato, não consigo manter uma mentira simples.
- Sinto muito. Mas as coisas vão se acertando aos poucos. – comentou sem dar importância, parecendo não querer que eu continuasse o assunto. – Basta ter paciência.
Terminamos o almoço sem falar nada de nossas vidas apenas de trabalho. Rebeca dirigiu de volta para a empresa, nos despedimos no estacionamento e eu fui para o meu carro. Fui para casa depois disso e passei a tarde inteira dormindo. Acordei seis horas com o celular tocando ao meu lado.
- Alô. – atendi ainda de olhos fechados.
- Alô? É assim que você me atende agora? – escutei a voz irritada de Virgínia.
- Oi, meu bem. Não sabia que era você. – bocejei. – Estava dormindo, na verdade possivelmente ainda esteja. – brinquei, mas ela não teve nenhum humor.
- Reparei que sumiu por horas, estava começando a me preocupar.
- Desculpa, depois da aula fui até a empresa. A mammy queria conversar comigo. Depois acabei tendo que almoçar com a Rebeca.
- Como é?
- Amor, foi um almoço de trabalho. – tentei argumentar.
- Como você sai para almoçar com a Rebeca e não me avisa?
- Virgínia, eu estou fazendo isso agora. – respondi sem vontade alguma em iniciar mais uma briga.
- O que poderia ser um almoço de trabalho se vocês nem trabalham juntas?
- Pois é, acontece que a partir da segunda nós trabalharemos.
- Está me dizendo que você vai vê-la todos os dias?
- Quero dizer que ela vai ser minha chefe.
- De onde saiu essa ideia maluca? Aposto que foi dela. Sei bem que ela não gosta que a gente esteja juntas, pelo menos acertei em te dar a aliança ontem, só assim ela viu que você já tem dona. E se toca de uma vez por todas.
- Eu não acredito que estou ouvindo isso. – indaguei incrédula. – Pensei que havia dado a aliança por gostar de mim não como um símbolo de posse.
- Aquela mulher não se manca. E aposto que sua mãe está louca para juntar vocês duas.
- Virgínia, é melhor pararmos por aqui. Não quero que diga algo que me faça tomar uma decisão precipitada.
- Do que está falando? Quer terminar comigo, é isso?
- Não, eu não quero. Mas não vou aguentar esse ciúme doentio.
- Ah, Alice! Quer saber, faça como quiser.
Escutei o som típico de final de ligação. Fiquei encarando a tela do celular sem acreditar nas atitudes dela. Me entristece ver alguém que eu gosto me tratando dessa forma e ainda se achando no direito de está com razão.
Fui para o banho. Precisava me acalmar um pouco. Mas bastou eu sair do banheiro para ouvir meu celular tocando mil vezes. Entre mensagens e chamadas, Virgínia parecia completamente desesperada. Em uma das mensagens ela alegava que precisávamos conversar para resolver nossa situação. Foi então que eu concordei em ir até ela.
- Está de saída filha?
- Oi, mamma. Estou sim. – respondi procurando as minhas chaves.
- Você está bem? Me parece um pouco abatida. – indagou me fitando intensamente.
- Não, eu não estou nada bem. – desabei a chorar, desesperada sem saber ao certo o motivo do meu choro, se era raiva das atitudes idiotas de Virgínia, se é apenas a certeza de que estou indo para terminar nosso namoro.
- Filha, tenta respirar fundo. Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem. – repetiu segurando minha mão esperando que eu me acalmasse. O que demorou longos minutos. – Está mais calma?
- S-sim. Obrigada, mamma. – sequei as lágrimas.
- Quer me dizer o que aconteceu?
- Eu não sei o que estou fazendo. Fui de uma vida calma, com um relacionamento saudável para uma montanha russa. Virgínia é muito complicada. – comentei começando a chorar novamente.
- Meu bem, esse é seu primeiro relacionamento de verdade. Sabemos bem que seu envolvimento com Matheus foi apenas para capas de revistas. Então não tem como comparar com o que está vivendo agora. – comentou calma.
- Mas não é isso. Virgínia tem ciúmes de tudo. Preciso mandar mensagem a cada segundo informando tudo que estou fazendo. Mamma, ela tem ciúmes até da Rebeca. – notei ela sorrir de canto. – O que foi?
- Filha, nos vimos as filmagens quando estávamos viajando.
- Eu sei, a mammy já disse isso.
- Eu sei que disse. Mas estou te dizendo que vimos todos os movimentos da casa.
Só então me toquei que elas viram nossa competição de natação. E com certeza viram também todo o clima entre Rebeca e eu.
- Me responde uma coisa.
- Claro.
- Você sentiu vontade de ficar com a Rebeca em algum momento? – eu arregalei os olhos, tentando assimilar aquela pergunta tão direta.
- Talvez, mas esse não é o caso. Não faria isso enquanto estou namorando.
- Mas e hoje, se você tivesse solteira. Você tentaria algo com a Rebeca?
Foi impossível não lembrar do toque dela aquela tarde na cozinha de sua casa. O cheiro delicioso que vinha dela. Sua fala mansa e seu toque suave.
- Só o fato de você pensar tanto, para mim já é uma reposta. – deu um sorriso sem mostrar os dentes. – Virgínia em algum momento sentiu que existe algo entre vocês. Veja bem, não estou dizendo que existe. Pense em Rebeca como o fogo, você é a lenha. Imagina o momento oportuno aonde tudo encaixa para uma noite fria, e aí alguém quer se aquecer, então pega a lenha e joga no fogo. Vocês são exatamente assim, só falta o momento certo. Toda mulher consegue notar uma ameaça.
- Mamma, eu...
- Eu sei que vai dizer que é apaixonada pela Virgínia. Mas filha, paixão quando não é cuidada acaba. Se transforma em outra coisa. Você precisa entender que amor e paixão não são a mesma coisa. E torço para que um dia você possa se sentir assim pela mesma pessoa. Tal qual sua mãe e eu. Muitas vezes uma paixão não vira amor, mas o amor sempre vira uma grande paixão. – concluiu. – Fique atenta aos sinais. Seus sentimentos estão te dizendo coisas o tempo inteiro. Basta saber como interpretá-los.
- Tudo bem. Obrigada por me ouvir e pelos conselhos. Agora eu preciso ir. – abracei-a.
- Filha, antes de ir. Diga a Anna e Tália que da próxima vez usem os quartos. – piscou para mim.
- Pode deixar.
Peguei o carro e saí. Alguns minutos depois parei em frente ao prédio de Rebeca. Eu sei, deveria ter ido conversar com a Virgínia, mas algo me disse para vir até aqui. Batuquei na direção do carro. Esperei longos minutos, tentando me convencer do que falaria para ela caso fosse até lá. Mas não precisei descer para vê-la.
Um carro branco parou em frente ao portão de entrada. A pessoa acendeu a luz procurando algo dentro do veículo. Foi então que vi quem era. Letícia. Ela estava esperando Rebeca. Lembrei que as duas iam jantar juntas. Não demorou e Rebeca apareceu sorridente indo até ela. Sentou-se ao seu lado, e cumprimentaram-se com um beijo no rosto.
Apertei a direção do carro com tanta força que meus dedos ficaram brancos. Senti raiva ao ver a intimidade delas, a proximidade. Tudo naquela cena me incomodou. Foi então que eu me vi sendo igual a Virgínia. Chegando à conclusão de que o que eu estou sentindo é ciúmes.
Dei partida no carro completamente sem rumo. Afinal como posso estar apaixonada pela Virgínia e sentir ciúmes de Rebeca? Fui tirada de meus questionamentos com meu celular tocando. Na tela aparecia o nome de Virgínia. Suspirei sem a menor paciência para mais um de seus ataques.
- Oi.
- Aonde você está? Pensei que viria aqui.
- Estou indo. Saí de casa agora. – menti.
- Certo. Estou te esperando.
Mesmo contra minha vontade decidi que precisávamos conversar. Dessa noite não passaria. Alguns minutos depois parei em frente ao prédio dela. Subi direto, já que todos me conheciam. Bati, esperando que ela viesse abrir a porta.
- Oi, amor. – me beijou, mas eu não tive coragem de retribuir. – Está tudo bem? – questionou me dando passagem.
- Você acha que está tudo bem? Agora a pouco você discutiu comigo. Mais uma vez por conta da Rebeca, sem novamente me deixar explicar o que aconteceu. Mesmo tendo me prometido que teríamos mais cautela com isso.
- Me desculpa. – tentou se aproximar.
- Não. Eu não posso desculpar, não vou deixar passar. Estou sufocada. Você está me sufocando. – confessei.
Ela arregalou os olhos surpresa por minha confissão parecia até ofendida. Não havia mais motivo para mentir sobre como tenho me sentido.
- Até a aliança que me deu foi como uma marca, para mostrar que sou sua. Mas adivinha só, eu não sou uma propriedade para ser de alguém. – completei exausta.
- Eu falei aquilo sem pensar...
- Virgínia. Por Deusss! Tudo o que você fala e faz é sem pensar. Eu não vou mais aceitar isso. Para mim já deu. – fiquei de costas para ela.
- Pelo visto sua mãe conseguiu o que queria. – falou entre dentes.
- Não coloca a minha mãe nisso. Ela tem me enchido o saco para te levar lá em casa. Ela pode não aceitar, mas respeita a minha decisão. Viu que eu estava feliz.
- Viu? No passado, então você não está mais feliz? – perguntou.
- Não. Não estou. Acho que a paixão que eu sentia por você acabou.
- Alice! O que está falando?
- Isso mesmo que você ouviu. Eu não me sinto mais bem nesse relacionamento.
- Me desculpa. Eu sinto muito. – tentou se aproximar.
- Por favor, não faz isso com você. Nem comigo. Eu estou indo embora e espero que daqui um tempo possamos nos encontrar de novo, sermos amiga. Mas como namorada não dá mais. – tirei a aliança e coloquei em cima da mesinha.
- Alice! Espera. Você não pode sair assim, a gente precisa conversar. Me deixa te mostrar que eu posso mudar. – segurou meus braços.
- Nada que você diga vai me fazer mudar de ideia.
- Você vai ficar com ela?
- Com quem?
- A Rebeca, é para isso que você está terminando?
- Não pretendo ficar com ninguém. Vou focar na faculdade.
- E no trabalho que vai fazer com ela. – se referiu a Rebeca.
- Também. Mas eu preciso de tempo para mim. Preciso respirar sem ninguém me cobrando nada. Sinto muito que tenha que ser assim. – beijei o topo de sua cabeça e saí.
- SE VOCÊ PENSA QUE VAI FICAR COM ELA, ESTÁ COMPLETAMENTE ENGANADA. – gritou atirando algo na porta.
Presenciar aquilo só me fez ter mais certeza de que tomei a decisão certa. Parecia que havia tirado mil toneladas de cima de mim. Até minha respiração estava mais leve. Entrei no carro e liguei para Anna.
- Espero que você tenha cometido um homicídio e precise de ajuda para esconder o corpo, por que você nem imagina aonde estava a minha boca. – ela atendeu sendo a mesma idiota de sempre.
- Aonde você colocou essa boca pouco me importa. Acabei de terminar com a Virgínia. Tá afim de beber?
- Claro. Vem para casa da Rebeca.
- Você não tem mais casa?
- Garota, não me torra a paciência e vem logo. – encerrou a ligação.
Eu fiz o que ela me mandou. Mas como não estava em condições de dirigir entreguei o carro a um dos seguranças que foi dirigindo para mim. Durante o percurso me permiti chorar uma última vez pelo fim do meu conturbado relacionamento com Virgínia. Mas aquela seria sim, a última vez.
Fim do capítulo
Acho que estou ouvindo o barulho dos fogos!!!! kkkk
Não exagerem na comemoração desse término.Sejam boazinhas.
E como eu ainda estou viajando e sem tempo para responder os comentários farei isso amanhã quando estiver em casa. E aí, deixo só um capítulo hoje??????
Beijos e boa leitura.
Comentar este capítulo:
Master
Em: 13/10/2021
Autora tive que sair da moita pra comentar kkkkk tá demais, Alice mulher toma uma atitude tá lerda demais, só acho que a rebeca tem que cair matando essa noite ela não vai resistir, voltaaaaa logoooooo já roir todas as unhas.
Resposta do autor:
Oiê, seja bem vinda ao mundo longe da moíta.
E não roi as unhas nãoooo. Que eu volto.
Beijos
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Mille
Em: 13/10/2021
Oi autora
Alice solteira, e correndo para afogar na bebida na casa da Rebeca, acho que não vai ser bom.
No momento é ela se concentrar na faculdade e trabalho, do que cair de cabeça em outro relacionamento. Mesmo nós querendo ela junto com Rebeca. Mais tem que ter o tempo até porque se tiver algo agora com a Beca será o que a Virgínia quer. E olha que ela vai seguir a loirinha.
Letícia apareceu para ser a amiga da Rebeca, para tentar amenizar os sentimentos pela Alice.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Amo que vocês estão super apoiando a suposta amizade de Letícia e Rebeca.
E concordo que não vaia adiantar começar nada agora.
Beijos
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Gee
Em: 13/10/2021
Eu no trabalho lendo esse capítulo desespera com o fim... Meu Deus to surtando Kkkkk
Espero que Virginia não seja louca igual Alana, sinceramente outro momento tenso igual da Lari não aguento.
Mas a minha dúvida é, Rebeca vai deixar de curtir uma mulher decidida como Letícia pra TENTAR lidar com as inconstâncias de uma "menina" Igual Alice? Como a Lari falou, a paixão quando não cuidada acaba e a Alice também precisa de um pequeno choque de realidade... Por Deus eu to eufórica com esse fim de relacionamento kkkkKKK
Resposta do autor:
Mulherrr e o risco de ser demitida???? Rola não, né?
E todas festejaram o final do namoro posse de Alice e Virgínia. Bem vinda ao clube .
Beijoss
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FENOVAIS
Em: 13/10/2021
ACABOUUUUUUUUU, É TETRAAAAAA!!!
Desculpa, sou uma gay emocionada no momento. Finalmente essa palhaçada de abusividade (encapada em forma de namoro) acabou.
Alice, vá para o cantinho da disciplina primeiro e depois vá para nossa lindona da Rebeca.
Vai pagar meus remedin, né?!?! Você fez de novo. Já tá inadimplente no Serasa do Fernando (no caso, este breve comentarista).
Até o próximo capítulo guria (seja breve, please).
Resposta do autor:
Isso significa que tô perdoada????
E eu que achei que era só o chocolate. kkkk Já vem com história de remédio. kkk
Serasa do Ferando. Ameiiiiiii
Atéee. E beijosss.
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Baiana
Em: 13/10/2021
Rapaz,essa a Isabella está firme e forte na missão de juntar a filha com a Rebeca,e acredito que a outra está participando do plano também,e que a Letícia virou uma confidente, já que a Amélia não tem como ser essa pessoa.
Eu jurava que a Virgínia era diferente da irmã,mas pelo visto,a paranóia está no DNA, só espero que não evolua para o homicídio e ela tenha o mesmo fim da Alana.
E adivinha quem vai consolar a Alice no final da noite? Dou uma cocada quem acertar kkkk
Mais capítulos,por favor.
Resposta do autor:
Quero a cocada, afinal eu escrevi a história. kkkk
ISabella quer Alice longe do projeto de Alana.
Beijos e quero minha cocada.
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thasMT
Em: 13/10/2021
Olaaaaaaaa, booooa noite (Finalmente lembrei minha senha pra poder comentar aqui. Além de ser a primeira vez que comento uma história)
gente, um buuum de capítulo mais intenso que o outro. Parece final de temporada de série quando o fogo no parquinho começou não tem mais capítulos (contando os dias para ler os próximos )
Que ranço dessa Virgínia, vai ficar psicopata igual a falecida (doida) da Alana? Essa maluquice e de família?
(Já reeli tantas vezes Um novo começo, já até decorei a história ahhahaha)
Resposta do autor:
Oiê. Amém por ter conseguido lembrar a senha. E fico feliz por ter a honra de receber seu primeiro comentário.
A intenção nem é tortutar vocês com os finais, eu juro. kkkk
Meninaaaa que honra ter uma leitora que ja sabe tudo decorado. kk
Beijosss. E volte viu?
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Marta Andrade dos Santos
Em: 12/10/2021
Ciúmes é a treva.
Resposta do autor:
Concordo.
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SPINDOLA
Em: 12/10/2021
Boa noite, caríssima.
Eita que esses últimos capítulos estão uma verdadeira roleta russa, aperte o gatilho e torsa pra não ser o escolhido a se ferrar, kkkkkkk.
Confesso que estou bad total com o afastamento da loirinha e da Beca, snif snif, pra piorar só falta a super hetero engatar um romance com a Letícia, aí entro em depressão profunda, tomara que fique só em amizade.
Espero que a loirinha, ao começar a trabalhar com a morena delícia seja um bom sinal, pois a emoção já está garantida, afinal Alana 2 a boneca assassina, está pronta pra botar o terror, kkkkkkk.
Adorava a interação da Alice com a Rebeca, e odeio a Virgínia por ter estragado a amizade das duas, quero meu casal cuti cuti juntas de novo, e deixa de ser maldosa autora e junta essas delícias logo, já fez a gente sofrer demais, deixa de ser Cruella, kkkkk.
Bjs
Resposta do autor:
Menina, nesse monte de capítulo a única odiada foi a minha pobre pessoa. kkk
Fica deprê não. E so para constar amei o apelido novo. Cruella. kkk
beijosss
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izamoretti30
Em: 12/10/2021
Se eu for dormir sem a continuação desse capítulo, também não vou perdoar não.
Resposta do autor:
Sinto a energia emanada para mim de longe viu. kkk
Já me perdoou?
Beijos
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laisrezende
Em: 12/10/2021
Alice solteira!
alice bebendo e na casa da Rebeca!
rebeca chegando do encontro!
isso vai dar muuuuuuiiiitooo booooommmm
Resposta do autor:
kkkk. e aí deu?
Beijosss
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CatarinaAlvesP
Em: 12/10/2021
Se tu tiver que esperar até quinta eu vou surtar real
Resposta do autor:
Surta não, guarda para o dia do beijo. kkk
Beijossss
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canceriana nada canceriana
Em: 12/10/2021
Eu era bem apaixonada inicialmente pelo mistério que envolvia a Virgínia. Tô bem decepcionada com ela abusiva kkk
Resposta do autor:
Olá canceriana, nada canceriana. Fiquei bem curiosa em saber o pq desse nome. kk Só para constar, também sou uma canceriana nada canceriana. E sinto muito pela decepção. espero vê-la aqui mais vezes.
Beijosss.
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preguicella
Em: 12/10/2021
Pelo amor de Deus, voltaaaaaaaaaaaaaa! Continua, precisamos de mais capítulos!
Resposta do autor:
Desesperooooo. Gritossss.
kkkk
Amo isso, viu.
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